Claudio Leal/Terra Magazine  O presidente Lula em visita a Barra (BA). O sociólogo Antonio Lavareda observa que o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff, na pesquisa Ibope, foi maior na região Nordeste, onde Lula é quase "unanimidade" |
Claudio Leal
Na avaliação do sociólogo e consultor político-estratégico Antonio Lavareda, da MCI, a campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), cresce entre os eleitores que queriam o terceiro mandato do presidente Lula. "Verifique que o maior crescimento da ministra ocorreu exatamente entre os eleitores nordestinos", onde Lula "conta com uma aceitação que se aproxima da unanimidade", complementa.
Em pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta, 17, o pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, tem 35% das intenções de voto, contra 30% da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).
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- Dilma ainda é a candidata do presidente Lula. Nessa pesquisa, ela alcança uma fatia do percentual de eleitores que tem grande admiração e entusiasmo pelo presidente e gostariam, na verdade, de votar num terceiro mandato do presidente Lula - analisa Lavareda.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - Como o senhor avalia o resultado da pesquisa CNI/Ibope, que registra o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff?
Antonio Lavareda - A pesquisa segue na mesma direção das anteriores, a exemplo do Datafolha e do Sensus, que tinham apontado: primeiro, a manutenção de um patamar de avaliação positiva e elevada do presidente Lula; segundo, o crescimento da candidatura de Dilma e, em consequência, o estreitamento entre ela e o governador José Serra. Isso já tinha ocorrido nas duas últimas pesquisas e a pesquisa Ibope agora repete o padrão e tem resultados que se aproximam bastante do Datafolha. Em suma, a pesquisa CNI/Ibope não chegou a trazer nenhuma novidade sobre o processo.
O senhor havia falado, numa entrevista anterior, que nesse patamar dos 30%, a campanha efetivamente começava. Essa pesquisa aponta que Dilma está ganhando autonomia como candidata?
Não. Seguinte: Dilma ainda é a candidata do presidente Lula. Nessa pesquisa, ela alcança uma fatia do percentual de eleitores que tem grande admiração e entusiasmo pelo presidente e gostariam, na verdade, de votar num terceiro mandato do presidente Lula. Na impossibilidade de votar num terceiro mandato do presidente Lula, pretendem, no momento, segundo as intenções, votar na candidata do presidente.
É evidente a polarização PT-PSDB? Como ficam Marina Silva e Ciro Gomes?
Uma bipolarização se afirmou numa fase bastante embrionária da campanha. Resta saber qual será a estratégia desenvolvida pela campanha da candidata Marina (PV), que terá pouco tempo de televisão e de rádio. Que estratégia será utilizada para manter ou ampliar suas intenções de voto. Resta ver também se haverá condições políticas de manutenção da candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (PSB). São as duas questões que se colocam agora. Óbvio que, no momento, com a bipolarização se desenhando nos números, tal como ocorre, isso levanta dúvidas importantes sobre as possibilidades, quer de desenvolvimento, quer de crescimento dos números da candidata Marina, quer sobre a manutenção da candidatura do deputado Ciro Gomes.
O governador José Serra tem caído nos últimos levantamentos. A resistência dele em se declarar candidato à presidência causou prejuízos?
Se o declínio do governador tem a ver com essa demora?
Sim.
Não me inscrevo entre os que estabelecem uma relação entre essas duas variáveis. A candidatura da ministra Dilma, como eu lhe disse, cresceu entre os eleitores que têm grande entusiasmo pelo presidente e gostariam de sufragá-lo para um terceiro mandato. Esses eleitores tomaram conhecimento de que o presidente tem uma candidata na sua sucessão, nos últimos meses. Muitos desses eleitores não sabiam disso, não conheciam a ministra. Até então, alguns deles pensavam em votar no nome do governador de São Paulo. Verifique que o maior crescimento da ministra ocorreu exatamente entre os eleitores nordestinos, onde o presidente Lula conta com uma aceitação que se aproxima da unanimidade. Provavelmente, nessa região e nessas camadas, ocorreu um declínio, em termos absolutos, bastante expressivo da candidatura do governador José Serra.
