Em seu principal editorial desta segunda-feira (12), o jornal argentino La Nación afirma que, enquanto a Argentina perde espaço e importância no cenário internacional, o Brasil se consolida como "líder regional e ator global de primeira ordem". O texto, intitulado "Brasil, nas grandes ligas", elogia especialmente o desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sobre a escolha do Rio como sede olímpica, o jornal avalia que a atuação brasileira na disputa, apartidária, mostrou uma "formidável imagem de como se defende o interesse nacional". O La Nación sugere que, se Buenos Aires tivesse sido candidata, "aversões pessoais" entre os políticos argentinos impediriam uma postura semelhante. “Não é novidade que o Brasil, pelo carisma e o impulso de seu presidente, jogue nas grandes ligas”, afirma o jornal, que agrega: “A novidade é que, em meio a sérios problemas de desigualdade e de corrupção ainda não resolvidos, Lula tenha conseguido projetar seu país como um líder regional que não admite essa definição, ainda que saiba que esta cada vez mais perto de sê-lo”. Exemplos dessa projeção são o diálogo de Lula com o presidente americano, Barack Obama, "enquanto Cristina Kirchner, ainda não consciente de que todos os seus ataques contra Bush se traduzem de forma imediata em Washington como ataques contra os Estados Unidos, não teve ocasião de dialogar senão em breves intervalos de cúpulas internacionais com Obama". O jornal observa que "em 2011 terminará o segundo período de Lula". Mas seus feitos terão vida longa: "Terminará também esta tendência? Não. Definitivamente não. Em 2014, o Brasil será sede do campeonato mundial de futebol; em 2016, o Rio de Janeiro receberá os atletas (olímpicos)". Os editorialistas tentam explicar por que, apesar da crise, "o Brasil recebe investimentos diretos em maior volume que a Argentina" e tem recursos para emprestar ao FMI. E por que, de quebra, "em cada cúpula da Unasur (o grupo de países sul-americanos), os olhares apontam para Lula e os ouvidos esperam suas reflexões"? "Talvez porque”, registra o jornal, “ no plano político, os escândalos de corrupção nunca terem lançado dúvidas sobre Lula; porque ele cumpriu sua palavra empenhada sem desmerecer às instituições nem às pessoas que pensam diferente; e porque nunca teve a estranha ideia de construir um trem bala onde falta comida."
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