MANTEGA PODE ESQUENTAR A ECONOMIA NA ELEIÇÃO?
Ministro da Fazenda anuncia medidas de incentivo ao setor imobiliário; Banco Central libera R$ 10 bilhões para bancos darem mais crédito ao público; depois de ver inflação recuar para 0,14% na segunda quinzena de agosto, governo busca confirmar "indicadores antecedentes" para levantar o PIB até o final do ano; missão é árdua, mas possível; confiança da população aumenta, chegando a ser a maior entre 24 países pesquisados agora; estratégica, indústria automobilística prevê elevação de 14% nas vendas no segundo semestre; mas previsões do mercado financeiro para o PIB são todas declinantes; Guido Mantega repica aposta na economia real para aquecer ambiente; vai conseguir?
20 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 18:15
247 – Um problema resolvido, outro pela frente. O IBGE anunciou nesta quarta-feira 20 que a inflação nos primeiros 15 dias de agosto deverá ficar em 0,14%, o que confirma a tendência de queda e tira da frente do governo o que fora apresentado como um questão insolúvel. Agora que a inflação demonstra não ser um ponto negativo da política econômica, o desafio do governo está em aquecer a atividade a tempo, ainda este ano, de escapar das projeções pessimistas do mercado financeiro. As previsões para o PIB de 2014 caíram nas últimas 22 semanas.
Na tentativa de levantar as expectativas em pleno momento eleitoral, e ter respostas imediatas na atividade da economia, o ministro Guido Mantega anunciou também hoje medidas para o setor imobiliário. Ao mesmo tempo, o Banco Central liberou para os bancos nada menos que R$ 10 bilhões do compulsório, para serem destinados ao crédito.
- É justamente porque a inflação está absolutamente controlada que estamos tomando essas medidas de flexibilização, a fim de irrigar com crédito alguns setores da economia", explicou o ministro, sobre a nova aposta na economia real.
As chances de funcionar não são desprezíveis, mas não há garantias, é claro. Nos “indicadores antecedentes”, o que se tem é a redução na inadimplência da famílias e a elevação do otimismo. O Brasil ficou em primeiro lugar, entre outros 23 países, num ranking sobre expectativas formadas para a economia.
Num setor estratégico, o de automóveis, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) acredita que, no segundo semestre, as vendas irão aumentar em até 14%, como resposta às medidas de incentivo baixadas antes pelo governo.
Para o setor imobiliário, a iniciativa de simplificação no processo de compra e venda e ampliação de garantias para o crédito do sistema bancário pode significar até mais R$ 25 bilhões em circulação no setor, a médio prazo. O desafio do governo é fazer com que as medidas surtam efeito de imediato.
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito:
Wellton Máximo e Pedro Peduzzi – Repórteres da Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou, há pouco, medidas que facilitarão o crédito imobiliário e reduzirão a inadimplência. As ações envolvem a simplificação jurídica, a criação de títulos com isenção de Imposto de Renda e o fortalecimento de garantias.
As ações entrarão em vigor gradualmente. Segundo Mantega, o governo editará duas medidas provisórias, resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN) e fará emendas a projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional.
A primeira medida envolve a simplificação da aquisição de imóveis, cujas informações passarão a ser centralizadas em um único cartório. De acordo com Mantega, a centralização reduzirá os custos operacionais e acelerará o processo de compra e concessão de financiamentos imobiliários. A medida provisória com a alteração deve sair até o início da próxima semana.
O governo também lançará uma nova modalidade de títulos privados para fornecer recursos para os financiamentos imobiliários. Chamado de Letra Imobiliária Garantida, o novo papel será emitido pelos bancos e terá isenção de Imposto de Renda e dupla garantia, com cobertura da instituição financeira emissora e carteira imobiliária separada dos demais ativos do banco, caso a instituiçãos seja liquidada. Investidores estrangeiros também poderão comprar o papel.
O novo título complementará as letras de Crédito Imobiliário (LCI), que atualmente movimentam R$ 100 bilhões. “O novo papel tem vantagens em relação à LCI porque tem mais garantias e está dentro dos padrões internacionais, o que permite que a poupança estrangeira passe a financiar a aquisição de imóveis no Brasil”, disse o ministro. A criação do título depende de medida provisória.
