REUNIÃO INÉDITA DARÁ NOVO PAPEL A EX-PRESIDENTES?
Nunca antes quatro ex-presidentes e atual ocupante do cargo foram vistos juntos, lado a lado, no Brasil; quanto mais sorridentes, amistosos e cordiais como aconteceu nesta segunda-feira 9, ao pé do avião presidencial com destino aos funerais de Nelson Mandela; o que aqui é singular, em países desenvolvidos como os Estados Unidos é comum; lá, os antigos mandatários deixam o dia a dia dos partidos políticos e se tornam verdadeiras instituições a serviço de causas nacionais e globais; cortesia da presidente Dilma Rousseff com José Sarney, Lula, Fernando Henrique e Fernando Collor pode significar entrada da política brasileira num patamar mais elevado de entendimento entre contrários; será?
9 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 21:31
247 – Em razão de um fato externo e singular, o Brasil assistiu nesta segunda-feira 9 a uma cena inédita e educativa. Lado a lado, a atual presidente da República e quatro de seus antecessores – vale dizer, todos os ex-mandatários vivos do País – perfilaram-se, sorridentes, para a lente do fotógrafo oficial Roberto Stuckert Filho. Um retrato de união, cordialidade e espírito público. Nunca houve um encontro como esse.
Estavam ao pé do avião presidencial, prontos para embarcar para os funerais do líder sul-africano Nelson Mandela, pela ordem, José Sarney (cujo mandato foi de 1985 a 1990), Lula (2003-2010), Dilma (2011-), Fernando Henrique (1995-2002) e Fernando Collor (1990-1992).
Lá dentro, na viagem para Johanesburgo, iniciada ao meio-dia, em Brasília, certamente eles puderam trocar ideias e experiências, atualizar informações e, com um pouco de sorte e boa vontade, podem ter, até mesmo, discutido o momento brasileiro, a economia, a política, as eleições de 2014... Afinal, são políticos com o importante cargo em comum.
Como antigos ocupantes do primeiro escalão do País, e estimulados pelo gesto de cortesia da presidente Dilma, pode-se apostar que as conversas tenham sido boas e que todos tenham, até mesmo, se entendido. Ao menos temporariamente, o que já seria um ganho para a Nação.
A experiência de outros países, onde as democracias são mais antigas e sólidas, mostra que a compreensão entre ex-presidentes chega a ser comum. Afinal, eles não são políticos como outros quaisquer. Eles são, isso sim, 'os caras', aqueles que galgaram todas as etapas da carreira política e, em razão das circunstâncias, tornaram-se o número 1 de seus respectivos momentos. Carregam, de per si, uma bagagem única de experiências, quer pela vivência em crises, quer pela navegação em tempos de prosperidade. Erros e acertos, tudo o que vêm deles é especial, seja pela carga de poder que enfeixaram ou pelos riscos que correram no exercício de seus mandatos.
SENADOR VITALÍCIO - Na Itália, por exemplo, os ex-presidentes são tão respeitados que, ao deixarem o poder, automaticamente se tornam senadores vitalícios, exceção feita aos que renunciam. Trata-se da forma de o país aproveitar deles a vivência acumulada, a palavra moderadora, a capacidade de ministrar lições ensinadas pela prática do poder.
No Brasil, a ideia de tornar os ex-presidente senadores vitalícios é aventada eventualmente, mas jamais emplacou.
São os Estados Unidos, porém, o país que melhor aproveita o acúmulo de conhecimento específico dos ex-presidentes. Na verdade, na terra de Barack Obama ser um ex-presidente é o mesmo que ser uma instituição viva. O respeito a eles é intocável. Nos momentos decisivos para o país, como a entrada numa guerra ou um forte decisão econômico, é comum ao titular do cargo consultar um ou mais de seus antecessores, independentemente da sua própria coloração partidária e do procurado interlocutor. Uma conversa informal, nem sempre divulgada, mas que serve de monitoramento ao mandatário para acercar-se de mais certezas sobre sua próxima decisão.
Como instituição, os ex-presidentes americanos liberam-se da prática da política partidária. Passam a ser grandes embaixadores de seu próprio país ou de causas acima das divergências do dia a dia da política. O democrata Jimmy Carter, por exemplo, venceu o Prêmio Nobel da Paz após ter deixado o cargo – e até hoje é um enviado especial da Organização das Nações Unidas para missões relativas aos direitos humanos e eleitorais.
