KASSAB: "DEIXO A VIDA PÚBLICA MEDIANTE PROVAS"
Em resposta às declarações de seu sucessor, Fernando Haddad (PT), de que teria deixado a prefeitura em situação de "descalabro", ex-prefeito de São Paulo nega relações com esquema de fraude no ISS: "Eu me retiro da vida pública se em algum momento alguém identificar qualquer vínculo entre essas afirmações e a realidade"; grampos de conversas de fiscais presos citam envolvimento de Kassab na máfia que desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos; auditores também torciam por sua volta em 2014 para garantir atuação do grupo; "descalabro é gestão de Haddad", diz Kassab
11 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 05:07
247 – O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) adotou o ataque como forma de se defender da série de denúncias de envolvimento no esquema do ISS que pesam sobre ele. O alvo escolhido foi o seu sucessor Fernando Haddad (PT), que afirmou no final de semana ter encontrado a prefeitura em situação de "descalabro".
Chamou de “desonesto intelectualmente” da parte do prefeito querer passar a imagem de que nada nunca foi feito para combater a corrupção.
Segundo Kassab, seu sucessor utiliza a questão como forma de esconder o fracasso do primeiro ano de administração petista. Negou, porém, que episódio influencie na alianças nacionais pela reeleição de Dilma Rousseff.
Em entrevista à Folha, ele rejeita ainda qualquer relação com o esquema de fraude no ISS. "Eu me retiro da vida pública se em algum momento alguém identificar qualquer vínculo entre essas afirmações e a realidade", afirmou.
Grampos das investigações que prenderam fiscais da prefeitura pelo desvio de mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos citam Kassab pelo menos duas vezes. Uma delas, Robson Bezerra, chefe da máfia e seu ex-subsecretário de Finanças, diz que o então prefeito estava ciente de tudo; em seguida, torcem para a volta de Kassab em 2014 como única forma de manter a atuação do grupo.
Leia alguns trechos da entrevista à Folha (na íntegra aqui):
Haddad
É difícil aceitar essa referência sobre o final da nossa gestão. Se aceitássemos, o final da gestão anterior, que era dele [Haddad participou da administração Marta Suplicy (2001-2004)], estaria duas vezes esse descalabro.
Fizemos uma transição impecável, segundo o próprio prefeito em sua posse. Ele só esqueceu de olhar para o próprio umbigo, para sua administração, quando a cidade está espantada com o descalabro desse primeiro ano.
Há uma verdadeira situação de falta de controle no transporte público. A prefeitura, pela primeira vez, entra o ano com uma perspectiva de dar um subsídio de aproximadamente R$ 2 bilhões.
Se ele tivesse competência, tinha conseguido administrar essa questão com o governo federal para não tirar esses recursos no ano que vem destinados a casas populares, saúde, ensino público.
Vale lembrar que pela primeira vez na cidade corremos o risco de entrar num novo ano sem reajuste de IPTU, um reajuste razoável.
Aliança PT e PSD
Não posso apequenar o PSD e vincular essas manifestações incompreensíveis do prefeito com as decisões do partido.
Máfia do ISS
Questiono essa afirmação do prefeito de que a gestão dele é independente. Foi ele quem nomeou o controlador. Então, tem um vínculo com ele, sim. Ele mesmo disse que acompanhou "pari passu" [simultaneamente], tanto é que contribuiu com recursos de seu bolso para pagar o aluguel de uma sala.
Então ele ignorou a nossa gestão numa ação política, para diminui-la. E omitiu. Ele tinha a obrigação de comunicar ao Ministério Público que nossa gestão tinha feito o início desses trabalhos.
Mandou arquivar?
Isso nunca aconteceu. Eu nunca tive esse diálogo. É uma afirmação mentirosa, talvez de alguém que quisesse despreocupar seus companheiros. Ou alguém que quisesse mostrar prestígio. Ou alguém que soubesse que estava sendo gravado e queria tumultuar as investigações.
Tentativas sórdidas de manchar minha imagem.
Eu me retiro da vida pública se em algum momento alguém identificar qualquer vínculo entre essas afirmações e a realidade.
É desonesto intelectualmente da parte do prefeito querer passar a imagem de que nada nunca foi feito para combater a corrupção.
Principalmente em relação à nossa gestão.
São dezenas de criminosos e esses criminosos também agiam no passado.
O prefeito foi chefe de gabinete da Secretaria de Finanças. Eu não quero acusá-lo de nada. Porque ele pode ter sido, e com certeza foi, vítima do mesmo crime.
A desonestidade do prefeito é passar a impressão de que ele foi o primeiro a combater a corrupção. Se ele é o primeiro, cadê suas manifestações sobre o mensalão?
