NESTOR CERVERÓ, O HOMEM-BOMBA, FRUSTRA A OPOSIÇÃO
CHRISTINA LEMOS
A estratégia de antecipar as declarações de Cerveró para forçar a instalação da CPI caiu no vazio. Sem qualquer pressa, o Congresso agora só volta ao assunto depois do feriado
Nem documentos reveladores, nem declarações bombásticas – o depoimento de Nestor Cerveró, o ex-diretor da empresa, a deputados de duas comissões temáticas da Câmara passou longe de transformá-lo no homem-bomba que faria ressuscitar a CPI da Petrobrás.
Cerveró declarou seu orgulho de ter trabalhado por 39 anos na Petrobrás, que considera uma “grande família” e sustentou sua própria versão sobre o malfadado negócio da compra da refinaria de Pasadena, sem acrescentar nenhuma novidade. Não responsabilizou Dilma Rousseff pela decisão da compra, nem classificou a operação como mau negócio.
Com frieza e precisão técnicas, declarou que o negócio, nos idos de 2006, era perfeito para os planos de expansão internacional da Petrobrás, ditados pelo governo Lula. “Foi um projeto não-realizado plenamente. Houve uma mudança de decisão estratégica em função da nova realidade do mercado brasileiro, que passou a demandar novas refinarias, e investimento no pré-sal” – explica.
Pela singela explicação de Cerveró, ninguém errou. Só que a tal “mudança de decisão estratégica” custou perdas de pelo menos meio bilhão de dólares – conforme cálculos da atual presidente da Petrobrás, Graça Foster. Difícil de engolir, principalmente quando a conta sobra para a viúva.
Mas Cerveró prestou melhor serviço ao Planalto que a própria Foster. O recém demitido diretor da Petrobrás esvaziou qualquer expectativa de fatos novos sobre a operação. Sustentou que as duas cláusulas omitidas no resumo do relatório que fundamentou a decisão da compra de Pasadena não são relevantes, porque são padrão neste tipo de contrato. Apesar de contradizer Dilma neste ponto, não atacou a presidente nem julgou se houve erro da parte dela.
A estratégia de antecipar as declarações de Cerveró para forçar a instalação da CPI caiu no vazio. Sem qualquer pressa, o Congresso agora só volta ao assunto depois do feriado.
http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/137085/Nestor-Cerver%C3%B3-o-homem-bomba-frustra-a-oposi%C3%A7%C3%A3o.htm
CHRISTINA LEMOS
A estratégia de antecipar as declarações de Cerveró para forçar a instalação da CPI caiu no vazio. Sem qualquer pressa, o Congresso agora só volta ao assunto depois do feriado
Nem documentos reveladores, nem declarações bombásticas – o depoimento de Nestor Cerveró, o ex-diretor da empresa, a deputados de duas comissões temáticas da Câmara passou longe de transformá-lo no homem-bomba que faria ressuscitar a CPI da Petrobrás.
Cerveró declarou seu orgulho de ter trabalhado por 39 anos na Petrobrás, que considera uma “grande família” e sustentou sua própria versão sobre o malfadado negócio da compra da refinaria de Pasadena, sem acrescentar nenhuma novidade. Não responsabilizou Dilma Rousseff pela decisão da compra, nem classificou a operação como mau negócio.
Com frieza e precisão técnicas, declarou que o negócio, nos idos de 2006, era perfeito para os planos de expansão internacional da Petrobrás, ditados pelo governo Lula. “Foi um projeto não-realizado plenamente. Houve uma mudança de decisão estratégica em função da nova realidade do mercado brasileiro, que passou a demandar novas refinarias, e investimento no pré-sal” – explica.
Pela singela explicação de Cerveró, ninguém errou. Só que a tal “mudança de decisão estratégica” custou perdas de pelo menos meio bilhão de dólares – conforme cálculos da atual presidente da Petrobrás, Graça Foster. Difícil de engolir, principalmente quando a conta sobra para a viúva.
