SETUBAL CRITICA MANTEGA, MAS PREVÊ DILMA REELEITA
Dono do Itaú Unibanco, o banqueiro Roberto Setubal, que até recentemente, era um dos principais agentes da oposição, modera suas críticas ao governo; agora, ele afirma que a presidente Dilma Rousseff é favorita na disputa de 2014 e diz que nem ela nem seus oponentes, Aécio Neves e Eduardo Campos, trariam problemas para o chamado "mercado"; no entanto, ele critica a política econômica do ministro Guido Mantega e afirma que é hora de trocar o consumo pelo investimento; Setubal também bateu no BNDES: "é impossível competir com essas taxas subsidiadas"
15 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 14:51
247 - O banqueiro Roberto Setubal, dono do Itaú Unibanco, continua no campo da oposição, mas moderou suas críticas ao governo federal. Ele, que, até recentemente, era visto como um dos principais articuladores do discurso oposicionista, influindo, inclusive, na cobertura de publicações estrangeiras, como The Economist e Financial Times, sobre o Brasil, parece disposto a moderar suas críticas ao governo federal.
Neste domingo, em entrevista aos jornalistas Aguinaldo Novo e Cristina Alves, do Globo (leia aqui), ele se mostra menos insatisfeito com o governo da presidente Dilma Rousseff, especialmente depois dos leilões das concessões de aeroportos e estradas, mas ainda critica a política econômica do ministro Guido Mantega e a ação do BNDES na economia.
Em relação à economia, um dos seus alvos é a política fiscal. "O gasto público nos últimos anos tem crescido muito acima da arrecadação. A arrecadação tem crescido, mesmo com algumas isenções feitas pelo governo, mas as despesas têm crescido muito mais. É preciso um controle mais rigoroso dos gastos públicos, é absolutamente necessário. Passamos na última década por momentos muito tranquilos, com a dívida pública em queda. Agora, ela está em alta outra vez", diz ele.
Embora não cite diretamente o ministro Mantega, ele não esconde sua contrariedade com a política econômica. "O que temos de observar é que o governo procurou estimular a economia com o gasto público num momento em que a economia e a conjuntura internacional não eram favoráveis. No entanto, daqui para frente, não podemos ficar nessa mesma política, temos de reverter essa política, porque é impossível imaginar que vamos continuar a expandir o gasto público acima da arrecadação. Essa conta não fecha. Houve um estímulo da economia por meio do gasto público, mas isso não é sustentável", afirma.
Setubal também defende uma inflação no centro da meta de 4,5% – o que significaria juros maiores. "A meta é 4,5%, estamos na faixa de tolerância. O ideal seria chegar na meta. O fato de não buscarmos a meta cria uma percepção de que a inflação, hoje, de 5%, 5,5%, é aceitável, o que não é bom", afirma.
Outro alvo é o BNDES. "Acho que o BNDES tem um papel a cumprir, reconheço isso, mas deveria ser mais seletivo nos projetos que ele financia. É impossível imaginar que todo investimento no Brasil será feito pelo BNDES, não há possibilidade disso. Caso contrário, criaríamos uma restrição enorme para fazer os investimentos. Acho que o BNDES deveria se concentrar em projetos que o mercado não financiaria naturalmente, de interesse do governo, com retorno muito a longo prazo", afirma.
A despeito das críticas, Setubal afirmou que não há risco imediato de redução de classificação de risco do Brasil e disse que os três candidatos – a presidente Dilma Rousseff, do PT, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos, do PSB – não representam problemas. "O cenário é tranquilo do ponto de vista do investidor. Não espero nenhum grande impacto de volatilidade no mercado. Acho que a maior probabilidade é de que a presidente Dilma seja reeleita, pelo cenário que estamos vendo hoje", diz ele. "Temos outros candidatos, Aécio (Neves) e (Eduardo) Campos, que do ponto de vista do mercado também são candidatos bastante tranquilos. Neste sentido que digo que não existe nenhuma preocupação."
Dono do Itaú Unibanco, o banqueiro Roberto Setubal, que até recentemente, era um dos principais agentes da oposição, modera suas críticas ao governo; agora, ele afirma que a presidente Dilma Rousseff é favorita na disputa de 2014 e diz que nem ela nem seus oponentes, Aécio Neves e Eduardo Campos, trariam problemas para o chamado "mercado"; no entanto, ele critica a política econômica do ministro Guido Mantega e afirma que é hora de trocar o consumo pelo investimento; Setubal também bateu no BNDES: "é impossível competir com essas taxas subsidiadas"
15 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 14:51
247 - O banqueiro Roberto Setubal, dono do Itaú Unibanco, continua no campo da oposição, mas moderou suas críticas ao governo federal. Ele, que, até recentemente, era visto como um dos principais articuladores do discurso oposicionista, influindo, inclusive, na cobertura de publicações estrangeiras, como The Economist e Financial Times, sobre o Brasil, parece disposto a moderar suas críticas ao governo federal.
