Nosso objetivo não é engrandecer um homem, o Presidente Lula, mas homenagear, como brasileiro que ama esta terra e esta gente, o que este homem tem provado, em pouco tempo, depois de tanto preconceito e perseguição ideológica, do que somos capazes diante de nós mesmos, e do mundo, e que não sabíamos, e não vivíamos isto, por incompetência ou fraude de tudo e todos que nos governaram até aqui. Não engrandecemos um homem, mas o que ele pagou e tem pago, para provar do que somos.
Uma informação publicada no site do jornal O Estado de S.Paulo, mas providencialmente ignorada na edição impressa do diário paulista, dá conta de uma manobra do Instituto Sensus para beneficiar o senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, pré-candidato à Presidência da República.
De acordo com o jornalista José Roberto Toledo, a pesquisa Sensus, antigo prestador de serviço dos tucanos mineiros, em vez de mostrar ao eleitor um cartão circular com os nomes dos candidatos, expediente usado para não privilegiar nenhum dos concorrentes, apresentou uma lista em ordem alfabética. Assim, o nome de Aécio Neves pode aparecer sempre em primeiro lugar.
De acordo com Toledo, o novo método do Sensus contraria a prática do mercado e causou estranheza entre os demais institutos, como o Ibope e Datafolha. “Em eleições passadas, como em 2010, o instituto sempre usou a cartela circular, e não a lista em ordem alfabética”, anotou o colunista do Estadão. Segundo ele, na pré-campanha, quando a maioria dos eleitores não sabe bem o nome de um candidato, qualquer tratamento diferenciado a um deles pode inflar sua intenção de voto.
Além de colocar Aécio em evidência, explica Toledo, o instituto incluiu uma pergunta sobre aumento do preços dos alimentos antes de pedir ao eleitor para avaliar o governo federal como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. Além disso, o Sensus registrou a pesquisa no Tribunal Superior Eleitoral bem depois de as entrevistas terem terminado. A pesquisa de campo foi feita entre os dias 22 e 24 de abril, mas só foi registrada no dia 28. “Ou seja, ao registrá-la é provável que o instituto já soubesse o resultado – o que pode ou não ter influenciado na decisão divulgá-la”, anotou o jornalista.
Na pesquisa, a presidenta Dilma, do PT, aparece com 35% das intenções de votos. O tucano Aécio Neves, com 23,7%, e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), com 11%.
Segundo pesquisa do Instituto Sensus divulgada neste sábado (03), a presidente Dilma Rousseff mantém uma diferença confortável em relação aos adversários que se apresentaram até agora para a disputa ao Palácio do Planalto.
Se a votação fosse hoje, ela teria 35% das intenções de votos. O tucano Aécio Neves obteria 23,7% e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), 11%.
Votos brancos e nulos e os que não souberam ou não quiseram responder somam 30,4%.
Com outros presidenciáveis na disputa, cenário que certamente se concretizará, Dilma registra 34%, Aécio 19,9%, Campos 8,3%, Pastor Everaldo (PSC) 2,3%, Randolfe Rodrigues (PSOL) 1,0%, Eymael (PDC) com 0,4%, Mauro Iasi (PCB) 0,3%, Levy Fidelix (PRTB) 0,1%.
Em ambas perspectivas, Dilma tem mais votos que a soma dos demais candidatos, o que encerraria a disputa no primeiro turno.
Os registros em branco, nulos e daqueles que não quiseram ou não souberam responder somam 33,9%.
A mostra foi realizada com dois mil entrevistados, no período de 22 a 25 de abril, em todo o Brasil. A margem de erro é de 2,2%.
Jornalista José Roberto de Toledo, colunista político do jornal Estado de S. Paulo, diz que a pesquisa Sensus divulgada neste sábado favorece o tucano Aécio Neves, cujo nome aparece em primeiro lugar na lista de candidatos; critério mais utilizado pelos institutos é o dos cartões circulares, e não o da ordem alfabética
3 DE MAIO DE 2014 ÀS 07:17
247 - A pesquisa Sensus, que aponta segundo turno entre Dilma Rousseff e foi divulgada neste sábado, favorece o tucano. O motivo, segundo o jornalista José Roberto de Toledo, colunista político do Estado de S. Paulo, é a metodologia, que apresentou os candidatos em ordem alfabética – com Aécio Neves em primeiro lugar – e não em cartões circulares. Leia, abaixo, análise postada em seu blog:
A pesquisa Sensus a ser divulgada neste sábado vai dar o que falar. Se não pelos seus números, ao menos pelos seus métodos. O instituto, que vinha trabalhando para o PSDB até pouco tempo atrás, foi criativo ao apresentar as perguntas aos eleitores.
