CAI AMANHÃ O ÚLTIMO PILAR DA "GUERRA PSICOLÓGICA"
A notícia será dada ao País pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega: sim, o Brasil cumpriu sua meta fiscal em 2013; o número de dezembro, que ainda está sendo fechado, permitirá que o superávit acumulado supere a meta de R$ 73 bilhões; notícia é importante num ano em que setores da sociedade tentaram instilar pessimismo infundado sobre apagão, inflação do tomate, disparada do câmbio e, finalmente, descontrole das contas públicas
2 DE JANEIRO DE 2014 ÀS 10:46
247 - Está marcada para esta sexta-feira, na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, a derrubada da última trincheira da "guerra psicológica" movida por setores da oposição contra a política econômica. Às 12h30, o ministro Guido Mantega anunciará ao País que o governo federal cumpriu sua meta de superávit primário traçada para 2013, que era de R$ 73 bilhões – valor suficiente para impedir o crescimento da relação entre a dívida interna e o Produto Interno Bruto.
O anúncio é importante porque o "descontrole fiscal" era o último pilar do terrorismo liderado por setores da imprensa contra o País.
Em janeiro, Globo e Folha de S. Paulo prometeram apagão. Não aconteceu.
Em abril, Veja e Época, com o auxílio luxuoso de Ana Maria Braga e seu colar de tomates, previram a disparada da inflação. Ela fechará o ano abaixo de 6%.
Depois, as críticas se concentraram contra a falta de independência do Banco Central. No entanto, Alexandre Tombini elevou os juros e conteve as expectativas negativas.
Em agosto, foi a vez de prever a disparada do dólar, que fecharia o ano acima de R$ 3. Outra aposta furada.
Sobrou, então, o ataque à "contabilidade criativa" e ao "descontrole das contas públicas". Entretanto, com o superávit de R$ 28,8 bilhões divulgado em novembro, o saldo acumulado no ano bateu em R$ 62,4 bilhões.
O número total do ano ainda está sendo fechado pelos técnicos da Fazenda, mas ficará bem acima dos R$ 73 bilhões prometidos ao mercado. O que dará certa folga fiscal ao governo no início de 2014. Assim, o ministro Mantega deverá se comprometer, também, nesta sexta, com uma meta agressiva para este ano.
Todas as previsões dos que apostaram na "guerra psicológica" fracassaram. Mas isso não significa que não haverá outras em 2014.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/125640/Cai-amanh%C3%A3-o-%C3%BAltimo-pilar-da-guerra-psicol%C3%B3gica.htm
INDÚSTRIA REGISTRA MAIOR ALTA DESDE ABRIL
"A atividade econômica no setor industrial expandiu por conta de um crescimento mais forte da produção, com as empresas sinalizando o primeiro aumento mensal nas novas encomendas em seis meses", destacou o economista-chefe do HSBC, André Lóes; houve crescimento da produção pelo quarto mês seguido, com os entrevistados citando como razão a entrada de novos contratos; novos pedidos cresceram pela primeira vez desde junho com as empresas relatando fortalecimento na demanda
2 DE JANEIRO DE 2014 ÀS 11:15
Por Camila Moreira
SÃO PAULO, 2 Jan (Reuters) - A atividade industrial brasileira se expandiu em dezembro e atingiu o nível mais alto desde abril, em meio ao crescimento da produção e de novos negócios, de acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta quinta-feira.
O PMI do instituto Markit voltou a ficar acima da marca de 50 que separa crescimento de contração ao atingir 50,5 em dezembro, ante 49,7 em novembro, no melhor resultado desde a marca de 50,8 atingida em abril.
"A atividade econômica no setor industrial expandiu por conta de um crescimento mais forte da produção, com as empresas sinalizando o primeiro aumento mensal nas novas encomendas em seis meses", destacou o economista-chefe do HSBC, André Lóes.
De acordo com o Markit, houve crescimento da produção pelo quarto mês seguido, com os entrevistados citando como razão a entrada de novos contratos.
