DILMA: SELEÇÃO BRASILEIRA ESTÁ ACIMA DA POLÍTICA
Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, a presidente Dilma Rousseff relata como torceu pela seleção brasileira na Copa de 1970, quando estava presa pela ditadura; "Naquela época, muitas pessoas que eram de oposição ao regime militar inicialmente começaram a levantar a questão de que a gente fortaleceria a ditadura se torcesse pela Seleção Brasileira. Eram muitas pessoas, no início. Elas foram diminuindo progressivamente. Até que não sobrou ninguém", relembra; segundo Dilma, a seleção canarinho "está acima de governos, de partidos e de interesses de qualquer grupo"
15 DE JUNHO DE 2014 ÀS 06:26
247 - Em artigo publicado neste fim de semana, a presidente Dilma Rousseff fala de sua ligação com a seleção brasileira e conta como ela se fortaleceu no momento mais duro de sua vida, quando estava presa pela ditadura militar, durante a Copa de 1970. Leia abaixo:
A Seleção está acima da política
Por Dilma Rousseff
Em 1970, eu estava na cadeia. Naquela época, havia segmentos que diziam: "Se você torcer pelo Brasil, você estará fortalecendo a ditadura". Isso era uma sandice. Para mim, esse dilema nunca existiu.
Eu havia sido presa em 16 de janeiro e, como agora, a Copa começava em junho. Naquela época, muitas pessoas que eram de oposição ao regime militar inicialmente começaram a levantar a questão de que a gente fortaleceria a ditadura se torcesse pela Seleção Brasileira. Eram muitas pessoas, no início. Elas foram diminuindo progressivamente. Até que não sobrou ninguém. Com o decorrer dos jogos, todos, os que estavam na cadeia e os que estavam fora, torceram de forma apaixonada pela Seleção Brasileira.
Vivíamos sob uma ditadura. Não havia direito de manifestação, direito de organização, direito à divergência. Havia tortura, perseguição e repressão. Mas essa nunca foi a questão. Eu e as minhas companheiras de cela nunca tivemos dúvidas e todas torcemos pelo Brasil, porque o futebol está acima da política.
O nosso sentimento pode ser traduzido no verso de Camões, em Os Lusíadas: "Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta".
A Seleção Brasileira representa a nossa nacionalidade. Está acima de governos, de partidos e de interesses de qualquer grupo.
Ontem, hoje e sempre, o povo brasileiro ama e confia em sua Seleção.
* Presidente da República Federativa do Brasil
FESTA LATINA NA COPA 2014: SOY LOCO POR TI, BRASIL!
Carregando milhares de torcedores, seleções do Chile, Colômbia, México e Costa Rica, além do Brasil, largam com vitórias emocionantes em suas primeiras partidas no Mundial; exceção foi o Uruguai, mas que perdeu para um país caribenho; festa dos latino-americanos explode nas arenas lotadas e ruas coloridas de Fortaleza, Belo Horizonte, Natal, Cuiabá e São Paulo; País marca presença, como nunca antes, como epicentro do continente; novas correntes turísticas, como a dos equatorianos, que invadiram Brasília, onde a equipe nacional joga amanhã, se abrem; e isso porque a Argentina, do fuori serie Lionel Messi, também estreia amanhã, em pleno no Maracanã, no Rio de Janeiro; retribuição antecipada é o Obelisco, de Buenos Aires, iluminado de verde e amarelo; admiração generalizada pelo Brasil
14 DE JUNHO DE 2014 ÀS 20:09
247 – A América Latina se encontra e festeja no Brasil da Copa do Mundo 2014. A integração se materializou e está à vista de todos, ao vivo, nas arenas do Mundial e ruas das cidades-sede, ou pelas mídias eletrônicas e de papel. Não há como não ver. É uma alegria colorida, tropical, quente. Em milhões de selfies, filmes e mensagens, os milhares de torcedores de língua espanhola que têm se misturado aos brasileiros na lotação, sem exceção, de todas as arenas de jogos protagonizam um espetáculo que ajuda a explicar, porque, fazer uma Copa do Mundo é um bom negócio para um país como o Brasil.