Em vez de mostrar ao eleitor um cartão circular com os nomes dos candidatos – para não privilegiar nenhum deles -, o instituto mineiro apresentou uma lista em ordem alfabética. Desse modo, o nome de Aécio Neves (PSDB) aparece sempre em primeiro lugar.
Além de contrariar a prática do mercado (institutos como Ibope e Datafolha apresentam a cartela circular), o Sensus mudou sua própria maneira de fazer a pergunta de intenção de voto. Em eleições passadas, como em 2010, o instituto sempre usou a cartela circular, e não a lista em ordem alfabética.
Na pré-campanha, quando a maioria dos eleitores não tem o nome de um candidato na ponta da língua, qualquer tratamento diferenciado a um deles pode inflar sua intenção de voto. No começo de 2010, por exemplo, Sensus e Vox Populi colocavam o partido do candidato ao lado do seu nome, o que aumentava a intenção de voto da então desconhecida Dilma Rousseff, porque o eleitor descobria, pelas mãos do pesquisador, que ela era do PT.
Desta vez, a criatividade na maneira de apresentar as perguntas pelo Sensus deve atrapalhar e não ajudar a presidente. Além de colocar seu adversário Aécio em evidência na pesquisa de intenção de voto, o instituto incluiu uma pergunta sobre aumento do preços dos alimentos antes de pedir ao eleitor para avaliar o governo federal como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo.
Não é a primeira vez que o Sensus faz algo do gênero. Na disputa presidencial de 2002, o instituto também fez uma pesquisa surpreendente na fase da pré-campanha. No final de 2001, o instituto divulgou pesquisa que colocava Roseana Sarney (então no PFL) empatada com Lula, em primeiro lugar. Razão: antes de perguntar a intenção de voto, o Sensus perguntava ao eleitor sobre um escândalo envolvendo o PT, e sobre o racionamento de energia elétrica, o que prejudicava José Serra (PSDB).
Outro fato chama a atenção nesta sondagem do Sensus: o registro da pesquisa no TSE ocorreu bem depois de as entrevistas terem terminado. A pesquisa de campo foi feita entre os dias 22 e 24 de abril, mas só foi registrada no dia 28. Ou seja, ao registrá-la é provável que o instituto já soubesse o resultado – o que pode ou não ter influenciado na decisão divulgá-la.
Como no caso da MDA/CNT, a pesquisa do Sensus foi feita logo após a propaganda eleitoral do PSDB no rádio e na TV. E terminou muito antes do pronunciamento de Dilma na véspera do 1º de Maio. Mas como demorou tanto a ser divulgada, vai ficar parecendo que a sondagem do Sensus é mais recente do que de fato é.
A pesquisa foi paga pelo próprio Sensus, segundo o registro no TSE. Mas será divulgada com exclusividade pela revista IstoÉ. Segundo o site da publicação, a parceria envolverá a divulgação de sete sondagens sobre a eleição presidencial este ano.
Pesquisa divulgada neste sábado pela parceria Istoé/Sensus é a primeira a apontar segundo turno nas eleições presidenciais de 2014; segundo o instituto, a presidente Dilma Rousseff teria 35%, contra 23,7% de Aécio Neves e 11% de Eduardo Campos; ou seja, intenções de voto de 35% para o governo e 34,7% para a oposição, num empate técnico; Sensus também simulou segundo turno, no qual Dilma teria 38,6%, contra 31,9% de Aécio Neves; cenário de mais uma eleição polarizada entre PT e PSDB obriga Eduardo Campos a mudar sua estratégia para não ficar de fora do jogo
3 DE MAIO DE 2014 ÀS 06:03
247 - A revista Istoé deste fim de semana traz a primeira pesquisa a apontar segundo turno nas eleições presidenciais de 2014. O levantamento é fruto de uma parceria com o instituto Sensus, que traz os seguintes números:
Dilma Rousseff (PT) 35,0%
Aécio Neves (PSDB) 23,7%
Eduardo Campos (PSB) 11,0%
Indecisos/brancos/nulos 30,4%
Ou seja: enquanto o governo teria 35%, a oposição conseguiria 34,7%, o que configuraria um empate técnico.