ATÉ GEORGE W. BUSH - Visitando o Brasil neste momento, Bill Clinton afastou-se da militância no partido Democrata para dedicar-se à sua própria fundação, organizada de forma a estimular o crescimento de setores econômicos de países emergentes. Apesar de ter sua mulher, Hillary, na condição de ex-secretária de Estado e atual cotada para ser a próxima candidata dos democratas à Casa Branca, raramente Clinton se posiciona sobre política interna. Valoriza, assim, sua palavra.
Os George Bush pai e filho, goste-se deles ou não, igualmente preservaram distância da atividade política cotidiana. Bush pai, por exemplo, foi nomeado, em 2004, como membro honorário pela reconstrução do World Trade Center, ao lado de Carter e Clinton. No ano seguinte, como cabe a uma instituição em pessoa, foi indicado por seu filho George, então na presidência, como líder de uma campanha para ajudar vítimas de um tsunami na Ásia. Outra vez, ao lado de Clinton.
Mais polêmico entre os ex-presidentes vivos dos EUA, George W. Bush, apesar dos 4 mil soldados americanos mortos na guerra do Iraque e 27 mil feridos, é igualmente respeitado pelo atual Barack Obama. Ele foi convidado recentemente para estar na Casa Branca ao lado de seus colegas ex-mandatários, como forma de mostrar ao público que, acima das divergências pessoais e partidárias, existe a instituição Presidência da República.
No Brasil, até a cena inédita desta segunda-feira 9, tudo tem sido diferente. Ex-presidentes não largam a política partidária, disputam cargos eletivos e sempre se mostram prontos a voltar ao poder, algo inconcebível, apesar de não ser proibido, na democracia americana.
Após a reunião promovida por Dilma, por força da morte de Nelson Mandela, talvez algo comece a mudar na relação entre os ex-presidentes brasileiros. Eles podem, por exemplo, passar a nutrir mais respeito entre eles próprios, o que já seria um belo início para atos futuros em comum pelo bem do País. A conferir.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/123472/Reuni%C3%A3o-in%C3%A9dita-dar%C3%A1-novo-papel-a-ex-presidentes.htm
Nunca antes quatro ex-presidentes e atual ocupante do cargo foram vistos juntos, lado a lado, no Brasil; quanto mais sorridentes, amistosos e cordiais como aconteceu nesta segunda-feira 9, ao pé do avião presidencial com destino aos funerais de Nelson Mandela; o que aqui é singular, em países desenvolvidos como os Estados Unidos é comum; lá, os antigos mandatários deixam o dia a dia dos partidos políticos e se tornam verdadeiras instituições a serviço de causas nacionais e globais; cortesia da presidente Dilma Rousseff com José Sarney, Lula, Fernando Henrique e Fernando Collor pode significar entrada da política brasileira num patamar mais elevado de entendimento entre contrários; será?
9 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 21:31
247 – Em razão de um fato externo e singular, o Brasil assistiu nesta segunda-feira 9 a uma cena inédita e educativa. Lado a lado, a atual presidente da República e quatro de seus antecessores – vale dizer, todos os ex-mandatários vivos do País – perfilaram-se, sorridentes, para a lente do fotógrafo oficial Roberto Stuckert Filho. Um retrato de união, cordialidade e espírito público. Nunca houve um encontro como esse.
Estavam ao pé do avião presidencial, prontos para embarcar para os funerais do líder sul-africano Nelson Mandela, pela ordem, José Sarney (cujo mandato foi de 1985 a 1990), Lula (2003-2010), Dilma (2011-), Fernando Henrique (1995-2002) e Fernando Collor (1990-1992).
Lá dentro, na viagem para Johanesburgo, iniciada ao meio-dia, em Brasília, certamente eles puderam trocar ideias e experiências, atualizar informações e, com um pouco de sorte e boa vontade, podem ter, até mesmo, discutido o momento brasileiro, a economia, a política, as eleições de 2014... Afinal, são políticos com o importante cargo em comum.