Mas Cerveró prestou melhor serviço ao Planalto que a própria Foster. O recém demitido diretor da Petrobrás esvaziou qualquer expectativa de fatos novos sobre a operação. Sustentou que as duas cláusulas omitidas no resumo do relatório que fundamentou a decisão da compra de Pasadena não são relevantes, porque são padrão neste tipo de contrato. Apesar de contradizer Dilma neste ponto, não atacou a presidente nem julgou se houve erro da parte dela.
A estratégia de antecipar as declarações de Cerveró para forçar a instalação da CPI caiu no vazio. Sem qualquer pressa, o Congresso agora só volta ao assunto depois do feriado.
http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/137085/Nestor-Cerver%C3%B3-o-homem-bomba-frustra-a-oposi%C3%A7%C3%A3o.htm
NESTOR CERVERÓ NÃO FOI A "BALA DE PRATA". E AGORA?
Oposição tem um longo feriado para refletir se leva ou não adiante a estratégia de uma CPI exclusiva sobre a Petrobras; depoimento daquele que era esperado como "homem-bomba" frustrou expectativas; além de confirmar a versão da presidente Dilma Rousseff sobre a compra da refinaria de Pasadena, o ex-diretor Nestor Cerveró não acrescentou um elemento capaz de incendiar o Congresso; desânimo foi estampado nas páginas dos jornais que estão entrincheirados contra o Planalto
17 DE ABRIL DE 2014 ÀS 10:28
247 - A estratégia da oposição era clara. Claríssima.
Com o depoimento do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, nesta quarta-feira, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, não teria alternativa a não ser ceder ao suposto clamor popular pela CPI exclusiva sobre a estatal.
A montanha, no entanto, pariu um rato.
E o depoimento de Cerveró, chocho, frustrou as expectativas dos mais aguerridos oposicionistas.
A começar pelos jornalões, que hoje estão entrincheirados contra o Palácio do Planalto.
Todos eles reconhecem que o depoimento do ex-diretor foi um banho de água fria.
Para o Globo, Cerveró "poupou" Dilma. O fato concreto, porém, era outro. Cerveró não poupou a presidente. Apenas não tinha elementos para mentir e incriminá-la impunemente.
No Estado de S. Paulo, Cerveró explicitou a fragilidade de sua posição, ao dizer que as cláusulas polêmicas do contrato de Pasadena – put option e marlim, que obrigavam a Petrobras a comprar a metade dos belgas da Astra e garantiam remuneração mínima aos sócios – eram irrelevantes e não precisavam ser levadas ao conselho de administração.
Mas, como, irrelevantes? Foi justamente ao descobri-las que a presidente Dilma Rousseff mandou desfazer o negócio, ainda como presidente do conselho.
A Folha, por sua vez, foi mais sincera. Cerveró frustrou a oposição, noticiou o jornal da família Frias.
Agora, os oposicionistas têm um longo feriado para refletir sobre a melhor estratégia a seguir.
Vão insistir com uma CPI desde já esfriada pelo depoimento frágil de Cerveró, correndo o risco de ser acusados de contribuir para prejudicar a imagem da Petrobras, empresa que simboliza o orgulho nacional?
Se a CPI não vai levar a lugar algum e não será suficiente para colocar a presidente Dilma em xeque, qual será sua serventia?
A resposta virá da oposição depois da Semana Santa.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/137088/Nestor-Cerver%C3%B3-n%C3%A3o-foi-a-bala-de-prata-E-agora.htm
Oposição tem um longo feriado para refletir se leva ou não adiante a estratégia de uma CPI exclusiva sobre a Petrobras; depoimento daquele que era esperado como "homem-bomba" frustrou expectativas; além de confirmar a versão da presidente Dilma Rousseff sobre a compra da refinaria de Pasadena, o ex-diretor Nestor Cerveró não acrescentou um elemento capaz de incendiar o Congresso; desânimo foi estampado nas páginas dos jornais que estão entrincheirados contra o Planalto
17 DE ABRIL DE 2014 ÀS 10:28
247 - A estratégia da oposição era clara. Claríssima.
