DIREITA PERDE E SANTOS É REELEITO NA COLÔMBIA
Com 99% das urnas apuradas, a Justiça Eleitoral da Colômbia anunciou a vitória de Juan Manuel Santos, candidato à reeleição, sobre o opositor Óscar Zuluaga, do Centro Democrático, que era apoiado pelo ex-presidente Alvaro Uribe e teve como marqueteiro Duda Mendonça; Santos se notabilizou por buscar uma saída negociada e pacífica para o conflito com as Farc em seu primeiro mandato
15 DE JUNHO DE 2014 ÀS 23:33
Leandra Felipe - Correspondente da Agência Brasil/EBC - Com 99% das urnas apuradas, a Justiça Eleitoral da Colômbia anunciou a vitória de Juan Manuel Santos, candidato à reeleição, sobre o opositor Óscar Zuluaga, do Centro Democrático. Santos obteve 50,85 % (7.605.424), 5 pontos de diferença sobre Zuluaga, que recebeu 45,9% dos votos (6.757.628). A abstenção foi menor que no primeiro turno, mas permaneceu alta, cerca de 50%.
A apuração começou logo depois do encerramento da sessão eleitoral às 16h (18h no horário de Brasília). Santos foi reeleito pela Coalizão Unidade Nacional (dos partidos De la U, parte dos conservadores, Colômbia Democrática e Movimento Colômbia Viva), com apoio de partidos e movimentos de esquerda que o apoiaram em nome da continuidade do processo de paz iniciado por ele com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Em sua primeira eleição em 2010, Santos venceu com apoio do então presidente Álvaro Uribe e amplo apoio da direita colombiana. Agora, foi reeleito após inclinar-se à esquerda, que o escolheu pela proposta de paz e para conter a possibilidade de retorno de um governo guiado pela direita conservadora ligada ao uribismo.
Juan Manuel Santos, 62 anos, nasceu em Bogotá em uma das famílias mais tradicionais da cidade. Seu tio-avô foi o presidente Eduardo Santos, que fundou o conglomerado de comunicação EL Tiempo – maior jornal diário da Colômbia. Santos estudou economia e administração e fez mestrado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em Economia e Jornalismo.
O presidente reeleito começou sua vida política no partido Liberal, mas acompanhou Álvaro Uribe na criação do partido De la U. Atuou como ministro em três governos distintos: no de César Gaviria (1990-1994) comandou a pasta do Comércio Exterior; no de Andrés Pastrana (1998-2002) assumiu Fazenda; e na gestão de Álvaro Uribe (2002-2010) foi Ministro da Defesa a partir de 2006.
Santos rompeu relações com Uribe após divergências iniciadas em 2011, durante o primeiro ano de seu mandato. Primeiro, ao admitir a existência de um conflito armado no país, termo que não era usado por Uribe, e depois o processo de ruptura foi finalizado quando estabeleceu uma política de restituição de terras e iniciou o processo de paz com as Farc em 2012.
DILMA CUMPRIMENTA SANTOS POR "ESPETACULAR VITÓRIA"
Presidente Dilma Rousseff disse ao presidente reeleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, que a sociedade colombiana fez uma opção muito clara pela paz e que esse é o objetivo de todos os sul-americanos; Santos agradeceu o telefonema, disse que sempre teve Dilma como uma grande aliada e que o Brasil poderá contar com a Colômbia e com ele pessoalmente como um país-amigo
17 DE JUNHO DE 2014 ÀS 05:48
SÃO PAULO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff telefonou nesta segunda-feira para cumprimentar o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pela sua reeleição, dizendo que a sociedade colombiana fez uma opção muito clara pela paz, afirmou a Secretaria de Imprensa da Presidência da República.
Dilma ligou às 17h30 para cumprimentar Santos pela "espetacular vitória" e pela sua insistência em encontrar uma saída negociada para o conflito colombiano.
A presidente afirmou, ainda segundo o Planalto, que esse é o objetivo de todos os sul-americanos. No fim da ligação, Dilma disse ter certeza de que a Colômbia logo poderá aplicar toda a sua energia para o desenvolvimento social e econômico.
Santos agradeceu o telefonema, disse que sempre teve Dilma como uma grande aliada e que o Brasil poderá contar com a Colômbia e com ele pessoalmente como um país-amigo, de acordo com a Presidência.
