OMBUDSMAN DA FOLHA: ARROGÂNCIA VENCE AUTOCRÍTICA
Jornalista Vera Guimarães Martins reconhece que jornal tropeçou duas vezes esta semana: ao ser contestado pelo poeta Augusto de Campos, que denunciou uso de seu poema Viva Vaia sem autorização; e com “monumental barriga” de seu colunista Mario Sergio Conti, que publicou entrevista “exclusiva” de sósia como se fosse do técnico Luiz Felipe Scolari; “Fim do jogo (e da semana): Arrogância, 2 x Autocrítica, 0”, diz; edições já impressas da Folha tiveram de ser recolhidas
22 DE JUNHO DE 2014 ÀS 07:01
247 – A ombudsman da Folha Vera Guimarães Martins declarou derrota ao jornal de Otavio Frias por 2 a 0 por sua arrogância.
Ela diz que a publicação tropeçou duas vezes esta semana. Na primeira, ao ser contestada pelo poeta Augusto de Campos, que denunciou uso de sua obra sem autorização.
Ele não gostou nada do uso, pela Folha, de seu poema Viva Vaia, cercado de textos e legendas que discutiam os insultos dirigidos à presidente Dilma, no Itaquerão (leia aqui a matéria do 247 sobre o assunto).
No segundo momento, jornalista aponta “monumental barriga” de seu colunista Mario Sergio Conti, que publicou uma falsa entrevista com um sósia de Felipão, chamado Vladimir Palomo, como se ele fosse o treinador, nos sites da Folha e do Globo (leia mais).
Para Vera, o jornal não reconheceu seus erros e decreta placar da partida: “Fim do jogo (e da semana): Arrogância, 2 x Autocrítica, 0”.
"Erros, por mais crassos, acontecem, e o episódio Jayson Blair no "New York Times" está aí para mostrar que não é prerrogativa da imprensa nacional. A diferença está em como se lida com eles e, neste aspecto, a Folha ficou devendo. Na primeira versão, o Erramos do site dizia que o colunista havia sido vítima de trote, versão difícil de engolir quando o próprio entrevistado entregou um cartão escancarando sua condição de imitador", diz ela.
"Mario Sergio Conti se explica e se desculpa. Ninguém da Folha se pronuncia. O colunista assumiu a falha sozinho. "Foi um erro tolo. Não prejudiquei ninguém, a não ser eu mesmo", declarou. É muita modéstia. Faltou lembrar dos prejuízos materiais e do arranhão na credibilidade dos jornais, um ativo que não tem preço."
Ela lembrou ainda que edições já impressas da Folha tiveram de ser destruídas.
"BARRIGA" COM FELIPÃO FALSO REPERCUTE PELO MUNDO
Publicação de bate-papo com sósia do técnico da Seleção brasileira por Mario Sergio Conti, colunista da Folha e do Globo, que já se transformou até em piada internacional, no site Eurosport, foi também tema de publicação da BBC internacional, sob o título traduzido: "Brasil confuso com entrevista com 'Scolari falso'"
22 DE JUNHO DE 2014 ÀS 13:07
247 – A "barriga" do ano cometida por Mario Sergio Conti, atualmente apresentador de um programa na Globonews e colunista dos jornais Folha de S. Paulo e Globo, repercutiu no mundo todo (leia mais aqui).
Ele publicou uma falsa entrevista de Luiz Felipe Scolari, depois de se encontrar com um sósia do treinador no avião. O caso, que já se transformou até em piada internacional, repercutindo no site Eurosport, foi também tema de publicação da BBC internacional, sob o título traduzido: “Brasil confuso com entrevista com 'Scolari falso'” (leia aqui).
Vladimir Palomo conversou com o colunista Mario Sergio Conti como se fosse o próprio Felipão, em um bate-papo registrado pelo jornalista em sua coluna publicada nas versões online dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo.