O instituto Sensus traçou um segundo cenário, incluindo os candidatos de partidos nanicos. Eis os números:
Dilma Rousseff (PT) 34,0%
Aécio Neves (PSDB) 19,9%
Eduardo Campos (PSB) 8,3%
Pastor Everaldo (PSC) 2,3%
Randolfe Rodrigues (Psol) 1,0%
Eymael (PDC) 0,4%
Mauro Iasi (PCB) 0,3%
Levy Fidelix (PRTB) 0,1%
Indecisos/brancos/nulos 33,9%
Ou seja: no cenário B, o governo teria 34%, contra 32,4% dos adversários, uma diferença de 1,6 ponto. Como a margem de erro é de 2,2 pontos, também estaria aberta a possibilidade de segundo turno.
Diante dos números, a reportagem de capa da revista ganhou o título "A caminho do segundo turno", indicando uma disputa polarizada, mais uma vez, entre PT e PSDB, como ocorreu nas últimas cinco eleições presidenciais.
Na simulação de segundo turno, Dilma teria 38,6%, contra 31,9% de Aécio. Foi também feita uma simulação com Eduardo Campos, que teria 24,8%, contra 39,1% de Dilma.
No entanto, um dado importante da pesquisa é que, em ambos os cenários, Campos aparece com menos da metade dos votos de Aécio, a despeito da aliança com Marina Silva. Isso significa que, para se viabilizar como alternativa de uma terceira via real, o ex-governador pernambucano terá que partir para o embate com os tucanos – e não a crítica apenas ao governo da presidente Dilma.
Responsável pela pesquisa, o cientista político Ricardo Guedes aponta um quadro delicado para Dilma e o PT. "Está difícil para a presidenta", diz ele. Uma das razões seria a queda da identificação entre os eleitores e o PT. Embora o partido ainda seja o preferido dos eleitores, a identificação caiu de 18% para cerca de 9%.
Embora a candidatura da presidente Dilma à reeleição tenha sido oficializada ontem, durante encontro nacional do Partido dos Trabalhadores, o Datafolha, comandado pelo sociólogo Mauro Paulino, sai a campo com uma questão intrigante; o instituto questiona quem deveria ser o candidato do PT a presidente: Dilma ou Lula; Dilma conseguiu conter o fogo amigo dentro do PT e da base aliada, mas ainda virão disparos externos
3 DE MAIO DE 2014 ÀS 09:37
247 - A presidente Dilma Rousseff agiu rápido. Na mesma semana em que uma importante colunista noticiou que o ex-presidente Lula aceitara concorrer ao Palácio do Planalto já em 2014 (leia aqui) e um deputado do PR pendurou "o retrato do velhinho" na parede (leia aqui), ela obteve do Partido dos Trabalhadores o compromisso total com sua candidatura. Ontem, durante encontro nacional do PT, foi o próprio Lula quem garantiu que ela será a candidata em 2014 (leia aqui).
No entanto, embora tenha contido o fogo amigo, Dilma ainda será alvo de rumores e especulações sobre uma eventual substituição por Lula, com disparos vindos do campo adversário. Um exemplo é a nova pesquisa Datafolha, que acaba de ser registrada no Tribunal Superior Eleitoral e será divulgada na próxima semana. Nela, há uma questão intrigante, a de número 17: "Na eleição presidencial deste ano, quem deveria ser o candidato do PT a presidente: a presidente Dilma Rousseff ou o ex-presidente Lula?".
O Datafolha não questiona, por exemplo, se o PSB deve lançar Eduardo Campos ou Marina Silva ou se o PSDB deve ir de Aécio Neves ou José Serra. Alimenta a divisão apenas no campo petista, podendo trazer um resultado capaz de reacender a chama do "volta, Lula", caso seus entrevistados prefiram o ex-presidente à sua sucessora.
