247 - O ex-ministro Delfim Netto vê um 2014 menos turbulento na economia brasileira. Segundo ele, "o governo incorporou a ideia de que está na sua mão evitar a tempestade perfeita". E entre os sinais de mudança na ação do Planalto, ele vê uma melhora na relação com o setor privado. Para o economista, "2014 vai ser um pouco melhor do que 2013". Ele diz ainda que a presidente Dilma Rousseff "tem qualidades muito interessantes que podem ser usadas no desenvolvimento econômico". "Por isso que eu fico lutando para que haja um entendimento melhor entre o setor privado e o governo", frisa. Para ele, "a probabilidade de reeleição da presidente supera os 50%".
"Havia uma dúvida muito séria no programa de concessões. O governo passou a ouvir mais e tem tido mais sucesso. Eu acho que está se dissipando a ideia de que o governo é contra o setor privado, mas mais lentamente do que gostaria. Agora, estamos vivendo com uma redução no nível de crescimento. Isso aconteceu no mundo inteiro. No nosso caso, eu acho que é um pouco mais porque, aos erros do mundo, nós acrescentamos os nossos próprios erros. Mas, na minha opinião, 2014 vai ser um pouco melhor do que 2013", afirmou o ex-ministro ao jornalista Luiz Guilherme Gerbelli, do jornal "O Estado de S.Paulo".
Questionado sobre o crescimento do Brasil no governo Dilma, Delfim Neto diz que como o Brasil praticamente atingiu o pleno emprego, é preciso investir na produtividade. Ele também aponta erros na forma como a indústria foi tratada. "Para um País crescer 4%, quando a população cresce 1%, a produtividade tem de crescer 3%. Mas é preciso dar muito mais capital humano e físico para o trabalhador. Ou seja, ele precisa de um pouco mais de saúde, de educação. Há também a destruição da indústria, que não é um acidente. Foi um erro de política econômica. Ampliaram os salários nominais muito acima da produtividade física do trabalho e usaram a taxa de juros - a maior do mundo - para valorizar o câmbio nominal. De 2002 a 2008, tinha um excedente de exportação de manufaturados de US$ 120 bilhões. Depois, virou um déficit de uns US$ 170 bilhões. Ou seja, na verdade, a valorização do câmbio roubou quase US$ 300 bilhões de dólares de demanda do setor industrial", afirmou.