Com o depoimento do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, nesta quarta-feira, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, não teria alternativa a não ser ceder ao suposto clamor popular pela CPI exclusiva sobre a estatal.
A montanha, no entanto, pariu um rato.
E o depoimento de Cerveró, chocho, frustrou as expectativas dos mais aguerridos oposicionistas.
A começar pelos jornalões, que hoje estão entrincheirados contra o Palácio do Planalto.
Todos eles reconhecem que o depoimento do ex-diretor foi um banho de água fria.
Para o Globo, Cerveró "poupou" Dilma. O fato concreto, porém, era outro. Cerveró não poupou a presidente. Apenas não tinha elementos para mentir e incriminá-la impunemente.
No Estado de S. Paulo, Cerveró explicitou a fragilidade de sua posição, ao dizer que as cláusulas polêmicas do contrato de Pasadena – put option e marlim, que obrigavam a Petrobras a comprar a metade dos belgas da Astra e garantiam remuneração mínima aos sócios – eram irrelevantes e não precisavam ser levadas ao conselho de administração.
Mas, como, irrelevantes? Foi justamente ao descobri-las que a presidente Dilma Rousseff mandou desfazer o negócio, ainda como presidente do conselho.
A Folha, por sua vez, foi mais sincera. Cerveró frustrou a oposição, noticiou o jornal da família Frias.
Agora, os oposicionistas têm um longo feriado para refletir sobre a melhor estratégia a seguir.
Vão insistir com uma CPI desde já esfriada pelo depoimento frágil de Cerveró, correndo o risco de ser acusados de contribuir para prejudicar a imagem da Petrobras, empresa que simboliza o orgulho nacional?
Se a CPI não vai levar a lugar algum e não será suficiente para colocar a presidente Dilma em xeque, qual será sua serventia?
A resposta virá da oposição depois da Semana Santa.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/137088/Nestor-Cerver%C3%B3-n%C3%A3o-foi-a-bala-de-prata-E-agora.htm
PETROBRAS REBATE DISPARIDADE DE VALORES SOBRE PASADENA
Estatal comandada por Graça Foster emitiu nota em resposta ao Jornal Nacional a respeito do depoimento do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró à Câmara sobre a aquisição da refinaria do Texas; “a Comissão de Apuração Interna instaurada em março pela Companhia para apurar os processos de compra da refinaria, identificou, até o momento, que a Astra não desembolsou apenas US$ 42,5 milhões pela refinaria, mas sim um valor estimado em US$ 360 milhões, sendo US$ 248 milhões pela refinaria e estoques mais US$ 112 milhões de investimentos realizados antes da venda à Petrobras”
17 DE ABRIL DE 2014 ÀS 06:42
247 – Em nota emita em resposta à matéria do Jorna Nacional, da TV Globo, a respeito do depoimento do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró à Câmara sobre a aquisição da refinaria de Pasadena, estatal contradiz valores anunciados. Leia:
Veja a resposta enviada nesta quarta-feira (16/4) ao Jornal Nacional a respeito de reportagem veiculada (assista ao vídeo) sobre a Refinaria de Pasadena:
Pauta: O Jornal Nacional desta quarta-feira vai levar ao ar uma matéria a respeito do depoimento do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró à Câmara sobre a aquisição da refinaria de Pasadena.
Precisamos de um posicionamento da empresa, por meio de nota, a respeito das diferenças entre os valores que estão sendo apresentados pelo governo e por diversas pessoas que participaram do processo decisório do negócio para o valor que a empresa Astra Oil teria pago anteriormente pela refinaria.