Leia aqui ou abaixo a íntegra do questionário da pesquisa, cujos resultados devem sair no próximo fim de semana. Leia ainda o artigo "Não apostem contra Dilma", que aponta por que Dilma não recuará do direito à reeleição.
Bombardeado todo santo dia pela grande mídia com notícias negativas do governo, em que o PT é apresentado como o grande vilão dos negócios escusos do país, o leitor acaba assimilando as informações distorcidas e tendenciosas como se verdadeiras fossem
Atuando como verdadeiro partido político, mas ao largo das penalidades previstas pela legislação eleitoral, a massacrante campanha sistemática da chamada Grande Imprensa contra o governo da presidenta Dilma Rousseff já está produzindo efeitos danosos à sua imagem, com inevitáveis repercussões no eleitorado, conforme atestam as pesquisas de intenção de votos. Está se confirmando, portanto, o que revelou um dos líderes da oposição, o senador Álvaro Dias, que, numa inconfidência a um blog, disse que o objetivo deles (oposição e imprensa) era desconstruir a imagem do governo com noticias negativas todo dia. Destacou que os efeitos seriam sentidos com a maturação desse noticiário no seio da população. E já se percebe claramente o resultado dessa estratégia no posicionamento de pessoas do povo.
Já se ouve, em conversas de filas de bancos e nos botecos das cidades, a afirmativa de que "o PT é um partido de corruptos". Já estão surgindo nas ruas automóveis com adesivos contendo a inscrição "Fora Dilma. E leva junto o PT". É claro que isso não é fruto apenas da campanha da mídia, mas também de uma ação planejada da oposição, que vem utilizando todos os meios possíveis para conseguir seus objetivos. Parece que estão aplicando com sucesso aquele velho dito popular, segundo o qual "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Bombardeado todo santo dia pela grande mídia com notícias negativas do governo, em que o PT é apresentado como o grande vilão dos negócios escusos do país, o leitor acaba assimilando as informações distorcidas e tendenciosas como se verdadeiras fossem. Confúcio já dizia que "uma mentira dita mil vezes vira verdade".
O Papa João Paulo II, hoje santo, disse certa feita que "quem dá importância ao fato é a imprensa". A observação procede. Se um fato relevante for divulgado discretamente, num cantinho de página, certamente perde a sua importância, mas se um acontecimento sem nenhuma importância for divulgado em manchete, ganha uma enorme dimensão. É justamente o que vem fazendo setores da imprensa brasileira, que minimizam ou omitem fatos graves, como o caso da Siemens/Alstom em São Paulo, envolvendo três governos do PSDB, e abrem manchetes a uma simples citação do nome de Alexandre Padilha numa gravação da Policia Federal, sem nenhum indício ou acusação de algo desonesto, simplesmente porque o ex-ministro da Saúde é candidato do PT ao governo paulista. E o resultado imediato é que só a leitura da manchete já leva muita gente sugestionável a condená-lo. Essa é a estratégia que vem sendo utilizada pela Grande Imprensa, articulada com a oposição, para derrotar a presidenta Dilma nas eleições de outubro.
Na verdade, tem muita coisa estranha acontecendo. Além dos vazamentos seletivos das investigações da Policia Federal, que abastecem determinados setores da imprensa com notícias contra o governo, sem que se tenha conhecimento de alguma medida destinada a punir os responsáveis, tem muita gente se sentindo encorajada a adotar atitudes ofensivas e desrespeitosas, além de palavras, contra a Presidenta. O ex-governador pernambucano, por exemplo, chamou Dilma de "faxineira", enquanto o deputado Paulinho, da Força Sindical, disse que ela deveria ir para a Papuda e um policial federal postou no Facebook uma foto em que aparece treinando tiro ao alvo numa caricatura da Presidenta. Mais do que ousadia, é um desrespeito à chefe da Nação. Ao mesmo tempo, oposicionistas de diversos partidos se revezam em críticas diárias e contundentes ao governo que, atacado principalmente por parte da mídia, se mostra acuado, na defensiva.
