SAFRA: NOVA ESTIMATIVA DO IBGE INDICA PRODUÇÃO 2,3% MAIOR
A sexta estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deste ano deverá ser de 192,5 milhões de toneladas, com crescimento de 2,3% em relação a safra do ano passado, de 188,2 milhões de toneladas, afirma o IBGE
9 DE JULHO DE 2014 ÀS 11:40
Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil
A sexta estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deste ano deverá ser de 192,5 milhões de toneladas, com crescimento de 2,3% em relação a safra do ano passado de 188,2 milhões de toneladas.
Os dados fazem parte do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de junho, divulgado hoje (9), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o IBGE houve um pequeno crescimento de 0,1% nas estimativas de junho, comparativamente a maio.
Os números divulgados indicam que houve crescimento de 6,6% na estimativa da área a ser colhida em 2014, que chegará a 56,3 milhões de hectares, contra os 52,9 milhões da área colhida no ano passado e 0,2% em relação a maio.
Os destaques nas estimativas divulgadas ficaram por conta de três produtos: arroz, milho e soja, que somados, representaram 91% da produção nacional e responderam por 85,1% da área a ser colhida.
Em relação ao ano anterior, houve acréscimos de 0,3% para o arroz, 8,6% para a soja e estabilidade na área a ser colhida com o milho. No que se refere à produção, os acréscimos foram 4,3% para o arroz e 6,0% para a soja. Para o milho, houve diminuição de 5,3% quando comparado a 2013.
Regionalmente, os dados divulgados pelo IBGE indicam que dos 80,1 milhões de toneladas, a Região Centro-Oeste responderá por 41,6% da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas; seguida da Região Sul, com 72,7 milhões de toneladas e 37,8% da produção total. Na Região Nordeste, a produção será 17,4 milhões de toneladas (9%) da produção nacional; Sudeste 17,2 milhões de toneladas (8,9%); e Norte, 5,1 milhões de toneladas.
Outra constatação da pesquisa é que dos 26 principais produtos 18 apresentaram variação percentual positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior, com destaques para o algodão herbáceo em caroço (alta de 26,5%); arroz em casca (4,3%), aveia em grão (6,8%), batata-inglesa primeira safra (8%); café em grão - canephora (16,9%); cebola (14%); feijão em grão primeira safra (48,7%); e mamona em baga (196,9%).
A produção de arroz em casca deve chegar a 12,3 milhões de toneladas, volume 4,3% maior que 2013. O Rio Grande do Sul é o principal produtor, devendo responder por 68,1%. Embora as áreas de cultivo não apresentem grande variação, os produtores gaúchos nos últimos anos têm trabalhado para elevar o rendimento médio do produto por meio da melhoria das técnicas de plantio e dos tratos culturais.
Já o milho, apesar de responder por grande parte da produção de grãos deverá ter safra 5,3% menor que a de 2013, atingindo 76,3 milhões de toneladas. Segundo o IBGE, a queda da produção do milho primeira safra chegou a alcançar 8,7% em relação a 2013, enquanto a produção do milho segunda safra apresenta queda de 2,9% em relação ao ano anterior.
"Essa base de comparação é elevada, já que, em 2013, a produção do milho segunda safra foi recorde em decorrência do clima muito favorável e do preço, que subiu devido à quebra da safra americana", justificou o instituto.
No que diz respeito à soja em grão, a produção estimada deverá alcançar 86,6 milhões de toneladas, aumentando 6% em relação a 2013. Os produtores investiram no plantio da leguminosa aproveitando-se do preço compensador praticado pelo mercado. O estado de Mato Grosso é o principal produtor, com 30,4%, seguido pelo Paraná (17,1%).
Impulsionada pelos preços da arroba, a estimativa de produção do algodão herbáceo (em caroço) é 4,3 milhões de toneladas, um crescimento 26,5% em relação ao ano anterior. Os produtores aumentaram a área plantada com a cultura em 21% em razão dos preços terem aumentado após dois anos em queda. O principal produtor é Mato Grosso, que participa com 58% do total nacional (2,5 milhões de toneladas), volume 33,7% maior que do ano anterior.
TRAGÉDIA MESMO SERIA PERDER FORA DE CAMPO
O que aconteceu ontem no Mineirão foi apenas um jogo de futebol, onde quem se preparou melhor e jogou melhor venceu. Apenas isso
Eis que, novamente, os abutres sobrevoam a carniça nacional. Tentam, agora, transformar o fiasco de um time de futebol mal convocado, mal treinado e mal escalado por seu treinador num vexame nacional. Mas o que aconteceu ontem no Mineirão nada tem a ver com a capacidade brasileira de organizar grandes eventos, com os destinos da nação e muito menos com as eleições presidenciais de outubro. Foi apenas um jogo, onde quem se preparou melhor e, por isso, jogou melhor, venceu. Nada mais justo e merecido.