Em documento entregue aos deputados da base governista, a Casa Civil informou que o total que a Astra teria pago foi de US$ 126 milhões, sendo US$ 42 milhões pelo ativo e US$ 84 milhões em investimentos para adaptação a exigências ambientais. Pelo menos dois deputados, os líderes do PT, Vicentinho, e do governo, Arlindo Chinaglia, utilizaram esses números em discursos no plenário da Câmara.
Em entrevista coletiva à imprensa no dia 08/04, na Câmara, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli informou que o valor total teria sido de US$ 326 milhões, sendo US$ 42 milhões pela refinaria, US$ 84 milhões em investimentos e US$ 200 milhões em dívidas.
Ontem, em depoimento ao Senado, a presidente Graça Foster informou que o valor seria, no mínimo, de US$ 360 milhões, sendo US$ 248 milhões pela refinaria e US$ 112 milhões em investimentos.
Hoje, o ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró afirmou que o valor é de US$ 360,5 milhões, sendo US$ 64,5 milhões pelo ativo da refinaria, US$ 104 milhões em estoques, US$ 80 milhões em serviços de refino pagos à Crown e US$ 112 milhões em investimentos.
Nossos questionamentos:
- O que explica a disparidade entre os dados apresentados pelo Planalto, pelo ex-presidente Gabrielli, pela presidente Graça Foster e pelo ex-diretor Nestor Cerveró?
- A Petrobras garante que o valor correto é de, no mínimo, US$ 360 milhões? Como esse valor foi apurado?
- A presidente Graça Foster disse ontem que o valor que a Astra pagou pela refinaria ainda está sendo fechado. Há previsão de quando o dado final será apresentado?
- A Petrobras garante que o valor correto é de, no mínimo, US$ 360 milhões? Como esse valor foi apurado?
- A presidente Graça Foster disse ontem que o valor que a Astra pagou pela refinaria ainda está sendo fechado. Há previsão de quando o dado final será apresentado?
RESPOSTA:
A Comissão de Apuração Interna instaurada em março pela Companhia para apurar os processos de compra da refinaria, identificou, até o momento, que a Astra não desembolsou apenas US$ 42,5 milhões pela refinaria, mas sim um valor estimado em US$ 360 milhões, sendo US$ 248 milhões pela refinaria e estoques mais US$ 112 milhões de investimentos realizados antes da venda à Petrobras.
A Comissão de Apuração Interna instaurada em março pela Companhia para apurar os processos de compra da refinaria, identificou, até o momento, que a Astra não desembolsou apenas US$ 42,5 milhões pela refinaria, mas sim um valor estimado em US$ 360 milhões, sendo US$ 248 milhões pela refinaria e estoques mais US$ 112 milhões de investimentos realizados antes da venda à Petrobras.
http://www.brasil247.com/pt/247/relacoes_com_investidores/137071/Petrobras-rebate-disparidade-de-valores-sobre-Pasadena.htm
PSDB FAZ USO ELEITORAL DA PETROBRAS, ACUSAM PETISTAS
Em nota, comunicação do PT no Senado afirma que "estatal está sendo utilizada como instrumento eleitoral pelo PSDB, que pretende apagar da memória dos brasileiros as ações do governo FHC contra a empresa" e reforça que "a audiência [de Graça Foster] não foi suficiente para a oposição parar de repetir disparates"; para petistas, presidente do PSDB, Aécio Neves, "não sabe do que está falando" quando cita prejuízo de US$ 1 bilhão por Pasadena; tucanos sustentam, por outro lado, que a presidente da Petrobras "deixou perguntas sem resposta", o que reforça a necessidade de uma CPI
16 DE ABRIL DE 2014 ÀS 16:41
247 – O depoimento de mais de seis horas da presidente da Petrobras, Graça Foster, não colocou fim à guerra entre PT e PSDB sobre a compra da refinaria de Pasadena pela estatal, em 2006. Ao contrário: os tucanos deixaram a audiência pública no Senado ontem afirmando que a executiva "deixou perguntas sem resposta" e que o fato apenas reforça a necessidade de criar uma CPI para investigar a negociação.
