Um discursou logo após o outro no plenário da Conferência do Clima de Copenhague, na Dinamarca, mas os resultados das falas dos presidentes Lula e Barack Obama foram diametralmente opostos nos corredores do Bella Center, onde acontece o evento. Enquanto Lula entusiasmou, Obama foi alvo de críticas e decepcionou os que esperavam que ele pudesse mudar o rumo das negociações na reta final.
As diferenças já puderam ser vistas durante os pronunciamentos: Lula teve quatro vezes o discurso interrompido por aplausos, enquanto Obama nenhuma vez - apesar de as palavras do americano serem as mais aguardado de todo o evento. Ao final dos discursos, mais uma vez as palmas enfáticas para oPresidente Lula se distanciaram dos aplausos meramente protocolares dispensados a Barack Obama.
"O Lula mandou muito bem e abriu a porta para quem sabe as negociações tomarem outro rumo", disse Paulo Adário, um dos coordenadores do Greenpeace Brasil. Adário elogiou a postura de vanguarda que o Brasil assumiu, ao oferecer contribuição financeira para o Fundo Global de Mudanças Climáticas para os países pobres. "A gente sabe que o Brasil não é mais nenhum Haiti e vínhamos cobrando isso há anos do presidente. Ele fez o que a gente esperava dele."
O coordenador da ONG Vitae Civilis, Rubens Harry Born, destacou que a fala improvisada de Lula fez toda a diferença. "Ele foi ele mesmo, falou com o coração e passou uma mensagem muito legal de comprometimento. Acho que essa postura pode ter efeitos nas negociações", afirmou Born.
O francês Fabrice Bourger, membro da delegaçãoda França, disse que o Brasil deu um exemplo "sem precedentes" e que o discurso de Lula o aproxima ainda mais dos europeus. "Foi constrangedor para os outros países. Mas, sinceramente, nós não esperávamos outra coisa de Lula", afirmou Bourger. "Ele se destaca de todos os outros líderes com essa posição aberta ao diálogo, sem perder a firmeza e a determinação."
Obama: "mico da história"
Já as palavras em relação a Obama foram bem diferentes. "Arrogante", "estúpido", "burocrático" e autor de um "mico histórico" são apenas algumas das definições empregadas nos corredores da COP-15.
"Uma parte, foi de palavras da boca para a fora (como a frase de que "não se pode mais perder tempo" para salvar planeta). E a outra, um verdadeiro absurdo. Foi um mico histórico", disse Born. Para o coordenador da Vitae Civilis, Obama só reforçou o discurso intransigente que os Estados Unidos vinham defendendo na Cúpula do Clima e não trouxe nenhuma novidade. E ainda usou como desculpa para a falta de ação um argumento que todos os países democráticos poderiam utilizar, se quisessem: o de que não pode fazer nada sem a aprovação prévia do Congresso de seu país.
Adário, do Greenpeace, foi ainda mais duro. "A postura do Obama naquele púlpito foi socialmente arrogante e politicamente estúpida. Não está nem perto de assumir a posição de liderança que as pessoas esperavam dele", afirmou, destacando que as três condições impostas pelo americano para que assine um acordo - transparência, verificação das ações e metas de redução baixas - devem manter as negociações travadas.
Também a ausência de especificações sobre quanto os Estados Unidos estarão dispostos a contribuir para fundo internacional de financiamento decepcionaram. Obama garantiu apenas que o país vai entrar com recursos, mas não detalhou nem quanto, nem quando. Bourger, negociador francês, preferiu não se estender nos comentários, mas não escondeu a decepção. "Acho que os esforços da Europa não foram suficientes para mudar nem um milímetro da posição americana."
Também o ministro brasileiro do Meio Ambiente, Carlos Minc, criticou o presidente americano e disse que o seu discurso "foi uma desgraça". "O Obama foi muito frustrante. Parecia até que o Lula tinha mais responsabilidades do que ele no plano climático mundial, de tanto que o Obama falou mal¿.