Os novos pedidos cresceram pela primeira vez desde junho com as empresas relatando fortalecimento na demanda, ainda que tenham destacado a incerteza econômica como um peso sobre o otimismo dos clientes.
Por outro lado, o volume de novos pedidos do exterior ficou estagnado, em meio a uma demanda contida e aumento da concorrência externa.
O subsetor de bens de consumo foi o que apresentou melhor desempenho em dezembro, com taxas de crescimento de produção e volume de novos pedidos superando as das empresas produtoras de bens intermediários. Em contraste, a produção de bens de capital recuou.
Apesar do cenário favorável, os fabricantes brasileiros continuaram a reduzir suas forças de trabalho em dezembro, com o nível de emprego caindo pelo nono mês seguido, embora no ritmo mais fraco desde abril.
O Markit destacou ainda que tanto os preços de insumo quanto os de produção aumentaram em dezembro, embora a taxa de inflação de preços cobrados tenha atingido recorde de baixa de 17 meses.
"Os fabricantes continuaram a indicar que a moeda fraca resultou em preços mais elevados pagos por matérias-primas importadas, e que as cargas adicionais de custo foram parcialmente repassadas aos clientes", disse em nota.
A indústria brasileira viveu um ano de altos e baixos em 2013. De acordo com o dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção do setor surpreendeu em outubro ao crescer 0,6 por cento sobre o mês anterior, mantendo-se pelo terceiro mês seguido em território positivo, porém ainda mostrou uma recuperação moderada do setor.
(Edição de Raquel Stenzel)
LCA: TAXA DE INVESTIMENTO NO PAÍS É A MAIOR EM 25 ANOS
Análise é de Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores; "essa alta dos investimentos foi disseminada, não se concentrando só em caminhões, ônibus e máquinas agrícolas", diz ele; crescimento maior em 2014 poderá vir com a recuperação da economia mundial
2 DE JANEIRO DE 2014 ÀS 12:24
247 - A economia brasileira atingiu, em 2013, a maior taxa de investimentos em 25 anos. Isso pode ser determinante para um ritmo maior de crescimento nos próximos anos, a depender também do ritmo de expansão da economia mundial. A análise é do economista Bráulio Borges, da LCA. Confira, abaixo, sua artigo publicado por ele na Folha de S. Paulo:
Recuperação da economia global pode ser chave em 2014
BRÁULIO BORGES
No começo de 2013, boa parte dos analistas esperava que a economia brasileira fechasse o ano corrente com expansão na faixa de 3% a 3,5%, segundo levantamento feito pelo Latin Focus Consensus Forecasts. Hoje, com o ano encerrado, parece ser bastante provável que a expansão de nosso PIB tenha sido de 2,4% ou um pouco menos.
Foi o terceiro ano consecutivo em que o desempenho da economia brasileira frustrou as expectativas. Embora isso já esteja no retrovisor, é importante buscar as razões por detrás dessa frustração, a fim de reduzir os erros de projeção e dar subsídios para orientar e moldar as ações de política econômica.
Sob a ótica da demanda, boa parte das expectativas indicava que os investimentos (isto é, a Formação Bruta de Capital Fixo, ou FBCF) cresceriam em torno de 5%, desempenho apenas suficiente para desfazer a retração de quase 4% verificada em 2012.
Mas, a despeito de todas as turbulências externas e internas ao longo do ano, a FBCF deverá fechar o ano com alta próxima a 6,5% --ou quase 8,5% quando se contabilizam como investimentos, e não como exportações (como é feito pelo IBGE), US$ 6,6 bilhões correspondentes a seis plataformas da Petrobras que foram exportadas apenas contabilmente neste ano.
Essa alta dos investimentos foi disseminada, não se concentrando só em caminhões, ônibus e máquinas agrícolas. Nesse quadro, a taxa de investimento brasileira --isto é, a razão entre a FBCF e o PIB-- deve ter atingido em 2013 o nível mais elevado em quase 25 anos (veja gráfico).