Santos, de centro-direita, foi reeleito no segundo turno das eleições presidenciais de domingo com quase 51 por cento dos votos, enquanto seu rival, o ex-ministro da Fazenda Oscar Iván Zuluaga, de direita, ficou com 45 por cento.
O governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que ganharam força a partir de um movimento camponês em busca de reforma agrária, estão em negociação desde 2012 para tentar acabar com uma guerra interna que já matou 220 mil pessoas.
Zuluaga se opõe duramente às conversações de paz.
VITÓRIA APERTADA DE SANTOS MOSTRA AVANÇO DA DIREITA
Após três eleições em 14 meses, vitórias estreitas de presidentes da Colômbia e da Venezuela, além de decisão em segundo turno no Chile, mostram que conservadores na oposição estão vivos, firmes e fortes; considerado mais à esquerda, Juan Manuel Santos precisou dar uma virada sobre adversário de direita Oscar Zuluaga para se reeleger com mínimos 51% dos votos; para o chavista Nicolás Maduro, reeleito em abril do ano passado, fora ainda mais difícil, batendo o americanófilo Henrique Capriles por apenas 1,6% de diferença; favorita no início da corrida chilena, a socialista Michel Bachelet precisou de dois turnos acirrados para superar a conservadora Evelyn Matthei e mais sete adversários; prenúncio do que pode acontecer nas urnas de outubro no Brasil?
16 DE JUNHO DE 2014 ÀS 12:55
247 – As urnas das três últimas eleições presidenciais na América do Sul deixam claro: os candidatos com discurso conservador estão em alta no continente. Na Colômbia, que terminou de contar votos no domingo 15, Chile e Venezuela nenhum dos chamados 'direitistas' se elegeu, mas deram trabalho muito além da conta esperada para quem estava no poder ou procurou voltar depois de um mandato consagrador.
A fotografia mais recente desse fenômeno de fortalecimento das oposições é o presidente reeleito da Colômbia, Juan Manuel Santos. Reeleito agora com 51% votos, contra 45% do opositor conservador Oscar Zuluaga, ele simplesmente perdeu a disputa em primeiro turno, contrariando os prognósticos de que obteria uma vitórita tranquila. A disputa foi, na prática, um grande plebiscito, com o tema do comportamento oficial diante das Farc dominando todos os debates. Com uma proposta de aprofundar as negociações com o grupo armado, em contraposição à proposta de eliminar os guerrilheiros por meio de uma guerra na selva, Santos venceu, mas por muito pouco.
A surpresa de uma eleição mais dura do que parecia inicial já havia baixado sobre o chavista Nicolás Maduro, na Venezuela. Em abril do ano passado, no exercício do cargo de presidente, que lhe fora passado pelo então recém falecido Hugo Chávez, Maduro superou seu adversário Henrique Capriles por apenas 1,6% dos votos. O resultado foi contestado e, como se recorda, manifestações de massa tomaram as grandes cidades venezuelanas logo nos primeiros momentos da gestão de Maduro. Foi preciso acentuar a repressão policial aos protestos para atenuar a situação criada.
Para a presidente socialista Michele Bachelet, do Chile, o quadro eleitoral igualmente se mostrou bem mais adverso do que indicavam os chamados especialistas em comportamento eleitoral. Com oito adversários no primeiro turno, ela não alcançou os 50% mais um voto necessários para encerrar a disputa pela via rápida. Em dezembro, confirmou seu favoritismo sobre a candidata governista Evelyn Matthei, mas no mês passado também enfrentou os primeiros protestos estudantis nas ruas da capital Santiago. Ela governa, mas a pressão aumenta.
Não há relação direta entre os resultados eleitorais de Colômbia, Chile e Venezuela entre si, nem se pode dizer que haverá reflexos nas urnas de outubro das eleições presidenciais brasileiras. O que fica da rodada democrática nos países do continente é a lição da volatilidade do eleitorado, e do fortalecimento do desejo de mudança – ainda que este seja representado por candidatos conservadores que empunham bandeiras clássicas da direita política. Os governantes Santos e Maduro ganharam, assim como Michele voltou ao poder do qual saiu com 84% de aprovação, mas nenhum deles teve vida fácil. Ao contrário, seus opositores não apenas deram lhes uma enorme canseira, como também ganharam condições de exercer uma oposição bastante forte sobre os governos. A ver como será no Brasil.