DILMA: ESPIONAGEM FOI POR "INTERESSES ECONÔMICOS"
"Se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos", diz a presidente, em nota divulgada nesta tarde sobre a denúncia de que o sistema de computadores da Petrobras é monitorado pelos EUA; por isso, prossegue Dilma Rousseff, "o governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas"; segundo ela, serão tomadas todas as medidas para proteger o País; leia nota
9 DE SETEMBRO DE 2013 ÀS 18:30
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A presidenta Dilma Rousseff divulgou uma nota oficial nesta segunda-feira 9 dizendo que, se forem confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem de dados do Brasil, que agora têm como alvo a Petrobras, não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos.
"Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro", disse.
Reportagem veiculada neste domingo 8 pelo programa Fantástico, da TV Globo, mostrou que documentos vazados pelo ex-consultor de informática Edward Snowden indicam que a rede privada de computadores da Petrobras foi monitorada pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA).
"Por isso, o governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas, bem como exigir medidas concretas que afastem em definitivo a possibilidades de espionagem ofensiva aos direitos humanos, à nossa soberania e aos nossos interesses econômicos", diz a nota.
Segundo Dilma, as tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. "Da nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas", diz o comunicado.
Confira a íntegra da nota do Planalto:
Mais uma vez, vieram a público informações de que estamos sendo alvo de mais uma tentativa de violação de nossas comunicações e de nossos dados pela Agência Nacional de Segurança dos EUA. Inicialmente, as denúncias disseram respeito ao governo, às embaixadas e aos cidadãos – inclusive a essa Presidência. Agora, o alvo das tentativas, segundo as denúncias, é a Petrobras, maior empresa brasileira. Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro.
Assim, se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos.
Por isso, o governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas, bem como em exigir medidas concretas que afastem em definitivo a possibilidade de espionagem ofensiva aos direitos humanos, a nossa soberania e aos nossos interesses econômicos.
Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
Presidenta da República Federativa do Brasil
Abaixo, nota da Petrobras sobre a denúncia de espionagem:
ESCLARECIMENTOS SOBRE A REDE DE COMPUTADORES DA PETROBRAS
Com relação às reportagens publicadas nos últimos dias, apontando a PETROBRAS como alvo de ações de inteligência pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos - NSA, a PETROBRAS informa que dispõe de sistemas altamente qualificados e permanentemente atualizados para a proteção de sua Rede Interna de Computadores (RIC).
A Companhia executa, de forma consistente, todos os procedimentos identificados e reconhecidos como melhores práticas de mercado na proteção de sua rede interna e de seus dados e informações.
O trafego na RIC e o fluxo de dados entre a RIC e o ambiente externo (rede mundial de computadores) são monitorados permanentemente pela PETROBRAS.
Como exemplo, em média, noventa por cento das mensagens externas de correio recebidas pela PETROBRAS são descartadas por apresentarem características potencialmente danosas. Tais características poderiam ter, eventualmente, possibilitado algum tipo de acesso a dados da PETROBRAS. Ressalta-se, no entanto, que os dados constantes dos arquivos da Companhia são continuamente atualizados à medida que as centenas de projetos têm andamento.
A força de trabalho da PETROBRAS é permanentemente alertada, por meio de programas internos, para a importância da classificação correta das informações e de seu tratamento. As informações internas são classificadas e tratadas com soluções tecnológicas, como criptografia, adequadas aos níveis de proteção associados ao risco de prejuízos para a PETROBRAS, em caso de eventual vazamento de informação.
Os investimentos da Petrobras em tecnologia da informação e telecomunicações são compatíveis com o seu Plano de Negócios e Gestão e com os das demais empresas de mesmo porte do setor de petróleo no mundo.
