DILMA ULTRAPASSA OFENSAS: “NÃO ME ABATEREI POR ISSO”
Em discurso feito em Brasília nesta manhã, presidente afirma que "não irá deixar se perturbar, atemorizar, por xingamentos que não podem ser sequer escutados pelas crianças e famílias"; Dilma Rousseff lembrou das dificuldades que viveu na época da ditadura – "suportei, não foram agressões verbais, foram físicas" – e garantiu que isso não a tirou de seu rumo; "Não serão xingamentos que vão me intimidar, atemorizar. Não me abaterei por isso, não me abato e nem me abaterei", ressaltou; agressão verbal à presidente, durante abertura da Copa do Mundo, na Arena Corinthians, partiu da área vip do estádio
13 DE JUNHO DE 2014 ÀS 12:41
Brasília 247 – Um dia depois de ter sido vítima de ofensas por torcedores na área Vip na Arena Corinthians, em São Paulo, durante o jogo de abertura da Copa do Mundo, a presidente Dilma Rousseff respondeu nesta sexta-feira 13 que "não irá deixar se perturbar, atemorizar, por xingamentos que não podem ser sequer escutados pelas crianças e famílias". As declarações foram feitas em discurso realizado no final da manhã em Brasília, onde a presidente inaugurou a primeira etapa do BRT Expresso DF Eixo Sul.
Dilma lembrou, em sua fala, as dificuldades que viveu na época da ditadura no Brasil, quando foi presa política, e ressaltou que nada disso a tirou de seu rumo. "Na minha vida pessoal, quero lembrar que enfrentei situações do mais alto grau de dificuldade. Situações que chegaram ao limite físico. Suportei, não foram agressões verbais, foram físicas. Suportei agressões físicas quase insuportáveis e nada me tirou do meu rumo. Nada me tirou dos meus compromissos, nem do caminho que tracei para mim mesma. Não serão xingamentos que vão me intimidar, atemorizar. Não me abaterei por isso, não me abato e nem me abaterei", afirmou.
As vaias de ontem partiram da área vip do Itaquerão (leia mais). A presidente declarou ainda que os xingamentos não representam o que o povo brasileiro pensa. "O povo brasileiro não age assim e não pensa assim. Sobretudo, o povo não sente da forma como esses xingamentos expressam", disse. E fez uma provocação aos agressores verbais: "o povo brasileiro é civilizado e extremamente generoso e educado. Podem contar que isso não me enfraquece. Podem contar". Dilma voltou a dizer que não vai se "deixar perturbar por agressões verbais".
Antes de rebater as críticas, a presidente agradeceu a todos os brasileiros, trabalhadores, empresários, engenheiros, donas de casa, técnicos, servidores públicos e profissionais das mais diferentes áreas que transformaram o sonho da Copa com 12 cidades-sede em realidade. "A Copa é um momento de afirmação. Nós ontem demonstramos que conseguimos superar todos os obstáculos para realizar a Copa", afirmou Dilma Rousseff, lembrando que Brasília tem um dos estádios mais bonitos do País.
VAIAS A DILMA TÊM MESMO O PESO DADO PELOS JORNAIS?
Elas estão destacadas na Folha, no Estado de S. Paulo e no Globo, assim como o foram nos telejornais de ontem; partiram de ala Vip do Itaquerão e refletiram, apenas, o comportamento de manada dos estádios de futebol; provavelmente, teriam ocorrido contra qualquer outro presidente; na tarde de ontem, havia muito mais em jogo do que o comportamento de parte da torcida que começou a hostilizá-la perto da área de imprensa, como, por exemplo, o fato de o Itaquerão ter passado pelo teste de fogo e de o dia ter transcorrido sem protestos graves e com transporte de qualidade para os torcedores; do episódio da vaia, emerge uma única certeza: Folha, Estado e Globo fazem parte da torcida organizada anti-Dilma
13 DE JUNHO DE 2014 ÀS 06:21
247 - O que aconteceu de realmente importante na tarde de ontem, além, é claro, da vitória de 3 a 1 da seleção brasileira contra a Croácia? Em primeiro lugar, a Arena Corinthians, que despertava grande temor, passou bem pelo teste de fogo. Além disso, não houve problemas de deslocamento e os torcedores chegaram e saíram com facilidade, utilizando o transporte público. Para completar, não houve a temida greve dos metroviários e os protestos foram realizados por grupos minoritários. Em resumo, uma grande festa, onde a esperança venceu o medo de um eventual fracasso (leia mais aqui).
No entanto, o que mais foi destacado pelos jornais, na manhã seguinte, ou pelos telejornais de ontem? A vaia que partiu da ala Vip do estádio (leia aqui) e, em alguns momentos, foi dirigida à presidente Dilma, num grosseiro "ei, Dilma, vai tomar no c...". O que essa vaia significa? Praticamente nada. Expressa apenas a falta de educação e o comportamento de manada típico dos estádios de futebol, quando um pequeno grupo começa a gritar palavras de ordem, que rapidamente se alastram. Além disso, se fossem outros os presidentes, será que o mesmo não teria ocorrido?