Neste domingo, em entrevista aos jornalistas Aguinaldo Novo e Cristina Alves, do Globo (leia aqui), ele se mostra menos insatisfeito com o governo da presidente Dilma Rousseff, especialmente depois dos leilões das concessões de aeroportos e estradas, mas ainda critica a política econômica do ministro Guido Mantega e a ação do BNDES na economia.
Em relação à economia, um dos seus alvos é a política fiscal. "O gasto público nos últimos anos tem crescido muito acima da arrecadação. A arrecadação tem crescido, mesmo com algumas isenções feitas pelo governo, mas as despesas têm crescido muito mais. É preciso um controle mais rigoroso dos gastos públicos, é absolutamente necessário. Passamos na última década por momentos muito tranquilos, com a dívida pública em queda. Agora, ela está em alta outra vez", diz ele.
Embora não cite diretamente o ministro Mantega, ele não esconde sua contrariedade com a política econômica. "O que temos de observar é que o governo procurou estimular a economia com o gasto público num momento em que a economia e a conjuntura internacional não eram favoráveis. No entanto, daqui para frente, não podemos ficar nessa mesma política, temos de reverter essa política, porque é impossível imaginar que vamos continuar a expandir o gasto público acima da arrecadação. Essa conta não fecha. Houve um estímulo da economia por meio do gasto público, mas isso não é sustentável", afirma.
Setubal também defende uma inflação no centro da meta de 4,5% – o que significaria juros maiores. "A meta é 4,5%, estamos na faixa de tolerância. O ideal seria chegar na meta. O fato de não buscarmos a meta cria uma percepção de que a inflação, hoje, de 5%, 5,5%, é aceitável, o que não é bom", afirma.
Outro alvo é o BNDES. "Acho que o BNDES tem um papel a cumprir, reconheço isso, mas deveria ser mais seletivo nos projetos que ele financia. É impossível imaginar que todo investimento no Brasil será feito pelo BNDES, não há possibilidade disso. Caso contrário, criaríamos uma restrição enorme para fazer os investimentos. Acho que o BNDES deveria se concentrar em projetos que o mercado não financiaria naturalmente, de interesse do governo, com retorno muito a longo prazo", afirma.
A despeito das críticas, Setubal afirmou que não há risco imediato de redução de classificação de risco do Brasil e disse que os três candidatos – a presidente Dilma Rousseff, do PT, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos, do PSB – não representam problemas. "O cenário é tranquilo do ponto de vista do investidor. Não espero nenhum grande impacto de volatilidade no mercado. Acho que a maior probabilidade é de que a presidente Dilma seja reeleita, pelo cenário que estamos vendo hoje", diz ele. "Temos outros candidatos, Aécio (Neves) e (Eduardo) Campos, que do ponto de vista do mercado também são candidatos bastante tranquilos. Neste sentido que digo que não existe nenhuma preocupação."
NASSIF CRITICA PESSIMISMO MILITANTE DA VELHA MÍDIA
Colunista diz que, por trás desse clima, há uma guerra política inaugurada em 2005 “que, quase nove anos depois, continua sacrificando a notícia no altar das disputas partidárias”
16 DE DEZEMBRO DE 2013 ÀS 07:14
247 – O colunista Luis Nassif voltou a criticar o pessimismo militante da mídia. Segundo artigo publicado no GGN, clima é evidente até fora do Brasil e data desde 2005. Leia:
O pessimismo militante da velha mídia
Dia desses conversava com o executivo de um grande grupo europeu, que não se conformava com o clima de pessimismo que via em meios empresariais brasileiros, como resultado da cobertura da velha mídia do eixo Rio-São Paulo. Comparava com Portugal e Espanha, desmanchando-se, com a União Europeia, estagnada, com os desastres na Irlanda e na Grécia. Aí, voltava-se para o Brasil com o mercado de consumo aquecido, o desemprego em níveis mínimos históricos, o investimento privado direcionando-se para os leilões de concessão. E me dizia que o Brasil era um país muito louco.
Há muitas críticas à condução da política econômica e vulnerabilidades que precisarão ser enfrentadas – especialmente o desequilíbrio nas contas externas. Mas nada que nem de longe se pareça com o quadro pintado nos grandes veículos.
