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Nosso objetivo não é engrandecer um homem, o Presidente Lula, mas homenagear, como brasileiro que ama esta terra e esta gente, o que este homem tem provado, em pouco tempo, depois de tanto preconceito e perseguição ideológica, do que somos capazes diante de nós mesmos, e do mundo, e que não sabíamos, e não vivíamos isto, por incompetência ou fraude de tudo e todos que nos governaram até aqui. Não engrandecemos um homem, mas o que ele pagou e tem pago, para provar do que somos.

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sábado, 25 de julho de 2009

Considerar a biografia do acusado

Falei que ia dar um tempo no blog, mas não resisti. O negócio é o seguinte. Às vezes, procuro alguma coisa para criticar o Lula, e aí, ontem, assisti na TV a âncora anunciar, com voz embargada: "Lula diz que Ministério Público precisa levar em conta a biografia das pessoas", então pensei. Pronto, é agora, Lula falou merda, vou lá criticar. O Paulo Henrique Amorim foi mais rápido e fez uma crítica forte ao pronunciamento do presidente. Mas aí eu refleti melhor. Ué, mas não é essa justamente a tarefa do juiz e do júri? Avaliar as circunstâncias, a vida, a biografia, da pessoa, para conceder atenuantes ou agravantes ao crime? Se o sujeito levou uma vida de ilícitos, isso será um agravante. Se levou uma vida ilibada, sem nenhuma passagem pela justiça, isso será um atenuante. Ah, procurador não é juiz, dirão alguns. Ora, é sim. A partir do momento em que redige uma peça de acusação, ele também emite, inevitavelmente, um julgamento, ainda mais porque ele sempre terá, diante de si, alternativas diversas, e o certo é que escolha combater o mal maior. Não nos interessa grandes procuradores de roubo de galinha, e sim aqueles que tenham coragem de ir atrás dos verdadeiros larápios da nação.
Em se tratando de homens públicos, é preciso ainda mais cuidado, porque uma acusação infundada pode destruir a vida e a carreira de um político importante para o pais, como já ocorreu algumas vezes. Uma das práticas mais comuns da luta política, é lançar acusações sobre o adversário, falsas ou não, e o Ministério Público deve ser prudente para não se envolver de forma parcial nessas querelas partidárias, nas quais as mídias participam intensamente.
Enfim, o Sarney. Não sou advogado do Sarney, mas fico puto porque sei que a oposição, em conluio com a mídia, quer derrubá-lo para desestabilizar politicamente o governo. Isso prejudica a economia brasileira. Estamos em plena crise mundial, e o Senado, em vez de trabalhar, de votar leis que ajudem o país a recuperar o ritmo admirável de crescimento que vinha mantendo até poucos meses atrás, perde tempo e desvia as energias do país nessas crises infladas e golpistas. A mídia corporativa não descansará enquanto não derrubar o Sarney, e já começou a acionar todos os seus "gargantas profundas" dentro das instituições. Qualquer escrúpulo quanto a "Estado policial", vazamento de diálogos sob segredo de Justiça, tudo isso foi repentinamento esquecido.
Mas vamos aos diálogos em si. A netinha do Sarney, com voz de criança, pede ao pai para articular um emprego para seu namorado. Até aí tudo bem, é a coisa mais normal do mundo. O problema é que se trata de um emprego no Senado, um cargo público. Os jornais reproduzem, ad infinitum, a conversa. Até o "Oi, pai" da menina soa como um crime capital. Vamos por partes:
1) Não é crime. Até a aprovação da lei anti-nepotismo, em data recente, não era crime empregar parentes, e por isso quase todos os senadores empregavam parentes. É preciso não esquecer que nepotismo é uma prática sobretudo da direita. Tanto que a "nova liderança" da direita é toda "nepótica": ACM Neto e Rodrigo Maia, neto e filho, respectivamente, de chefes políticos do DEM.
