(BR Press) - Segundo definição de Revista de Psicofisiologia, a esquizofrenia é um dos distúrbios mentais mais graves, que atinge cerca de 1% da população, principalmente entre 15 e 35 anos. Tal distúrbio é responsável pelo maior número de internações psiquiátricas. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam a doença como a terceira causa de perda da qualidade de vida entre pessoas de 15 e 44 anos. Atualmente, a esquizofrenia é retratada na novela global, 'Caminho das Índias', pelo personagem Tarso Cadore, interpretado pelo ator Bruno Gagliasso.
A esquizofrenia é uma doença crônica que se caracteriza por distúrbios do pensamento, com idéias de perseguição e perda das conexões lógicas, se manifestando tanto na linguagem falada como na corporal. Em outras palavras, esquizofrenia significa divisão, ou seja: a mente da pessoa cria uma separação entre o bom e o mau, o certo e o errado, como se os opostos fossem herméticos e não pudessem pertencer à mesma mente. É disto que provêm as alucinações, confundindo a pessoa do que é real ou não.
Tabus e preconceitos
Maura de Albanesi, psicoterapeuta e diretora do Instituto de Psicologia Avançada Amo, afirma que a esquizofrenia ainda é uma doença pouco conhecida pela sociedade, apesar do impacto social, pois está sempre cercada de muitos tabus e preconceitos. Essa doença, explica a especialista, pode se desenvolver gradualmente e tão lentamente que nem o paciente, nem as pessoas próximas, percebem que algo está errado. Assim, a esquizofrenia é diagnosticada só quando comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período entre a normalidade e a doença deflagrada, pode levar meses.
"Há, no entanto, pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão de poucas semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda as suas atitudes e entra no mundo esquizofrênico, o que geralmente alarma e assusta muito os parentes", explica a Dra. Maura. Não há uma regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar repentinamente e eclodir numa crise inesperada, como começar lentamente sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente depois de anos surgir uma crise característica.
Isolamento
Entretanto, comenta a psicoterapeuta, geralmente os primeiros sintomas são a dificuldade de concentração, prejudicando o rendimento nos estudos, além de tensão de origem desconhecida mesmo pela própria pessoa, insônia e desinteresse pelas atividades sociais com consequente isolamento. "Nos dias de hoje, os pais pensarão que se trata de drogas, os amigos podem achar que são dúvidas quanto à sexualidade, outros pensarão que são indagações existenciais próprias da idade", diz a especialista. Uma vez diagnosticada a doença, é melhor cuidar do paciente logo na fase inicial.
Como tratar?
Os antipsicóticos são os medicamentos mais indicados no tratamento da esquizofrenia e representam um grande avanço no tratamento da doença, com a redução das internações psiquiátricas e melhor integração dos pacientes à sociedade. No entanto, as atuações da psicoterapia e as técnicas escolhidas para o tratamento podem otimizar, efetivamente, os resultados quanto à redução dos sintomas.
"Os medicamentos tratam as principais características da esquizofrenia, mas questões relacionadas diretamente ao convívio social da pessoa requerem tratamentos complementares, como a reabilitação psicossocial e a psicoterapia. O tratamento psicoterapêutico visa integrar esta mente, e auxiliar a pessoa a perceber em si os conteúdos do seu inconsciente que estão se manifestando por meio das alucinações, que nada mais são do que projeções deste inconsciente que não é aceito pela pessoa. Uma vez que ela consegue perceber que tudo é produto de sua mente, poderá mais facilmente aprender a lidar com elas", esclarece a Dra. Maura.
Aliados
Os familiares são aliados importantíssimos no tratamento e na reintegração do paciente. É importante que estejam orientados sobre a doença para que possam compreender os sintomas e as atitudes do paciente, evitando interpretações errôneas. As atitudes inadequadas dos familiares podem muitas vezes colaborar para a piora clínica. O impacto inicial da notícia de que alguém da família tem esquizofrenia é bastante doloroso, porque a doença é pouco conhecida e sujeita a muita desinformação.
"Frequentemente, diante das atitudes excêntricas dos pacientes, os familiares reagem também com atitudes inadequadas, perpetuando um circulo vicioso difícil de ser rompido. Atitudes hostis, críticas e superproteção prejudicam. O certo é oferecer ao paciente apoio e compreensão para que ele possa ter uma vida independente e conviva satisfatoriamente com a doença", finaliza a psicoterapeuta.
http://br.noticias.yahoo.com/s/22062009/11/saude-esquizofrenia-tratar.html