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Nosso objetivo não é engrandecer um homem, o Presidente Lula, mas homenagear, como brasileiro que ama esta terra e esta gente, o que este homem tem provado, em pouco tempo, depois de tanto preconceito e perseguição ideológica, do que somos capazes diante de nós mesmos, e do mundo, e que não sabíamos, e não vivíamos isto, por incompetência ou fraude de tudo e todos que nos governaram até aqui. Não engrandecemos um homem, mas o que ele pagou e tem pago, para provar do que somos.

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sábado, 21 de novembro de 2009

Brasil: o líder regional quer agora jogar entre as potências

Por Danilo Almeida, especial para o Yahoo! Brasil

Quando o presidente do Irã desembarcar por aqui na próxima semana - a primeira visita oficial de um chefe de Estado daquele país ao Brasil nos últimos 50 anos -, muita gente vai se perguntar sobre os motivos ou protestar contra o estreitamento de laços com uma das figuras mais polêmicas no cenário mundial.

Afinal, Mahmoud Ahmadinejad quer consolidar seu país como líder regional mesmo que isso implique projetos obscuros como o desenvolvimento de tecnologia nuclear, acusações de desrespeito aos direitos humanos e bravatas como o questionamento do holocausto judeu, uma forma de se capitalizar politicamente com a simpatia dos palestinos e a unidade religiosa. Mas, apesar de controvertida, essa pauta tem importância singular. E é aí que a diplomacia brasileira tenta abrir mais uma frente para se projetar entre as grandes potências, afirma o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, com exclusividade ao Yahoo! Brasil.

"Qualquer pretensão de mediação [entre as potências ocidentais e o Irã] seria excessiva, é um processo lento e que envolve vários países, mas estes são aspectos que estarão presentes na conversa sim", diz o chanceler. "O Brasil tem um intercâmbio representativo com o Irã e tem interesse em aumentá-lo. É só quando se tem relações bilaterais bem estabelecidas que se gera uma confiança recíproca, e a partir daí se pode ajudar com alguma facilitação."

Para quem tem acompanhado os últimos anos da política externa brasileira, as boas-vindas ao iraniano representam uma atitude ousada, mas de resultados incertos: podem gerar bons dividendos ou ser um tiro no pé. Certo é que a visita da semana que vem reforça o foco do Itamaraty no multilateralismo e no diálogo.

Assim como recebe Ahmadinejad, o presidente Lula também abriu as portas recentemente ao presidente Shimon Peres, de Israel, país também controvertido, principalmente se for levada em conta a questão palestina (em tempo: o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, também está de visita ao Brasil).

"A base de Guantánamo é criticada mesmo dentro dos EUA, e o Brasil foi contra o ataque no Iraque. Nem por causa disso deixamos de receber ou visitar o presidente George W. Bush", observou Celso Amorim.

Nos encontros com os representantes israelense e palestino, de acordo com fontes diplomáticas, o presidente Lula quer mostrar que o governo brasileiro pode ser uma fonte confiável na busca à solução ao histórico conflito na região. Quanto ao Irã, além do aumento do comércio bilateral, o desafio é parecido, mas tem atores diferentes: investir na relação para se apresentar, no futuro, como um dos possíveis mediadores nas tensões que envolvem as potências ocidentais e Teerã, essencialmente no que diz respeito ao programa nuclear iraniano.

Segundo o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o próprio presidente Barack Obama disse que "parece bom que o Brasil dialogue com o Irã", pois não seria acertado isolar o governo de Ahmadinejad.

'Hardpower'

A proposta de intermediar conflitos e tensões é mais uma ação de um governo que nunca escondeu de ninguém o objetivo de conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. "Está mais perto do que há quinze anos, quando se discutiam vagas para Alemanha e Japão no Conselho. Hoje se fala muito mais numa entrada de Brasil ou Índia. É muito complexo mexer na questão da segurança dos Estados, mas as coisas mudam. Estamos caminhando, mas não tenho uma bola de cristal para dizer quando isso (a conquista do assento permanente) pode ocorrer", afirma Celso Amorim.

A favor, ainda, o carisma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, celebrado internacionalmente - só neste ano, homenageado pela Unesco e por um respeitado instituto de assuntos estrangeiros do Reino Unido em função de iniciativas pela "paz, justiça social e política econômica".