Em texto publicado no site do partido, os tucanos relatam que Graça Foster "permaneceu em silêncio quando questionada sobre o valor atual de Pasadena e por não ter havido qualquer tipo de punição a Cerveró". Para o líder em exercício do PSDB na Câmara, Vanderlei Macris (SP), a exposição técnica tentou criar uma cortina de fumaça para evitar a CPI. Segundo ele, ainda, a principal pergunta não foi respondida pela executiva: "por que [o ex-diretor da Petrobras Nestor] Cerveró não foi demitido?"
Nesta quarta-feira 16, o núcleo de comunicação do PT no Senado divulgou um texto opinativo sobre nota da Petrobras a respeito do depoimento dizendo que "a audiência de seis horas no Senado não foi suficiente para a oposição parar de repetir disparates". Segundo os petistas, o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, "não sabe do que está falando" quando cita que a refinaria "causou US$ 1 bilhão de prejuízo à Petrobras".
"A Petrobras, lamentavelmente, está sendo utilizada como instrumento eleitoral pelos partidos de oposição, em particular o PSDB que, com essas ações, pretende apagar da memória do cidadão brasileiro as ações do governo de Fernando Henrique Cardoso, que tentou desnacionalizar a maior empresa brasileira – e vendê-la a preço de banana, como, aliás, conseguiu fazer com a ex-Vale do Rio Doce", diz ainda a nota publicada no site do PT.
Leia abaixo a íntegra dos dois textos:
Petrobras detalha compra de Pasadena e explica endividamentoEstatal está sendo utilizada como instrumento eleitoral pelo PSDB, que pretende apagar da memória dos brasileiros as ações do governo FHC contra a empresa
A audiência de seis horas no Senado não foi suficiente para a oposição parar de repetir disparates, como a de é repetida à exaustão pelo pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, de que a refinaria "causou US$ 1 bilhão de prejuízo à Petrobras". Ele não sabe do que está falando. A intenção real de seu partido é mexer no modelo de partilha de exploração do pré-sal, retirando da Petrobras o controle sobre cada um dos poços de petróleo, como, aliás, o próprio pré-candidato anunciou para empresários fluminenses, na última terça-feira (13).
A Petrobras, lamentavelmente, está sendo utilizada como instrumento eleitoral pelos partidos de oposição, em particular o PSDB que, com essas ações, pretende apagar da memória do cidadão brasileiro as ações do governo de Fernando Henrique Cardoso, que tentou desnacionalizar a maior empresa brasileira – e vendê-la a preço de banana, como, aliás, conseguiu fazer com a ex-Vale do Rio Doce.
Durante sua fala aos senadores, Graça Foster frisou que a estatal não está criando nenhum obstáculo para as investigações da Polícia Federal. A direção da empresa está em estreita colaboração com as investigações policiais, como comprova a coleta de indícios e prováveis provas na sede da empresa, no Rio de Janeiro.
Graça Foster disse aos senadores que o envolvimento de ex-diretores da empresa é constrangedor, mas que o trabalho da Polícia Federal contra maus elementos de seu quadro funcional conta com o apoio de seus 85 mil funcionários.
Vale a pena frisar, também, que a Polícia Federal conquistou autonomia para investigar ações criminais de quem quer que seja, assim como a Controladoria Geral da União (CGU) e o Ministério Público, durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff. A liberdade de ação aos órgãos de fiscalização e controle é uma conquista de toda a sociedade brasileira, enterrando, definitivamente, uma época em que a Policia Federal era proibida de incomodar amigos do governo e que o procurador-geral da República do governo Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Brindeiro – durante os oito anos de governo do PSDB – impediu todas as investigações sobre desvios e malfeitos do governo federal. Por esse trabalho a favor da corrupção, Brindeiro entrou para a história com a alcunha de "engavetador-geral da República".