O governo também anunciou um incentivo para que imóveis quitados sejam usados como garantia em qualquer tipo de operação de crédito. Agora, até 3% dos recursos da caderneta de poupança aplicados no mercado imobiliário poderão ser usados para operações de crédito, de qualquer finalidade, que tenham imóveis quitados como garantia. De acordo com o Ministério da Fazenda, a medida poderá gerar até R$ 16 bilhões em novas operações. A mudança passa a valer a partir quando o governo editar resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Além de estimular o crédito imobiliário, o governo incentivará o crédito consignado privado. Atualmente, a maior parte do crédito consignado (com desconto na folha de pagamento) é concedido a aposentados e a servidores públicos. Para os trabalhadores privados, essa modalidade de crédito não decolou, segundo Mantega, porque, muitas vezes, as empresas trocam de banco por meio do qual pagam os salários dos empregados.
Agora, o tomador do crédito poderá autorizar a instituição financeira a debitar o valor da prestação no mesmo momento em que o salário é depositado na conta corrente. Hoje, a empresa desconta a parcela do salário do empregado e repassa o dinheiro para o banco que concedeu o empréstimo num momento posterior.
De acordo com o ministro, na prática, a medida permite que a empresa troque de banco para o pagamento dos salários, mas a conta que recebeu o empréstimo deve permanecer na instituição financeira original. A mudança será implementada por meio de medida provisória.
O governo facilitou ainda a tomada de bens móveis (carros, caminhonetes, caminhões, ônibus, tratores e máquinas) pelos bancos em caso de inadimplência. O tomador do empréstimo poderá autorizar diretamente a recuperação do bem financiado em caso de inadimplência, dispensando ações na Justiça. Segundo Mantega, a mudança será feita por meio de emenda a projetos de lei em tramitação no Congresso e permitirá que os bons pagadores consigam financiamentos com juros mais baixos e maior segurança jurídica.
O secretário executivo da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, explicou melhor a medida: o governo decidiu simplificar a cobrança de crédito em atraso. As instituições financeiras não precisarão mais entrar na Justiça para pedir a dedução de tributos referentes a prejuízos com empréstimos em inadimplência. A medida beneficiará operações de crédito sem garantia de até R$ 100 mil e operações com garantia de até R$ 50 mil. Acima desses valores, continua a necessidade de cobrança judicial. A nova regra depende de medida provisória para passar a valer.
O governo facilitou ainda a tomada de bens móveis (carros, caminhonetes, caminhões, ônibus, tratores e máquinas) pelos bancos em caso de inadimplência. O tomador do empréstimo poderá autorizar diretamente a recuperação do bem financiado em caso de inadimplência, dispensando ações na Justiça. Segundo Mantega, a mudança será feita por meio de emenda a projetos de lei em tramitação no Congresso e permitirá que os bons pagadores consigam financiamentos com juros mais baixos e maior segurança jurídica.
O secretário executivo da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, explicou melhor a medida: o governo decidiu simplificar a cobrança de crédito em atraso. As instituições financeiras não precisarão mais entrar na Justiça para pedir a dedução de tributos referentes a prejuízos com empréstimos em inadimplência. A medida beneficiará operações de crédito sem garantia de até R$ 100 mil e operações com garantia de até R$ 50 mil. Acima desses valores, continua a necessidade de cobrança judicial. A nova regra depende de medida provisória para passar a valer.
De acordo com Mantega, as medidas contribuirão para aumentar a produtividade da economia e melhorar a competitividade do sistema financeiro. “As medidas melhoram a regulação do crédito brasileiro. O que todo mundo quer no Brasil é aumentar a competitividade, reduzir custos e simplificar as transações”, explicou.
GOVERNO ANUNCIA MAIS MEDIDAS PARA ESTIMULAR MERCADO DE CRÉDITO
Medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, envolvem simplificação das operações voltadas para o setor imobiliário e lançamento das letras imobiliárias garantidas, que ficarão isentas de Imposto de Renda; Mantega garantiu que estímulo ao crédito não aumentará a inflação
20 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 14:42
Reuters - O governo anunciou novas medidas para tentar estimular o mercado de crédito no Brasil, que envolvem simplificação das operações voltadas para o setor imobiliário e lançamento das letras imobiliárias garantidas, que ficarão isentas de Imposto de Renda.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou também que o tomador do crédito para bens móveis pode permitir a retomada do bem com menor burocracia em caso de inadimplência, a fim de reduzir os custos da operação. Segundo explicou Mantega, com essas ações, os custos das instituições financeiras serão reduzidos.
