Noam Chomsky critica os EUA e elogia o papel do Brasil na crise de Honduras
Brasil ficou acima das expectativas; EUA não usaram 'todas as armas'.
Linguista e professor do MIT falou ao G1 em entrevista exclusiva.
Ter apoiado o presidente deposto de Honduras e ter dado abrigo a ele em sua Embaixada, fez com que o Brasil assumisse uma posição de destaque no confronto de Manuel Zelaya com o governo interino hondurenho. "Um papel admirável", avaliou o linguista e teórico Noam Chomsky
Leia a entrevista na íntegra aqui:
http://por1novobrasil.blogspot.com/
Lula se transforma em herói para apoiadores de Zelaya em Honduras
Enviado especial do UOL Notícias
Uma centena de pessoas subia um morro em cortejo fúnebre, no último domingo, em Tegucigalpa, capital de Honduras. Dentro do caixão, uma jovem que teria morrido por complicações pulmonares após inspirar gás lacrimogêneo lançado por policiais - o que fazia do cortejo também uma marcha política contra o governo.
De repente, chega a notícia de que o presidente Lula tinha desafiado um ultimato do presidente golpista. A marcha grita, ainda em luto: "Viva o Brasil!". Para essas pessoas, Lula é um herói e o Brasil é o melhor país do mundo.
Desde que foi eleito, em 2005, Manuel Zelaya se aproximou cada vez mais dos governos de esquerda da América Latina, promovendo políticas sociais no país. Ao mesmo tempo, seus críticos argumentam que Zelaya teria se tornado um fantoche do líder venezuelano Hugo Chávez e acabou sendo deposto porque estava promovendo uma tentativa ilegal de reformar a constituição
A reação é a mesma sempre que se menciona o Brasil entre os apoiadores do presidente deposto Manuel Zelaya: agradecimentos, euforia e vivas.
Desde que o país aceitou acolhê-lo em sua embaixada, não se encontra um zelaysta que não queira mandar um "recado" ao nosso presidente.
"Se me está escutando o presidente do Brasil, gostaria que mandasse o exército aqui, para que os militares de Honduras aprendessem que o nosso presidente é Manuel Zelaya Rosales, a quem nós demos o voto para que fosse chefe da nação", disse, com uma escopeta na mão, German Flores Vallejo, que trabalha de segurança em um McDonalds da capital hondurenha.
O apoio de Lula não é de ontem. O Brasil foi um dos primeiros países a condenar o golpe de Estado que destituiu e expatriou Zelaya em 28 de junho, quando este colocava em marcha seu projeto de reformar a constituição. Lula e a chancelaria brasileira mantiveram o discurso durante os três meses em que o presidente deposto esteve fora do país, e Zelaya chegou a ser recebido em Brasília, onde discursou no Congresso Nacional para alertar sobre a ilegalidade do governo de Roberto Micheletti.
A última e definitiva prova de apoio chegou na última semana, quando Zelaya retornou escondido ao país e, ao bater nas portas da embaixada brasileira, foi recebido como hóspede e "presidente legítimo".O chanceler Celso Amorim contou mais tarde que ele mesmo falou com Zelaya por telefone para lhe dar "as boas vindas ao território brasileiro".
Depois disso, Lula ainda se levantou para defender o presidente deposto em um discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas - e foi aplaudido.
"O respaldo que está dando o presidente Lula e o povo do Brasil ao povo de Honduras é extraordinário. Que bom que emprestou sua embaixada para que esteja aí o presidente Zelaya", afirmou ao UOL Notícias, em Tegucigalpa, Rafael Alegria, um dos coordenadores do grupo de resistência ao golpe de Estado. "Da embaixada do Brasil, nós vamos levá-lo à casa presidencial, e pronto!"
E agora Mídia Golpista?