Ataques concorrenciais e outros se tornam cada vez mais complexos, o que continuará a exigir da Petrobras investimentos permanentes e significativos em tecnologia de proteção a dados e informações.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/114396/Dilma-espionagem-foi-por-interesses-econ%C3%B4micos.htm
À SOMBRA DA ESPIONAGEM, ANP CONFIRMA MEGALEILÃO
Nota oficial da Agência Nacional do Petróleo assegura para o dia 21 de outubro a 1ª rodada de licitação do Pré-Sal; petroleiras de todo o mundo deverão participar de disputa bilionária; também em nota, Petrobras garante que supercomputadores da estatal são protegidos; "Ataques concorrencias e outros se tornam cada vez mais complexos", diz estatal; "Processos são transparentes e apoiados em dados públicos e/ou não-exclusivos", registra texto do órgão chefiado por Magda Chambriard; presidente Barack Obama assegurou à presidente Dilma que dará informações sobre até onde foi a arapongagem americana; "Está tudo mantido conforme o combinado", disse o ministro Edison Lobão, das Minas e Energia; os dados estão lançados
9 DE SETEMBRO DE 2013 ÀS 17:43
247 – O megaleilão do campo de Libra está na rua. A joia da coroa dos poços de petróleo do Pré-Sal, em poder da Petrobras, irá mesmo a martelo no dia 21 de outubro, como previsto inicialmente, na primeira fase das concessões. Em torno de lotes determinados pela estatal, a disputa deve atrair todas as grandes petroleiras do mundo.
Entre o anúncio dos leilões e a sua confirmação, notícias que correram o mundo revelaram a espionagem feita pela Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, sobre as comunicações da Petrobras. No entanto, a Agência Nacional de Petróleo, que coordena a disputa, considerou que a competitividade não foi afetada. Em nota distribuída nesta segunda-feira 9, a ANP afirmou que "os processos são transparentes e apoiados em dados públicos e/ou não-exclusivo".
A Petrobras igualmente expediu nota oficial garantindo os sistemas de segurança de seus supercomputadores.
"Ataques concorrenciais e outros se tornam cada vez mais complexos, o que continuará a exigir da Petrobras investimentos permanentes e significativos em tecnologia de proteção a dados e informações", encerra o texto.
Abaixo, notas da Petrobras, da ANP e reportagem da Agência Brasil sobre o assunto:
ESCLARECIMENTOS SOBRE A REDE DE COMPUTADORES DA PETROBRAS
Com relação às reportagens publicadas nos últimos dias, apontando a PETROBRAS como alvo de ações de inteligência pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos - NSA, a PETROBRAS informa que dispõe de sistemas altamente qualificados e permanentemente atualizados para a proteção de sua Rede Interna de Computadores (RIC).
A Companhia executa, de forma consistente, todos os procedimentos identificados e reconhecidos como melhores práticas de mercado na proteção de sua rede interna e de seus dados e informações.
O trafego na RIC e o fluxo de dados entre a RIC e o ambiente externo (rede mundial de computadores) são monitorados permanentemente pela PETROBRAS.
Como exemplo, em média, noventa por cento das mensagens externas de correio recebidas pela PETROBRAS são descartadas por apresentarem características potencialmente danosas. Tais características poderiam ter, eventualmente, possibilitado algum tipo de acesso a dados da PETROBRAS. Ressalta-se, no entanto, que os dados constantes dos arquivos da Companhia são continuamente atualizados à medida que as centenas de projetos têm andamento.
A força de trabalho da PETROBRAS é permanentemente alertada, por meio de programas internos, para a importância da classificação correta das informações e de seu tratamento. As informações internas são classificadas e tratadas com soluções tecnológicas, como criptografia, adequadas aos níveis de proteção associados ao risco de prejuízos para a PETROBRAS, em caso de eventual vazamento de informação.
Os investimentos da Petrobras em tecnologia da informação e telecomunicações são compatíveis com o seu Plano de Negócios e Gestão e com os das demais empresas de mesmo porte do setor de petróleo no mundo.
Ataques concorrenciais e outros se tornam cada vez mais complexos, o que continuará a exigir da Petrobras investimentos permanentes e significativos em tecnologia de proteção a dados e informações.
