FIM DE CRISE PARA DILMA, QUE ATINGE AÉCIO E CAMPOS
No sobe e desce da eleição, presidente sai por cima em caso da compra da refinaria de Pasadena, que consumiu rios de tinta da mídia tradicional; senador tucano é surpreendido por denúncia de aeroporto feito em fazenda de seu tio-avô, em Cláudio, Minas; ex-governador de Pernambuco sofre com investigação da PGR sobre relação entre o PSB e o Pros, sob suspeição de propina; TCU isentou Dilma Rousseff por negócio feito por diretores da Petrobras; Aécio Neves se bate para explicar plenamente decisão tomada como governador de Minas Gerais; Eduardo Campos experimenta revés em seus domínios; mudanças contínuas
23 DE JULHO DE 2014 ÀS 22:03
247 – Para o bem ou para o mal, um dia após o outro faz mesmo muita diferença. Especialmente numa disputada eleição presidencial. É o que se vê, nesta quarta-feira 23, entre os três principais candidatos ao Palácio do Planalto.
A presidente Dilma Rousseff, que passou os primeiros quatro meses do ano pressionada pelo caso Pasadena, acaba de ultrapassar essa crise. O senador Aécio Neves, até aqui flanando na ausência de problemas sérios a resolver, encontrou uma para ele administrar no caso do aeroporto instalado na fazenda de seu tio-avô, em Cláudio, quando ele era governador do Estado. No cargo, em Pernambuco, Eduardo Campos determinou desapropriação de terrenos na Zona a Mata, mas se tornou candidato a réu em ação popular impetrada por advogado. Além disso, vai ter de administrar autorização de abertura de investigação regional, determinada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre relacionamento entre o PSB regional e A inversão de papéis se dá num momento em que, com sinais trocados, a candidata a reeleição pelo PT e o postulante pelo PSDB são vistos de maneiras díspares pelos chamados analistas de pesquisas. Enquanto Dilma passaria a enfrentar problemas para vencer em primeiro turno, Aécio seria um duro adversário na segunda volta. Antes das projeções, porém, a situação se inverteu entre eles.
Com uma decisão facilmente compressível, o Tribunal de Contas da União manteve o entendimento de que a compra da refinaria de Pasadena, pela Petrobras, deve continuar sendo investigada por suspeita de ter sido lesiva aos cofres da estatal. Mas esclareceu que a então presidente do Conselho de Administração não teve nada a ver, absolutamente nada, com evetuais maracutaias praticadas entre diretores. Hectolitros de tinta preta foram gastos pela mídia tradicional para atribuir responsabilidade à presidente no caso, mas muito menos devem ser usados para mostrar que, após investigação, ela foi isenta.
Com o senador Aécio Neves está acontecendo diferente. Até aqui, ele não enfrentou nenhum grave problema em seu passado de administrador público. Duas vezes governador de Minas Gerais, ele se surpreendeu, dias atrás, com a denúncia de que teria, no cargo, construído um aeroporto, ou pista de pouso, dentro de uma fazendo de seu tio-avô, com pagamento de R$ 1 milhão pela compra. Com duas opiniões jurídicas de peso a seu favor, dos ex-presidentes do STF Carlos Velloso e Ayres Brito, ainda assim Aécio tem de ser explicar quando gostaria de, apenas, estar atacando.
A troca de posição entre os dois primeiros colocados nas pesquisas tende a continuar, por um ou outro motivo, acontecendo. Afinal, trata-se de uma disputa que os dois lados – com o acréscimo, é claro, do tudo o que pode ser feito pelo presidenciável Eduardo Campos em termos de crescimento – consideram a mais acirrada desde 2002, quando o ex-presidente Lula chegou ao poder. Um tira-teima histórico no qual quem está por cima num dia, pode experimentar o inferno astral no outro.