Folha Online - Mundo - Governo interino de Honduras fecha rádio e TV de oposição - 28/09/2009Coisa linda! Leia aqui também. Trata-se de apenas mais um ditadorzinho centro-americano. Nada mais do que isto! Só muda o contexo, que no caso de Honduras é bem interessante. Honduras sediou o centro de operações da CIA na América Central no períodos das revoluções nicaraguense e salvadorenha. Dali partiam os "Contra", armados e treinados por oficiais americanos para derrubar os governos de esquerda daqueles países. A elite hondurenha é entreguista e fortemente ligada ao capital americano. Finais de semana nos EUA e casa em Miami fazem parte do cardápio. Zelaya contrariou interesse fortes, foi deposto e a comunidade internacional fica quieta sem apoiar Micheletti. O Brasil botou a cara e deixa o atual governo golpista com um enorme pepino sem solução. Há indícios que as eleições marcadas para este ano não ocorrerão, existem ameaças a embaixada brasileira e agora torniquete na imprensa. Fórmula velha conhecida de ditadores ridículos.O que dirá a PIG? Assumirá o discurso de Lula e passará a chamar o atual governo de golpista ao invés de governo de fato? Agente 65.O decreto do governo, aprovado em Conselho de Ministros, autoriza a polícia e as forças armadas a fecharem quaisquer estações de rádio ou televisão "que não ajustarem sua programação às disposições atuais".
Notícias que saem por descuido
A CRISE EM HONDURAS E A SURRA DOS FATOS
Roseann Kennedy é uma comentarista da rádio CBN que – como sabem todos os que ouvem diariamente sua “Crônica do Planalto” – pode ser acusada de qualquer coisa menos de “lulismo”. Ontem, 30/09 Roseann estava na Bélgica, cobrindo como convidada uma reunião do Parlamento Europeu. Entrou ao vivo com o Sardenberg no Jornal do Meio-Dia contando que na reunião só se falava de Honduras. E, vejam só que ironia, Roseann só ouviu elogios à posição brasileira e ao papel que o presidente Lula está assumindo na crise. A moça foi tão enfática, que o Sardenberg encerrou logo a conversa, sem o ping-pong e a troca de ironias – que são usuais quando o comentário é negativo em relação ao governo. Deve ser porque ligação internacional custa muito caro… Quem quiser escutar o áudio, basta acessar o link abaixo no site da CBN. Brasil precisa impulsionar diálogo para tentar resolver crise em Honduras: clique aqui.
http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/roseann-kennedy/ROSEANN-KENNEDY.htm
Roseann Kennedy, jornalista das Organizações Serra, faz matéria elogiosa ao Lula, leva "puxão de orelha" e muda tudo!
"Brasil precisa impulsionar diálogo para tentar resolver crise em Honduras"
***
Em seu Twitter, que tem 890 "followers", Roseann mostra qual foi a agenda dela, em Bruxelas, no dia de ontem (da matéria vira-casaca). Reproduzo "Resisti aos chocolates em Bruxelas, mas não à maratona gastronômica: restaurante grego, restaurante indiano; restaurante italiano..." Se ela foi a três restaurantes, em tão pouco tempo, deve ter sido aí que recebeu as informações em "off". Fica no ar a pergunta: quem pagou essas contas? A galera do "off"?
HONDURAS: O BRASIL ACERTOU
O despeito se reflete até nas manchetes dos jornais e alguns questionamentos dos colunistas de sempre. Um deles, que faz o gênero panfletário a favor, considerou o golpe militar que derrubou o presidente legítimo de Honduras, Manuel Zelaya, como um “golpe democrático”, um conceito que remete ao Brasil de abril de 1964 e aos editoriais dos principais jornais em apoio à derrubada do presidente constitucional João Goulart. A mídia e políticos sem bandeira, sobretudo do Demo e do PSDB, consideram que o governo Lula agiu de forma “chavista” ao permitir o ingresso de Zelaya na representação diplomática brasileira em Tegucigalpa. O que eles queriam? Que os diplomatas entregassem ao cadafalso o presidente constitucional de Honduras?
Associados a direita encontram-se atualmente os ex-comunistas do PPS. O Deputado Roberto Freire, o tal que entregou de bandeja à Fundação Roberto Marinho os arquivos do Partido Comunista Brasileiro, e o parlamentar Raul Jungmann fizeram pronunciamentos vergonhosos, somando-se aos boquirrotos da direita que pedem a convocação do Ministro Celso Amorim no Congresso para explicar se o ingresso de Zelaya na Embaixada brasileira estava ou não acertado de antemão. Freire é um exemplo concreto de que na fauna política o pior que existe são os ex, especialmente os ex-comunistas.