COP-15
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 7 a 18 de dezembro, que abrange 192 países, vai se reunir em Copenhague, na Dinamarca, para a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-15. O objetivo é traçar um acordo global para definir o que será feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto.Terra
Lula de volta pra casa.O Presidente Lula já deixou Copenhague
Lula deixou o centro de conferências por volta das 20h (17h em Brasília), logo após uma reunião com o grupo Basic, formado pelos quatro principais países emergentes (Brasil, África do Sul, Índia e China), para o aeroporto de Copenhague
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"O Brasil não veio barganhar. As nossas metas não precisam de dinheiro externo. Nós iremos fazer com os nossos recursos, mas estamos dispostos a dar um passo a mais se a gente conseguir resolver o problema que vai atender, primeiro, a manutenção do desenvolvimento dos países em desenvolvimento. Nós passamos um século sem crescer, enquanto outros cresciam muito. Agora que nós começamos a crescer, não é justo que voltemos a fazer sacrifício", disse Lula.
Nem Obama e nem Marina. Lula é o cara e Lula surpreende e Obama decepciona na reta final da COP-15
Imprensa mundial avalia atuação dos líderes no último dia de conferência da ONU sobre as mudanças climáticas
Dos principais líderes mundiais que discursaram até o momento em Copenhague, o Presidente Lula, foi o único a apresentar novidade na complicada busca por um novo acordo global sobre o clima. Ele manifestou nesta sexta-feira, 18, a disposição brasileira de, em caso de acordo, destinar dinheiro para ajudar países mais pobres a combaterem os efeitos das mudanças climáticas.
Lula já havia discursado ontem. Uma nova fala de Lula não estava prevista para hoje, mas ele foi chamado de última hora e segundo a imprensa surpreendeu a todos ao manifestar a disposição de, em caso de acordo, alocar dinheiro do Brasil em um fundo internacional para ajudar países pobres a combater os efeitos das mudanças climáticas. O discurso de Lula, a partir deste ponto, foi aplaudido diversas vezes.
O Presidente disse que, aquela seria a primeira vez em que ele falaria sobre o plano de ajuda. "Vou dizer, de público, uma coisa que eu não disse ainda no meu país, não disse à minha bancada e não disse ao meu Congresso: se for necessário fazer um sacrifício a mais, o Brasil está disposto a colocar dinheiro também para ajudar os outros países", disse Lula.
O Presidente Lula disse, em discurso no último dia da Conferência sobre o Clima em Copenhague (COP-15), que o Brasil está disposto a contribuir para o fundo de apoio a países pobres destinado a auxiliá-los a reduzir os efeitos do aquecimento global e controlar suas emissões
"Estamos dispostos a ajudar no financiamento, se nós nos colocarmos de acordo em uma proposta final aqui. Agora, o que não estamos de acordo é que as pessoas mais importantes do planeta assinem um documento só para dizer que assinamos", disse. Lula afirmou que estava "muito decepcionado" com o ritmo de negociações.
Já o presidente norte-americano Barack Obama cobrou no seu discurso mais ação dos países em desenvolvimento. "Os países em desenvolvimento não querem se comprometer tanto no acordo, o que não compreendo. Há países que acham que acham que os países ricos devem assumir a maior parte da responsabilidade. Eu acho que todos devem se comprometer e agir de uma forma unida para enfrentar esta ameaça real", disse.
Barganha
Em um pronunciamento duro, Lula criticou a falta de entendimento entre os diversos chefes de governo que se reuniram até a madrugada desta sexta-feira e enviou um recado aos países ricos, que nas palavras do presidente foram à conferência para "barganhar".
Lula justificou a decisão de contribuir para o fundo afirmando que, para o mundo desenvolvido, conseguir que todos os seus cidadãos "tomem café da manhã, almoço e janta" era uma coisa do passado. Mas que para muitos países da África, América Latina e Ásia "isso ainda é uma coisa do futuro", arrancando palmas da plateia.
Ele destacou que o dinheiro dos países ricos para auxiliar os pobres a enfrentar o aquecimento global não deve ser encarado como uma esmola, mas um "pagamento pela emissão de gás estufa feita durente dois séculos por quem teve o privilégio de se industrializar primeiro".Até o site do Greenpeace, elogia Lula...