Parece estranho que os aliados do governo se mantenham em silêncio contemplativo diante dos ataques, sobretudo dos candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos. A senadora Gleisi Hoffmann, que vinha rebatendo todas, também já silenciou. E o PT parece acovardado, inclusive diante da atitude do ministro Joaquim Barbosa em relação a José Dirceu e José Genoino. O Planalto tem instrumentos e mecanismos para mudar o jogo ou, pelo menos, equilibrá-lo, mas apenas a presidenta Dilma tem reagido a esse massacre. No seu pronunciamento em rede de rádio e TV, no Dia do Trabalhador, ela deixou claro a disposição de luta em defesa do seu governo, com o mesmo destemor com que lutou contra a ditadura, mas não pode brigar sozinha. Afinal, aliados não servem apenas para receber benesses.
Constata-se, no entanto, que o mais perigoso opositor da Presidenta é mesmo a chamada Grande Mídia, que, com seu noticiário negativo diário, consegue dar a falsa impressão, inclusive para a imprensa internacional, de que o governo vai mal. Não fora essa escandalosa oposição da mídia, com o seu poder de influenciar mentes sugestionáveis, e o panorama seria diferente, porque o principal candidato oposicionista à presidência, o senador Aécio Neves, não consegue sozinho motivar o eleitorado. Ele tem dado demonstrações de que herdou a sagacidade política do avô, mas não a seriedade, pois os seus pronunciamentos não conseguem transmitir sinceridade. Apesar de bom orador, seu discurso soa como demagógico, em que as palavras objetivam apenas a conquista de votos. Falta alguma coisa que convença o eleitor das suas intenções. Afinal, ele apenas critica, sem nenhuma proposta.
De qualquer modo, já está passando da hora de uma reação mais efetiva a esse massacre, do contrário a reeleição da presidenta Dilma vai ficando cada dia mais difícil, como é fácil perceber pela gradativa queda nas pesquisas. Se a estratégia oposicionista está dando certo, nada mais lógico do que adotá-la também. Como ensina o velho dito popular: "Em terra de sapos, de cócoras com eles".
Dilma é uma mulher de combate – ou, se preferirem, com alma de guerrilheira. Já foi presa, torturada e não será a cara feia de um ou outro deputado e a vontade de trair de tantos outros que a farão desistir no meio do caminho
A banca de apostas está montada. Às vésperas de cada pesquisa eleitoral, especuladores compram ações de empresas estatais, especialmente da Petrobras, ao primeiro sinal de queda da aprovação de Dilma Rousseff, de alta dos oposicionistas Aécio Neves e Eduardo Campos ou mesmo de volta do ex-presidente Lula, percebido pelos agentes financeiros como um nome mais pró-mercado e menos intervencionista do que sua sucessora. Simples assim: Dilma cai, as ações sobem.
Mas será que os especuladores vão mesmo ganhar a aposta? Ou será que já se pode dar como favas contadas a substituição de Dilma por Lula, chamado por Marina Silva de "bala de prata do PT", depois que um deputado da base aliada, o mineiro Bernardo Santana (PR-MG), lançou oficialmente o 'volta, Lula' e pendurou o quadro do "velhinho" na parede de seu gabinete?
Essa, sim, é uma aposta de risco de altíssimo risco. Só quem não conhece Dilma Rousseff acredita que ela poderá entregar os pontos com facilidade. Aliás, é nas situações de crise, que ela se mostra mais confortável, como se estivesse até se divertindo com o fuzuê que enxerga das janelas do Palácio do Planalto.
As mensagens de que ela pretende continuar por mais quatro anos falam por si. Num encontro com jornalistas esportivos, Dilma afirmou com todas as letras: "sei da lealdade de Lula por mim, e ele sabe da minha por ele". Ou seja: se alguns ainda a enxergam como criatura, ou "poste", ela se colocou em pé de igualdade com o criador – e não como sua devedora. Um dia depois, numa entrevista a rádios da Bahia, ela afirmou que será candidata "com ou sem apoio de sua base". E disse que se não tiver esse apoio, "paciência".
Dilma é uma mulher de combate – ou, se preferirem, com alma de guerrilheira. Já foi presa, torturada e não será a cara feia de um ou outro deputado e a vontade de trair de tantos outros que a farão desistir no meio do caminho. Ela não se vê numa posição subalterna dentro do PT e da base aliada e acredita estar fazendo um governo que merece mais quatro anos. Vai lutar para seguir em frente. O que não se pode medir, ainda, é o impacto que divisões internas terão nessa disputa e em que grau favorecerão os adversários Aécio e Eduardo. Por isso mesmo, nesta sexta-feira, dirigentes do PT fizeram questão de demonstrar unidade em torno da candidatura Dilma.