Convocar Amorim, um dos principais quadros da diplomacia brasileira dos últimos tempos, não passa de uma provocação barata de políticos sem bandeira que se desesperam diante da evidência de que Lula é realmente uma liderança mundial, considerado por órgãos de imprensa insuspeitos do exterior, como a revista estadunidense Newsweek, o político mais popular do planeta.
Os brasileiros só têm de se orgulhar do posicionamento incisivo do governo Lula de condenação total do golpe militar e apoio a Manuel Zelaya, inclusive colocado com muita clareza no Conselho de Segurança das Nações Unidas pelo Ministro Celso Amorim, que aceitou os argumentos, embora a manchete de O Globo, na linha da direita, como sempre, tenha dito que “a ONU não condena no tom que o Brasil queria”. Se dependesse apenas da mídia golpista brasileira, nada teria acontecido na ONU. A fauna de críticos despeitados da política externa do governo Lula ficaria incompleta se não fossem mencionados diplomatas que serviram ao governo FHC, entre os quais Luiz Felipe Lampreia, não ficando atrás o ex-Ministro Celso Lafer, para quem não se lembra, o cara que tirou os sapatos na alfândega dos Estados Unidos para ser revistado, isso durante a gestão que exercia no mandato do presidente Cardoso. Para eles, da mesma forma que a oposição de direita da Câmara dos Deputados e Senado, a presença de Zelaya na embaixada em Tegucigalpa prejudica o Brasil, quando acontece exatamente o contrário.
Não há como prever o desfecho do caso hondurenho, pelo menos no momento que esta reflexão estava sendo elaborada, neste domingo (27). Um fato grave que obriga o governo brasileiro a adotar uma posição ainda mais incisiva em relação aos golpistas. O ministro-conselheiro de Negócios do Brasil em Honduras, Francisco Catunda confirmou o lançamento de gases tóxicos no local, como denunciou o Presidente Manuel Zelaya, que provocou problemas de saúde nas pessoas que lá se encontravam. Trata-se de um ato de guerra, que precisa ser respondida a altura. O que aconteceria se os golpistas hondurenhos fizessem isso na Embaixada dos Estados Unidos? O mundo ia abaixo e nesta altura do campeonato não seria surpresa se os marines estadunidenses desembarcassem por lá.
Os gases tóxicos desovados na embaixada são de fabricação israelense e entraram no país em vôos clandestinos. É preciso apurar a denúncia e punir com rigor os responsáveis, para começar um tal de Yehuda Leitner, terrorista israelense que age na América Central com o apoio da CIA e do Mossad, os respectivos serviços secretos dos Estados Unidos e Israel que derramam sangue pelo mundo. A crise em Honduras é extremamente grave. Os golpistas sob o comando de Ricardo Micheletti não querem deixar o poder que pegaram a força. Matam, torturam e amordaçam a imprensa, segundo denúncias de entidades defensoras dos direitos humanos. Falam em eleições em novembro, algo absolutamente ilegítimo em função do clima repressivo que se abateu sobre o país. A comunidade internacional não reconhecerá quem for eleito.
É o caso de perguntar: e a saída, onde se encontra a saída? Num debate realizado na TV Cidade Livre, a TV Comunitária de Brasília, apareceu uma sugestão que poderia ser encampada pelo governo brasileiro e pela comunidade internacional: o envio imediato de capacetes azuis das Nações Unidas, como aconteceu em Timor Leste, que dariam segurança para a realização de eleições presidenciais e permitiram um ponto final ao violento esquema repressivo que se abateu sobre o povo hondurenho. Se o governo brasileiro bancar a idéia, Lula vai ganhar mais pontos ainda no tabuleiro internacional e o Brasil, como nunca em sua história, consolidará a liderança que ocupa, não apenas na América Latina como agora em todo o mundo. Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação.