O comando da Autoridade Nacional Palestina defendeu nesta quarta-feira (17) o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para futuro secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em substituição ao sul-coreano Ban Ki-moon.
O porta-voz da ANP, Mohamed Edwan, disse que esta é a expectativa dos palestinos. O comentário ocorreu depois da visita de Lula à Cisjordânia. Na ocasião, o presidente brasileiro disse que era "irmão" do povo palestino."Ele poderia ser um ótimo secretário-geral da ONU, pois é um homem de paz e de diálogo e sabe negociar de maneira inteligente e admirável. O próprio presidente Abbas também pensa assim", disse Edwan.
O embaixador palestino no Brasil, Ibrahim al-Zeben, afirmou que concorda com a sugestão feita pelo porta-voz da ANP.
"O presidente Lula demonstrou ser um estadista muito importante, de estatura internacional", destacou al-Zeben.
O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que a proposta dos palestinos já foi citada anteriormente. Segundo ele, um dos que defendeu a idéia de Lula ser nomeado para a ONU foi o presidente da França, Nicolás Sarkozy.
"Não é a primeira vez que ouço essa sugestão, o Sarkozy já havia sugerido isso no passado", observou Garcia.
Durante a inauguração da Rua Brasil, em Ramala, os palestinos presentes aplaudiram de pé o presidente brasileiro e gritaram "Viva Lula!". O primeiro-ministro da ANP, Salam Fayad, também elogiou o presidente.
"Muitos dos que aplaudiram não entendem português, mas o presidente Lula fala uma língua universal e que todos entendem", elogiou.
Cerca de 5 mil brasileiros, de origem palestina, vivem na Cisjordânia. Morador da cidade de Hebron — uma das áreas ocupadas pelos israelenses — o palestino brasileiro Jamil Abu Fara, de 26 anos, levou um cartaz para a cerimônia com o presidente Lula. No cartaz estava escrito: "O Brasil está em nossos corações".
Na inauguração, Lula declarou que o gesto prova o carinho que o povo palestino tem pela nação brasileira. "Primeiro vem a rua, depois os investimentos, depois um ponto de encontro entre o povo palestino e o Brasil", disse Lula.
A rua tem dois quilômetros e liga o local onde está sepultado o líder palestino, Iasser Arafat — morto em 2004 — à cidade de al-Bireh. O presidente brasileiro também depositou flores no túmulo de Arafat.
Ao encerrar a visita aos territórios palestinos o presidente Luiz Inácio Lula a Silva disse que o recente desentendimento entre os EUA e Israel pode ser um incentivo para que israelenses e palestinos cheguem a um acordo.
"O que parecia impossível aconteceu: os EUA tendo divergências com Israel. Quem sabe essa divergência era a coisa mágica que faltava para que se chegasse ao acordo?" disse Lula em Ramala, na Cisjordânia, sem dar detalhes de como esse episódio pode promover a paz no Oriente Médio.
Em coletiva ao lado do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, Lula também fez um apelo para que as duas organizações palestinas, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e a al-Fatá, do presidente palestino, se reconciliem.
"A Palestina não realizará seu sonho se estiver desunida", afirmou.
O presidente palestino afirmou que seus compatriotas vem cumprindo os pedidos feitos por Israel, mas que seus vizinhos não tem feito o mesmo.
"Aplicamos o que nos foi pedido e Israel precisa cumprir seus compromissos, entre eles a suspensão da construção de todos os assentamentos, inclusive em Jerusalém. Não queremos nenhum outro caminho", disse Abbas.
Mais uma vez, Lula disse que o Brasil está disposto a participar das negociações de um acordo de paz entre palestinos e israelenses. "Estou convencido de que novos atores poderão arejar as negociações estancadas."
Com informações da Agência Brasil
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