A cobertura feita pela TV Globo no Fantástico, da convenção petista que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff (PT), foi de quem desenganou a candidatura de Serra.
O tempo foi o mesmo dado a Serra no Jornal Nacional de sábado (quase 5 minutos), mas o surpreendente foi a edição realista e positiva do que foi a convenção:
O evento deu ênfase nas mulheres, e o Fantástico mostrou (só faltou mostrar Maria da Penha, inspiradora da lei, que estava lá).
O trecho mostrado de José Eduardo Dutra (PT/SE) foi narrado, o que suavizou as críticas, mas não escondeu o conteúdo com críticas ao governo passado e falando do apagão de 2001.
O trecho do discurso de Michel Temmer (PMDB/SP) foi positivo, otimista. Não forçaram ligação com lideranças do PMDB desgastadas com escândalos, como sempre fazem.
A biografia mostrada foi correta, sem estereótipos, e surpreendentemente sem recorrer aos factóides que a própria imprensa criou sobre ela, nem citaram a palavra dossiê, nem Lina Vieira, nem charuteira, nem ficha falsa.
O melhor de tudo foi a correção com que colocaram o discurso de Lula, narrando o trecho em que o presidente disse esperar campanha de alto nível e não o jogo rasteiro de denúncias por meio de dossiês; destacou que eleger Dilma faz parte de seu programa, e deixou o trecho do presidente dizendo:
- Vai ser a primeira eleição, desde que voltou as eleições diretas para presidente, que o meu nome não vai estar na cédula... vai haver um vazio naquela cédula... e para que esse vazio seja preenchido, eu mudei de nome e vou colocar lá Dilma na cédula!
Mais didático, impossível.
A seguir mostrou Lula cumprimentando e abraçando Dilma, com palavras de apoio incondicional, num clima de total engajamento na candidatura dela.
No programa de governo do PT, novamente não recorreram a estereótipos, não criticaram "controle da imprensa", "estatismo", etc, como sempre fazem. Pelo contrário destacaram os pontos positivos, que qualquer brasileiro concorda, como continuar políticas sociais e ampliar o bolsa-família, melhorar educação da creche à universidade, mais recursos e eficácia do SUS, melhorar habitação e universalizar saneamento básico, erradicar a miséria, fortalecer a proteção ao meio ambiente.
No discurso de Dilma, destacou os trechos dizendo sobre a importância de ser uma mulher concorrendo à presidência; em seguida, trechos com elogios a Lula, e de dar continuidade ao projeto de Lula.
A narração explicou que Dilma fez críticas ao governo passado que só governava para uma minoria. Incluiu o trecho do discurso de Dilma pregando a união, de governar para todos, dizendo que o governo Lula uniu todos os brasileiros, e ela continuará unindo, fazendo um governo para todos.
A edição encerrou mostrando (e narrando) a cena simpática, com meninas usando faixa presidencial, para mostrar que uma mulher pode chegar à presidência da República.
Para completar não teve nenhum colunista comentando para falar mal: nem Jabor, nem Lucia Hipólito, nem Alexandre Garcia, nem nenhum especialista do Instituto Millenium.
O programa funcionou sob medida para transferir votos de Lula para Dilma, foi muito positivo para conquistar indecisos, e para diminuir rejeição de gente influenciável pelo próprio PIG.
A edição foi literalmente "fantástica", em se tratando de TV Globo, e deve ter provocado um ataque de fúria em José Serra.
Das duas uma: ou os editores anti-Lula estavam de folga, e novatos não sabiam que podiam fazer um programa honesto assim, e cabeças vão rolar... ou... a Globo já desenganou Serra e começou a bajular aquela em que já apostam como futura Presidenta.