BANCO DOS BRICS SERÁ EM XANGAI COM PRESIDENTE DA ÍNDIA
Em discurso durante a sessão plenária da 6ª cúpula dos Brics, que reúne líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em Fortaleza (CE), presidente diz que os países do bloco "são essenciais para a prosperidade do planeta"; "Fomos responsáveis pela mitigação dos efeitos da crise financeira global, e pelo sustentado crescimento da economia mundial", afirmou; mais cedo, Dilma Rousseff ressaltou avanço a ser obtido com criação do Novo Banco de Desenvolvimento, que terá fundo inicial de US$ 100 bilhões; "O banco vai contribuir com recursos para garantir investimentos em infraestrutura", disse; sede do Banco será em Xangai e primeiro presidente será indiano, anunciou a presidente
15 DE JULHO DE 2014 ÀS 13:32
247 – Em discurso durante sessão plenária da 6ª cúpula do Brics, que reúne em Fortaleza (CE) mandatários de Rússia, Índia, China e África do Sul, além do Brasil, a presidente Dilma Rousseff afirmou que, com a criação do Novo Banco de Desenvolvimento do bloco e o estabelecimento do Arranjo Contingente de Reservas, os países Brics "ganham densidade e afirmam seu papel no cenário internacional".
No atual cenário, ressaltou Dilma, uma conjuntura de "grandes oportunidades", os países do bloco "têm a obrigação de se manifestar, de se fazer escutar, de atuar". Os membros do grupo "não podem ficar alheios às grandes questões internacionais", acrescentou. A presidente reforçou que "estamos não apenas entre as maiores economias do mundo, mas também entre as que mais cresceram nos últimos anos".
"Somos responsáveis pela mitigação dos efeitos da crise financeira global, e pelo sustentado crescimento da economia mundial", discursou, lembrando que o "ativismo" do bloco, no entanto, não deve ser confundido com o "exercício de poder hegemônico ou o desejo de dominação". Entre os temas debatidos na cúpula, disse Dilma, houve o consenso na ideia de que "apesar de uma diminuição no ritmo de seu crescimento, os países emergentes continuam a ser a força motriz". Segundo a presidente, também foi examinado "o processo de lenta recuperação econômica dos países mais ricos, como os EUA, cuja economia registrou forte contração".
Dilma finalizou dizendo que o Arranjo de Reservas firmado na cúpula atesta a maturidade da cooperação entre os países do bloco, ao estabelecer fundo de US$ 100 bilhões q apoiará as economias. No encontro, relatou a presidente, o Brasil propôs a criação de uma plataforma conjunta do Brics para o desenvolvimento de metodologias para indicadores sociais e anunciou que nesta quarta-feira haverá a primeira reunião entre os países Brics e países da América do Sul.
Abaixo, reportagens da Agência Brasil:
Banco de Desenvolvimento do Brics terá sede em Xangai e presidente indiano
Daniel Lima e Sabrina Craide - Enviados Especiais
A sede do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) será na capital da China, Xangai, e a primeira presidência do órgão será de um representante da Índia. O anúncio foi feito hoje (15) pela presidenta Dilma Rousseff após se reunir com os chefes de Estado dos países que compõem o bloco, em Fortaleza.
O capital inicial autorizado do banco será US$ 100 bilhões e o capital subscrito do banco será US$ 50 bilhões, igualmente distribuídos entre os cinco países que integram o Brics. O primeiro escritório regional do banco será na África do Sul, a primeira direção da equipe de governadores será da Rússia e a primeira direção da equipe de diretores será do Brasil. A presidência do banco será rotativa entre os integrantes do bloco.
"O banco representa uma alternativa para as necessidades de financiamento de infraestrutura nos países em desenvolvimento, compreendendo e compensando a insuficiência de crédito das principais instituições financeiras internacionais", disse Dilma.
O acordo sobre o Novo Banco de Desenvolvimento e o tratado para estabelecer o Arranjo Contingente de Reservas do Brics foram assinados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, os ministros das finanças da Índia e da África do Sul e pelo presidente do Banco Popular da China e do Banco Central da Rússia. O presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, compareceu ao evento ontem (14), mas hoje retornou à Brasília para reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Também foi assinado durante o evento hoje um memorando de entendimento para cooperação entre agências seguradoras de crédito a exportação dos Brics e um acordo para cooperação sobre inovação entre bancos de desenvolvimento dos cinco países.
Banco do Brics vai garantir investimentos em infraestrutura, destaca Dilma
A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (15) que está otimista com a criação do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics e de um fundo de reservas para o bloco, que reúne cinco países – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ao sair do hotel onde está hospedada em Fortaleza, para participar da sexta reunião de cúpula do bloco, ela ressaltou que a instituição deverá beneficiar os países emergentes e em desenvolvimento.
"O banco vai contribuir com recursos para garantir investimentos em infraestrutura. O Acordo Contingente de Reservas, com montante de US$ 100 bilhões, vai contribuir para que esse processo de volatilidade, enfrentado por diversas economias quando da saída dos Estados Unidos da política de expansão monetária, seja mais contido, mais administrado. [Isso] dá segurança, uma espécie de rede de proteção aos países do Brics e aos demais", disse a presidenta.