OLHA: VIÚVA DO CAOS QUE NÃO SE CONFIRMOU TORCE POR APITO FINAL
WASHINGTON ARAÚJO
Curtir o Mundial, respirar aliviado, torcer pelo Brasil mesmo... só quando soar o apito final. Esquizofrênicos é pouco. Mas aí a Copa já acabou. E vocês da grande imprensa perderam de goleada
A Folha de S. Paulo, do empresário Otávio Frias Filho, publica, com uma semana de atraso, neste sábado (20/6) um editorial em que exalta o alto nível técnico da Copa e reconhece a boa organização do torneio, a despeito de falhas localizadas. Mas, como não poderia dar todo. Graço a torcer, o que incluíria mãos e cotovelos, o jornalão paulista dos Frias parece ainda acreditar em alguma catástrofe antes do apito afinal em 13 de julho no Maracanã. "Se o país pode se orgulhar da Copa que exibe ao mundo até agora, convém, como o próprio futebol ensina, esperar o apito final para cantar vitória –sobretudo em um torneio tão imprevisível quanto este", adverte Otávio Frias.
Vamos fazer algumas consideraçōes sobre este - mais um! - frustrante editorial da Folha.
1 *** Título: "Torneio de surpresas" ***
Resta saber surpresas para quem. O governo sempre acreditou no sucesso do Mundial. E desde o início a este se referiu, com certo ufanismo, como "A Copa das Copas". Surpresa apenas para os que desde 2012 teimaram em torcer contra, querendo assim politizar o maior evento do futebol mundial. Nesse caso, a Folha teve papel proeminente: sempre destacou qualquer notícia negativa, por menor ou inexpressiva que fosse, envolvendo a realização da Copa do Brasil.
2 *** Copa tem sido melhor que o previsto dentro e fora dos campos, com média elevada de gols e incidência localizada de problemas na organização ***
Há um quê de desolação e de frustração da Folha ao não reconhecer o óbvio que a imprensa mundial vem divulgando dia a dia: a Copa do Brasil não é apenas "melhor que o previsto", ela é a melhor Copa desde o distante mundial de 1958. E é insuperável em número de gols, que o diga os grandes selecionados que sofreram seguidas goleadas no Fonte Nova da Bahia! È sucesso de organização, a nota dissonante é uma torneira que não abriu na Arena da Baixada em Curitiba e duas cadeiras reclináveis que emperraram na Arena Amazônia. Esses são os problemas localizados? Sim, a tromba d'água que caiu sobre Natal em dia de Arena das Dunas lotado. A Folha deveria saber que o temperamental São Pedro não é, como Ronaldo, o oportunista de plantão, contratado da Fifa.
3 *** Já não faltavam motivos para a Copa do Mundo no Brasil ser celebrada como uma das mais empolgantes de todos os tempos, e o próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou nesta sexta-feira (20) que a qualidade do futebol apresentado na fase de grupos é a melhor da história. ***
A Folha investiu pesado em potencializar as frases contra a organização da Copa desferidas por Jerome Volcke, secretário-geral da Fifa, aquele burocrata que bem merecia um "pé no traseiro". Agora, tem de se curvar ante as falas otimistas do capo do futebol mundial Joseph Blatter. Os estádios estão, todos, absolutamente lotados. A farra é grande e o futebol de alto nível e com inusitadas goleadas. O que sobra de empolgação nos estádios e nos aeroportos, nas cidades-sedes e na mídia estrangeira falta em reconhecimento do êxito por parte da grande imprensa brasileira.
4 *** A média de gols na primeira rodada (3,06 por partida) é a maior desde 1958. Desde 1994, quando começa a série histórica do Datafolha, este Mundial teve o maior percentual de passes certos (86%) e os menores números de desarmes (216,6), faltas (26,6) e cartões amarelos (2,75) por jogo. Menos ênfase na destruição, mais na construção. ***
Surtando nos números e nas estatísticas do futebol em Copas do Mundo, impressiona o desconforto da Folha e sua clara má vontade em não reconhecer o que torna essa copa "A Copa": bastaria retirar de seus olhos as traves político-ideológicas de sua esquizofrênica cobertura do evento e logo veria aqui no Brasil o mais bonito e moderno conjunto de estádios reunidos em um único país-sede de Copa em todos os tempos, com suas linhas arrojadas, características futuristas, beleza e estética insuperáveis; o conjunto de novos aeroportos, amplos, bem equipados, verdadeiros cartões-postais e as dezenas de obras de mobilidade humana de grande envergadura; além do preparo e a prontidão das forças de segurança inibindo - sempre dentro do marco legal - os black blocs mais assanhados nas 12 cidades que sediam esta Copa 2014.