JANOT ACEITA INVESTIGAR RELAÇÃO ENTRE PSB E PROS
A suposta oferta de propina de R$ 6 milhões para que o Pros apoiasse a campanha de Paulo Câmara, candidato a governador do Estado e escolhido do presidenciável Eduardo Campos, do PSB, será investigada por procuradores federais no Recife; a informação é do procurador geral da República, Rodrigo Janot; a Polícia Federal só vai entrar na apuração se houver pedido formal dos procuradores eleitorais ou da Justiça Eleitoral; Deputado federal José Augusto Maia (Pros-PE) afirma que PSB chegou a oferecer até R$ 6 milhões para o presidente nacional do Pros, Eurípedes Jr., e para o líder da bancada do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PE) para integrarem a coligação do candidato ao governo de Pernambuco Paulo Câmara (PSB); eles negam a transação
23 DE JULHO DE 2014 ÀS 19:55
Pernambuco 247 - A suposta oferta de propina para que o Pros apoiasse a campanha de Paulo Câmara, candidato a governador do Estado e escolhido do presidenciável Eduardo Campos será investigada pelo Ministério Público Eleitoral em Pernambuco. Procuradores federais no Recife é que vão apurar o caso, segundo divulgou o procurador geral da República, Rodrigo Janot.
Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Polícia Federal só vai entrar na apuração se houver pedido formal dos procuradores eleitorais ou da Justiça Eleitoral. "No caso de crimes eleitorais, a PF não tem poder de solicitar inquérito de ofício. Essa é uma resolução do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]", explicou.
O Ministério da Justiça coordena uma rede de 43 laboratórios contra a lavagem de dinheiro e corrupção, usados por representantes do Ministério Público e policiais em diferentes estados, além da Receita Federal. Esses laboratórios já analisaram operações financeiras que somam R$ 20 bilhões.
O deputado federal José Augusto Maia (Pros-PE) relatou ao jornal Folha de S. Paulo que recebeu e recusou oferta de vantagem financeira para que seu partido integrasse formalmente a coligação do candidato de Campos em Pernambuco. A outros deputados, Maia afirmou que a oferta foi de R$ 6 milhões, sendo que R$ 2,5 milhões seriam reservados a ele (leia mais).
Em nota divulgada à imprensa nesta quarta-feira, Paulo Câmara negou que tenha havido qualquer negociação para obter o apoio do Pros, e informou que está tomando "todas as medidas judiciais cabíveis" contra o deputado José Augusto Maia.
Confira a íntegra da nota.
"A matéria publicada hoje (23/07), pelo jornal Folha de São Paulo, ao citar o meu nome, sugere, irresponsavelmente, a associação da minha imagem a uma suposta ação criminosa. Em função da matéria publicada por esse jornal, baseada em denúncia formulada por um parlamentar pernambucano, sinto-me obrigado a me posicionar em defesa da minha honra e credibilidade, o maior patrimônio que construí ao longo da minha vida.
É importante destacar, que o deputado José Augusto Maia, que serviu como fonte da reportagem, responde a duas ações criminais por fraude em licitação e formação de quadrilha, e foi condenado, pela justiça pernambucana, em abril deste ano, por improbidade administrativa, tendo os seus direitos políticos suspensos pelo prazo de três anos, além da condenação e dos processos em andamento no Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Importante também ressaltar a relação histórica de amizade e apoio de José Augusto Maia ao nosso adversário direto, o ex-empresário Armando Monteiro Neto, que desde as primeiras horas do dia da publicação da matéria tenta tirar proveito eleitoral do assunto.
O que me parece mais grave é a tentativa caluniosa de me descredibilizar. Sou servidor público há 22 anos, com uma trajetória séria e reconhecida. Nunca, em nenhum momento, fui vítima de qualquer ação que questionasse os princípios que levo, de casa, à vida pública: honestidade, correção, respeito, senso de justiça. Daí a minha mais profunda indignação diante deste episódio. Será que, pela condição de candidato ao governo, devo ser exposto publicamente por conta da má fé de elementos como o referido senhor? Atitudes assim envergonham a atividade política e, pior, buscam arrastar para os espaços nebulosos, onde atua um "ficha-suja", pessoas que estão na vida pública apenas com o intuito de exercer sua vocação e atender a uma convocação.