De modo natural, por suas dimensões e acolhida, o Brasil está se mostrando a maior, mais vistosa e, também, acrescente-se, mais segura casa de todos os latino-americanos – e dando-lhes muita sorte. Tirante o Uruguai, que perdeu por 3 a 1 para a Costa Rica, de mesma língua no Caribe, os dois sul-americanos que entraram em campo até o sábado 14 venceram suas partidas de estreia. Com shows. O Chile bateu a Austrália por 3 a 1, em Cuiabá, levantando a expressiva torcida nacional. Os chilenos 'invadiram' o Brasil por todos os meios de locomoção, de kombis a boiengs, fazendo viagens de uma semana de duração ou pouco mais de duas horas de voo.
A arena Pantanal, talvez a mais criticada de todas as construídas para o Mundial, cumpriu máxima lotação.
Em Belo Horizonte, os tricolores colombianos dominaram o Mineirão de azul, amarelo e vermelho. Três a zero sobre a Grécia corresponderam a uma festa que tomou a madrugada nos muitos bares e restaurantes da capital mineira.
Em Belo Horizonte, os tricolores colombianos dominaram o Mineirão de azul, amarelo e vermelho. Três a zero sobre a Grécia corresponderam a uma festa que tomou a madrugada nos muitos bares e restaurantes da capital mineira.
Em Natal, debaixo de uma torrente que inundou a cidade, a arena Dunas mostrou, como muitos não esperavam, um gramado de drenagem perfeita num disputado México e Camarões. Os ruidosos mexicanos de grande torcida arrancaram uma vitória muito buscada, de um a zero. Se não houve espaço para festa fora do estádio, em razão da tragédia provocada pelas chuvas, o que se viu foi uma estrutura passou num duro teste.
Em Brasília, onde sua seleção enfrenta neste domingo a , no Mané Garricha, os equatorianos tomaram conta dos setores de diversões da capital federal. Abriu-se, nesta visita, uma nova corrente de turismo, como tantas outras vão se criando com a presença das 31 delegações estrangeiras no Brasil. Não há dúvida, neste momento em que a Copa não apresentou nenhum grande incidente até aqui, ao contrário, tem sido um sucesso de público e crítica, com muitos gols, que vai-se provando que foi sim um ótimo organizar o Mundial.
A exceção na festa dos países do continente americano foi o Uruguai, mas que perdeu Fortaleza para um adversário centro-americano, a Costa Rica de futebol rápido e objetivo. A vitória de virada por 3 a 1 foi emendada por grande festa em um dos principais cartões postais do Nordeste.
Em São Paulo, numa festa que se estendeu por toda a cidade, que está com mais de 80% de lotação em sua rede hoteleira, com forte reflexos no comércio, os brasileiros, junto a torcidas de diferentes países, fizeram a festa na abertura do Mundial. Os 3 a 1 do Brasil sobre a Croácia suavizaram o ambiente de tensão pré-Copa, de resto com a maior cidade do País exibindo um eficiente, até aqui, esquema de segurança.
A integração da América Latina no Brasil vai se completar neste domingo, quando, no gramado globalmente famoso do Maracanã, a Argentina entrar em campo contra a Bósnia. Enquanto Lionel Messi é o número dez que pretende liderar a equipe de estrelas de azul e branco, ninguém menos que Diego Maradona é o El Diez da torcida. Ele é a figura mais proeminente de uma legião de "hermanos" que ocupa o Rio de Janeiro com o amor e o entusiasmo que sempre dedicou à cidade.
Se uma primeira rodada de Copa do Mundo pudesse ser encomendada para sublinhar a integração latino-americano e o fortalecimento do Brasil neste contexto, não seria melhor que essa que se completa no domingo 15. Bastará a Argentina confirmar seu favoritismo para que um uníssono em espanhol possa gritar: 'Soy louco por ti, Brasil".