A presidente Dilma Rousseff completa 100 dias no gabinete do terceiro andar do Planalto sem dar margem a dúvidas sobre a capacidade de controlar o próprio governo. Com palavras ríspidas em conversas reservadas e gestos sutis em público, ela aproveitou a “lua de mel” e a força de governante em início de mandato para enquadrar aliados, centrais sindicais e empresários e bloquear personalismos.
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Num lance duplo, a presidente petista chegou ao centésimo dia do governo da primeira mulher presidente do País reforçando seu poder político e impondo a imagem de gestora. O pragmatismo, cultivado em um revezamento nos papéis de “técnica” e “articuladora”, ajudou em parte a esconder o fato de que, à semelhança dos antecessores, seu governo distribui cargos com o mesmo viés fisiológico de sempre, porém sem embaraço - e essa distribuição está longe do fim.
Logo após ser eleita na esteira da popularidade do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e indicar nomes fortes para o ministério como Antonio Palocci, Dilma deixou claro, em entrevista em novembro, que não aceitaria a fama de “rainha da Inglaterra”. “Quando há o sol bem violento que atinge a cidade, sou a favor de sombra. Mas quanto às demais sombras, não acho que sejam compatíveis”, disse ela sobre a hipótese de ter outros líderes no seu encalço.
Foi a relação de Dilma com Lula, no entanto, o que ganhou destaque nas análises sobre a presidente que não conseguiu ser chamada de “presidenta” fora do círculo de subordinados. Ela causou estranheza em assessores que passaram pelo governo anterior ao silenciar diante da tese da blogosfera de que os elogios recebidos eram uma forma de seus opositores tentarem desconstruir a imagem de Lula. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.