Como antigos ocupantes do primeiro escalão do País, e estimulados pelo gesto de cortesia da presidente Dilma, pode-se apostar que as conversas tenham sido boas e que todos tenham, até mesmo, se entendido. Ao menos temporariamente, o que já seria um ganho para a Nação.
A experiência de outros países, onde as democracias são mais antigas e sólidas, mostra que a compreensão entre ex-presidentes chega a ser comum. Afinal, eles não são políticos como outros quaisquer. Eles são, isso sim, 'os caras', aqueles que galgaram todas as etapas da carreira política e, em razão das circunstâncias, tornaram-se o número 1 de seus respectivos momentos. Carregam, de per si, uma bagagem única de experiências, quer pela vivência em crises, quer pela navegação em tempos de prosperidade. Erros e acertos, tudo o que vêm deles é especial, seja pela carga de poder que enfeixaram ou pelos riscos que correram no exercício de seus mandatos.
SENADOR VITALÍCIO - Na Itália, por exemplo, os ex-presidentes são tão respeitados que, ao deixarem o poder, automaticamente se tornam senadores vitalícios, exceção feita aos que renunciam. Trata-se da forma de o país aproveitar deles a vivência acumulada, a palavra moderadora, a capacidade de ministrar lições ensinadas pela prática do poder.
No Brasil, a ideia de tornar os ex-presidente senadores vitalícios é aventada eventualmente, mas jamais emplacou.
São os Estados Unidos, porém, o país que melhor aproveita o acúmulo de conhecimento específico dos ex-presidentes. Na verdade, na terra de Barack Obama ser um ex-presidente é o mesmo que ser uma instituição viva. O respeito a eles é intocável. Nos momentos decisivos para o país, como a entrada numa guerra ou um forte decisão econômico, é comum ao titular do cargo consultar um ou mais de seus antecessores, independentemente da sua própria coloração partidária e do procurado interlocutor. Uma conversa informal, nem sempre divulgada, mas que serve de monitoramento ao mandatário para acercar-se de mais certezas sobre sua próxima decisão.
São os Estados Unidos, porém, o país que melhor aproveita o acúmulo de conhecimento específico dos ex-presidentes. Na verdade, na terra de Barack Obama ser um ex-presidente é o mesmo que ser uma instituição viva. O respeito a eles é intocável. Nos momentos decisivos para o país, como a entrada numa guerra ou um forte decisão econômico, é comum ao titular do cargo consultar um ou mais de seus antecessores, independentemente da sua própria coloração partidária e do procurado interlocutor. Uma conversa informal, nem sempre divulgada, mas que serve de monitoramento ao mandatário para acercar-se de mais certezas sobre sua próxima decisão.
Como instituição, os ex-presidentes americanos liberam-se da prática da política partidária. Passam a ser grandes embaixadores de seu próprio país ou de causas acima das divergências do dia a dia da política. O democrata Jimmy Carter, por exemplo, venceu o Prêmio Nobel da Paz após ter deixado o cargo – e até hoje é um enviado especial da Organização das Nações Unidas para missões relativas aos direitos humanos e eleitorais.
ATÉ GEORGE W. BUSH - Visitando o Brasil neste momento, Bill Clinton afastou-se da militância no partido Democrata para dedicar-se à sua própria fundação, organizada de forma a estimular o crescimento de setores econômicos de países emergentes. Apesar de ter sua mulher, Hillary, na condição de ex-secretária de Estado e atual cotada para ser a próxima candidata dos democratas à Casa Branca, raramente Clinton se posiciona sobre política interna. Valoriza, assim, sua palavra.
Os George Bush pai e filho, goste-se deles ou não, igualmente preservaram distância da atividade política cotidiana. Bush pai, por exemplo, foi nomeado, em 2004, como membro honorário pela reconstrução do World Trade Center, ao lado de Carter e Clinton. No ano seguinte, como cabe a uma instituição em pessoa, foi indicado por seu filho George, então na presidência, como líder de uma campanha para ajudar vítimas de um tsunami na Ásia. Outra vez, ao lado de Clinton.
Mais polêmico entre os ex-presidentes vivos dos EUA, George W. Bush, apesar dos 4 mil soldados americanos mortos na guerra do Iraque e 27 mil feridos, é igualmente respeitado pelo atual Barack Obama. Ele foi convidado recentemente para estar na Casa Branca ao lado de seus colegas ex-mandatários, como forma de mostrar ao público que, acima das divergências pessoais e partidárias, existe a instituição Presidência da República.