Dia desses conversava com o executivo de um grande grupo europeu, que não se conformava com o clima de pessimismo que via em meios empresariais brasileiros, como resultado da cobertura da velha mídia do eixo Rio-São Paulo. Comparava com Portugal e Espanha, desmanchando-se, com a União Europeia, estagnada, com os desastres na Irlanda e na Grécia. Aí, voltava-se para o Brasil com o mercado de consumo aquecido, o desemprego em níveis mínimos históricos, o investimento privado direcionando-se para os leilões de concessão. E me dizia que o Brasil era um país muito louco.
Há muitas críticas à condução da política econômica e vulnerabilidades que precisarão ser enfrentadas – especialmente o desequilíbrio nas contas externas. Mas nada que nem de longe se pareça com o quadro pintado nos grandes veículos.
Aumentos de meio ponto percentual ao ano nos índices inflacionários são tratados como prenúncio de hiperinflação; acomodamento das vendas do varejo, em níveis elevados, como prenúncio de recessão.
No fundo desse pessimismo renitente há uma guerra política inaugurada em 2005 que, quase nove anos depois, continua sacrificando a notícia no altar das disputas partidárias.
No fundo desse pessimismo renitente há uma guerra política inaugurada em 2005 que, quase nove anos depois, continua sacrificando a notícia no altar das disputas partidárias.
É significativa a cobertura, em um jornal econômico relativamente equilibrado, do discurso de Dilma Rousseff em um evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O primeiro parágrafo é dedicado ao discurso de Dilma, à necessidade de uma indústria forte, de não transformar o país em uma mera “economia de serviços”. Em seguida, mencionou programas exitosos, como o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) e ao Ciência Sem Fronteiras.
Se Dilma permanecesse no encontro, continua a matéria, iria colher relatos bem diferentes sobre o que mencionou. É entrevistada então a superintendente de uma empresa de eletrodomésticos que diz que os programas são bons, “mas chegaram atrasados”. “O problema é que não temos nenhuma garantia de que o empregado no qual investimos tanto seguirá na companhia", é a reclamação. E sugere a criação de uma “bolsa emprego”, destinada a premiar o funcionário que permanecer mais tempo na empresa.
Se Dilma permanecesse no encontro, continua a matéria, iria colher relatos bem diferentes sobre o que mencionou. É entrevistada então a superintendente de uma empresa de eletrodomésticos que diz que os programas são bons, “mas chegaram atrasados”. “O problema é que não temos nenhuma garantia de que o empregado no qual investimos tanto seguirá na companhia", é a reclamação. E sugere a criação de uma “bolsa emprego”, destinada a premiar o funcionário que permanecer mais tempo na empresa.
O que isso tem a ver com a Pronatec? Nada. É um problema interno da empresa, de gestão de recursos humanos em uma economia aquecida, mas que é utilizado como contraponto ao que parecia ser excesso de otimismo na abertura da matéria.
É um entre muitos exemplos do pessimismo militante que recobriu a cobertura econômica da velha mídia nos últimos anos. E que acaba comprometendo a crítica necessária sobre os pontos efetivamente vulneráveis da política econômica e do processo de desenvolvimento brasileiros.
Na sexta-feira, a mesma CNI divulgou a pesquisa CNI-Ibope. Os que consideram seu governo bom e ótimo saltaram de 37% para 43% em relação ao último levantamento, de setembro. Desde julho, o crescimento foi de 12 pontos percentuais. O percentual dos que aprovam a maneira de Dilma governar aumentou de 54% para 56%.
É um entre muitos exemplos do pessimismo militante que recobriu a cobertura econômica da velha mídia nos últimos anos. E que acaba comprometendo a crítica necessária sobre os pontos efetivamente vulneráveis da política econômica e do processo de desenvolvimento brasileiros.
Na sexta-feira, a mesma CNI divulgou a pesquisa CNI-Ibope. Os que consideram seu governo bom e ótimo saltaram de 37% para 43% em relação ao último levantamento, de setembro. Desde julho, o crescimento foi de 12 pontos percentuais. O percentual dos que aprovam a maneira de Dilma governar aumentou de 54% para 56%.
É evidente que há muito a melhorar no ambiente e na política econômica. Mas quem está em crise exposta, hoje em dia, é certo tipo de jornalismo que acabou subordinando o senhor fato a disputas políticas menores.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/124140/Nassif-critica-pessimismo-militante-da-velha-m%C3%ADdia.htm