Figuras como José Augusto Maia devem ser banidas da política, como já foi determinado pela justiça. Portanto, em meu nome, da minha família e de todos aqueles a quem represento, nesta caminhada, como cidadão e homem público, anuncio que estou tomando todas as medidas judiciais cabíveis contra José Augusto Maia e todos os envolvidos nesta nefasta e inadmissível atitude. Mais do que uma retaliação, do mais baixo nível, como se poderia esperar, pelo seu autor, fui vítima de um golpe que me obriga a reagir, imediatamente, e com força proporcional - não necessariamente à repercussão, mas à intenção.
Tenho uma missão a cumprir e assim será. Estou convencido de que o ocorrido servirá apenas para nos fortalecer nesta luta, contra adversários desleais. Manteremos o rumo e, apesar da indignação, não perderemos a serenidade. Pernambuco conta comigo. E estou cada vez mais firme na decisão, coletiva, de vencer com trabalho e respeito."
APÓS DEFENDER PRISÕES, AÉCIO TEM SITE INVADIDO
Um dia depois de o PSDB divulgar nota em que defendeu ação da Polícia Civil do Rio, que resultou na prisão de 19 ativistas suspeitos de atos de vandalismo, presidenciável tucano teve a página "Conversa com Brasileiros" hackeada; movimento Anonymous assumiu autoria e deixou a seguinte mensagem: "Então quer dizer que o senhor Aécio Neves apoia a repressão contra os protestos populares? Ainda bem que políticos como ele jamais governará [sic] este país!"; PSDB diz respeitar "movimentos sociais que atuam dentro da lei", mas não compactua com o "crime e com grupos que usam a violência para tomar à força as ruas"
23 DE JULHO DE 2014 ÀS 16:54
247 – O presidenciável pelo PSDB, Aécio Neves, teve um dos sites de sua campanha invadido nesta quarta-feira 23, um dia depois de o PSDB ter defendido operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro que resultou na prisão de 19 ativistas suspeitos de envolvimento em atos de vandalismo. O movimento Anonymous assumiu a autoria do ataque à página "Conversa com Brasileiros".
O grupo deixou a seguinte mensagem: "Então quer dizer que o senhor Aécio Neves apoia a repressão contra os protestos populares? Ainda bem que políticos como ele jamais governará [sic] este país!". Pelo Twitter, a conta @AnonManifest escreveu: "Aécio Neves diz que apoia prisões ilegais de ativistas no Rio e tem site de campanha de invadido.http://www.conversacombrasileiros.com.br/ É simples.;)".
Nesta terça-feira, o PSDB divulgou nota em que diz que "respeita os movimentos sociais que atuam dentro da lei e representam causas legítimas", mas ressalta: "não podemos compactuar com o crime e com grupos que usam a violência para tomar à força as ruas, lugar que pertence, com legitimidade, à população e suas reivindicações". O texto diz que a polícia prendeu, após setes meses de investigação, "líderes de manifestações violentas que atacavam policiais e promoviam a destruição de patrimônio público".
A nota também critica comunicado do PT que criticou as prisões dos manifestantes. "Logo após a prisão, surpreendentemente, o PT divulgou uma nota de solidariedade aos presos. Assinado por dirigentes do partido, o texto diz que 'a prisão é uma grave violação dos direitos e das liberdades democráticas'". Os tucanos cobram, por fim, uma posição da presidente Dilma Rousseff sobre a nota de seu partido.
AÇÃO POPULAR PEDE CAMPOS COMO RÉU POR IMPROBIDADE
Desapropriação de terrenos na Zona da Mata, interior de Pernambuco, para implantação de distrito industrial e fábrica da montadora Fiat leva advogado Péricles Henrique Ferreira da Silva a pedir inclusão como réu, em ação popular, do presidenciável Eduardo Campos em processo por improbidade administrativa; Estado teria sido prejudicado em R$ 204 milhões por mudança de finalidade de áreas desapropriadas de Companhia Agroindustrial de Goiana; teria ocorrido uma "desapropriação amigável"
23 DE JULHO DE 2014 ÀS 17:45
Pernambuco 247 - A desapropriação de uma série de terrenos na região da Zona da Mata, no interior de Pernambuco, em 2011, levou o advogado Péricles Henrique Ferreira da Silva a incluir o então governador e atual candidato do PSB a presidente, Eduardo Campos, como um dos réus numa ação popular que deu entrada, em abril deste ano, no Tribunal de Justiça de Pernambuco. A acusação é por improbidade administrativa, o tipo de expressão que costuma levar preocupação para qualquer campanha eleitoral. Procurada por Pernambuco 247, a assessoria da campanha do PSB informou que o candidato desconhece o processo, uma vez que não foi notificado oficialmente.