5 *** Problemas localizados, é claro, ocorreram. Em Brasília e Fortaleza, formaram-se filas excessivamente grandes; em algumas arenas, torcedores notaram deficiências no sinal de telefonia e 3G; no jogo entre França e Honduras, uma falha no sistema de som impediu a execução dos hinos nacionais. ***
Se fosse editorialista da Folha sentiria imensa vergonha se tivesse de escrever o parágrafo acima. Falando sério, sistema de som falhando em transmitir hinos, filas grandes e deficiência de sinal de 3G - tais eventos podem mesmo ser alçados à categoria de "problemas localizados" em evento do porte de uma Copa do Mundo? Haja vontade de, qual Indiana Jones do jornalismo, querer encontrar o Santo Graal nas arquibancadas J da arena Pantanal!
6 *** Longe dos estádios, protestos relacionados à Copa felizmente provocaram poucos transtornos. As manifestações, como seria de esperar, têm atraído cada vez menos pessoas, embora ainda se verifiquem alguns confrontos violentos. ***
A palavra deslocada nesse parágrafo. e que não fecha com o trabalho da Folha para inviabilizar a Copa do Brasil, é esta: 'felizmente". É óbvio que a Folha e suas companheiras de infortúnio com o estrondoso sucesso da Copa das Copas apostaram todas as fichas na ocorrência de protestos de monta, protestos com cenas de violência épica bem ao estilo Kill Bill, do mestre da pancadaria explícita Quentin Tarrantino. Mas não houveram. Agora sim, "felizmente".
7 *** Se o país pode se orgulhar da Copa que exibe ao mundo até agora, convém, como o próprio futebol ensina, esperar o apito final para cantar vitória –sobretudo em um torneio tão imprevisível quanto este. ***
É assim que termina o editorial do jornal dos Frias. Deixa entrever que ainda apista na virada da Copa - ainda pode vir a ser o Mundial do Fim do Mundo, com muita violência, pancadaria, estádios desabando, aeroportos despencando, confrontos entre polícia e marginais mascarados gerando centenas de ferdos e de mortos. Afinal, escreve candidamente o editorialista da Folha: '... como o próprio futebol ensina, esperar o apito final para cantar vitória'.
Portanto, curtir o Mundial, respirar aliviado, torcer pelo Brasil mesmo... só quando soar o apito final. Esquizofrênicos é pouco. Mas aí a Copa já acabou. E vocês da grande imprensa perderam de goleada. O Brasil e seus 200.000.000 de cidadãos, seja ou não campeão, ganhou. E também de goleada.
Vamos fazer algumas consideraçōes sobre este - mais um! - frustrante editorial da Folha.
1 *** Título: "Torneio de surpresas" ***
Resta saber surpresas para quem. O governo sempre acreditou no sucesso do Mundial. E desde o início a este se referiu, com certo ufanismo, como "A Copa das Copas". Surpresa apenas para os que desde 2012 teimaram em torcer contra, querendo assim politizar o maior evento do futebol mundial. Nesse caso, a Folha teve papel proeminente: sempre destacou qualquer notícia negativa, por menor ou inexpressiva que fosse, envolvendo a realização da Copa do Brasil.
2 *** Copa tem sido melhor que o previsto dentro e fora dos campos, com média elevada de gols e incidência localizada de problemas na organização ***
Há um quê de desolação e de frustração da Folha ao não reconhecer o óbvio que a imprensa mundial vem divulgando dia a dia: a Copa do Brasil não é apenas "melhor que o previsto", ela é a melhor Copa desde o distante mundial de 1958. E é insuperável em número de gols, que o diga os grandes selecionados que sofreram seguidas goleadas no Fonte Nova da Bahia! È sucesso de organização, a nota dissonante é uma torneira que não abriu na Arena da Baixada em Curitiba e duas cadeiras reclináveis que emperraram na Arena Amazônia. Esses são os problemas localizados? Sim, a tromba d'água que caiu sobre Natal em dia de Arena das Dunas lotado. A Folha deveria saber que o temperamental São Pedro não é, como Ronaldo, o oportunista de plantão, contratado da Fifa.