No Brasil, até a cena inédita desta segunda-feira 9, tudo tem sido diferente. Ex-presidentes não largam a política partidária, disputam cargos eletivos e sempre se mostram prontos a voltar ao poder, algo inconcebível, apesar de não ser proibido, na democracia americana.
Após a reunião promovida por Dilma, por força da morte de Nelson Mandela, talvez algo comece a mudar na relação entre os ex-presidentes brasileiros. Eles podem, por exemplo, passar a nutrir mais respeito entre eles próprios, o que já seria um belo início para atos futuros em comum pelo bem do País. A conferir.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/123472/Reuni%C3%A3o-in%C3%A9dita-dar%C3%A1-novo-papel-a-ex-presidentes.htm
TRIBUTO A MANDELA TERÁ RECORDE DE LÍDERES
De acordo com o governo da África do Sul, mais de 90 presidentes confirmaram participação no tributo; atualmente, o maior registro da história foi no funeral do papa João Paulo II, em 2005, com a presença das autoridades máximas de 70 países
10 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 06:16
Danilo Macedo
Enviado Especial
Joanesburgo (África do Sul) - O tributo que será prestado hoje (10) ao ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, que morreu na última quinta-feira (5), reunirá o maior número de chefes de Estado da história. O recorde atual foi registrado no funeral do papa João Paulo II, em 2005, com a presença das autoridades máximas de 70 países. De acordo com o governo da África do Sul, mais de 90 chefes de Estado confirmaram presença e o número ainda não foi fechado.
A homenagem será prestada a partir das 11h (7h no horário de Brasília), no Estádio Soccer City, palco da final da Copa do Mundo de 2010 e também, no mesmo dia, da última aparição pública de Mandela, desfilando em um carrinho de golfe e aplaudido por milhares de admiradores. O estádio tem capacidade para cerca de 80 mil pessoas.
Mas Madiba, apelido que remete ao clã daquele que é considerado o mais importante filho da África do Sul, não movimenta apenas dezenas de chefes de Estados e os milhões de sul-africanos que o têm como pai. Os aeroportos de Joanesburgo ficaram lotados nos últimos dias desde a morte de Mandela. Pessoas de todas as parte do mundo chegam para se despedir e prestar homenagem ao líder.
O voo de domingo (8) de São Paulo para Joanesburgo ficou totalmente lotado, e as últimas passagens foram vendidas por mais de três vezes o preço mais barato sem promoção. A imprensa de todo o mundo também veio registrar o momento histórico. No local que o governo destinou ao credenciamento para a cobertura do funeral de Mandela, os jornalistas levaram, em média, cinco horas, no domingo e na segunda-feira, para conseguir uma credencial e ter acesso aos eventos.
O motorista Neggie, que trabalha para uma empresa que transporta pessoas em Joanesburgo, disse que a cidade não “lotou” nos últimos dias. “Está mais do que lotada”, acrescentou. O clima na cidade mistura tristeza pela partida de Madiba e celebração de sua vida. As imagens das bandeiras a meio-mastro em todo o país se misturam com danças e cantorias em homenagem ao ex-presidente que, em vida, despertou a curiosidade e a admiração de pessoas e líderes de todo o mundo e agora os atrai ao país para a despedida. Os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Dilma Rousseff estão entre os que farão um pequeno discurso na despedida oficial.
De acordo com o governo da África do Sul, mais de 90 presidentes confirmaram participação no tributo; atualmente, o maior registro da história foi no funeral do papa João Paulo II, em 2005, com a presença das autoridades máximas de 70 países
10 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 06:16
Danilo Macedo
Enviado Especial
Joanesburgo (África do Sul) - O tributo que será prestado hoje (10) ao ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, que morreu na última quinta-feira (5), reunirá o maior número de chefes de Estado da história. O recorde atual foi registrado no funeral do papa João Paulo II, em 2005, com a presença das autoridades máximas de 70 países. De acordo com o governo da África do Sul, mais de 90 chefes de Estado confirmaram presença e o número ainda não foi fechado.