Robson Bezerra, chefe da máfia e seu ex-subsecretário de Finanças
Eu não sabia de nada.
Eu não o conhecia anteriormente e pouco conheço agora. Estive com ele poucas vezes em sete anos, sempre para discutir assuntos técnicos, e geralmente em meu gabinete.
Há nisso uma má-fé muito grande, uma afirmação maldosa, que não é digna do Fernando Haddad. Havia um secretário indicado para formar o grupo, e os dois lados fizeram isso. Ele levou sua equipe.
Ronilson estava na transição porque estavam todos daquele núcleo. Ele era da equipe. Ele e centenas de outros.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/120384/Kassab-deixo-a-vida-p%C3%BAblica-mediante-provas.htm
MÁFIA DO ISS: DEPUTADO DO PSD JOGA SERRA NA FOGUEIRA
Guilherme Campos afirma que ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab, só teria seguido o acordo fechado pelo ex-prefeito José Serra (PSDB), em 2008, para manter a estrutura da secretaria de finanças em sua gestão; Mauro Ricardo, que comandou a pasta, foi braço-direito de Serra e agora é acusado de mandar arquivar as investigações sobre a fraude de fiscais que desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos
11 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 05:50
247 – Na tentativa de limpar a imagem do PSD no escândalo da máfia dos fiscais do ISS, o deputado federal Guilherme Campos (PSD) jogou a responsabilidade pela equipe da secretaria de Finanças da administração de São Paulo para o ex-prefeito José Serra.
"É só fazer uma constatação. Dentro do acordo de assunção veio o compromisso de manter a estrutura montada pelo prefeito José Serra e do secretário de finanças Mauro Ricardo", disse. Braço-direito de Serra teria mandado arquivar investigações sobre a fraude.
Kassab foi citado em grampos de conversas de auditores presos no esquema que desviou até R$ 500 milhões de Imposto Sobre Serviços (ISS) da Prefeitura de São Paulo durante sua gestão.
Campos também afirmou que o auditor Ronilson Bezerra, que envolveu Kassab no esquema, queria incriminar o ex-prefeito, pois sabia que estava sendo investigado. "É uma fala perdida no tempo e no espaço, de alguém desesperado. Numa situação de estar acuada, a pessoa sai dando tiro em todo mundo", disse.
DONATO É AGORA CITADO NA MÁFIA DO IPTU
Ex-subsecretário da Receita Municipal, Ronilson Bezerra Rodrigues, conhecido como o chefe da máfia do ISS, diz para iria chamar o secretário de governo de Fernando Haddad (PT) para provar lealdade aos comparsas; grupo também revela ter fraudado cobranças do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)
11 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 06:53
247 - Novas escutas da investigação sobre fraudes na Prefeitura de São Paulo citam novamente o secretário de Governo de Fernando Haddad, Antonio Donato.
Desta vez, os áudios divulgados pelo Fantástico, da Rede Globo, indicam que o mesmo grupo suspeito de fraudar o Imposto sobre Serviços (ISS) também cometeu irregularidades em relação à cobranças do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Nas gravações, os auditores Carlos Augusto Di Lallo Amaral e Luís Alexandre Magalhães falam sobre fraude e sobre a investigação feita pela Ministério Público de São Paulo e pela Controladoria Geral da prefeitura.
"O IPTU não pegaram", afirmou Di Lallo. Temendo traição na quadrilha, Luís Alexandre respondeu que denunciaria o esquema. "Eu faço pegar. A gente fez um monte de coisa no IPTU", disse.
Durante outra conversa, o ex-subsecretário da Receita Municipal, Ronilson Bezerra Rodrigues se defende das acusações de que teria entregado os comparsas. Ele afirma que traria Donato para esclarecer os fatos, e que traria ainda outro auditor, Leonardo Leal Dias da Silva, e Douglas Amato, o atual subsecretário de Finanças do município.
"Nós vamos trazer Barcellos e nós vamos trazer o Léo junto. Léo e o Douglas aqui. E vamos trazer Donato também. Eu to com vocês, onde vocês quiserem", afirmou Ronilson na gravação.
A escuta mostra ainda que a cobrança de propina não começou em 2006, como indicavam as investigações. Luís Alexandre afirmou ter relatórios desde 2002.
Donato negou qualquer envolvimento no esquema. O prefeito Fernando Haddad (PT) chegou a defendê-lo e ainda afastou do cargo a auditora fiscal Paula Sayuri Nagamati.
Em depoimento ao Ministério Público, ela disse ter ouvido de um auditor preso sobre uma colaboração à campanha de Donato à Câmara, em 2008, com "dinheiro fruto da fiscalização", segundo informações do "O Estado de S. Paulo".