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Nosso objetivo não é engrandecer um homem, o Presidente Lula, mas homenagear, como brasileiro que ama esta terra e esta gente, o que este homem tem provado, em pouco tempo, depois de tanto preconceito e perseguição ideológica, do que somos capazes diante de nós mesmos, e do mundo, e que não sabíamos, e não vivíamos isto, por incompetência ou fraude de tudo e todos que nos governaram até aqui. Não engrandecemos um homem, mas o que ele pagou e tem pago, para provar do que somos.

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sábado, 2 de maio de 2009

Sobra mais dinheiro para investir na economia




artigo, Paulo Di Blasi
A redução de um ponto percentual na taxa básica de juros pelo Copom não chegou a surpreender os especialistas. Com isto, a Selic ficará no patamar de 10,25% ao ano. Espera-se que, ainda este ano, a taxa caia mais, chegando a um dígito.

Só a título de comparação, no início do Plano Real, período da âncora cambial, que foi de julho de 1994 a janeiro de 1999 (seis meses de governo Itamar Franco e os quatro primeiros anos de governo de Fernando Henrique Cardoso), a taxa média Selic foi de 36,5% ao ano.

Apesar de ser o menor valor histórico, em comparação com outros países ainda temos uma das maiores taxas do planeta. Mas essa redução vai permitir ao governo uma economia de cerca de R$ 11 bilhões em juros por ano. Ou seja, sobra mais dinheiro para investimento na nossa economia. Esse efeito positivo demora cerca de quatro a seis meses para ser inteiramente absorvido pelos agentes econômicos e ter impacto positivo para a população com a melhora no nível de emprego e renda.

As aplicações em renda fixa devem cair para cerca de 8% a 8,5% líquidos ao ano, ou seja, uma taxa real entre 3% e 4% ao ano. Taxas de juros reais mais baixas estimulam aplicações em renda variável (ações) e imóveis (pela valorização do mesmo e recebimento de aluguel), que historicamente ganham entre 5% a 7% acima da inflação ao ano no longo prazo.

Com juros mais baixos a pressão de venda na cotação do dólar frente ao real diminui, o que deve beneficiar as exportações do Brasil ao longo do tempo, ajudando na geração de emprego e renda que tanto precisamos, especialmente em momentos de crise. [...]

[...] Para que o Banco Central consiga manter a trajetória descendente da taxa básica de juros, é inexorável que o risco país volte a cair para baixo dos 200 pontos básicos (2% de spread entre as taxas pagas por títulos do governo americano e títulos brasileiros no exterior), caso contrário, qualquer aumento que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) faça na taxa básica de juros americana, o Copom terá que agir da mesma forma, para que a taxa de câmbio não sofra fortes oscilações, de forma a manter o equilíbrio entre as taxas de juros das moedas.

Neste sentido, constata-se que o nível de nossa taxa Selic depende de fatores internos e externos. Deve-se manter um equilíbrio fiscal e a inflação controlada, além de uma credibilidade externa que aceite um baixo spread para comprar títulos brasileiros no mercado internacional.

Este é um artigo que mostra de forma bem didática o mecanismo da política monetária. Sem a ironia do post anterior é preciso entender que o Banco Central tem como foco principal, proteger o Real e manter a inflação dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, formado pelo presidente do BC e pelos mnistros da Fazenda e Planejamento. Em seu livro "Formigas e cigarras", o ex-minitro Antônio Palocci mostra claramente o quanto o presidente Lula influencia nessa meta.


Dinâmica da taxa Selic no governo Lula, Agência Estado



Reparem que esse gráfico mais se parece com um tobogã. Começa lá no alto, vai descendo, depois sobe um pouco e volta a cair. São curvas mais ou menos simétricas, mas sempre em um nível mais abaixo. Nele, temos três ciclos de alta. O primeiro logo no começo do governo Lula, em 2003, na sequência da crise cambial do fim do governo FHC. O governo se viu obrigado a radicalizar o choque monetário para baixar o dólar e a inflação.

O segundo ciclo começa no fim de 2004, ano de grande crescimento do PIB. Naquele período, o ciclo de investimentos ainda não era capaz de sustentar o ritmo de consumo e o choque de demanda fez a inflação aumentar. Os índices de atacado voltaram aos dois dígitos. O terceiro ciclo começou no segundo trimestre de 2008, pelo mesmo choque de demanda somado ao forte aumento dos preços das commodities no mercado internacional. A economia começou a ficar superaquecida e o Banco Central começou a apertar a política monetária para frear o consumo ao mesmo tempo em que forçava a cotação do dólar para baixo.

Nos dois ciclos iniciais, assim que a inflação voltava para o centro da meta, o Copom tornava a baixar os juros básicos e um novo clico começava. Este último foi abruptamente interrompido pela crise do subprime, que reverteu de forma radical as expectativas, derrubou o crédito e os preços das commodities. Os estoques muito altos inibiram investimentos e o PIB tombou de 6,8% no terceiro trimestre para 1,3% no quarto.

A pergunta que não quer se calar é: estamos presos a esses ciclos de altas e baixas da Selic? Acredito que sim, mas seguindo a trajetória do tobogã, sempre em um nível mais baixo e em ciclos mais curtos, até ela se estabilize num patamar, vamos dizer, mais estável.

É como uma armadilha criada por uma série de distoirções, que vão desde a fragilidade das contas públicas até o nível historicamente baixo de nossos investimentos produtivos. As curvas mais amenas nos últimos anos, significam que estas distorções estão sendo sanadas ou pelo menos minimizadas. Talvez não da forma e velocidade que gostaríamos, mas talvez da forma como é possível e sustentável.

O fato é que sempre que o consumo interno atinge um certo patamar mais aquecido que a oferta, chegamos a um ponto que muitos economistas chamam de "PIB potencial", ou seja, um ponto de crescimento que se superado causa maiores distorções fiscais, gerando como consequência inflação e déficits externos. No entanto, inversamente proporcional à curva da Selic, o PIB potencial brasileiro tem aumentado. Podemos alcançar taxas de crescimento maiores, sem maiores problemas.

Não fosse a crise internacional, é possível que a taxa Selic estivesse agora na casa dos 15%, na tentativa de desaquecer uma economia que teria crescido mais de 6% em 2008, acima do PIB potencial daquele período, que possivelmente estava em tornos 5%. Há 5 anos, esses mesmos 5% causariam distorções imensas.

Mas não se iludam, pois assim que a economia voltar a se aquecer um novo ciclo de alta virá, provavelmente menor e mais curto, até estarmos prontos para uma nova queda.

Precipitar esse movimento baixando juros além das chamadas taxas de equilíbrio é uma tentação e tanto, mas dificilmente irá interromper o mecanismo de ciclos, ao contrário, os tornaria mais radicais e instáveis.


http://www.aleporto.com.br/blog.php?tema=6&post=1742