A vaia, em si, foi um evento banal. A cobertura dos jornais e telejornais, nem tanto. Significa que Folha, Estado de S. Paulo e Globo, cujos colunistas falavam em "Copa do Medo" e "chuteiras sem pátria", fazem parte da torcida organizada anti-Dilma. E os torcedores que ali gritavam, gritavam por eles. Os Frias, os Mesquita e os Marinho.
KFOURI CONDENA VAIA: "ELITE BRANCA INTOLERANTE"
O colunista Juca Kfouri postou um duro comentário contra os torcedores que, ontem, xingaram a presidente Dilma Rousseff no Itaquerão; "gente que tem dinheiro, mas não tem educação nem civilidade"
13 DE JUNHO DE 2014 ÀS 07:23
247 - O protesto de alguns torcedores contra a presidente Dilma Rousseff ontem no Itaquerão, destacado pelos jornais da mídia familiar (leia mais aqui), foi o tema do comentário feito pelo colunista Juca Kfouri, nesta manhã, na rádio CBN.
Kfouri usou uma expressão do ex-governador Claudio Lembo e disse que a "elite branca" de São Paulo deu uma prova de sua "intolerância".
Segundo ele, ao contrário da vaia na abertura da Copa das Confederações, no Mané Garrincha, no ano passado, o que aconteceu ontem foi mais grave. "Ela foi xingada mesmo", disse ele. Os gritos eram: "ei, Dilma, vai tomar no c...".
"Na Copa, os estádios não eram para o povo, mas para quem tinha dinheiro para pagar ingressos caríssimos", disse ele. "Gente que tem dinheiro, mas não tem educação nem civilidade", afirmou.
Kfouri disse ainda que a elite paulista se mostrou "intolerante e mal-agradecida por quem deu a ela uma Copa padrão Fifa".
GROSSERIA INDESCULPÁVEL
“Xingá-la significa ofender a instituição; quando o xingamento é transmitido em rede mundial, adquire uma pungência hedionda; no limite, o que a torcida fez na tarde desta quinta-feira foi informar ao planeta que o Brasil está deixando de ter uma noção qualquer de civilidade”, disse o colunista Josias de Souza
13 DE JUNHO DE 2014 ÀS 08:01
247 – O colunista Josias de Souza censurou o comportamento da torcida brasileira na abertura da Copa do Mundo ao xingar a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, foi uma prova em âmbito mundial de que o Brasil está deixando de ter uma noção qualquer de civilidade. Leia:
Quando Ronaldo disse estar “envergonhado” com os desacertos da organização da Copa, Dilma Rousseff reagiu à moda de Nelson Rodrigues: “Tenho certeza que nosso país fará a Copa das Copas. Tenho certeza da nossa capacidade, tenho certeza do que fizemos. Tenho orgulho das nossas realizações. Não temos por que nos envergonhar. Não temos complexo de vira-latas.”
Nesta quinta-feira, Dilma submeteu seu orgulho a teste na tribuna de honra do Itaquerão. Dali, assistiu à partida inaugural da Copa do Mundo. Dessa vez, tentou blindar-se no silêncio. Absteve-se de discursar. Não funcionou. Como queria a presidente, a torcida exorcizou o vira-latismo. Mas, desamarrando suas inibições, incorporou um pitbull.
Ao entoar o hino nacional, ao ovacionar os jogadores, a arquibancada tomou-se de um patriotismo inatural. Contudo, rosnou com agressividade inaudita ao dirigir-se a Dilma. Fez isso uma, duas, três, quatro vezes. Diferentemente do envelope de uma carta ou do e-mail, a vaia não tem nome e endereço. Pode soar inespecífica. Como no instante em que o serviço de som anunciou os nomes de Dilma e de Joseph Blatter.
Até aí, poder-se-ia alegar que o destinatário da hostilidade era o cacique da Fifa, não Dilma. A coreografia estimulava a versão. Blatter levantou-se. Dilma manteve-se sentada. O diabo é que o torcedor, salivando de raiva, tratou de dar nome aos bois. Foi assim no coro entoado nas pegadas da cerimônia de abertura da Copa.
“Ei, Dilma, vai tomar no c…'', rosnava um pedaço da multidão. “Ei, Fifa, vai tomar no c…”, gania outra ala. Quando Dilma foi exibida no telão do estádio vibrando com o segundo gol do Brasil, arrostou, solitariamente, uma segunda onda de xingamentos.