Abaixo, nota oficial da ANP:
ANP - NOTA À IMPRENSA
A 1a Rodada do Pré-sal está confirmada para o próximo dia 21 de outubro e todas as informações sobre o procedimento licitatório podem ser encontradas no endereço eletrônico www.brasil-rounds.gov.br
Todas as empresas interessadas em participar da 1a licitação do pré-sal, quando será licitado o bloco de Libra, poderão manifestar interesse e adquirir o pacote de dados até o próximo dia 18 de setembro.
Todas as empresas interessadas em participar da 1a licitação do pré-sal, quando será licitado o bloco de Libra, poderão manifestar interesse e adquirir o pacote de dados até o próximo dia 18 de setembro.
Os processos de licitação de áreas, promovidos pela ANP, são transparentes e apoiados em dados públicos e/ou não-exclusivos. Portanto todos os participantes têm o mesmo acesso às informações existentes.
Além disso, qualquer pessoa física, residente no Brasil, ou qualquer pessoa jurídica, constituída sob as leis brasileiras, pode adquirir os dados e informações sobre a(s) área(s) no Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP) da ANP.
A seguir, notícia da Agência Brasil a respeito:
Lobão diz que denúncias de espionagem à Petrobras não mudam cronograma do leilão do pré-sal
09/09/2013 - 17h17
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse hoje (9) que o primeiro leilão do pré-sal, sob o regime de partilha de produção, previsto para o dia 21 de outubro, está mantido, mesmo com as denúncias de espionagem à estatal, divulgadas ontem (8) pelo programa Fantástico, da TV Globo.
"Está tudo mantido como foi programado, não cancela o leilão". Perguntado se há riscos de dados do leilão terem vazado, ele respondeu: "não". Segundo o ministro, a Petrobras emitirá uma nota ainda hoje sobre o assunto e, do ponto de vista político, o tema está sendo tratado pela Presidência da República e pelo Itamaraty.
A licitação destinará blocos para exploração do Campo de Libra, na Bacia de Santos (SP), que tem potencial de reserva entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris equivalentes de petróleo. A Petrobras terá participação de 30% no consórcio.
Lobão também garantiu que está mantido o cronograma do leilão, que prevê o prazo final para o pagamento da taxa de participação e a entrega de documentos para qualificação das empresas interessadas para a próxima semana. A empresa que vencer o leilão terá que pagar um bônus de assinatura à União de R$ 15 bilhões.
Lobão também garantiu que está mantido o cronograma do leilão, que prevê o prazo final para o pagamento da taxa de participação e a entrega de documentos para qualificação das empresas interessadas para a próxima semana. A empresa que vencer o leilão terá que pagar um bônus de assinatura à União de R$ 15 bilhões.
Segundo reportagem veiculada ontem (8) pelo Fantástico, documentos vazados pelo ex-consultor de informática Edward Snowden indicam que a rede privada de computadores da Petrobras foi monitorada pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA). A reportagem mostra uma apresentação ultrassecreta, feita pela NSA em maio do ano passado, para treinar novos agentes no passo a passo para acessar e espionar redes internas de empresas, governos e instituições financeiras. De acordo com a reportagem, não é possível saber a extensão do monitoramento, nem se conteúdos da estatal foram acessados.
Em nota ao Fantástico, o diretor nacional de Inteligência dos Estados Unidos, James Clapper, informa que a NSA coleta informações econômicas para prevenir crises financeiras que possam afetar os mercados internacionais. Segundo ele, a agência não rouba segredos de empresas estrangeiras que possam beneficiar empresas americanas.
A Petrobras informou, por meio da assessoria de imprensa, que não comentará as denúncias de espionagem pelos Estados Unidos.
Lobão participou na tarde de hoje da cerimônia de sanção da lei que destina recursos dos royalties do pré-sal para a saúde e a educação. O texto é o mesmo aprovado pelo Congresso Nacional, sem vetos, com destinação de 75% dos valores para a educação e 25% para a saúde.