A ação popular trata da desapropriação de uma série de terrenos, localizados no município de Goiana, na Zona da Mata Norte do Estado, que seriam empregados na construção de um distrito industrial e na implantação da fábrica da Fiat. Segundo a ação, além do desvio da finalidade que teria sido a razão das desapropriações, o pagamento dos terrenos teria sido feito acima dos preços praticados pelo mercado, e de forma a beneficiar uma outra empresa, a Companhia Agroindustrial de Goiana (Caig). A transação teria resultado em prejuízos de R$ 204 milhões aos cofres públicos. O procurador-geral do Estado, Thiago Arraes de Alencar Norões, também aparece como réu na ação.
De acordo com a ação popular impetrada pelo advogado Péricles Henrique Ferreira da Silva, em março deste ano, o Governo de Pernambuco teria declarado, no dia 08 de agosto de 2011, como fins de utilidade pública sete engenhos pertencentes à Companhia Açucareira de Goiana – Usina Maravilhas, para fins de desapropriação, que seriam destinados à implantação de um distrito industrial naquele município. No dia seguinte à publicação do decreto no Diário Oficial do Estado, o Governo teria firmado um novo acordo com a Caig visando a desapropriação de um outro engenho, o Terra Rica, o que acabou não acontecendo.
No dia 29 de novembro do mesmo ano, antes que as ações de desapropriação dos terrenos pertencentes à Usina Maravilhas fossem ajuizadas, o Governo do Estado e a Caig teriam firmado um acordo de permuta da posse das terras que seriam alvo da desapropriação. Segundo a ação, "a desapropriação amigável" permitiria que "os imóveis a serem desapropriados da usina Maravilhas serão incorporados ao patrimônio da outorgada [Caig], através da celebração do adequado instrumento jurídico, observadas as formalidades legais e legislativas", diz o documento.
O desvio de finalidade estaria configurado, ainda segundo a ação popular, uma vez que os terrenos poderiam ser destinados à implantação do distrito industrial ou para a construção da Fiat "ou serem dados em pagamento de outras áreas". "A desapropriação só pode acontecer para fins de interesse público e não pode ser utilizada como forma de pagamento. Se for para pagar, o Estado teria que desembolsar este dinheiro e não efetuar uma permuta como fez", diz um advogado que acompanha o andamento do caso.
Ainda segundo a ação popular, por este instrumento foi possível concretizar a permuta de 258,16 hectares de terras pertencentes à Caig por 6,173 hectares da Usina Maravilhas, uma área 24 vezes superior a que de fato ficou em poder do Estado. Os terrenos em questão são áreas vizinhas e com topografia similar, com acesso pela BR-101 e valores de mercado assemelhados.
Nesta transação, o Estado teria pago R$ 80,5 milhões pela desapropriação dos terrenos da Usina Maravilhas, que depois foram repassados à Caig, a um valor acima de mercado e que teria ocasionado prejuízos de pouco mais de R$ 10 milhões a Tesouro Estadual.
O Governo de Pernambuco também teria perdoado R$ 100 milhões do passivo tributário da empresa que estaria inscrito na dívida ativa do Estado. Além disso, a Caig teria sido autorizada a colher sem ônus a cana-de-açúcar existente nos terrenos, totalizando R$ 24,1 milhões.
