"ARQUIVA", DISSE KASSAB SOBRE CHEFE DA MÁFIA
Um novo grampo complica ainda mais o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; nele. o auditor Ronilson Bezerra Rodrigues, que comandou desvios do ISS de até R$ 500 milhões na capital paulista, conta como Kassab o livrou de uma investigação interna sobre seus elevado patrimônio, aberta pela corregedoria; fiscal foi solto nesta madrugada e continuará a ser ouvido pelos investigadores
9 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 07:05
247 - Um novo grampo complica ainda mais a situação do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que será ouvido pelo Ministério Público sobre desvios de até R$ 500 milhões na capital paulista. Nele, o fiscal Ronilson Bezerra, apontado como chefe da quadrilha, revela como o ex-prefeito teria mandado arquivar uma investigação contra ele, aberta pelo então corregedor do município, Edilson Bonfim.
"Vou dizer o que o corregedor [Edilson Bonfim] fez comigo. Ele pegou a declaração de bens da prefeitura, com a evolução patrimonial, foi no Kassab", disse Ronilson, numa conversa gravada com outro integrante da quadrilha, o fiscal Luis Alexandre Magalhães. "Isso o João Francisco Aprá, chefe-de-gabinete do Kassab, me contando. Ele falou: olha, a evolução é compatível, mas eu queria abrir a conta dele'. E o Kassab: não, não tem motivo'. E falou: então arquiva'. Arquivou."
Antes disso, um outro grampo já comprometia a situação do ex-prefeito. Nele, Ronilson afirma que Kassab tinha ciência de toda a fraude. "Chama o secretário e os prefeitos com que eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo", disse ele numa conversa com Paula Sayuri Nagamati, chefe de gabinete da secretaria de Assistência Social (leia aqui).
Em nota, o ex-prefeito Kassab alega que a apuração, aberta por ele, foi transferida para a administração Haddad. A gestão petista diz que o procedimento se "limitou a ouvir o investigado" e que "nenhum encaminhamento foi dado à época e o processo ficou parado".
O ex-prefeito de São Paulo pode ser convocado a depor sobre o suposto esquema de cobrança irregular de ISS (Imposto Sobre Serviço) a construtoras na capital paulista. Segundo o promotor Roberto Bodini, a declaração do ex-subsecretário da Receita Municipal, Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe da chamada máfia dos fiscais, serve como "prova" e será investigada.
Em editorial neste sábado, a Folha aponta que Kassab se complica cada vez mais no caso. Leia:
Kassab se complica
Em conversas gravadas com autorização da Justiça, fiscais sugerem que o ex-prefeito tinha conhecimento de esquema de corrupção
Se para 2014 já não eram estimulantes as perspectivas eleitorais do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD), elas se rebaixaram ainda mais após serem reveladas gravações de conversas dos acusados de integrar a chamada Máfia do ISS (Imposto sobre Serviços).
Noticiado há uma semana, o esquema de corrupção alcançou dimensão impressionante. Estima-se que os cofres públicos tenham perdido pelo menos R$ 500 milhões em impostos que deveriam ter sido recolhidos por diversas empresas, mas que não foram pagos devido à intervenção de quatro fiscais responsáveis pela arrecadação.
Estes, em troca de polpudas propinas, agiam na contramão de seu dever funcional e livravam as empresas de parte das obrigações tributárias. Calcula-se que, desde 2007, o grupo tenha acumulado um patrimônio de R$ 80 milhões.
A Controladoria Geral do Município, órgão criado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), não precisou de muito esforço para perceber a incompatibilidade entre os vencimentos e a riqueza desses servidores. Investigações posteriores, feitas pelo Ministério Público, levaram à prisão dos quatro fiscais.
Como três deles ocuparam cargos de confiança na administração passada, Kassab logo se viu chamuscado pelo episódio, embora Haddad tenha reiterado que não havia indícios de envolvimento das autoridades políticas.
Uma semana depois, Kassab aparece em meio a um incêndio de grandes proporções. Gravações autorizadas pela Justiça e obtidas por esta Folha trazem diálogos com potencial devastador.
"Chama o secretário e o prefeito com quem eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo", afirma Ronilson Bezerra Rodrigues, acusado de liderar o grupo, em conversa com a chefe de gabinete da secretaria de Finanças da gestão anterior. Não parece haver dúvidas de que o "prefeito" citado é Kassab.
Em outra gravação, os termos são ainda mais explícitos. Um homem não identificado diz: "Minha esperança é Kassab ganhar a eleição para governador". O fiscal Luis Alexandre Magalhães concorda: "É, pois é, aí tá todo mundo bem". Então o primeiro lamenta: "Mas acho que ele não ganha, não".
De fato, Kassab não reunia condições reais de disputar o cargo em 2014. Sua intenção era fortalecer a bancada do PSD e manter seu nome na cabeça dos eleitores. Agora, até essa estratégia está em xeque.
