Lula: 'Desemprego não é culpa dos imigrantes pobres'
Ao falar em uma sessão do conselho sobre a relação entre direitos econômicos e direitos humanos, o presidente afirmou que os efeitos mais "perversos" da crise não devem ser jogados sobre os ombros dos países mais pobres.
-
"Efeitos mais 'perversos' da crise não devem ser jogados sobre os ombros dos países mais pobres
"Não são os imigrantes, os pobres do mundo, os responsáveis pela crise. Os responsáveis pela crise são os mesmos que por muito tempo sabiam como ensinar a administrar os Estados. Sabiam como ter ingerência nos Estados pobres da América Latina e da África."
Para o presidente, "esses mesmos senhores que sabiam de tudo um tempo atrás, hoje não sabem mais de nada. Não conseguem explicar como davam tantos palpites nas políticas dos países pobres e que não têm sequer uma palavra para analisar a crise dos países ricos".
Lula citou medidas para legalizar a situação de trabalhadores estrangeiros no Brasil, aprovadas recentemente pelo Congresso, como um exemplo de política a ser seguido.
"No Brasil, nós acabamos de legalizar centenas de milhares de imigrantes que viviam ilegalmente no país. Para dar uma resposta, um sinal aos preconceituosos, aqueles que imediatamente querem encontrar os responsáveis pela sua própria desgraça, o seu desemprego", disse.
Direitos econômicos e humanos
Em outro momento de seu discurso, o presidente fez uma relação entre direitos econômicos e direitos humanos.
"A realização dos direitos econômicos é importante para preservar direitos civis e políticos, para consolidar o Estado de Direito, e para construir sociedades democráticas, justas e prósperas", afirmou Lula.
Ele afirmou que o Brasil investe na cooperação sul-sul como forma de promover os direitos humanos, citando exemplos como a contribuição para a luta contra a Aids na África, e a participação em um projeto de inclusão social na Palestina.
"No Haiti, emprestamos um novo significado às operações de paz da ONU ao demonstrar que, para se obter a verdadeira paz, não basta combater a violência pela força das armas; deve-se, ao contrário, promover o desenvolvimento econômico e, com ele, a inclusão e justiça social", continuou.
Ele disse também que avanços sociais no Brasil - que ele atribuiu ao Fome Zero, Bolsa Família, redução dos níveis de pobreza e elevação do salário mínimo - também melhoraram as condições dos direitos humanos no país.
"A crise financeira, que nasceu da desregularização das economias mais ricas, não será pretexto para incentivar o descumprimento das obrigações de cada Estado com a promoção e proteção dos direitos humanos. Tampouco deve conduzir a que sejam descumpridos compromissos com os mais necessitados", ressaltou Lula.
http://noticias.uol.com.br/bbc/2009/06/15/ult5017u219.jhtm
Lula pede ao Oriente Médio que aproveite os ventos da mudança
"Quero fazer um apelo pela paz. Me somo às outras vozes que têm proclamado mudanças no Oriente Médio", declarou Lula, em uma provável referência ao presidente americano, Barack Obama, e a seu recente discurso para o mundo muçulmano.
"Não podemos desperdiçar os novos ventos de mudança", advertiu o presidente em um discurso antes de sua participação em uma reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
No domingo, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu aceitou pela primeira vez o princípio de um Estado palestino, mas com condições que foram rejeitadas de imediato pelos palestinos.
Lula pede nova ordem econômica que recompense produção e não especulação
"Como dirigente de um país em desenvolvimento, espero que da crise surja uma nova ordem internacional que recompense a produção e não a especulação", afirmou o presidente do Brasil.
"Esta nova ordem também deve respeitar as normas meio ambientais viáveis e transformar o comércio internacional em um instrumento de desenvolvimento para uma distribuição mais justa da riqueza", completou Lula, antes de participar em uma reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a crise.
O presidente pediu que todos os países, ricos e pobres, debatam juntos a crise, suas causas, efeitos e as soluções.
Também denunciou no discurso, muito aplaudido pelos membros do Conselho, os "efeitos perversos" da crisis, que afeta os emigrantes e os mais pobres, que não são os responsáveis pela recessão que afeta vários países.
Lula recordou que prestar atenção aos direitos humanos é uma parte indispensável de qualquer estratégia para superar os efeitos da crise mundial que explodiu em setembro de 2008.
"A crise financeira, que nasceu da desregulamentação das economias mais ricas, não é um pretexto para estimular o descumprimento das obrigações de cada Estado com a promoção e a proteção dos direitos humanos", explicou o presidente, que deve se reunir em Genebra com o colega francês Nicolas Sarkozy.
"Também não deve levar ao descumprimento dos compromissos com os mais necessitados", completou, antes de lembrar que o Congresso do Brasil acaba de aprovar uma lei que regulariza a situação de milhares de emigrantes.
Após a visita a Genebra, Lula viajará para a Rússia, onde participará na terça-feira da reunião dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
Lula promete Olimpíadas mais bonitas da história se Rio for a sede de 2016
"Penso que a beleza natural do Rio trará consigo os mais belos Jogos Olímpicos da hitória", declarou Lula em Lausanne, poucos dias antes da apresentação da candidataura da cidade para organizar o evento.
"O COI deve considerar a organização dos Jogos Olímpicos como uma oportunidade para transformar a realidade de um país", completou, antes de afirmar que as Olimpíadas "precisam, da maneira mais democrática possível, percorrer todos os continentes".
Segundo Lula, os Jogos Olímpicos não devem ser propriedade exclusiva dos países ricos.
"O COI deve levar em consideração a importância da América Latina".
A comissão de avaliação do COI, que já visitou as quatro cidades candidatas, Chicago, Madri, Tóquio e Rio de Janeiro, deve publicar seu relatório sobre as cidades nas próximas semanas.
No dia 2 de outubro, em Copenhague, será anunciada a cidade eleita para organizar as Olimpíadas.