Ao ter conhecimento do processo, a 25ª vara Federal da Fazenda solicitou, sem sucesso, a penhora e o bloqueio da conta corrente da Usina Maravilhas e da sua coligada, a Usina Cruangi, em função delas e outras empresas ligadas ao grupo estarem inscritas na dívida ativa da União como devedoras de R$ 270,4 milhões. Juntando toda a operação, o prejuízo ao Estado teria chegado a R$ 204 milhões.
Segundo Péricles Henrique, a ação foi impetrada nominalmente por ele "como cidadão, advogado e eleitor" com o objetivo de evitar danos maiores ao erário público. Procurada pela reportagem do Pernambuco 247, a assessoria do ex-governador e presidenciável Eduardo Campos informou desconhecer a ação judicial por ainda não ter recebido nenhuma notificação sobre o assunto.
PGR ARQUIVA AÇÃO CONTRA DILMA POR PASADENA
Procurador-geral da República entendeu que informações e documentos apresentados pela Presidência da República "afastam a acusação de conduta dolosa ou culposa que possa ser atribuída ao Conselho de Administração da Petrobras" por prejuízos causados com a compra da refinaria dos Estados Unidos, quando Dilma Rousseff presidia o grupo; pedido de investigação foi protocolado por senadores e deputado declarados 'independentes'; Tribunal de Contas da União aprovou nesta quarta-feira relatório do ministro José Jorge que também isenta Dilma e responsabiliza diretores da Petrobras por aprovação da compra de Pasadena; relator determinou a devolução de US$ 792,3 milhões aos cofres da empresa
23 DE JULHO DE 2014 ÀS 16:44
247, com Agência Brasil
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, arquivou hoje (23) um pedido de investigação protocolado por um grupo de senadores contra o Conselho de Administração da Petrobras e a presidenta Dilma Rousseff para apurar supostas irregularidades na compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006. Na época, Dilma presidia o conselho.
Na decisão, Janot reconhece que a operação pode ter provocado prejuízos financeiros, mas ressalta que a decisão do Conselho de Administração que aprovou a compra, por unanimidade, estava alinhada com o planejamento da Petrobras e seguiu as regras do estatuto da empresa.
"Ainda que se esteja diante de uma avença [acordo] malsucedida e que importou, aparentemente, em prejuízos à companhia, não é possível imputar o cometimento de delito de nenhuma espécie aos membros do Conselho de Administração, mormente quando comprovado que todas as etapas e procedimentos referentes ao perfazimento do negócio foram seguidos", disse Janot.
Sobre a apuração de possíveis prejuízos, o procurador afirmou que as responsabilidades deverão ser apuradas pelos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas de União (TCU), por exemplo.
A polêmica sobre a compra de Pasadena é motivada pelo valor pago pela Petrobras, que desembolsou no total US$ 1,25 bilhão no negócio. Segundo a presidenta da estatal, Graça Foster, a companhia belga Astra, antiga dona da refinaria, pagou, no mínimo, US$ 360 milhões, e não US$ 42,5 milhões, conforme divulgado. Graça disse, em depoimento na CPI da Petrobras, que a estatal brasileira pagou US$ 885 milhões, e a Astra, US$ 360 milhões. O restante foram juros e honorários.
A representação tem como autores os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Cristovam Buarque (PDT-DF), Ana Amélia Lemos (PP-RS), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Taques (PDT-MT) e do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).
TCU responsabiliza diretores da Petrobras por compra da Refinaria de Pasadena
Sabrina Craide - O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou há pouco o relatório do ministro José Jorge, relator do processo que investiga irregularidades na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petroras. O ministro determinou a devolução de US$ 792,3 milhões aos cofres da Petrobras pelos prejuízos causados ao patrimônio da empresa. O relatório isenta de responsabilidade os membros do Conselho de Administração da empresa, que na época era presidido pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, hoje presidenta da República.
O maior montante, de US$ 580,4 milhões, deverá ser devolvido por membros da diretoria executiva da Petrobras, que aprovaram a ata de compra da refinaria, entre eles o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, além de Nestor Cerveró, Almir Barbassa, Paulo Roberto Costa, Guilherme Estrella, Renato Duque, Ildo Sauer e Luís Carlos Moreira da Silva. Eles terão prazo de 15 dias para apresentar defesa. Todos os citados terão os bens indisponíveis por um ano para garantir o ressarcimento dos prejuízos. O processo será convertido em tomada de contas especial, para permitir a apuração dos danos e a responsabilização dos agentes, além do direito ao contraditório e à ampla defesa.