3 *** Já não faltavam motivos para a Copa do Mundo no Brasil ser celebrada como uma das mais empolgantes de todos os tempos, e o próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou nesta sexta-feira (20) que a qualidade do futebol apresentado na fase de grupos é a melhor da história. ***
A Folha investiu pesado em potencializar as frases contra a organização da Copa desferidas por Jerome Volcke, secretário-geral da Fifa, aquele burocrata que bem merecia um "pé no traseiro". Agora, tem de se curvar ante as falas otimistas do capo do futebol mundial Joseph Blatter. Os estádios estão, todos, absolutamente lotados. A farra é grande e o futebol de alto nível e com inusitadas goleadas. O que sobra de empolgação nos estádios e nos aeroportos, nas cidades-sedes e na mídia estrangeira falta em reconhecimento do êxito por parte da grande imprensa brasileira.
4 *** A média de gols na primeira rodada (3,06 por partida) é a maior desde 1958. Desde 1994, quando começa a série histórica do Datafolha, este Mundial teve o maior percentual de passes certos (86%) e os menores números de desarmes (216,6), faltas (26,6) e cartões amarelos (2,75) por jogo. Menos ênfase na destruição, mais na construção. ***
Surtando nos números e nas estatísticas do futebol em Copas do Mundo, impressiona o desconforto da Folha e sua clara má vontade em não reconhecer o que torna essa copa "A Copa": bastaria retirar de seus olhos as traves político-ideológicas de sua esquizofrênica cobertura do evento e logo veria aqui no Brasil o mais bonito e moderno conjunto de estádios reunidos em um único país-sede de Copa em todos os tempos, com suas linhas arrojadas, características futuristas, beleza e estética insuperáveis; o conjunto de novos aeroportos, amplos, bem equipados, verdadeiros cartões-postais e as dezenas de obras de mobilidade humana de grande envergadura; além do preparo e a prontidão das forças de segurança inibindo - sempre dentro do marco legal - os black blocs mais assanhados nas 12 cidades que sediam esta Copa 2014.
5 *** Problemas localizados, é claro, ocorreram. Em Brasília e Fortaleza, formaram-se filas excessivamente grandes; em algumas arenas, torcedores notaram deficiências no sinal de telefonia e 3G; no jogo entre França e Honduras, uma falha no sistema de som impediu a execução dos hinos nacionais. ***
Se fosse editorialista da Folha sentiria imensa vergonha se tivesse de escrever o parágrafo acima. Falando sério, sistema de som falhando em transmitir hinos, filas grandes e deficiência de sinal de 3G - tais eventos podem mesmo ser alçados à categoria de "problemas localizados" em evento do porte de uma Copa do Mundo? Haja vontade de, qual Indiana Jones do jornalismo, querer encontrar o Santo Graal nas arquibancadas J da arena Pantanal!
6 *** Longe dos estádios, protestos relacionados à Copa felizmente provocaram poucos transtornos. As manifestações, como seria de esperar, têm atraído cada vez menos pessoas, embora ainda se verifiquem alguns confrontos violentos. ***
A palavra deslocada nesse parágrafo. e que não fecha com o trabalho da Folha para inviabilizar a Copa do Brasil, é esta: 'felizmente". É óbvio que a Folha e suas companheiras de infortúnio com o estrondoso sucesso da Copa das Copas apostaram todas as fichas na ocorrência de protestos de monta, protestos com cenas de violência épica bem ao estilo Kill Bill, do mestre da pancadaria explícita Quentin Tarrantino. Mas não houveram. Agora sim, "felizmente".
7 *** Se o país pode se orgulhar da Copa que exibe ao mundo até agora, convém, como o próprio futebol ensina, esperar o apito final para cantar vitória –sobretudo em um torneio tão imprevisível quanto este. ***
É assim que termina o editorial do jornal dos Frias. Deixa entrever que ainda apista na virada da Copa - ainda pode vir a ser o Mundial do Fim do Mundo, com muita violência, pancadaria, estádios desabando, aeroportos despencando, confrontos entre polícia e marginais mascarados gerando centenas de ferdos e de mortos. Afinal, escreve candidamente o editorialista da Folha: '... como o próprio futebol ensina, esperar o apito final para cantar vitória'.
Portanto, curtir o Mundial, respirar aliviado, torcer pelo Brasil mesmo... só quando soar o apito final. Esquizofrênicos é pouco. Mas aí a Copa já acabou. E vocês da grande imprensa perderam de goleada. O Brasil e seus 200.000.000 de cidadãos, seja ou não campeão, ganhou. E também de goleada.