O PSB procura agradar o mercado, principalmente o financeiro enquanto o PT continua sendo o partido que, mesmo governando para todos, tem tido e continuará tendo seu compromisso maior com a brava gente brasileira
O candidato do PSB a presidente, recentemente declarou que, se eleito, definirá meta de 3% para a inflação, ajustará o preço dos combustíveis no Brasil aos preços externos e que dará independência ao Banco Central.
São todas medidas vistas com grande simpatia pelo chamado mercado e que o coloca afinado com o discurso tucano e empresarial. Para quem se diz representante do que denomina "nova política" é algo frustrante. Afinal, para quem abraça estas teses seria o caso de votar então no original tucano e não na sua cópia palomeira.
Senão, vejamos. O sistema de metas estabelece bandas que vai de 3,5% a 6,5% tendo 4,0% como centro. Esta faixa é menos uma definição teórica e mais uma constatação empírica dos economistas. Respeitando-se estes limites, entendem ser possível defender ao mesmo tempo o poder de compra das pessoas e trabalhar políticas de desenvolvimento sem gerar desequilíbrio no sistema de preços. Quanto mais baixa a inflação dentro desta faixa, mais tem de submeter-se às ações desenvolvimentistas, aos desígnios do arrocho fiscal e vice e versa, ou seja, a faixa superior da faixa concede ao gestor macroeconômico mais folga para promover gastos em infraestrutura de que tanto o Brasil precisa e em programas sociais, por exemplo. O palomeiro, ao cravar 3% como meta, vai ter que aumentar as taxas de juros e cortar gastos necessários à infraestrutura do País, para a felicidade do mercado financeiro, que adora arrocho monetário e juros altos, como sabemos.
A independência do Banco Central vai na mesma linha. É evidente que o Banco Central deve ter independência para fazer a defesa da moeda, mas também a defesa da economia, permitindo que o País se desenvolva. Mas esta independência tem que ser concedida pela decisão política de um governo legitimamente eleito, o que foi praticado por Lula e vem sendo por Dilma. Diferente disto é criar-se sistema aparentemente independente, com escolhas "técnicas" limpas e higienizadas da política. Até as formigas que circulam pelas paredes do Banco Central sabem que, se as escolhas ditas técnicas forem deixadas a mercê das tais livres forças do mercado, teremos uma gestão ultra-conservadora da nossa política monetária bem ao gosto do mercado financeiro e dos boys formados em conservadoras universidades estrangeiras.
Se formos para o caso dos combustíveis, temos aí mais um perigo à frente. A determinação dos preços dos combustíveis no País é matéria afeta ao campo da geopolítica de desenvolvimento nacional, matéria estratégica para a prática de nossa soberania política.
Esta política de preços não pode ser transformada em uma fórmula matemática a ser aplicada mecanicamente. Se fosse para ser assim, que se vendesse a Petrobras como tentou fazer FHC. Se fosse para ser assim, não teríamos tido a refinaria Abreu e Lima nem os estaleiros em Pernambuco e outros estados, senhor candidato. Pois tanto a decisão de ter novas refinarias e não importar refinados ou ampliar refinarias já existentes, quanto a decisão de construir petroleiros e plataformas contrariaram a racionalidade do que seria uma gestão privada da Petrobras mas foram atos soberanos do governo em defesa do interesse nacional.
O aumento da produção com o pré-sal e do refino com as novas refinarias poderão até recomendar preços mais baixos ainda no mercado interno. A manutenção de preços competitivos para o nosso álcool carburante é que é elemento que precisa ser sempre considerado nessa equação. Mas aí é outra história que não tem a ver com a lógica privada de abrir mão da definição nacional dos preços dos combustíveis, como prega o tucano, desculpe, o palomeiro.
Enfim, o PSB procura agradar o mercado, principalmente o financeiro enquanto o PT continua sendo o partido que, mesmo governando para todos, tem tido e continuará tendo seu compromisso maior com a brava gente brasileira, principalmente com aqueles que nunca tiveram vez antes.