Segundo José Jorge, há "robustos indícios da prática de atos que impuseram prejuízos à Petrobras", que corresponde a US$ 580,4 milhões. Para ele, os membros da diretoria executiva da Petrobras podem ser responsabilizados pelo prejuízo, porque cabia a eles a gestão do processo de compra, desde a negociação inicial até a confecção dos contratos. "O conhecimento que detinham ou deveriam deter sobre as operações impunha a eles o dever de se contrapor à aquisição daquela refinaria, nas condições que se deu".
O ministro não determinou, no entanto, a necessidade de ouvir os membros do Conselho de Administração da empresa, que, para ele, estão em situação diferente, porque autorizaram o negócio com base em documento, que omitiu informações e cláusulas, além de conter dados incorretos. "Daí, resulta a conclusão preliminar de que a formatação do negócio que constaria dos respectivos contratos era, em relação aos aspectos essenciais, distinta daquela que foi apresentada ao Conselho de Administração", disse José Jorge.
"Achamos que devemos nos concentrar na punição dos membros da diretoria executiva, mas dependendo do que eles disserem pode ser que se verifique a necessidade de também ouvir membros do Conselho de Administração", acrescentou o relator.
Em 2006, a Petrobras comprou 50% da Refinaria de Pasadena, por US$ 360 milhões. Por causa das cláusulas do contrato, a estatal foi obrigada a comprar toda a unidade, o que resultou em um gasto total de US$ 1,18 bilhão. A compra foi aprovada por unanimidade pelo Conselho de Administração da Petrobras.
QUANTOS DIAS VAI DURAR NA MÍDIA O ESCÂNDALO CONTRA AÉCIO NEVES?
CHICO VIGILANTE
Se esta denúncia fosse contra algum candidato petista ou contra Dilma, se transformaria na manchete preferida de toda imprensa familiar comercial brasileira até que o acusado renunciasse
O candidato do PSDB a Presidência da República, senador Aécio Neves, deveria abdicar de sua candidatura após a gravidade da denúncia feita pelo Jornal Folha de São Paulo sobre a construção, quando governador de Minas Gerais, de um aeroporto na fazenda de seu tio, Múcio Guimarães Tolentino. Por muito menos, a história recente do Brasil tem casos de políticos que declinaram de ocupar cargos públicos.
Se esta denúncia fosse contra algum candidato petista ou contra Dilma, se transformaria na manchete preferida de toda imprensa familiar comercial brasileira até que o acusado renunciasse. Vamos ver até quando mais este escândalo - para não falar dos demais existentes - vai se manter na mídia. Aposto que será rapidamente esquecido.
Um bom exemplo de dois pesos e duas medidas da imprensa brasileira foi o vivido pelo ex senador pelo PSB gaúcho, José Paulo Bisol. Cotado como candidato a vice de Lula em 1994, renunciou devido a denúncias de que apresentou emendas superfaturadas para beneficiar o município de Buritis, em Minas Gerais, sendo então substituído por Aloizio Mercadante.
A denúncia nunca foi provada, mas o fato arruinou sua vida política, não tendo mais conseguido se reeleger. A verdade é que ele desagradou a muitos tendo ajudado a criar a primeira CPI do Congresso Nacional, que investigou o escândalo dos "anões do orçamento".
Como deputado federal pelo PT/DF, fui o autor da denúncia de favorecimento de uma empreiteira no Orçamento Geral da União feito por Guilherme Palmeira, senador de Alagoas, indicado em 1994, candidato a vice-presidente na chapa de Fernando Henrique Cardoso. Candidato até agosto, foi derrubado por minha denúncia e substituído então por Marco Maciel.