Essa razão está a preços constantes, de modo a isolar a evolução das quantidades (algo necessário diante da constatação de que a variação dos preços dos bens de investimento quase sempre é inferior à variação média dos preços dos bens e serviços da economia como um todo).
A eventual alteração do ano base mudaria os valores no gráfico, mas não o formato da curva --ou seja, não se alteraria o diagnóstico de que atingimos o maior patamar em quase 25 anos.
Por outro lado, houve uma frustração relevante com o desempenho daquele componente que responde por pouco mais de 60% de nosso PIB pelo lado da demanda, o consumo das famílias.
Esperava-se, no início de 2013, que sua expansão chegasse a 4%, mas sua alta efetiva deverá ficar algo abaixo dos 2,5% --o menor ritmo desde 2003 (ano em que recuou 0,8%), e bem abaixo da média de 2004-2008 (+5,1% a.a.) e 2009-2012 (+4,6% a.a.).
Além da forte alta do preço relativo dos alimentos na primeira metade de 2013, que afetou o consumo de bens não duráveis, nota-se uma gradativa perda de fôlego do consumo nos últimos três anos, refletindo, provavelmente, um maior nível de endividamento das famílias (sobretudo o comprometimento mensal de renda com prestações) e uma penetração cada vez maior de bens duráveis.
Ademais, as famílias podem estar direcionando cada vez mais recursos a investimentos em ativos fixos (FBCF), por meio da construção e aquisição de imóveis.
Também houve frustração significativa com relação ao desempenho das exportações, responsáveis por pouco mais de 13% de nosso PIB.
Esperava-se uma alta de pouco mais de 7% das exportações de bens (em dólares), mas elas deverão ter queda de quase 1% (variação que iria a -3,5% com a exclusão das operações contábeis de vendas de plataformas).
Esse ponto ressalta a importância do desempenho da economia mundial e do comércio internacional. E em 2013 o mundo viveu o terceiro ano consecutivo de frustração: boa parte dos analistas esperava expansão global próxima a 4%, mas a alta deverá ficar em 3% --a mais baixa desde 2009.
A perda relevante de fôlego da economia global de 2011 em diante mostra que essa retomada se deu em formato de "W", em termos de taxas de variação (e não de nível do PIB mundial).
FONTES DE FRUSTAÇÃO
O principal corolário da análise feita nos parágrafos anteriores é o de que as principais fontes de frustração com o desempenho econômico recente do país estão associadas em grande medida a fatores ligados à demanda --demanda externa fraca e demanda de consumo interno com fôlego cada vez menor-- e não a restrições de oferta.
O estoque de capital da economia brasileira cresce hoje cerca de 4% a.a., o dobro do observado antes da crise, refletindo a taxa de investimento mais alta; a oferta de mão de obra, embora tenha reduzido seu ímpeto, ainda cresce a quase 1,5% a.a; e a produtividade total da economia em prazos mais curtos é, em boa medida, pró-cíclica (o que explica sua estagnação recente).
Para o PIB voltar a crescer em linha com seu potencial de médio prazo, estimado em 3,5% a.a. (segundo cálculos da LCA, taxa que coincide com a estimada pelo FMI), será preciso um rebalanceamento das fontes de demanda.
O investimento precisará avançar ainda mais --pois ainda temos deficiências, sobretudo em infraestrutura econômica e social-- e a demanda externa deverá voltar a contribuir positivamente para o nosso crescimento.
Enquanto o primeiro desses fatores depende principalmente de ações da política econômica brasileira --como o programa de concessões (que finalmente começou a sair do papel) e o estímulo às PPPs (que começaram a deslanchar)--, o segundo dependerá primordialmente de uma melhora da economia global, algo que parece ser bastante provável a partir deste ano --o que completaria, assim, a última perna do "W" e daria início, torçamos, a um novo ciclo de expansão sustentada do PIB mundial.
BRÁULIO BORGES é economista-chefe da LCA Consultores