A criação do banco e do fundo de reserva deve ser anunciada na tarde de hoje, após reunião dos chefes de Estado do Brics. O banco terá capital inicial de US$ 50 bilhões, sendo US$ 10 bilhões em recursos e US$ 40 bilhões em garantias. Depois da assinatura do acordo para a criação, o banco terá que ser aprovado pelos parlamentos dos cinco países. O fundo terá capital inicial de US$ 100 bilhões, para os países do bloco com dificuldades financeiras.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/146793/Banco-dos-BRICS-ser%C3%A1-em-Xangai-com-presidente-da-%C3%8Dndia.htm
ENTIDADE COBRA BRICS CONTRA REPRESSÃO NA RÚSSIA
A Human Hights Watch quer que a presidente Dilma Rousseff manifeste-se publicamente durante a 6º Cúpula do Brics, em Fortaleza, contra o que a entidade considera violações de direitos humanos da Rússia, presidida por Vladimir Putin, que também participa da reunião no Brasil
15 DE JULHO DE 2014 ÀS 18:01
Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil
A Human Hights Watch quer que a presidenta Dilma Rousseff manifeste-se publicamente durante a 6º Cúpula do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Fortaleza, contra o que a entidade considera violações de direitos humanos da Rússia, presidida por Vladimir Putin, que está participando da reunião no Brasil.
"O Brasil quer ser um líder global e almeja um assento no Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas]. Se quer ser líder, precisa ser mais protetivo dos direitos previstos na sua Constituição. A prevalência dos direitos humanos está consagrada na Constituição como um princípio mantenedor da política externa, então precisa privilegiar os direitos humanos dentro de suas relações com outros países", disse a diretora da entidade no Brasil, Maria Laura Canineu. A sugestão da Human Hights Watch é que Dilma emita um comunicado oficial ao final da reunião condenando as violações de direitos no país de Putin.
"O discurso de que cada país tem seus próprios problemas permeia o discurso atual do governo federal de forma a impedi-lo de ter uma postura mais destacada com relação aos direitos humanos globalmente", criticou a representante da organização.
Em entrevista coletiva na capital paulista, Maria Laura disse que Putin tem liderado uma campanha repressiva contra a liberdade de expressão e outras liberdades individuais, o que levou a situação dos direitos humanos na Rússia a uma situação dramática. "É, sem dúvida, o pior período desde a queda da União Soviética. É uma pretensa democracia, mas que tem sido realmente governada por mãos bastante repressoras de um presidente que está na cena política há muito tempo", avaliou.
Segundo Maria Laura, atualmente, existe na Rússia uma concentração de poder sobre os veículos de comunicação, que são dominados pelo Estado ou por pessoas ligadas ao Estado, restringindo a liberdade de imprensa com normas que classificam os conteúdos como extremistas. "Hoje se você tuitar ou retuitar um conteúdo que seja considerado extremista por parte das autoridades públicas, pode ser preso. E ninguém sabe exatamente classificar o que é extremista".
Uma das preocupações da Human Hights Watch é a estigmatização da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBTT), já que, em 2013, a Rússia aprovou uma legislação que permite a propaganda anti-LGBTT, proibindo a disseminação de produtos e publicações para crianças que classifiquem as relações homoafetivas como algo normal.
"Isso é considerado estranho e prejudicial à sociedade russa, o que abriu uma porta para a total repressão a essas comunidades. O clima repressivo foi diminuído quando a Rússia recebeu as Olimpíadas de Inverno, mas agora já está tudo igual", comparou.
Outro problema, de acordo com a organização, é a tentativa de Putin de exportar políticas contrárias aos direitos humanos. Segundo Maria Laura, o mandatário russo tem um discurso que busca o enfraquecimento dos mecanismos globais de proteção aos direitos humanos.
"Ele faz uma dicotomia de que a soberania nacional é muito mais importante do que a valorização dos direitos humanos e diz que um Estado soberano pode determinar como seus cidadãos exercem as suas liberdades individuais. Isso é perigoso porque já superamos essa discussão e existem mecanismos internacionais muito fortes para preservar os direitos humanos que todo cidadão tem".
A Agência Brasil procurou a Embaixada da Rússia, em Brasília, para repercutir as declarações da diretora da Human Hights Watch, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
CERCO DOS EUA À RÚSSIA DÁ MEGACHANCE A BRICS
Reunião de cúpula entre presidentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul começou às 10h30, em Fortaleza; Vladimir Putin disse que bloco vai fazer frente "à caça" empreendida pelos Estados Unidos a países que discordam das posições do presidente Barack Obama; com os sócios dos BRICS, Rússia quer dinamizar integração comercial, científica, tecnológica e também militar; encontro ontem, no Palácio do Planalto, com presidente Dilma Rousseff foi marcado por assinatura de acordos bilaterais; novo banco de desenvolvimento será anunciado com fundos de US$ 50 bilhões para financiar projetos em países emergentes, fazendo frente ao FMI; ordem mundial em plena transformação
15 DE JULHO DE 2014 ÀS 11:16
247 – Os BRICS podem mesmo mudar a ordem mundial de forças. Depois do real interesse da China, hoje a maior economia do mundo, em dinamizar o bloco nascido de uma reflexão do economista Jim O'Neill, agora é a Rússia que deixa claro estar com todo empenho, verdadeiramente, para que a aliança entre Brasil, China, Índia, a própria Rússia e a África do Sul evolua para um bloco político e comercial de peso nas decisões mundiais.