"O Brasil tem muito o que em geopolítica se chama de 'softpower', que é a capacidade de dialogar. Mas essa ação é pequena, tem poder limitado", analisa o embaixador e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero. "Ainda faz a diferença o 'hardpower', que é a capacidade militar ou o uso de meios econômicos para se alterar uma conjuntura."

Para mostrar sua força mais "hard", o Brasil chefia desde 2004 a missão da ONU para estabilizar politicamente o Haiti, chamada de Minustah, que envolve quase 10 mil homens de diversas nações. Também surpreendeu o mundo, em setembro último, ao oferecer abrigo ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira em Tegucigalpa, 'comprando a briga' com o governo que o derrubou.

"É preciso discernir, no entanto, uma ação de outra", observa Ricupero. "No Haiti, é louvável, faz parte desse ativismo em nome da cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Mas a diplomacia brasileira sofre de um excesso de protagonismo em outras situações. É fora do nosso alcance querer assumir uma posição de mediação em Honduras, o Brasil sempre teve pouca presença nos acontecimentos da América Central. Poderia sim apoiar o presidente Zeyala, mas deveria ser de um modo mais discreto. A mesma coisa em relação a uma suposta pretensão em mediar diálogos entre as potências ocidentais e o Irã: o Brasil não tem cacife para isso."

Para o ministro Celso Amorim, críticas são um "ótimo" sinal, "pois há pouco tempo a política externa brasileira sequer era percebida". "Muitas [críticas] têm a ver com uma visão pequena do Brasil. Mas não é o que se tem lido nos jornais anglo-saxões [uma referência a recentes reportagens elogiosas no inglês Financial Times e na norte-americana Foreign Policy], que é o que esses críticos leem."

Críticos que também acusam algumas contradições: ao passo que a diplomacia brasileira tenta se projetar em assuntos globais, não dispensa a mesma atenção a questões regionais como a animosidade entre Venezuela e Colômbia ou o impasse entre Uruguai e Argentina em torno da construção de uma fábrica de celulose na fronteira entre os países.

"Problemas entre países são normais, algo comum, e nem tudo se consegue resolver ou evitar", pondera Amorim. "Mas em relação a Colômbia e Venezuela, você tem de distinguir a existência das bases militares dos EUA, algo preocupante para toda a região. A presença de forças estrangeiras é o mais grave, pois, entre outras coisas, agrava tensões já existentes."

Comércio exterior

O aumento do poder de barganha brasileiro no cenário internacional tem muito a ver com a retomada econômica de um país hoje capaz de sair de uma crise mundial sem sofrer muitos abalos, como ficou recentemente comprovado. Diversos fatores explicam esse conforto, e um deles é a diversificação comercial. Um país que, até pouco tempo, via nos Estados Unidos o único grande parceiro percebeu ricas fontes de intercâmbio com os próprios vizinhos de continente e também com países em desenvolvimento como Rússia, Índia, China e África do Sul. Antes, encampou a briga para que não fosse estabelecida a Alca (Área de Livre Comércio para as Américas), acordo que previa polpudas vantagens aos norte-americanos.

Com a economia norte-americana quase em colapso por causa da turbulência, não exige muito esforço imaginar quais consequências teria o Brasil caso insistisse nos EUA como a grande referência para se fazer comércio. "Mesmo os críticos reconhecem que o fato de o Brasil ter diversificado os parceiros foi importante para superar a crise", aponta o ministro Amorim. Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que a opção foi acertada: o Brasil movimentou em 2008 - ano em que a crise se acentuou - US$ 371 bilhões em importação e exportação, um recorde.

Na avaliação do economista e ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Carlos Lessa, "trata-se de uma política externa que procura reforçar a soberania nacional". Diz ele: "Com a crescente concorrência internacional, a diversificação de parceiros econômicos é um sonho assemelhável ao desejo de todos os outros países do planeta. A melhor chance brasileira está na parceria com os países do Sul, porém a melhor credencial brasileira não é a política externa e sim uma retomada do desenvolvimento brasileiro, o que animaria parceiros potenciais. É necessário não esquecer que soberania exige Forças Armadas bem equipadas. O mundo sabe que o recado da política externa brasileira sempre foi na direção da paz e da harmonia".

http://br.noticias.yahoo.com/s/19112009/48/manchetes-brasil-lider-regional-quer-agora.html