O que acusa a máquina propagandística da direita (sobre “isentismo”) evidentemente não existe, do que é prova o mero exame da campanha que os grandes meios de comunicação movem contra o governo Lula há anos. Mas o “isentismo” a que a direita alude existe, sim, só que do lado da imprensa alternativa, que teima em minimizar a fantástica obra do governo federal. Alguns jornalistas que julgo sérios chegam ao ponto de embarcar na teoria absurda de que o governo Lula teria dado continuidade à política econômica desastrosa da direita tucano-pefelê quando governou o Brasil sob a batuta de Fernando Henrique Cardoso. Não se nega que conceitos como responsabilidade fiscal e respeito aos contratos foram consolidados por FHC e mantidos pelo governo Lula em contraposição à pregação pretérita do PT, que o partido abrandou em 2002 quando firmou a Carta ao Povo Brasileiro. Contudo, há muito que se atribui ao governo FHC (e que ele só adotou depois do desastre cambial de 1999) que Lula e o PT é que pregavam, até então. O câmbio flutuante, por exemplo, jamais foi uma política tucana. O PT, quando o país mergulhava no caos em 1998, já alertava para a necessidade de mudar o câmbio fixo, enquanto os tucanos e pefelês diziam ser desnecessário.
Hoje, o Brasil vai se tornando um “player” global por conta de uma reviravolta na condução econômica do país. Até os investimentos exponencialmente maiores no social durante a era Lula fizeram o Brasil se desenvolver como vem se desenvolvendo, ganhando importância e força inéditas em sua história. Milhões e milhões de famílias de regiões miseráveis do país passaram a contar com recursos financeiros que fizeram aquelas regiões economicamente estagnadas mergulharem num processo de desenvolvimento econômico e social sem precedentes, tudo graças a programas sociais como o Bolsa Família. O Estado, na era Lula, passou a ser a grande locomotiva do crescimento econômico lento, seguro e ascendente que o país começou a trilhar já a partir do segundo ano do governo Lula e que foi interrompido por seis meses por conta da maior crise econômica mundial em oitenta anos. Um crescimento que já recomeça a acontecer. Os investimentos do Estado brasileiro cresceram exponencialmente em contraposição à visão macroeconômica da direita tucano-pefelista, que pregava o absentismo econômico estatal, creditando ao “deus mercado” a condição e a prerrogativa exclusivas de promover o crescimento e o desenvolvimento.
A diversificação dos parceiros comerciais do Brasil no exterior também foi uma obra exclusiva do governo Lula. Só como exemplo, em 2002, último ano da nefasta era FHC, segundo dados do Ministério do Planejamento os EUA eram destino de um quarto das exportações brasileiras. Em 2008, esse percentual caiu para cerca de 14%. E continua caindo. Lula passou a viajar pelo mundo vendendo negócios com o Brasil. África, Ásia e América Latina ganharam peso muito maior na pauta exportadora brasileira, opondo-se à visão tucano-pefelê de que havia que concentrar os negócios nos países ricos, como se os dólares americanos e europeus fossem mais verdes do que os dólares africanos ou chineses. Mas está sendo durante esta crise econômica que estamos podendo constatar a diferença gritante entre a política econômica petista e a tucano-pefelista. Enquanto FHC, José Serra e o resto dos teóricos econômicos da direita pregavam, há poucos meses, redução dos investimentos estatais, Lula acelerou tais investimentos e, assim, está retirando o país da crise. A máquina propagandística da direita faz de conta que não vê, mas as pesquisas de opinião mostram que a sociedade entende a propriedade da forma como o governo Lula está enfrentando a crise financeira internacional, ou seja, através da liderança investidora do Estado.
Para mostrar adequadamente como a política econômica deste governo é diferente da do governo anterior seria preciso escrever um livro. Contudo, não será necessário. Mesmo que intuitivamente, os brasileiros, com exceção de um contingente mínimo de reacionários alucinados, sabem como a reversão na política econômica melhorou o país. Apesar do “isentismo” da imprensa alternativa, que se acha no dever de criticar este governo, ainda que de forma mais branda e responsável, a sociedade, cada vez mais, vai entendendo que, apesar de ter recebido uma herança maldita, Lula deixará ao sucessor uma herança bendita.