Enviado Especial
Joanesburgo (África do Sul) - O tributo que será prestado hoje (10) ao ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, que morreu na última quinta-feira (5), reunirá o maior número de chefes de Estado da história. O recorde atual foi registrado no funeral do papa João Paulo II, em 2005, com a presença das autoridades máximas de 70 países. De acordo com o governo da África do Sul, mais de 90 chefes de Estado confirmaram presença e o número ainda não foi fechado.
A homenagem será prestada a partir das 11h (7h no horário de Brasília), no Estádio Soccer City, palco da final da Copa do Mundo de 2010 e também, no mesmo dia, da última aparição pública de Mandela, desfilando em um carrinho de golfe e aplaudido por milhares de admiradores. O estádio tem capacidade para cerca de 80 mil pessoas.
Mas Madiba, apelido que remete ao clã daquele que é considerado o mais importante filho da África do Sul, não movimenta apenas dezenas de chefes de Estados e os milhões de sul-africanos que o têm como pai. Os aeroportos de Joanesburgo ficaram lotados nos últimos dias desde a morte de Mandela. Pessoas de todas as parte do mundo chegam para se despedir e prestar homenagem ao líder.
O voo de domingo (8) de São Paulo para Joanesburgo ficou totalmente lotado, e as últimas passagens foram vendidas por mais de três vezes o preço mais barato sem promoção. A imprensa de todo o mundo também veio registrar o momento histórico. No local que o governo destinou ao credenciamento para a cobertura do funeral de Mandela, os jornalistas levaram, em média, cinco horas, no domingo e na segunda-feira, para conseguir uma credencial e ter acesso aos eventos.
O motorista Neggie, que trabalha para uma empresa que transporta pessoas em Joanesburgo, disse que a cidade não “lotou” nos últimos dias. “Está mais do que lotada”, acrescentou. O clima na cidade mistura tristeza pela partida de Madiba e celebração de sua vida. As imagens das bandeiras a meio-mastro em todo o país se misturam com danças e cantorias em homenagem ao ex-presidente que, em vida, despertou a curiosidade e a admiração de pessoas e líderes de todo o mundo e agora os atrai ao país para a despedida. Os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Dilma Rousseff estão entre os que farão um pequeno discurso na despedida oficial.
LÍDERES DO MUNDO INTEIRO PARTICIPAM DE HOMENAGEM A MANDELA
FELIPE L. GONCALVES, 10 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 06:25
Publicado em 09/12/2013
Mais de 90 chefes de estado confirmaram presença.
FELIPE L. GONCALVES, 10 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 06:25
Publicado em 09/12/2013
Mais de 90 chefes de estado confirmaram presença.
COLUNISTAS VÊEM SIMBOLISMO NA FOTO DOS EX-PRESIDENTES
Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, e Ricardo Kotscho elogiam iniciativa de Dilma Rousseff ao convidar os ex-presidentes brasileiros para que fossem juntos ao funeral de Nelson Mandela, na África do Sul; segundo eles, a imagem da presidente com Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney torna o país mais civilizado e urbano
11 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 06:58
247 – No emocionante tributo ao líder Nelson Mandela, o colunista da Folha de S. Paulo Fernando Rodrigues destacou a imagem da presidente Dilma Rousseff, acompanhada de Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney, pelo seu simbolismo.
Em artigo, ele diz que Dilma acertou em convidar os ex-presidentes e diz que a imagem nos remete a um Brasil no qual os desiguais convivam com urbanidade e os interesses da nação se sobreponham a divergências ideológicas ou partidárias.
Ele lembra que não existem cenas como essa no passado porque ex-presidentes nunca se encontravam nem se deixavam fotografar todos juntos. “A foto de todos juntos torna o país um pouco mais civilizado e urbano. Uma imagem, às vezes, é tudo”, disse (Leia aqui na íntegra).
O momento também foi destacado por Ricardo Kotscho, em seu blog. Leia:
O simbólico voo de Dilma com os ex-presidentes
No momento em que começo a escrever, pouco depois do meio dia desta terça-feira, eles já estão voltando para o Brasil, com uma escala em Luanda, capital de Angola. Não se pode dizer que foi um agradável passeio o inédito voo da presidente Dilma Rousseff com seus quatro antecessores vivos (Sarney, Collor, FHC e Lula, por ordem de entrada em cena) para o funeral de Nelson Mandela.
