O ano acaba bem para a pré-candidata Dilma Rousseff. Para quem era desconhecida do eleitorado, terminar o ano na faixa de 20% de intenções de voto, e fixar esse patamar consolidado, é um quadro, como diz o presidente Lula, que qualquer outro candidato gostaria de estar no lugar dela.
Esse é o resultado da pesquisa Vox-populi / IstoÉ.
Serra seria um bicho-papão se estivesse com intenções de voto acima de 60%. Mas uma candidatura de oposição, de um candidato super-conhecido como é José Serra, e considerando que grande parte do peso na percentagem de Serra vem do eleitorado paulista, ficar empacado na faixa de 40%, com tendência de queda, à medida que os demais candidatos vão se tornando opção de voto para valer, no decorrer de 2010, é um quadro preocupante para a oposição.
Na falta de argumentos, a imprensa demo-tucana argumenta que a propaganda partidária não surtiu efeito nas intenções de votos de Dilma. Não é bem assim. Dilma apresentou oscilação para cima, e é esse o efeito da propaganda.
Mas o que chama mais atenção, é que, diferente de outros candidatos, a intenção de voto em Dilma, quase não muda quando muda-se os candidatos. Ou seja, Dilma já tem um eleitorado relativamente fiel na faixa de 20%, enquanto os demais candidatos sofrem flutuação quando muda-se os adversários.
A pergunta qualitativa que o Vox Populi esconde
A pergunta quantitativa que o Vox Populi esconde ou não quis fazer de propósito, que seria muito útil nas análises políticas seria:
Qual destes candidatos você pensa que é apoiado pelo presidente Lula?
Nos surpreenderíamos ao saber que boa parte do eleitorado, que não acompanha o noticiário político, diz que vota em Serra acreditando que seria o candidato do presidente Lula.
Serra é o nome mais conhecido de eleições passadas, e o primeiro que vem na cabeça do eleitor. Por isso Serra não bate de frente com Lula em público (os marqueteiros tucanos querem vendê-lo como "alternativa" do "campo governista" e não como oposição), e por isso Serra quer uma campanha eleitoral fria e apagada em 2010. Quer congelar o quadro atual até outubro de 2010. Por isso não se declara candidato de fato até ser obrigado a desencompatibilizar. Serra quer esfriar o noticiário político. Quer voar baixo e em silêncio para o radar do povo não captar que ele é a oposição continuísta do projeto de FHC.
Teto de Serra é 40%, Piso de Dilma é 20%
Serra é bem conhecido por 80% eleitores. Apenas 1% dizem não conhecê-lo.
Dilma só é mais ou menos conhecida por 57% dos eleitores. 15% sequer conhecem Dilma de nome. 28% só conhecem de nome.
Dilma tem larga margem para crescer, por isso 20% é o piso de Dilma.
Serra não tem mais muito para onde crescer, por isso 40% é o teto de Serra.
20% de Dilma consolidados
Cenário 1:
José Serra (PSDB) / Vice Katia Abreu (DEMos): 44%
Dilma Rousseff (PT) / Michel Temer (PMDB): 21%
Marina Silva (PV) / Guilherme Leal (PV): 10%
Neste cenário 1, onde Ciro Gomes não é apresentado. Ciro Gomes é bem conhecido por 66% do eleitorado.José Serra se beneficia das intenções de votos que iriam para Ciro, e de gente que não conhece Dilma ainda. Como Serra é o outro nome conhecido, o pesquisado responde Serra, não por desejo de fato em votar nele, mas por ainda não conhecer o suficiente outra opção.
Observa-se também que Marina Silva parece herdar as intenções de votos de Heloísa Helena.
Cenário 2:
Aécio Neves (PSDB) / Vice: Ciro Gomes (PSB): 35%
Dilma Rousseff (PT) / Michel Temer (PMDB): 21%
Marina Silva (PV) / Guilherme Leal (PV): 13%
Neste caso, há uma tremenda malandragem: a esta altura do campeonato, quando o eleitor não sabe nem em quem votar ao certo para presidente, colocar uma chapa com dois presidenciáveis fortes gera distorção na pesquisa. Ciro Gomes é um nome muito mais conhecido do que Dilma. A presença do nome dele na chapa de Aécio, mesmo como vice, leva muitos eleitores que conhecem Ciro a responder a chapa Aécio/Ciro pela simpatia ao nome de Ciro, e não por convicção.