Tragédia real mesmo seria perder o jogo fora de campo. E nada disso aconteceu. A Copa do Mundo, sim, merece ser chamada de #copadascopas, porque, a despeito de todas as previsões catastróficas desses mesmos abutres, tudo funcionou a contento. Vários aeroportos foram reformados, as arenas encantaram o mundo e o nível técnico, salvo o da seleção brasileira, foi, talvez, o melhor desde a Copa de 1970. Os estrangeiros que aqui vieram se encantaram com a alegria do povo brasileiro, com a hospitalidade dos voluntários e também com a organização do evento. Certamente, a grande maioria está disposta a voltar. Nunca, em toda sua história, o Brasil obteve tanta propaganda positiva como durante o Mundial, um período em que até jogadores alemães como Schweinsteiger e Podolski se renderam ao fascínio brasileiro, postando mensagens favoráveis em suas redes sociais.
A derrota nos gramados, no entanto, deveria servir para algumas reflexões e autocríticas. A começar pelo próprio jornalismo. Antes da Copa, dizia-se que o Brasil chegava mal preparado fora de campo, mas com uma ótima seleção. O que se viu foi o contrário. Do lado de fora, as coisas funcionaram, mas o jogo da seleção foi sofrível. Basta recordar como foram os jogos. Contra a Croácia, o Brasil precisou de um pênalti inexistente para desempatar. Contra o México, teve menos de posse de bola e não saiu do zero a zero. Na vez de Camarões, o Brasil goleou, mas enfrentou uma adversário já desclassificado. No primeiro mata-mata, o Chile só não venceu porque se acovardou, tentando levar a decisão para os pênaltis. Apenas no primeiro tempo contra a Colômbia, houve algum lampejo de futebol. Quando chegou a vez da tricampeã Alemanha, menosprezada pelo Brasil (!!!), a realidade se impôs de forma dura, porém pedagógica.
Assim como erraram antes da Copa, ao dizer, iludidos que estavam com a vitória na Copa das Confederações, que a seleção chegava bem preparada para o Mundial, os cronistas esportivos erram novamente ao demandar uma guinada de 180 graus no futebol brasileiro, como se tudo aqui estivesse errado. O Brasil ainda é um dos maiores celeiros de craques do mundo e tem agora, com suas novas arenas, totais condições de trazer de volta os torcedores e suas famílias aos estádios. Com uma preparação consistente, ou seja, trabalho, a seleção terá plenas condições de conquistar novos títulos.
E nem mesmo à Confederação Brasileira de Futebol deve ser debitado o fracasso da seleção. Eleito para um mandato tampão após a tormentosa saída de Ricardo Teixeira, o presidente José Maria Marin buscou o caminho mais seguro, ao apostar no técnico Felipão. Pentacampeão em 2002, ele parecia ser, de fato, o nome mais propício para inspirar confiança na equipe e também na própria sociedade brasileira, que cobra resultados de sua seleção como se disso dependesse sua autoestima. Se tivesse sido derrotado com Mano Menezes, por exemplo, Marin seria criticado por não apostar num técnico experiente. Agora, com um horizonte de quatro anos pela frente até o Mundial da Rússia, o novo presidente da CBF, Marco Polo del Nero, terá o tempo e a tranquilidade necessárias para organizar uma boa equipe.
Erros graves mesmo foram os de Felipão. Um técnico que não se reciclou, que chamou jogadores desconhecidos dos brasileiros e não foi capaz sequer de dar uma chance a Evérton Ribeiro, meia cruzeirense, que, nos últimos anos, tem sido o melhor jogador do Brasileirão, atuando na melhor equipe do País. Apostar em Fred e ter no banco Jô era, realmente, flertar com a tragédia. Escalar Ramires, Fernandinho e William, deixando Hernanes no banco, também parece ilógico.
Mas o grande erro mesmo foi a pressão psicológica imposta à equipe. Antes mesmo da Copa, o assistente Carlos Alberto Parreira afirmou que o Brasil era favorito absoluto, adotando o discurso "ganhar ou ganhar". Mais prudente teria sido dizer que a seleção passava por uma renovação e que os jogadores dariam o melhor de si. Apenas isso. Colocar sob os ombros de jovens de vinte e poucos anos a responsabilidade de apagar o "Maracanazo de 1950", do qual ninguém mais, salvo os cronistas esportivos, se recordam, foi outro equívoco.
Toda essa pressão psicológica se refletiu em campo, seja no choro antes dos pênaltis contra o Chile, nas lágrimas de Julio Cesar após defendê-los, no hino cantado agarradinho, na camisa de Neymar segurada por David Luiz no Mineirão e no apagão sofrido contra os alemães, que talvez nem tenha sido um apagão, mas o próprio retrato da realidade. Nos últimos quatro anos, os alemães se prepararam para chegar onde chegaram. O Brasil acreditou que poderia vencer no embalo. Perdeu dentro de campo, mas venceu fora dele. E é isso que deve dar orgulho ao povo brasileiro nesta #copadascopas.