Os cinco saíram do Rio de Janeiro ao meio dia de segunda-feira, chegaram a Johannesburgo, na África do Sul, às duas horas da madrugada e já estavam de pé às oito da manhã de hoje para participar das cerimônias fúnebres.
Neste fulminante bate e volta, em que pela primeira vez Dilma conseguiu reunir os quatro ex-presidentes na mesma cerimônia, pouco importa o que eles tenham conversado, até porque, eu não sei _ e acho que nunca vamos saber exatamente o que foi falado.
O voo valeu mais pelo que tem de simbólico, já que na nossa política eventuais adversários muitas vezes são tratados como inimigos e não há uma tradição de cortesia entre os que já ocuparam o principal cargo do país, ao contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos.
Se por acaso faltou assunto, e o cansaço superou a vontade de conversar, certamente não faltaram lembranças para ocupar o tempo de voo. Assim de cabeça, lembro-me de algumas que devem ter passado pelas cabeças presidenciais ao olharem para o ilustre passageiro a seu lado.
Hoje, só Fernando Henrique Cardoso não faz parte da ampla aliança governamental em torno de Dilma, mas em outros momentos já foi bem diferente a relação entre os quatro ex-presidentes.
Por ordem cronológica, em 1989, Lula e Collor disputaram para ver quem batia mais no então presidente José Sarney, que assumiu o cargo por acaso com a morte do presidente eleito, Tancredo Neves, antes de tomar posse. Ambos chamavam Sarney de corrupto, no mínimo.
Venceu Collor e, dois anos depois, Lula e FHC estavam subindo nos mesmos palanques, que já haviam frequentado juntos na campanha das Diretas Já, para pedir o impeachment do presidente eleito, que foi cassado em seu terceiro ano de mandato. Corrupção do presidente também foi o tema que dominou os discursos dos dois.
Em lugar de Collor, assumiu o vice Itamar Franco, que chamou FHC para ser ministro _, primeiro, de Relações Exteriores e, depois, da Fazenda _ e o ajudou a se eleger presidente na sua sucessão, em que derrotou Lula no primeiro turno. Em 1998, FHC repetiu a dose e foi reeleito no primeiro turno contra Lula.
Até aí, no entanto, os dois tinham uma boa relação pessoal, que começou nas lutas contra a ditadura e se estreitou na campanha legislativa de 1978, em que Lula apoiou FHC nas eleições para o Senado.
Na campanha presidencial de 2002, em que Lula derrotou o tucano José Serra, mais ou menos candidato de FHC, não houve nenhum embate mais duro entre os dois. E levei mesmo a impressão de que FHC não ficou triste com a vitória de Lula.
Em 2003, depois de FHC lhe passar a faixa presidencial, Lula foi-se despedir dele na porta do elevador, deu-lhe um abraço, e disse: "Quero que você fique sabendo que deixa um amigo aqui no Palácio do Planalto".
Aos poucos, no entanto, no eterno embate entre PT e PSDB, os dois foram-se afastando e as críticas mútuas tornaram-se cada vez mais ácidas.
Nas voltas que a vida dá, em seu segundo mandato Lula acabou se aliando aos senadores José Sarney, do PMDB, e Fernando Collor, do PTB, e FHC assumiu o papel de principal líder da oposição, que exerce até hoje.
Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, onde ex-presidentes não disputam mais eleições e deixam o dia a dia da vida partidária para se dedicar a outras causas, no Brasil quem já ocupou o Palácio do Planalto recusa-se a desencarnar do poder, como Lula anunciava que pretendia fazer ao final de seu governo.
Durante a conversa no avião, quem sabe, acertaram-se alguns ponteiros, tiraram-se a limpo diferenças e mágoas do passado e se evitaram cobranças tardias, que já não fazem mais sentido. Acho muito difícil, porém, que possam ter provocado qualquer mudança nas atuais relações partidárias e pessoais.
Por seu gesto generoso, ao convidar os quatro para acompanhá-la no funeral de quem sempre pregou a paz, a presidente Dilma colaborou para pelo menos desanuviar um pouco o clima de Fla-Flu que já tomou conta do país, a pouco menos de dez meses das eleições presidenciais. Para ela, apesar da correria e do cansaço, certamente valeu a viagem.
Ponto para Dilma.