Ainda que o ex-prefeito declare serem falsas as afirmações dos servidores e mesmo com os sinais de que o esquema era suprapartidário, será difícil para Kassab desvincular sua imagem desse escândalo.
Para que esse ponto seja esclarecido, bem como o eventual envolvimento de outros políticos, a investigação precisa avançar com a maior celeridade possível, sem recair no vício de transformar-se em arma de perseguição, ou preservação, partidária.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/120295/Arquiva-disse-Kassab-sobre-chefe-da-m%C3%A1fia.htm
KASSAB PODE SER INTIMADO A DEPOR POR MÁFIA DOS FISCAIS
Promotor Roberto Bodini (no canto à dir.) afirma que declaração do suposto chefe do esquema de cobrança do ISS em São Paulo é "prova" e será investigada; segundo Ronilson Bezerra Rodrigues (centro), o secretário e o prefeito com quem trabalhou, Gilberto Kassab (PSD), "tinham ciência de tudo"; "Primeiro a gente tem que saber o que é o tudo. Vou avançar no 'tudo', vou avançar no 'tinha ciência'. Se necessário for, vou ouvir o secretário e o prefeito", declarou Bodini; segundo Kassab, "essa informação vem de pessoas que sabiam que estavam sendo monitoradas e fizeram isso para tumultuar o processo. Qualquer criança faria essa suposição"; curiosamente essa suposição foi feita hoje cedo por Reinaldo Azevedo (abaixo), em defesa de Kassab
8 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 19:53
247 – O ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), pode ser convocado a depor sobre o suposto esquema de cobrança irregular de ISS (Imposto Sobre Serviço) a construtoras na capital paulista. Segundo o promotor Roberto Bodini, a declaração do ex-subsecretário da Receita Municipal, Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe da chamada máfia dos fiscais, serve como "prova" e será investigada.
Segundo Rodrigues, o secretário e o prefeito com quem trabalhou tinham ciência de toda a fraude. "Chama o secretário e os prefeitos com que eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo", disse ele numa conversa com Paula Sayuri Nagamati, chefe de gabinete da secretaria de Assistência Social e com quem, segundo denúncia do Blog da Cidadania, tinha um caso.
"Primeiro a gente tem que saber o que é o tudo. Precisamos saber se, além de ter ciência, havia conivência e depois saber se havia intenção de auferir vantagem", disse o promotor. "Vou avançar no 'tudo', vou avançar no 'tinha ciência'. Se necessário for, vou ouvir o secretário e o prefeito", acrescentou Bodini, para quem a declaração de Rodrigues, detido com outros três auditores no último dia 30, é uma "prova", mas que precisa de investigações.
Até então declarando as acusações que envolviam seu nome como "absurdas", Gilberto Kassab sugeriu hoje, em entrevista à Rádio Bandeirantes, que a declaração do fiscal teria sido calculada. "Essa informação vem de pessoas que sabiam que estavam sendo monitoradas e fizeram isso para tumultuar o processo", disse o ex-prefeito. "Sabiam e fizeram isso para tumultuar. Qualquer criança faria essa suposição", acrescentou. Curiosamente, essa suposição foi feita hoje cedo por Reinaldo Azevedo (leia aqui), em defesa de Kassab.
O promotor afirmou que não pedirá a manutenção da prisão dos três auditores – um deles, o agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso Magalhães, fez acordo de delação premiada e foi liberado na segunda-feira. "Entendemos que o tempo de prisão temporária cumpriu a finalidade", justificou. De acordo com o promotor, a investigação do Ministério Público "não é pessoal, não é política e não é partidária".
SERVIDORA QUE ACUSOU DONATO TERIA 'CASO' COM CHEFE DA MÁFIA DOS FISCAIS
Denúncia é do Blog da Cidadania, do jornalista Eduardo Guimarães; segundo o site, Paula Sayuri Nagamati teria uma relação amorosa com Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como "chefe" do esquema em pagamentos de ISS em São Paulo (foto); acusação de que o secretário de Governo de Fernando Haddad, Antonio Donato, teria recebido doação eleitoral da fraude é fruto do que ela "ouviu falar", uma "acusação gravíssima e sem provas", diz o blog
8 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 13:30
247 - Aparentemente, a autora da denúncia de que o secretário de Governo do prefeito Fernando Haddad, Antonio Donato, recebeu doação eleitoral de dinheiro proveniente de uma fraude no pagamento do ISS na cidade não tem muita credibilidade.
De acordo com denúncia divulgada pelo Blog da Cidadania, do jornalista Eduardo Guimarães, a servidora Paula Sayuri Nagamati teria um relacionamento amoroso com Ronilson Bezerra Rodrigues, suposto chefe da chamada máfia dos fiscais. E a denúncia, diz o blog, foi baseada no que ela "ouviu falar", "acusação gravíssima e sem provas".