(Reportagem de Luciana Otoni; Texto de Patrícia Duarte)
Estímulo ao crédito não aumentará a inflação, diz Mantega
Pedro Peduzzi e Wellton Máximo - Repórteres da Agência Brasil
As medidas anunciadas hoje (20) pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central só puderam ser adotadas graças a um cenário de melhora da economia brasileira, conforme opinião manifestada pelo ministro Guido Mantega durante o anúncio das medidas adotadas por sua pasta. Segundo ele, apesar de estimularem o crédito, as medidas não deverão aumentar a inflação no país.
"O BC tem sido muito bem sucedido. A inflação está sob controle, e com o preço de alimentos caindo. Foi por isso que ele [BC] resolveu irrigar gradualmente a economia, com medidas que melhorarão o crédito" também de forma gradual, disse Mantega. Segundo ele, a economia do país "está sólida" e não patinando como dizem alguns críticos.
"É justamente porque a inflação está absolutamente controlada que estamos tomando essas medidas de flexibilização, a fim de irrigar com crédito alguns setores da economia", disse o ministro. "A Copa do Mundo foi boa, apesar de ter [resultado em] menos dias úteis [para o país durante os jogos]. O cambio está estável; o fluxo de capital externo está positivo e despertando interesse no exterior. Além disso, a inflação no mês passado foi perto de zero, após vir caindo nos últimos quatro meses", argumentou.
Segundo ele, o endividamento das famílias tem caído nos últimos meses, bem como a inadimplência. Famílias estao habilitadas para isso, com famílias trabalhando e tendo sua massa salarial crescendo.
Mantega acrescentou que as medidas adotadas pelo governo são, em sua maioria, de âmbito regulatório, e fazem parte de um conjunto de esforços que buscam melhorar o marco regulatório. "A tendência", disse ele, "é reduzir o custo para consumidor e empresário, criando condições para redução do spread [diferença entre a taxa que os bancos pagam aos depositantes e a taxa cobrada nos empréstimos]. Mas isso é uma decisão do mercado, que é livre. O que nos cabe é criar condições para que esses custos baixem. Apenas demos as condições propícias para essa redução".
Ele nega que tais medidas tenham sido tomadas por motivos eleitorais. "Nosso ritmo não é político. Temos um fluxo de medidas que amadurecem até entrar em vigor. Mesmo durante ou após as eleições. É um fluxo permanente de medidas para aperfeiçoar o marco regulatório", justificou.
As medidas anunciadas começarão a vigorar a partir da publicação de duas medidas provisórias, o que, segundo o ministério, deve ser feito até a semana que vem. Algumas delas dependem, ainda, de resolução do Conselho Monetário Nacional.
BANCOS ELOGIAM MEDIDAS ECONÔMICAS: "PASSAM CONFIANÇA"
"Medidas de estímulo ao crédito imobiliário, de automóveis e de operações consignadas anunciadas nesta quarta (20) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, representam uma importante modernização do marco regulatório brasileiro e terão efeitos positivos de curto, de médio e longo prazo sobre a concessão de crédito com juros mais baixos"; quem diz isso é a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que elogiou as medidas em nota
20 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 20:05
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil Edição: Juliana Andrade
As medidas de estímulo ao crédito imobiliário, de automóveis e de operações consignadas anunciadas hoje (20) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, representam uma importante modernização do marco regulatório brasileiro e terão efeitos positivos de curto, de médio e longo prazo sobre a concessão de crédito com juros mais baixos. A avaliação é da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que elogiou as medidas em nota.
Para a entidade, as novas regras para aumentar as garantias e reduzir a burocracia nos empréstimos e financiamentos ampliarão a oferta e reduzirão o custo do crédito. Para a Febraban, as medidas melhorarão a expectativa e a confiança dos agentes econômicos.
Segundo a Febraban, a melhoria na qualidade das garantias e a maior rapidez na recuperação pelos bancos de bens de mutuários inadimplentes estimularão as instituições financeiras a oferecer crédito com juros mais baixos. “Quanto melhores forem as garantias e quanto mais simples e rápida for a sua recuperação em caso de inadimplência do tomador, maior será a disposição dos bancos para emprestar e menor será a taxa de juros”, destacou a nota.
Para a federação, o sucesso do crédito consignado (com desconto direto no salário do tomador) ilustra bem a relação entre boas garantias e a ampliação do crédito com queda nos juros finais. A entidade acrescentou que as medidas vinham sendo discutidas entre o setor financeiro e o governo há algum tempo.