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Em entrevista a Terra Magazine, o sociólogo e consultor político-estratégico, Antonio Lavareda, analisa os resultados da pesquisa Datafolha, divulgada no sábado (22), e avalia que a pré-candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, realizou uma "trajetória impressionante" nos últimos dois anos nas intenções de voto.
Para Lavareda, ex-estrategista de Fernando Henrique Cardoso, se 80% dos eleitores que desejavam um terceiro mandato para Lula aderirem a Dilma, "ela ganha a eleição".
(...) Na pesquisa Datafolha, Dilma e Serra estão empatados em 37%. O tucano caiu cinco pontos e a petista subiu sete. No voto espontâneo, quando os entrevistados não são apresentados a uma lista de candidatos, Dilma conta com 19%; Serra, 14%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Confira os principais trechos da conversa com Antonio Lavareda.
"Dilma tem potencial de 24% de votos espontâneos"
"Primeiro lugar, ela converge na mesma direção das pesquisas realizadas por outros institutos. Ou seja, independentemente dessa pesquisa específica, nós devemos refletir sobre o que deve estar ocorrendo. O crescimento recente da Dilma, que nesse mês de abril, segundo o Datafolha, fez esse movimento, a causa disso também já está estabelecida por todas as reflexões a respeito: exposição da Dilma nos programas de televisão, nos comerciais, etc. Agora, o que chama a atenção? A dianteira da Dilma nas intenções de voto espontâneas. Ela abre uma liderança de 5 pontos sobre o candidato Serra, lembrando que há ainda um estoque de reserva de 5 pontos de intenção de voto espontâneo no Lula. Na verdade, você pode pensar que, potencialmente, a Dilma tem hoje cerca de 24% das intenções de voto espontâneas, o que é um número bastante expressivo a essa altura do processo eleitoral."
"Em dois anos, Dilma reverteu diferença de 40 pontos"
"Outra coisa importante dessa pesquisa é que, independente da margem de erro, a Dilma ultrapassa, nominalmente, o Serra no segundo turno. Quando você olha pra trás, pra 2008, nesse mesmo período do ano - em abril, maio -, a liderança de Serra era de 40 pontos, no segundo turno, sobre a Dilma. Em maio de 2009, a diferença era de 20 pontos. E agora estão empatados, o que mostra uma trajetória impressionante da candidata Dilma Rousseff. Ela uma revertou uma diferença de 40 pontos das intenções de voto no segundo turno. Esse é o dado que mais chama a atenção na pesquisa: a evolução dela no segundo turno. Até porque já se sabe hoje que essa vai ser uma eleição resolvida no segundo turno. Ela tem uma trajetória impressionante. Evidentemente, essa trajetória está associada ao Lula."
"Eleitor do terceiro mandato decidirá a eleição"
"Como já tive a oportunidade dizer em outras circunstâncias, na verdade, o que está por trás da intenção de voto da Dilma, o que está em questão, é o terceiro mandato do Lula. A Dilma está avançando no eleitorado de terceiro mandato de Lula. A parcela da opinião pública que gostaria de votar no Lula varia entre 60% e 75% A Dilma já realizou até agora um pouco menos de 70% desse público. Quer dizer, realizou na intenção de voto no segundo turno. No primeiro turno, ela só realizou 55% desse eleitorado. Então, resta ver se ao longo da campanha ela vai conseguir capitalizar toda essa parcela do eleitorado que gostaria de um terceiro mandato do presidente Lula. Ou se não vai conseguir isso. A eleição de 2010 vai se resolver em torno dessa questão: se os eleitores que gostariam de votar num terceiro mandato votarão ou não na Dilma Rousseff. Se 80% desses eleitores aderirem a Dilma, ela ganha a eleição. Essa é a questão básica da eleição deste ano."
"Serra e Marina não encontraram posicionamento ideal"
"Aparentemente, não (está funcionando a estratégia de Serra não atacar Lula). Até o momento, não. O grande desafio de candidatos oposicionistas que se defrontam com circunstâncias tão positivas para o candidato oficial se resume a uma palavra: "posicionamento". Como se posicionar na disputa. E é nessa direção que o Serra e a Marina têm investido. O que eles têm dito, tudo o que eles têm apresentado na televisão até o momento, é uma espécie pré-teste do que eles imaginam que vão poder fazer na campanha adiante. Nem a Marina, nem o Serra encontraram seu posicionamento ideal. Isso é natural. Até o início da propaganda na televisão, eles podem arriscar em diversas direções."