Leia abaixo a íntegra do post:
Servidora que acusou secretário de Haddad teria tido "caso" com chefe da máfia dos fiscais
Relutei em divulgar a informação que darei a seguir por conta de um conflito ético. Seria correto divulgar fato da esfera íntima de envolvidos no caso da máfia dos fiscais em São Paulo, mas que é amplamente comentado por servidores da Prefeitura e que é conhecido pela mídia, pelo Ministério Público e pela própria administração do prefeito Fernando Haddad?
Devido a um dos envolvidos nesse fato estar fazendo acusação ao secretário de Governo da gestão Haddad, Antonio Donato, de que teria recebido doação eleitoral com recursos oriundos da roubalheira na gestão Gilberto Kassab, e devido à mídia ter dado crédito a essa acusação sem deixar claro que a pessoa que acusou não apresentou provas e tem interesse em envolver a gestão Haddad, torna-se justo divulgar a informação.
Em depoimento ao Ministério Público, a servidora da prefeitura Paula Sayuri Nagamati disse ter ouvido de um auditor preso que teria havido uma "colaboração" à campanha de Donato à Câmara Municipal de SP, em 2008, com "dinheiro fruto da fiscalização". O caso foi revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Mas quem é Paula? Por que uma afirmação sua sem provas contra a gestão que investigou e desbaratou a quadrilha – a gestão Haddad – foi comprada pela mídia como se contivesse a menor evidência de ser verdadeira? Afinal, Paula não apresentou provas, não deu o nome de quem acusou Donato, enfim, apenas acusou.
E a acusação precária virou manchete de jornal. Como se não bastasse, foi tratada pelas tevês como se fosse fato. Matéria do Bom Dia Brasil (Globo) sobre a acusação de Paula tem o seguinte título: Suspeitos de fraude financiaram campanha de secretário de Haddad. Essa acusação peremptória se baseia em que Paula "ouviu falar".
Quem é Paula? Como se sabe, ela foi chefe de gabinete do ex-secretário de Finanças Mauro Ricardo, ligado ao ex-prefeito José Serra (PSDB). Nesta semana, Haddad a exonerou do cargo que ocupava na supervisão técnica da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social.
A demissão de Paula foi criticada pela imprensa paulista após o Ministério Público de SP – aquele do "eminente" procurador Rodrigo de Grandis – ter dito que ela não é investigada, que seria "apenas testemunha". A Folha de São Paulo, por exemplo, deu manchete de primeira página para a demissão insinuando que ela foi afastada por Haddad porque denunciou seu secretário.
Conforme tem sido divulgado pela imprensa, o chefe do esquema de corrupção na prefeitura durante a gestão Kassab era Ronilson Bezerra Rodrigues, subsecretário de Finanças, o segundo do secretário Mauro Ricardo (homem de Serra) na Secretaria de Finanças municipal.
Então há uma trinca, aí, em um esquema que movimentou, ao que se sabe até agora, MEIO BILHÃO DE REAIS durante a gestão Gilberto Kassab. Essa trinca era composta pelo ex-secretário Mauro Ricardo, pelo ex-subsecretário Ronilson Bezerra Rodrigues e pela chefe de gabinete do ex-secretário, Paula Sayuri Nagamati. Os três trabalhavam juntinhos.
Antes de prosseguir, uma informação: a quantidade de dinheiro movimentado pelo esquema de corrupção na prefeitura de São Paulo, até agora, já se aproxima do que a prefeitura de São Paulo deixará de arrecadar por ter voltado atrás no aumento de vinte centavos no preço das passagens de ônibus, após as manifestações de junho.
Como é possível que a prefeitura de São Paulo não tivesse dado falta dos 500 milhões de reais que deixaram de entrar nos cofres públicos por conta do esquema de corrupção em tela?
Mas a relação de Paula com os envolvidos nesse esquema não para por aí. Segundo o Blog apurou com servidores da prefeitura, "todos sabem" de suposta relação amorosa dela com Ronilson, apresentado pela imprensa como "chefe" do esquema criminoso. E, para complicar, ambos – Paula e Ronilson – são casados – mas, evidentemente, não um com o outro.
Até se pode entender que a imprensa não divulgasse informação tão sensível por Paula, oficialmente, não estar sendo investigada. Porém, quando ela faz uma acusação gravíssima e sem provas contra uma das pessoas responsáveis pela investigação do grupo suspeito que ela integrou, sua relação com aquele que é tido como "chefe" da máfia dos fiscais se torna vital.
Se Paula faz uma acusação gravíssima ao secretário Donato por ter "ouvido falar" e esse "ouvir falar" vira manchete de jornal, chegando a ser tratado pela imprensa como suspeita contra o auxiliar do prefeito Fernando Haddad, não seria justo que o "ouvir falar" da relação dela com Ronilson também seja conhecido?
A gestão Haddad respondeu com meias palavras à acusação de Paula de que Donato teria tido sua eleição para vereador em 2008 financiada pelo esquema criminoso surgido na administração de seu adversário político (Kassab). Disse apenas que tinham uma relação "muito próxima". Esse pseudo bom-mocismo, porém, não cabe na investigação de um crime.