Graça Foster disse e repetiu aos senadores. A Comissão de Apuração Interna da Petrobras, até o momento, concluiu que a Astra, empresa da qual a Petrobras comprou a refinaria de Pasadena, não pagou apenas US$ 42,5 milhões pela refinaria, mas US$ 360 milhões, sendo US$ 248 milhões pelas instalações e estoque, além de investimentos de US$ 112 milhões realizados pela Astra, antes da compra pela Petrobras.
Sobre os valores envolvidos no negócio, foram desembolsados US$ 554 milhões com a compra de 100% das ações da PRSI-Refinaria e US$ 341 milhões por 100% das quotas da companhia de trading (comercializadora de petróleo e derivados), totalizando US$ 895 milhões.
Adicionalmente, houve o gasto de US$ 354 milhões com juros, empréstimos e garantias, despesas legais e complemento do acordo com a Astra. Desta forma, o total desembolsado com o negócio Pasadena foi de US$ 1.249 milhões.
Essa evolução de gastos levou a presidenta da Petrobras a afirmar aos senadores que, ao final do processo, a compra da refinaria "não foi um bom negócio". A essa consideração, ela acrescentou:
"Pasadena é uma refinaria de 100 mil barris por dia, está localizada num dos principais hubs de petróleo e derivados nos Estados Unidos, um dos maiores mercados mundiais de derivados, está num local onde varias refinarias têm um conjunto de operações, favorecendo essa movimentação de carga e a parceria entre refinadores".
Graça Foster deixa perguntas sem resposta e reforça necessidade de CPI da Petrobras
Deputados federais do PSDB deixaram da audiência pública no Senado com a presidente da Petrobras, Graça Foster, nesta terça-feira (15) convencidos da necessidade de uma CPI para investigar denúncias que envolvem a estatal. Em quase seis horas de depoimento, Foster admitiu que a compra da refinaria de Pasadena (EUA) não foi um "bom negócio" para a Petrobras e confirmou a perda de US$ 530 milhões da companhia com a negociação.
Durante a audiência, que durou mais de quatro horas, Foster indicou a existência de falhas no resumo executivo que recomendou a aquisição daquele ativo, elaborado na época pelo diretor da área internacional da estatal, Nestor Cerveró. O ex-diretor prestará depoimento nesta quarta-feira (16), na Câmara, a convite do PSDB.
No entanto, Foster permaneceu em silêncio quando questionada sobre o valor atual de Pasadena e por não ter havido qualquer tipo de punição a Cerveró. Sobre a prisão do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto da Costa, na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, ela disse que o episódio causou constrangimento e que todos os contratos relacionados à eventual participação dele estão sendo avaliados.
Para o líder em exercício do PSDB na Câmara, Vanderlei Macris (SP), que acompanhou o depoimento no Senado, a exposição técnica da titular da estatal tentou criar uma cortina de fumaça para evitar a instalação da CPI da Petrobras.
"A pergunta mais importante ela não respondeu: por que o Cerveró não foi demitido? Pelo contrário, ele foi indicado para outro cargo. Houve um conluio interno para que essa questão ficasse somente no nível interno", afirmou. "A investigação específica sobre Pasadena é fundamental para que a gente limpe um pedaço da história da Petrobras", completou.
Saia justa
O deputado federal Emanuel Fernandes (SP) disse que foi visível o constrangimento de Foster ao expor a situação de Pasadena e ao tentar blindar gestões anteriores. "Trata-se de uma explicação muito difícil. Uma empresa compra uma refinaria por US$ 360 milhões. Ela é vendida para a Petrobras por US$ 1,25 bilhão e nela já foram aportados quase US$ 600 milhões. Para completar, não sabemos quanto ela vale no mercado hoje", afirmou.