Aécio Neves e os políticos que o cercam deveriam se envergonhar de manter sua candidatura depois de mais uma denúncia sobre sua conduta política. A obra, concluída em 2010, na cidade de Cláudio, interior do Estado, custou cerca de R$ 14 milhões aos cofres públicos, e chama atenção pelo fato do aeroporto, embora público, ser administrado pela família de Aécio.
A nota de Aécio divulgada na manhã de domingo para explicar o negócio só piora a situação. Ele alega que o "antigo proprietário" contesta o valor da desapropriação promovida pelo Estado para implementar o aeroporto. Ou seja, o tio de Aécio teve um aeroporto construído em sua fazenda, com dinheiro do governo do Estado, gerido pelo sobrinho, "tem a chave" da pista e quer receber mais do que determinaram as perícias de uma desapropriação que ao que tudo indica só se deu no papel.
E as denúncias não param por aí. A conta da empresa que venceu a licitação para a obra, a Vilasa, foi doadora da campanha eleitoral de Aécio Neves, na disputa ao governo mineiro, em 2006. E em 2010, quando o aeroporto foi construído, o sucessor de Aécio, Antonio Anastasia, recebeu doações da mesma empresa para sua campanha. As informações estão registradas no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais.
Os valores não são expressivos no montante geral de gastos dos candidatos, entretanto, os recursos repassados pela empresa aos tucanos figuram no rol de episódios em que empresas fazem doações eleitorais e conquistam também contratos públicos.
A Vilasa já foi contratada para outras obras do governo mineiro, como informa seu site, em empreendimentos de Copasa (Companhia de Saneamento) e Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais. Também já prestou serviços para o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) além de outros órgãos públicos.
Uma simples pesquisa no Google traz como resultado vários processos em andamento contra o candidato Aécio Neves. Num deles, com data de 2013, por três votos a zero, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu que o senador Aécio Neves continua réu em ação civil por improbidade administrativa movida contra ele pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Aécio é investigado pelo desvio de R$ 4,3 bilhões da área da saúde em Minas e pelo não cumprimento do piso constitucional do financiamento do sistema público de saúde no período de 2003 a 2008, quando foi governador do estado. O julgamento deverá acontecer a qualquer momento. Se culpado, o senador ficará inelegível.
Na era das manifestações populares contra a corrupção e a expressão do sentimento nacional por uma reforma política e a moralização de todos os poderes da Nação, pergunto ao leitor brasileiro: vale a pena voltar em homens como Aécio Neves?
ELIANE: DILMA SAI DA BERLINDA E OPOSIÇÃO ENTRA
Colunista Eliane Cantanhêde segue teoria levantada pelo 247 e vê mais "uma inversão na balança de uma eleição em tudo emocionante"; segundo ela, Aécio Neves (PSDB) entrou na berlinda por "reagir mal, em nota demasiadamente enxuta e entrevistas balbuciantes, à denúncia sobre pista de pouso que lhe serve de acesso a uma fazenda da família"; já Eduardo Campos (PSB), "se vê no meio do mundo nebuloso sobre compra de apoios"
24 DE JULHO DE 2014 ÀS 07:06
247 – A colunista Eliane Cantanhêde segue teoria levantada pelo 247 de que a presidente Dilma Rousseff trocou de lugar com a oposição na berlinda. “Mais uma inversão na balança de uma eleição em tudo emocionante”, diz a jornalista.
Ela relaciona a decisão favorável do TCU a presidente Dilma Rousseff sobre a compra de Pasadena às denúncias contra o aeroporto feito por Aécio Neves em Minas Gerais e sobre a suposta tentativa de suborno do PSB para o apoio do candidato de Eduardo Campos ao governo de Pernambuco.
“Aécio entrou na berlinda por reagir mal, em nota demasiadamente enxuta e entrevistas balbuciantes, à notícia de que usou quase R$ 14 milhões, quando governador de Minas, numa pista de pouso que lhe serve de acesso a uma fazenda da família”, diz. Já Campos, “se vê no meio do mundo nebuloso da palavra de um (a do deputado José Augusto Maia, do Pros) contra outro (a do seu partido, o PSB), sobre compra de apoios” (leia aqui).