O senador é eleito e tem bastante liberdade, conferida pela lei e pela democracia, de escolher os funcionários do Senado. Os senadores ligados às bases sindicais, contudo, não têm a cara-de-pau de escolher parentes, porque devem prestar contas às... bases sindicais. De forma que, antes da lei, isso era uma prática comum; eticamente questionável, mas perfeitamente constitucional. Existe um conceito em justiça chamado Direito Consuetudinário, que são os costumes. Se era um costume e todos os senadores praticavam, não é o caso de crucificar o Sarney como querem fazer. Há crimes muito mais cabeludos no Senado.
2) Todos os que fingem horror fizeram o mesmo. Ou seja, não tem sentido pedir a renúncia de Sarney por causa disso. Tem que mudar as práticas, como já foi feito, proibindo o nepotismo. Se for para renunciar, então que renunciem todos os senadores de uma vez. Ou melhor, que se feche logo o Senado. Seria uma excelente notícia para o Brasil, aliás. Ficaríamos só com o Congresso Nacional, que pode muito bem dar conta sozinho do recado.
3) Arthur Virgílio, por exemplo, deve ficar quietinho, porque fez muito pior. Os parentes de Sarney pelo menos trabalham. E ele, Virgílio, que pagou salário por mais de dois anos para um rapazinho flanar ocioso em Paris?
4) Por fim, só estou esperando aquela mula do Fernando Henrique Cardoso falar alguma coisa. A filha dele recebeu, por anos a fio, salário do gabinete do senador Heráclito Fortes. Nem aparecia por lá. Ou seja, tinha um emprego no SENADO DA REPÚBLICA (uso caixa alta para imitar a pompa com que a Lúcia Hippólito se refere ao Senado, evidentemente sempre com aquela indignação seletiva que conhecemos). Ah, detalhe, a filha do FHC ganhava muito mais do que o namorado da neta do Sarney. O Nassif imaginou como teria sido o diálogo entre FHC e Heráclito Fortes. Reproduzo abaixo:
Suponha a seguinte conversa entre FHC e Heráclito Fortes (que nomeou sua filha funcionária-fantasma):
FHC - Caro Heraclito, preciso de um favor seu. HF - Diga, meu presidente. FHC - Minha filha quer ficar em Brasília e precisa de algum lugar aí para garantir seu salário. Poderia arranjar uma vaga para ela:
HF - Algum lugar específico? FHC - Não. Pode ser até como assessora pessoal sua, sem o compromisso de vir diariamente ao Senado para não expô-la. HF - Pois não, senhor presidente, aqui o senhor manda.
É um diálogo imaginário, porém verossímil. Se a conversa não foi assim, foi parecida. A única diferença do Sarney, é que não foi gravada - e a mídia quer o pescoço do Sarney, não a moralização dos costumes. Mas tentar incriminar FHC por isso é algo tão ridículo quanto essa criminalização da boquinha - à qual recorre o mundo político em massa.
Em vez de atacar a boquinha e discutir formas de eliminá-la, usa-se o vício para objetivos escusos: derrubar o presidente do Senado e transformar a casa em fator de instabilidade política.
*A gente até entende o Sarney. Ele é do Maranhão, é um político conservador, que apoiou durante um tempo a ditadura. Vem de uma família tradicional de políticos, onde o nepotismo sempre foi natural. O que é inacreditável é FHC, todo metido a moderninho, a ético, a republicano moderno, pedir emprego (sim, porque foi ele que pediu, segundo confessou o próprio Heráclito) para sua filha, e emprego fantasma ainda por cima!
Tem outro caso, que é o fato de FHC ter articulado, e conseguido, que seu genro fosse diretor da Agência Nacional do Petróleo. Mas FHC é queridinho da mídia, e pode tudo...
*Há uma outra observação importantíssima. Quem está investigando os parentes de Sarney, e o próprio Sarney, é a Polícia Federal. Esqueceram disso? É muito bonito ver que a PF investiga inclusive aliados importantes do governo. Isso nunca aconteceria no governo FHC, que mandava parar qualquer investigação envolvendo aliados. O problema, muito grave, são esses vazamentos hiper-seletivos. Expuseram essa menina, a neta do Sarney, à execração pública. Ela é jovem, não tem noção das coisas, e não tem culpa de nada. Agora irá pagar um preço alto por seu avô estar apoiando Lula... A oposição e mídia perderam o pouco de compostura que tinham e não respeitaram nem uma garota inocente. Quero ver agora botarem a filha do Serra, que foi sócia de Dantas, na roda. Quer dizer, nem quero não, porque essas práticas sujas conspurcam a política brasileira e interditam qualquer debate. # Escrito por Miguel do Rosário