Esse cenário tem pouco valor para qualquer análise política séria.
Se fosse assim seria o caso de testar o nome de Dilma com o próprio Ciro de vice.
De qualquer maneira, impressiona que Dilma mantenha os mesmos 21%.
Cenário 3:
José Serra (PSDB) / Vice Katia Abreu (DEMos): 38%
Dilma Rousseff (PT) / Michel Temer (PMDB): 20%
Ciro Gomes (PSB) / Paulinho da Força (PDT): 12%
Marina Silva (PV) / Guilherme Leal (PV): 9%
De novo, impressiona Dilma manter os 20%, mesmo com a entrada de Ciro na disputa.
A pesquisa tem cenários sem vice, também. Nelas Dilma tem no mínimo 17% e no máximo 24%. Confirmando sua consolidação na faixa dos 20%.
Margem de erro
Causa estranheza a pesquisa ser mais precisa no Sudeste, e ser menos precisa nas demais regiões.
A margem de erro é de 5,8 pontos no Centro-Oeste/Norte, 4,2 no Nordeste, 3,3 no Sudeste e 5,7 no Sul, mas não informou se para mais ou para menos. É muito estranho a pesquisa previlegiar o rigor justamente no Sudeste, onde Aécio e Serra são mais conhecidos e tem seus redutos eleitorais.
Treino é treino, jogo é jogo
As pesquisas atuais, revelam quando muito, apenas tendências, por isso os institutos podem até se dar ao luxo de "errar". As tendências favorecem mais Dilma do que Serra.
Dilma poderia estar na casa dos 10% nesta virada de ano que ainda seria uma candidata altamente competitiva com o apoio do presidente Lula.
Ao contrário do que dizem, Dilma não está fazendo campanha como Serra. Ela não corteja a imprensa, por exemplo, não planta notícias, não planta pesquisas.
Ela apenas se faz conhecida por seu trabalho como ministra. Dilma não viaja o Brasil para fazer promessas. Viaja para realizar a obra do governo Lula. É daí que vem o reconhecimento dos 20% que já dizem apoiá-la.
Já Serra e Aécio estão em campanha. Não viajam o Brasil a trabalho, na função de governadores. Viajam para fazer comícios, disfarçados de encontros partidários ou empresariais. Viajam para fazer promessas e negociar apoios. São eles quem deveriam estar preocupados com seus números não decolarem.
Nem a imprensa aplicando a lei de Ricúpero conteve o crescimento de Dilma no ano
A imprensa grande é toda demo-tucana. Seguem a lei de Ricúpero: o que ruim (para Serra) a imprensa esconde sempre que possível, o que é bom ela mostra.
Dilma sai no noticiário só recebendo críticas: o que é bom para Dilma a imprensa esconde, o que pode ser ruim a imprensa propagandeia com estardalhaço, chegando até a inventar factóides um atrás do outro.
Já Serra e Aécio saem no noticiário para receber elogios. Notícias ruins para Serra, seja na segurança pública, seja no excesso de corrupção, desmoronamentos, alagões, falta de planejamento no trânsito, falta de políticas sociais, são desvinculadas do nome dele. Obras do governo federal em São Paulo são creditadas à ele. É a lei de Ricúpero.
Apesar dessa campanha midiática, intensa, 24 horas por dia, ora explícita, ora subliminar, Dilma subiu para o patamar de 20% ao longo do ano, e Serra empacou no patamar de 40% (por enquanto).
Os 20% de Dilma foram conquistados por mérito. Os 40% de Serra estão inflados: é por causa da propaganda disfarçada de noticiário na imprensa, que Serra ainda continua patinando, mas ainda não caiu mais.
Se é para testar vice em pesquisa, porque não a chapa Dilma-Lula?
Se vale essa brincadeira de colocar Aécio com Ciro de vice, coisa que não está em cogitação, principalmente com a desistência de Aécio, por que não consultar o eleitorado com uma chapa Dilma presidente com Lula de vice?
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Nosso objetivo não é engrandecer um homem, o Presidente Lula, mas homenagear, como brasileiro que ama esta terra e esta gente, o que este homem tem provado, em pouco tempo, depois de tanto preconceito e perseguição ideológica, do que somos capazes diante de nós mesmos, e do mundo, e que não sabíamos, e não vivíamos isto, por incompetência ou fraude de tudo e todos que nos governaram até aqui. Não engrandecemos um homem, mas o que ele pagou e tem pago, para provar do que somos.
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