- Pretendemos levantar durante a cúpula um debate sobre casos frequentes de uso em massa de sanções unilaterais", afirmou Putin em entrevista à agência russa de notícias Itar-Tass. Essa foi uma referência bastante clara sobre o boicote econômico à Rússia imposto pelo Estados Unidos em razão da crise de governo na Ucrânia.
- Agora a Rússia está sob ataque de sanções vindas dos EUA e seus aliados, disse Putin na entrevista. "Devemos (os BRICS) ponderar juntos um sistema de medidas que permitiria impedir a caça aos países que discordam com certas decisões na área da política externa tomadas pelos EUA e os aliados deles, mas conduzir um diálogo civilizado."
Na prática, essa mudança está em pleno curso.
Ontem, durante encontro no Palácio do Planalto, Putin assinou com a presidente Dilma Rousseff uma série de acordos de cooperação comercial, tecnológica e militar. Hoje, em Fortaleza, o líder russo deverá retomar a ofensiva para dar novo cunho político aos BRICS. Nesse contexto, o anúncio previsto da criação do Novo Banco de Desenvolvimento, com recursos de US$ 50 bilhões aplicados pelos cinco países sócios à razão de US$ 10 bilhões cada um, é uma peça estratégica. A instituição vai funcionar como um espelho do FMI, mas voltado, exclusivamente, para projetos em países em desenvolvimento, especialmente na área de infraestrutura. Os BRICS reúnem um mercado de 3 bilhões de pessoas.
- Temos aproveitar essa oportunidade extraordinária, disse Putin na mesma entrevista.
Os presidentes dos BRICS devem discutir, hoje, onde será a sede do novo banco. Há uma disputa forte entre Índia e China. O Brasil está pleiteando indicar o presidente do banco. A Rússia deve apoiar a posição brasileira.
Até aqui, os Estados Unidos ainda não emitiram qualquer palavra pública em relação à cúpula dos BRICS. Não há dúvida nos meios políticos e diplomáticos de que o país do presidente Barack Obama não está gostando nada da unidade apresentada entre os países sócios. Afinal, os BRICS representam um passo decisivo no estabelecimento de uma nova ordem mundial.
YELLEN DIZ QUE RECUPERAÇÃO DOS EUA ESTÁ INCOMPLETA
Chair do Federal Reserve, banco central norte-americano, Janet Yellen ressaltou nesta terça-feira o mercado de trabalho ainda abalado nos Estados Unidos e os salários estagnados, justificando a política monetária frouxa no horizonte relevante
15 DE JULHO DE 2014 ÀS 13:02
WASHINGTON (Reuters) - A recuperação econômica dos Estados Unidos continua incompleta, com o mercado de trabalho ainda abalado e salários estagnados justificando a política monetária frouxa no horizonte relevante, afirmou a chair do Federal Reserve, banco central norte-americano, Janet Yellen, nesta terça-feira.
Em forte defesa da atual postura do banco central, Yellen afirmou que sinais iniciais de aceleração da inflação não são suficientes para o Fed acelerar seus planos de elevar a taxa de juros, medida atualmente esperada para meados do próximo ano.
Isso poderia mudar, com a taxa de juros subindo mais cedo e mais rápido, se dados mostrarem o mercado de trabalho melhorando com mais velocidade do que o esperado, disse ela. Mas como está, "embora a economia continue melhorando, a recuperação ainda não está completa", disse Yellen em depoimento semestral diante do Comitê Bancário do Senado, repetindo seu foco na lenta participação da força de trabalho e fraco crescimento do salário como importantes para qualquer conclusão sobre a saúde da economia. "Muitos norte-americanos continuam desempregados", disse Yellen. Ela apresentou ampla visão sobre a economia ainda em transição após a crise econômica de 2007/2009. Em relatório acompanhando suas declarações, o Fed informou que seu balanço patrimonial vai atingir o máximo de 4,5 trilhões de dólares quando seu programa de compra de títulos acabar em outubro, sinal de quanto estímulo o banco central tem tido que liberar para sustentar a economia. Yellen afirmou ainda que a economia continua gerando empregos e crescimento estável. Mas afirmou que as autoridades do Fed atualmente esperam que sua medida preferida de inflação fique entre 1,5 e 1,75 por cento para 2014, abaixo da meta de 2 por cento. O mercado imobiliário continua fraco, disse Yellen, e o investimento empresarial abaixo do esperado.
(Por Howard Schneider e Michael Flaherty)