Na avaliação do parlamentar, a indicação de Foster para a presidência da Petrobras foi uma tentativa do governo de Dilma Rousseff para superar a desorganização na companhia. "Buscaram uma funcionária antiga e respeitada pelos colegas para tentar arrumar a empresa", acrescentou Fernandes.
De acordo com o deputado federal Bruno Araújo (PE), a exposição da presidente da empresa foi insuficiente e reforça a necessidade da CPI. "Ela não respondeu a pergunta do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) sobre o valor atual de Pasadena para dar clareza do tamanho do prejuízo causado", declarou.
A respeito do depoimento de Cerveró, Araújo espera que o ex-diretor fale "com absoluta honestidade e transparência sobre o que tem havido na estatal nos últimos anos".
O depoimento exaustivo de Foster, segundo o deputado federal Duarte Nogueira (SP), não respondeu a uma questão fundamental. "Por que a presidente Dilma Rousseff, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, autorizou a compra de uma refinaria velha?".
Do Portal do PSDB
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/137036/PSDB-faz-uso-eleitoral-da-Petrobras-acusam-petistas.htm
CERVERÓ: CLÁUSULAS OMITIDAS "NÃO ERAM RELEVANTES"
Ex-diretor da Petrobras afirma, ao contrário da versão da presidente Dilma Rousseff, que cláusulas de Put Option e Marlim "não tinha representatividade" no negócio de Pasadena, e por isso não as incluiu no resumo executivo; "não houve intenção de enganar ninguém", disse; Dilma, que comandava o conselho administrativo da empresa à época, considerou relatório "falho" e "omisso"; em audiência na Câmara, Nestor Cerveró também negou, como havia dito seu advogado, que o resumo tivesse sido entregue 15 dias antes ao grupo; "Houve precipitação [do advogado], em nenhum momento eu disse [isso]"; ele admitiu que "Pasadena não foi, evidentemente, o melhor projeto do mundo"
16 DE ABRIL DE 2014 ÀS 12:10
247 - O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou em depoimento à Câmara nesta quarta-feira 16 que "não houve intenção de enganar ninguém" na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela estatal em 2006. A tese central do depoimento e das respostas de Cerveró aos deputados foi a de que ele não foi o único responsável pela aquisição.
"Seguimos uma estratégia de entrar no mercado de refino americano", afirmou. A respeito do relatório que ele apresentou ao conselho de administração da Petrobras naquele período, que a presidente Dilma Rousseff considerou "omisso" e "falho", Cerveró procurou justificar a falta de apresentação das cláusulas de Put Option e Marlim, que obrigavam a Petrobras a, mesmo contra vontade, comprar os outros 50% da refinaria. "Essas cláusulas não são relevantes", disse ele.
Cerveró negou ainda a versão de seu advogado, Edson Ribeiro, de que o resumo executivo havia sido entregue ao conselho administrativo da Petrobras 15 dias antes da decisão sobre a negociação. "Houve precipitação [do advogado], em nenhum momento eu disse que o resumo foi entregue com 15 dias de antecedência ao conselho administrativo da Petrobras", disse o ex-diretor da empresa, derrubando sua maior arma no caso.
Após longa apresentação introdutória às perguntas dos parlamentares, Cerveró disse que a refinaria "tem, tinha e continua tendo produção. Ela processa 100 mil barris por dia de petróleo leve". Questionado se havia enganado a presidente Dilma, que relatou que, se soubesse das cláusulas antes da compra, não teria aprovado a negociação, o depoente afirmou que "não houve intenção de enganar ninguém".
No terceiro bloco de respostas, Cerveró iniciou dizendo que "não aceita" admitir que a compra da refinaria tenha sido "malfadado". "Nunca sabermos qual rentabilidade teria sido alcançado, porque a estratégia da diretoria mudou radicalmente", disse. "Nós encaminhamos todos os documentos para a Diretoria. Nós estamos falando de um resumo executivo que tem uma página e meia, mas o contrato tem mais de 400 páginas. Ali (no resumo) é só o principal", agregou. "Não houve açodamento na decisão sobre isso, houve duas due dilligences. Esse processo foi extensamente avaliado. Um banco como o Citigroup não daria seu aval para um negócio que não fosse justo, adequado aos parâmetros de negociação internacional", continuou.
