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Nosso objetivo não é engrandecer um homem, o Presidente Lula, mas homenagear, como brasileiro que ama esta terra e esta gente, o que este homem tem provado, em pouco tempo, depois de tanto preconceito e perseguição ideológica, do que somos capazes diante de nós mesmos, e do mundo, e que não sabíamos, e não vivíamos isto, por incompetência ou fraude de tudo e todos que nos governaram até aqui. Não engrandecemos um homem, mas o que ele pagou e tem pago, para provar do que somos.

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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Como o Repórter Esso consolidou o (mau) padrão de jornalismo


Notas curtas e sucessão vertiginosa de assuntos diferentes entre si. Uma síntese noticiosa que, ao final, deixa uma sensação de vazio, como se nada realmente relevante merecesse ficar na memória. E uma edição de informações que esconde, literalmente, fatos que tentam conduzir o Brasil para mudanças sociais e para um projeto de desenvolvimento soberano.


Este formato de jornalismo radiofônico e televisivo foi inaugurado no Brasil pelo lendário programa Repórter Esso, que foi ao ar pela primeira vez em 28 de agosto de 1941. Mesmo quem não viveu a época continua influenciado por ele. Basta lembrar a permanência de um prêmio jornalístico que leva o nome da empresa de petróleo norteamericana e o uso ainda frequente de expressões como “deu no repórter”, em alusão a notícias vistas ou ouvidas.

Porém, a principal influência do Repórter Esso continua forte através da manutenção do formato do noticiário, usado por todos os telejornais e programas radiofônicos de noticias. E especialmente através do mesmo registro ideológico. Normalmente lembrado apenas pela excelência técnica, o famoso programa é objeto agora de uma nova abordagem, através do livro O Repórter Esso — A Síntese Radiofônica Mundial que Fez História, do professor de Comunicação Luciano Klöcner, da PUC Rio Grande do Sul.

“Na análise do discurso do noticiário, e através de documentos que comprovam sua origem, procurei comprovar que o Repórter Esso era um produto a favor dos interesses estadunidenses na América Latina, do governo e da multinacional Esso”, conta Klöcner, que teve acesso a todas as gravações que foram ao ar nos anos 1940 e 50 e que ainda estão preservadas nos arquivos da Rádio Nacional.

O programa foi elaborado por uma agência de publicidade, a McCan, que redigia o noticiário a partir dos Estados Unidos, desde o início até 31 de dezembro de 1968, quando foi ao ar a última edição no rádio. Uma das metas do programa era impedir que o Brasil criasse sua própria empresa petrolífera.

“Em todos os programas que pude ouvir, a Petrobras não é citada uma única vez, mesmo quando era um dos assuntos mais importantes da agenda brasileira”, atesta o professor. O tema petróleo era sempre abordado de forma subliminar, através de notícias sobre a deposição ou morte de lideranças árabes que buscavam nacionalizar a exploração das reservas, ou de conflitos sociais supostamente causados por tentativas semelhantes.

Passada a Segunda Guerra Mundial, o noticiário ostensivo a favor dos Aliados cede lugar ao discurso anticomunista, tão ou mais ostensivo que o anterior. Frases como “sanguinários comunistas” ou de sentenças como “cada nação livre na luta de vida ou morte contra o comunismo terá de contribuir com aquilo de que disponham, armas, materiais ou tropas”.

Outra característica do programa, pelo menos até a entrada do Brasil na Segunda Guerra, era a total ausência de notícias locais. A Esso, que patrocinava integralmente o programa, levava ao público apenas notícias que lhe interessavam comercialmente.

Em 1957, a Câmara dos Deputados instalou uma CPI para investigar as ações da Esso e da Shell no Brasil, trazendo à tona diversas informações sobre as atividades das empresas e das embaixadas norte-americanas. Evidentemente sem repercussão adequada na imprensa, a CPI tornou-se apenas objeto de pesquisadores.

O Repórter Esso também chegou à TV, mas morreu quase na mesma época que no rádio. “Foi embora sem transmitir a chegada do homem à Lua”, destaca Klöcner, que, garoto, presenciou a comoção gerada pelo fim das transmissões.

Esse fim teve ao menos duas causas. A primeira delas, segundo o livro, uma eficaz estratégia de marketing da concorrente Shell, que passou a patrocinar atrações musicais e a adotar como garotos-propagandas estrelas como Roberto Carlos e Wilson Simonal. Com menos custos que a Esso e com um apelo muito popular, a Shell avançou sobre os consumidores, levando a Esso a repensar sua estratégia.

Ao mesmo tempo, houve a entrada da Globo — outrora apenas um jornal do Rio — na TV, turbinada por um acordo milionário com o grupo norte-americano Time-Life, que também queria um canal de divulgação das ideias e ideais dos Estados Unidos. “O Repórter Esso ficou espremido, já havia cumprido seu papel”, diz o autor da pesquisa.

Como já se disse, deixou herdeiros. Para Klöcner, exemplos claros da influência são as notinhas publicadas pela Folha de S.Paulo, escondendo fatos importantes, e em programas como Repórter CBN, além, é claro, do Jornal Nacional. Para o professor, é extremamente necessário mudar o cenário das telecomunicações no Brasil, fortalecendo mídias alternativas e derrubando o atual regime de concessões, que ele chama de resquício da ditadura.

Fonte: Jornal da CUT

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=59390