PT PROPÕE REVER ANISTIA E REGULAR MÍDIA EM PROGRAMA
Partido divulgou documento com principais diretrizes para o programa de governo de um eventual segundo turno da presidente Dilma Rousseff; entre as propostas, definidas em reunião da Executiva Nacional nesta segunda-feira, em Brasília, estão a revisão da Lei da Anistia, realização de uma Constituinte exclusiva para a reforma política e a regulação dos meios de comunicação; há ainda propostas para o crescimento da produtividade no País, infraestrutura e reforço no combate à pobreza e à desigualdade
27 DE MAIO DE 2014 ÀS 11:30
247 – O Partido dos Trabalhadores divulgou nesta segunda-feira 26 a última versão das diretrizes que servirão de base para o programa de governo da presidente Dilma Rousseff, caso ela seja reeleita em outubro. Os pontos apresentados durante o 14º Encontro Nacional do PT, no início de maio, foram novamente discutidos e definidos em reunião da Executiva Nacional do partido ontem, em Brasília.
A apresentação do documento traz críticas indiretas aos dois principais pré-candidatos da oposição: Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campo, do PSB. "A proposta de um novo ciclo de mudanças constitui a melhor resposta aos que tentam manipular as legítimas aspirações de mudança do povo brasileiro, propondo o retorno aos tempos dos governos neoliberais de Fernando Henrique Cardoso. Constitui também a melhor forma de desmascarar quem tenta se apresentar como 'terceira via', mas concilia com os interesses neoliberais", diz o texto.
No encontro da Executiva, comandado pelo presidente do PT, Rui Falcão, o texto original recebeu propostas e ganhou uma versão com projetos em diversas áreas. Entre eles, no campo dos direitos humanos, a revisão da Lei da Anistia incluindo punição para os crimes praticados por agentes do Estado durante a ditadura militar e continuidade do apoio à Comissão da Verdade, criada no governo Dilma.
As diretrizes reforçam a ideia de realizar uma Constituinte exclusiva para a reforma política, como propôs a presidente Dilma no ano passado, após as manifestações de junho, e continua defendendo em discursos recentes. Segundo ela, a reforma não será concluída sem a pressão e participação da sociedade. Ainda sobre a reforma política, o PT propõe o fim de doações de empresas às campanhas eleitorais.
A legenda sugere também "combater monopólios" e promover e proteger os direitos humanos por meio da regulação dos veículos de imprensa, "sem que isso implique em censura, limitação ou controle de conteúdos". Não ficou claro no documento, porém, de que forma isso será feito. O secretário-geral do PT, deputado Geraldo Magela (DF), defende que, na prática, haja uma "ampla participação social" e que o debate inclua todos os segmentos, inclusive o da mídia.
Há ainda propostas para o crescimento da produtividade, infraestrutura e reforço no combate à pobreza e à desigualdade, como mais espaços de lazer e cultura e soluções para os problemas da mobilidade urbana. Segundo Magela, as diretrizes ainda serão discutidas com os partidos que estarão na aliança e com a própria presidente Dilma Rousseff.
REGULAÇÃO DA MÍDIA JÁ ASSUSTA GRUPOS FAMILIARES
Proposta de regulação econômica dos meios de comunicação, evitando a formação de monopólios ou oligopólios no setor, será o novo cavalo de batalha da sucessão presidencial; tema, inicialmente proposto por Franklin Martins no governo Lula, deve ser retomado pela presidente Dilma num eventual segundo mandato e já assusta grupos tradicionais, como a Folha, de Otávio Frias; manchete do Uol, do grupo Folha, nesta quarta, sinaliza que a resistência será forte
28 DE MAIO DE 2014 ÀS 06:58
247 - A regulação dos meios de comunicação será o novo cavalo de batalha da sucessão presidencial. O tema foi incluído pelo PT em seu programa de governo para um segundo mandato da presidente Dilma Rousseff e já assusta grupos tradicionais da mídia familiar, como a Folha, de Otávio Frias Filho.
Um sinal de que a resistência será forte é a manchete desta quarta-feira do portal de notícias Uol, ligado ao grupo Folha, dedicada ao tema. A reportagem de Valdo Cruz e Andréia Sadi, no entanto, enfatiza que a proposta de Dilma não controla o conteúdo dos meios de comunicação e trata apenas da regulação econômica do setor, de modo a evitar monopólios ou oligopólios no setor.
A proposta foi inicialmente lançada pelo ministro Franklin Martins, ainda no governo Lula, mas não andou na gestão do ministro Paulo Bernardo, que poderia levar a discussão adiante. Agora, está no programa do PT nos seguintes termos: "A democratização da sociedade brasileira exige que todas e todos possam exercer plenamente a mais ampla e irrestrita liberdade de expressão, o que passa pela regulação dos meios de comunicação –impedindo práticas monopolistas– sem que isso implique qualquer forma de censura, limitação ou controle de conteúdos".
De acordo com a reportagem da Folha, o alvo principal é a Globo, que recebe mais de 50% do bolo publicitário do País, a despeito de uma audiência declinante em suas principais atrações – isso se deve, em muitos casos, a práticas anticompetitivas, como o bônus de veiculação pago a agências de publicidade. Com isso, publicitários recebem prêmios financeiros se direcionarem mais verbas para a emissora.
De acordo com a reportagem da Folha, a regulação da mídia hoje tem o apoio de Dilma, do ex-presidente Lula, do ministro Aloizio Mercadante, de Rui Falcão, presidente do PT, e, claro, de Franklin Martins, que atuará na campanha à reeleição.