Cerveró disse que não se sentiu punido por ter deixado a diretoria internacional da Petrobras, em 2008. "Eu fui substituído, o que é normal. Tive elogios em meu currículo. Não é justo classificar o projeto Pasadena como malfadado, mas evidentemente não foi o melhor projeto do mundo", afirmou, a respeito de Pasadena.
Antes do início da fala do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, deputados da oposição questionaram a ausência da presidente da estatal, Graça Foster, no debate. O requerimento para convite do ex-diretor também incluía Foster e o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão.
"Se a presidente Graça Foster não comparecesse, o ministro Edson Lobão teria de vir. Acho importante que a presidente Foster venha aqui, ou Lobão ou [o ministro da Fazenda, Guido] Mantega, atual presidente do conselho de administração", disse o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA).
De acordo com o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), houve um acordo para Graça Foster vir à Câmara na próxima quarta-feira (23). "Se tivermos a sinalização que Foster virá na próxima quarta-feira não terá requerimento [de convocação de Lobão]. Se não houver, vamos apresentar."
Histórico
Cerveró é apontado como o responsável pelo resumo executivo que orientou, em 2006, a decisão do Conselho de avalizar a compra da refinaria. Segundo a presidente Dilma Rousseff, na época presidente do colegiado, o parecer só foi aprovado porque era "falho" e não continha informações sobre a totalidade da compra que custou mais de US$ 1,2 bilhão. Segundo a presidente, faltavam no resumo duas cláusulas essenciais que, se fossem conhecidas antes, o conselho não teria aprovado o negócio. Ontem, em depoimento no Senado, a presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou essa versão.
Até agora, todas as tentativas de sua defesa de derrubar com ele membros do Conselho da estatal se mostraram constrangedoras. O advogado, Edson Ribeiro, na tentativa de defender o cliente para que ele não seja "bode expiatório" do caso de Pasadena, como ele mesmo diz, tem feito afirmações desmentidas por personagens do caso à época. Assim como o ministro Thomas Traumann, em nome do Planalto, e o empresário Jorge Gerdau, Fábio Barbosa, presidente-executivo do Grupo Abril, e também membro do colegiado da Petrobras em 2006, negou a versão de Cerveró, sobre a compra de Pasadena.
Os três afirmam que não receberam com 15 dias de antecedência, conforme alega o advogado de Cerveró, o contrato completo sobre a refinaria dos EUA. Ribeiro também admitiu que não tem provas para comprovar o fato: "Eu não tenho como atestar se o conselheiro A, B ou C recebeu algum documento sobre o caso específico. Se tiver necessidade, vou buscar provas", disse.
A versão foi igualmente derrubada por documentos. Reportagem dos jornalistas Sabrina Valle e Vinicius Neder, do O Estado de S. Paulo, revela que o parecer com informações fundamentais sobre a negociação ficaram prontos apenas às vésperas da reunião do conselho que decidiu pela compra da refinaria do Texas, Estados Unidos. "Nove documentos estão anexados à ata dessa reunião, datados entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro de 2006. Sua leitura mostra que uma série de alertas foi omitida do resumo executivo apresentado por Cerveró ao conselho. Todo o processo foi feito a toque de caixa", diz a reportagem.
O depoimento de Cerveró na Comissão de Fiscalização e Controle era aguardado com ansiedade pelas bancadas da oposição que forçam a aprovação da CPI da Petrobras.
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/136964/Cerver%C3%B3-cl%C3%A1usulas-omitidas-n%C3%A3o-eram-relevantes.htm