Durante o evento, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Vic Barros, disse que as denúncias de espionagem que atingiram a Petrobras exigem uma resposta à altura do governo a essa "grave violação a soberania do nosso país".
Edição: Juliana Andrade
OS EUA ESPIONAM DILMA PELO PRÉ-SAL, ENTÃO SE PROÍBA OS AMERICANOS NO PRÉ-SAL
ALICE PORTUGAL
É preciso se levar em conta que a espionagem americana que atingiu Dilma e o governo brasileiro não pode ser tratada como mais uma ação indevida dos serviços secretos dos EUA. Não. Trata-se de um ato agressivo, com interesses escusos
A descoberta de que o governo dos EUA construiu um gigantesco sistema de espionagem do governo Dilma Rousseff, inclusive das comunicações da própria presidenta com seus ministros e auxiliares, é um fato da maior gravidade e exige respostas enérgicas por parte do Brasil.
Primeiro é preciso ressaltar que as revelações de crimes praticadas pelo governo dos EUA só foram possíveis pela ação destemida de dois jovens americanos, Edward Snowden e Bradley Manning, em consórcio com não menos corajosos jornalistas Julian Assange e Glenn Greenwald, todos satanizados e vítimas de perseguições por parte do governo americano. Triste realidade vive os EUA: quem pratica o crime persegue e condena quem revela o ato criminoso.
Depois, é preciso se levar em conta que a espionagem americana que atingiu Dilma e o governo brasileiro não pode ser tratada como mais uma ação indevida dos serviços secretos dos EUA. Não. Trata-se de um ato agressivo, com interesses escusos, que agride a soberania entre as nações e os povos, perpetrado pelo governo de um país com tradição de utilizar os mais sórdidos meios para fazer valer seus interesses políticos, militares e econômicos.
Embora não vivamos mais a guerra fria, os EUA multiplicam a cada ano seus gastos militares não apenas para sustentar suas guerras pelo mundo, mas para garantir seus negócios planeta afora, para assegurar sua hegemonia e para dobrar governos que não lhes são servis. Sua máquina de espionagem continua ativa como nunca, seja para zelar pela segurança do país mais odiado do mundo, seja para garantir os interesses econômicos e comerciais de suas empresas.
O alvo da espionagem americana no Brasil, além do monitoramento da política externa brasileira, é claramente econômico e tem como objeto as cada vez maiores reservas de petróleo de nosso pré-sal. Ora, ao longo dos anos os EUA fabricaram motivos para dizimar nações inteiras com o propósito de se apoderar de seu petróleo, fomentaram guerras civis em outros países para empoderar aliados, subornaram governantes, assassinaram outros, depuseram uns tantos pela ação sempre ilegal da CIA ou dos "marines".
Agora, novamente fruto da coragem de dois jovens, um já condenado a mais de 30 anos de prisão, outro refugiado na Rússia, de onde jamais poderá sair senão será preso ou morto, o mundo toma conhecimento de que os EUA quebraram a criptografia da internet e espionam governos indiscriminadamente, sejam eles aliados, adversários ou inimigos.
Constata-se, assim, a máxima dita por um ex-secretário de Estado norte-americano, John Foster Dulles: "Os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses".
E a resposta do Brasil e de outras nações deve atingir exatamente aquilo que é caro para os EUA: seus interesses. Se o objetivo principal da espionagem americana contra a presidenta Dilma e contra o Brasil é o pré-sal, a resposta de nosso país deve ser a proibição para que empresas americanas ou consórcios dos quais elas participem possam participar dos leilões do pré-sal.
Este seria um ato de coragem que certamente despertaria críticas dos adoradores do livre mercado encastelados em nossa mídia. Dirão ser ilegal, contra as regras da Organização Internacional do Comércio. E eu pergunto: a espionagem das comunicações da presidenta Dilma por acaso é um ato legal, encontra-se dentro das regras da ONU que regem a convivência entre nações soberanas?