O QUE DILMA DEVERIA TER DITO À ELITE BRASILEIRA
HILDEGARD ANGEL
Se a elite é assim tão baixa, como agirão os iletrados, os desfavorecidos, os que não tiveram acessos à instrução e a uma boa formação no Brasil? Devem ter pensado os mais de um bilhão de estrangeiros que assistiam à transmissão direta da abertura da Copa
O que penso da vaia chula de ontem da Elite Branca Brasileira à presidenta, e o que Dilma deveria ter feito e não fez!
Todas as críticas à Abertura sem graça da Copa do Mundo (responsabilidade Exclusiva da Fifa) se apagam, diante do vexame dado pela Elite Branca Brasileira. Da falta de educação. Da falta de modos. Falta de respeito com a própria família brasileira presente, ao cantar um “hino” chulo, bradando ofensas contra a Chefe do Estado Brasileiro, eleita pelo povo. Vexame planetário!
Se a elite é assim tão baixa, como agirão os iletrados, os desfavorecidos, os que não tiveram acessos à instrução e a uma boa formação no Brasil? Devem ter pensado os mais de um bilhão de estrangeiros que assistiam à transmissão direta da abertura da Copa do Mundo.
Mais da metade dos presentes ao Itaquerão eram convidados dos patrocinadores. Gente das multinacionais, do mundo financeiro. O high society. O creme do creme. The top of the top. Bradando em coro contra a presidenta da República a pior das ofensas que pode ser feita a uma mulher.
Lamentei que a presidenta Dilma, ex-aluna do Colégio Sion em Belo Horizonte, tenha mantido os bons modos. Não tenha reagido. Tivesse ela tomado o microfone e, à primeira vaia, acontecida antes do início do jogo, dissesse com todas as letras e energia o que lhe vinha à alma naquele momento, teria feito do limão uma bela limonada. Alguma coisa do tipo:
“Quero agradecer a vaia dos aqui presentes: a Elite Brasileira. Porque, infelizmente, o alto custo dos ingressos, imposto pelos realizadores do evento, impede que aqui esteja o povo. O preço alto dos ingressos não autoriza que aqui compareça pelo menos uma parcela mínima dos 30 milhões de brasileiros que ascenderam socialmente, saindo da zona de miséria, ou aqueles outros milhões que, graças ao Pró-Uni, puderam realizar e concluir seus cursos universitários, ou mesmo aqueles tantos milhões, que, enfim, alcançaram o almejado sonho da casa própria. Tudo isso devido ao esforço e às metas de 12 anos de nossos governos, que a Elite Brasileira, que com isso parece não se conformar, ofende aqui, através de minha pessoa, com palavras chulas. Palavras que envergonham a Nação, porém não toldam a beleza deste espetáculo e o esforço desta nossa Seleção, que aprendi, desde menina, a chamar de Seleção Canarinho. Pois voem neste belo gramado, Canarinhos nossos, e deem o exemplo de nossa pujança! Estou torcendo por vocês, pelo nosso país, assim como estão todos aqueles brasileiros que nos assistem: os que estão do lado de fora do Itaquerão, por não poderem pagar, e também os aqui do lado de dentro, pagantes ou convidados dos patrocinadores. Pois, apesar das diferenças políticas, somos todos brasileiros ansiosos pelas vitórias de nosso país. Muito obrigada."
ABÍLIO DINIZ CONDENA INSULTOS A DILMA: "UMA VERGONHA"
Segundo o empresário Abílio Diniz, não se trata de gostar ou não de Dilma; "não podemos esquecer coisas básicas, como a educação. Por mais que existam revoltas, descontentamentos e indignação, não se pode esquecer o compromisso com o Brasil. Não é assim que se constrói um país melhor", afirmou; ele ainda disse que, "apesar do ceticismo, está poderá ser a maior das Copas"
16 DE JUNHO DE 2014 ÀS 05:43
247 – O empresário Abílio Diniz condenou a atitude dos brasileiros ao xingar a presidente Dilma Rousseff no Itaquerão, na abertura da Copa do Mundo: “uma vergonha”.
Segundo ele, não se trata de gostar ou não de Dilma; não podemos esquecer coisas básicas, como a educação. “Por mais que existam revoltas, descontentamentos e indignação, não se pode esquecer o compromisso com o Brasil. Digo isso há algum tempo. Não é assim que se constrói um país melhor”, afirmou.
Abílio ainda elogiou o Itaquerão: “estádio pronto, entorno correto. Pena que não é do São Paulo. Parabéns aos corintianos”. E concluiu: “Apesar do ceticismo, está poderá ser a maior das Copas. E que alegria ouvir a torcida cantar em todos os jogos "sou brasileiro, com muito orgulho..." (leia aqui).
