O ministro destacou, por exemplo, o bom conceito que o Brasil adquiriu de outros países. "É tão alto o nosso conceito que preocupa. O povo está louco para vir para cá fazer investimentos", afirmou.
O ministro buscou demonstrar, durante a sua apresentação no balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que a economia brasileira segue em ritmo prudente de recuperação, depois de ter sofrido uma retração entre o fim do ano passado e o primeiro trimestre deste ano.
Pelas projeções apresentadas, o País deve ter fechado o terceiro trimestre com um crescimento de 2% a 2,2% em relação aos três meses anteriores, o que levaria a economia a encerrar o ano de 2009 com uma expansão de 1%.
Para 2010, Mantega prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) - o conjunto de riquezas produzidas pelo País - crescerá entre 4,5% e 5%, sem trazer impactos sobre os preços de produtos e serviços no mercado doméstico, garantido a manutenção dos índices de inflação dentro da meta perseguida pelo Banco Central (BC).
Mantega voltou a defender a política fiscal adotada por sua equipe, mas evitou entrar em embate direto com o BC, que no último Relatório de Inflação argumentou que a elevação dos gastos públicos poderia provocar aumento de preços. Se a inflação subir, o Comitê de Política Monetária (Copom) seria forçado a elevar a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 8,75%.
No entender do ministro, o próprio mercado, ao estimar um crescimento acima de 5% para o Brasil em 2010, estaria alimentando as projeções de retomada do ciclo de aperto dos juros. "Não acho que vamos ter crescimento acima de 5%, não se justifica essa expectativa que está gerando uma elevação indevida da taxa de juros futura", criticou. "Tem gente interessada em elevar a taxa de juro; precisamos tomar cuidado com isso", acrescentou.
Para o ministro, a economia brasileira está "preparada" para crescer até 5% sem gerar pressões inflacionárias. "Portanto, não vejo necessidade de elevação da taxa de juro", sentenciou.
Depois do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, ter admitido, na quarta-feira, que a atual escalada de valorização do real ante o dólar é uma preocupação para o governo, Mantega reconheceu que existe "alguma pressão" sobre o mercado de câmbio doméstico, mas não caracterizou os ganhos da moeda brasileira como resultado de um "movimento excessivo" de entrada de recursos externos.
Para o ministro, a valorização do real está relacionada com a série de lançamentos de ações na bolsa de valores brasileira, como a feita pelo Banco Santander esta semana, que tem trazido investidores estrangeiros a colocar seu dinheiro no mercado local.
Ainda assim, Mantega ponderou que o movimento é positivo e reflete a força com que o Brasil saiu da crise financeira. "A entrada na bolsa é positiva porque disponibiliza recursos e capital para as empresas investirem", disse. "Isso traz alguma pressão, mas estamos agressivamente comprando reservas e estamos atentos se houver excessos", ponderou.
O BC vem comprando diariamente dólares no mercado financeiro, o que tem contribuído para diminuir a velocidade de desvalorização da moeda americana e engordado as reservas internacionais do País, que já ultrapassam a marca de US$ 225 bilhões.
Excesso de otimismo preocupa ministro