"Tratamento como aquele não deveria ser dispensado a quem quer que fosse. Nenhum precedente o justifica, nenhum. Nada o ameniza ou o torna menos bárbaro", escreve o colunista do Globo; jornalista cobrou ainda a imprensa, a quem cabe, segundo ele, "explicar o que houve. E deplorar"; e criticou os adversários de Dilma Rousseff nas eleições: "aproveitaram a ocasião para tentar tirar proveito político. Que feio!"
16 DE JUNHO DE 2014 ÀS 11:33
247 - Em crítica aos xingamentos contra a presidente Dilma Rousseff na Arena Corinthians, na última quinta-feira 12, o colunista do Globo Ricardo Noblat cobrou a imprensa, a quem cabe, segundo ele, "explicar o que houve. E deplorar", e os adversários de Dilma nas eleições, que "tiraram proveito político da situação". Dilma merece respeito, defende Noblat, que avalia ainda que "nada garante que a agressão teria sido menos cruel ou ruidosa se a plateia (...) fosse menos vip ou 'mais moreninha'". Leia seu artigo:
Dilma merece respeito
Sem essa de que "Dilma foi xingada, mas..." Não existe mas, porém, isso significa que... Nem Dilma Rousseff, presidente da República, nem Dilma simplesmente uma mulher poderia ter sido ofendida como ela foi durante o jogo que abriu a Copa do Mundo.
Tratamento como aquele não deveria ser dispensado a quem quer que fosse. Nenhum precedente o justifica, nenhum. Nada o ameniza ou o torna menos bárbaro.
O "New York Times" enxergou no coro contra Dilma o "reflexo da ansiedade e da insatisfação" dos brasileiros com a desaceleração econômica do país, os gastos com estádios e recentes denúncias de corrupção na Petrobras.
"A raiva era evidente no estádio, dirigida tanto à FIFA como ao governo brasileiro", escreveu o "Washington Post". Cabe aos veículos de comunicação explicar o que houve. E deplorar.
Dilma reagiu ao episódio sem ferir a majestade do cargo que ocupa. "Superei agressões físicas quase insuportáveis e nada me tirou do rumo", observou, fazendo menção à tortura que sofreu quando pegou em armas para enfrentar a ditadura de 64.
Quanto aos xingamentos... Ela disse: "O povo brasileiro não age assim. É civilizado e extremamente generoso e educado".
Não é civilizado. Não foi. Muito menos generoso ou educado.
Compreensível o empenho de Dilma em separar o povo que lotava o estádio do resto do povo que não estava lá. Advoga a seu favor. Mas ao fim e ao cabo, o povo é um só.
Nada garante que a agressão teria sido menos cruel ou ruidosa se a plateia reunida para assistir a Seleção derrotar a Croácia fosse menos vip ou "mais moreninha".
Qualquer assíduo frequentador de jogos é testemunha dos maus modos do distinto público. De jogos, não, de jogos de futebol. O que as torcidas gritam nas arenas espalhadas por aí não ecoa nos ginásios onde se disputam outros esportes coletivos.
A quantidade maior de gente reunida libera os instintos mais primitivos da multidão. Coitado de quem é alvo do mau humor da turba descontrolada. Coitada da Dilma.
Aliados da presidente ficaram lhe devendo manifestações de solidariedade mais numerosas e convincentes. De fato, somente Lula e Rui Falcão, presidente do PT, saíram em seu socorro.
Adversários na corrida pela presidência da República não estiveram à altura do posto que sonham alcançar. Pelo contrário. Aproveitaram a ocasião para tentar tirar proveito político. Que feio!
Aécio Neves, candidato do PSDB à vaga de Dilma, fez dois comentários – um na manhã do dia seguinte e outro à tarde ao perceber que o primeiro repercutira mal.
O primeiro: "Ela colhe o que plantou ao longo dos últimos anos". O segundo: "A manifestação deve se dar no campo político sem ultrapassar os limites do respeito pessoal".
Eduardo Campos, pré-candidato do PSB, repetiu Aécio sem se corrigir depois.
"A gente sabe que há na sociedade um mau humor, uma insatisfação que se revela nesses momentos", argumentou Campos. "Talvez a forma possa não ter sido a melhor de expressar esse mau humor. Mas o fato é que vale o ditado: na vida a gente colhe o que planta".
Espera-se que os comentários infelizes de Aécio e de Campos não antecipem o que estamos por ver na campanha eleitoral a se iniciar em agosto.
"Talvez a forma possa não ter sido a melhor..." Talvez? Campos ainda tem dúvida quanto ao baixo nível da forma encontrada pela multidão para expressar seu mau humor?
"Na vida a gente colhe o que plantou..." Quer dizer que Dilma fez por merecer ser insultada? E da maneira que foi?