Após a comemoração do terceiro gol, ela ouviu um derradeiro urro: ‘Ei, Dilma, etc…”
O que fizeram com Dilma Rousseff no Itaquerão foi indesculpável. Vamos e venhamos: ela não era nem culpada de estar ali. Com as vaias da Copa das Confederações ainda não cicatrizadas, Dilma teria ficado no Palácio da Alvorada se pudesse. Foi ao alçapão do Corinthians porque o protocolo a escalou.
Vaiar autoridade em estádio é parte do espetáculo. Numa arena futebolística, dizia o mesmo Nelson Rodrigues, vaia-se até minuto de silêncio. Porém, ao evoluir do apupo para o palavrão, a classe média presente ao Itaquerão exorbitou. Mais do que uma pose momentânea, o presidente da República é uma faixa. Xingá-la significa ofender a instituição.
Quando o xingamento é transmitido em rede mundial, adquire uma pungência hedionda. No limite, o que a torcida fez na tarde desta quinta-feira foi informar ao planeta que o Brasil está deixando de ter uma noção qualquer de civilidade.
Quando o fenômeno atinge uma platéia como a do Itaquerão, com grana para pagar os ingressos escorchantes da Fifa, a deterioração roça as fronteiras do paroxismo. Evaporam-se os últimos vestígios de institucionalidade.
A sociedade tem os seus abismos, que convém não mexer nem açular. Dilma não se deu conta disso. E vive a cutucar os demônios que o brasileiro traz enterrados na alma. Fez isso pela penúltima vez no pronunciamento levado ao ar na noite da véspera. Muita gente achava que ela merecia uma reprimenda sonora. Mas a humilhação do xingamento transpassou a figura da presidente, atingindo a própria Presidência.
Quem deseja impor a Dilma um castigo que vá além da vaia, tem à disposição um instrumento bem mais eficaz do que a língua. Basta acionar, no silêncio solitário da cabine de votação, o dedo indicador. O gesto é simples. Mas a pata de um pitbull não é capaz de executá-lo.
POPULAÇÃO HOSTILIZA PROTESTOS DURANTE COPA
Em atos isolados pelo Brasil, ativistas receberam vaias quando comemoraram o gol pela Croácia; cariocas chegaram a atirar ovos e água nos manifestantes e moradores pediam punição firme à polícia; em São Paulo, os mascarados “black blocs” também enfrentaram reações até dos metroviários pela violência
13 DE JUNHO DE 2014 ÀS 06:58
247 – Enquanto a bola rolava nos gramados do Itaquerão com um coro em massa da torcida brasileira, dentro e fora do estádio, minorias badernavam em protestos isolados.
A população reagiu com hostilidade às manifestações em São Paulo, Rio, Porto Alegre e Brasília.
Ativistas receberam vaias quando comemoraram o gol pela Croácia. Cariocas chegaram a atirar ovos e água nos manifestantes e moradores pediam punição firme à polícia. Em São Paulo, os mascarados “black blocs” também enfrentaram reações até dos metroviários pela violência.
VAIA A LULA EM 2007 NÃO AJUDOU DIREITA EM 2010 E NÃO AJUDARÁ AGORA
EDUARDO GUIMARÃES
Àquela época, não faltaram previsões da mídia tucana de que as vaias, oriundas de uma elite que pode pagar fortunas para assistir a grandes eventos esportivos, estariam marcando o início da derrocada de Lula e do PT
Uma hora e pouco após o jogo do Brasil contra a Croácia, a direita midiática não cabia em si de tanta felicidade. Apesar de tudo ter transcorrido em ordem, de os aeroportos terem passado no teste, de a Arena Corinthians ter tido lotação total e de todos os que ali estiveram a terem elogiado largamente, a vaia orquestrada contra Dilma, que partiu do setor VIP do estádio, encheu de esperança o PSDB e os meios de comunicação aliados.
A tese desta página sobre o autoengano é a de que enganar a si mesmo é um direito humano. Quem quiser ver prognóstico eleitoral nas vaias injustas, truculentas e irracionais a uma mulher que tem feito tanto pelo país quanto Dilma Rousseff, que fique à vontade. Contudo, vale oferecer uma ajuda-memória a esses fascistas da grande mídia e do PSDB.
No dia 14 de julho de 2007, cerca de um ano e meio após se reeleger, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vaiado SEIS VEZES durante a cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos, no Rio.
A primeira vaia a Lula partiu de um público que, em média, pagara R$ 250 para assistir ao evento. Surgiu quando a imagem do presidente apareceu nos dois telões do estádio. Ao ser tirada, o público aplaudiu.
No mesmo telão, apareceu de novo a imagem de Lula ao longe, na tribuna de autoridades, e a vaia se repetiu. A terceira e a quarta vaias aconteceram quando seu nome foi anunciado pelo sistema de som do estádio; a quinta e a sexta vaias sobrevieram quando os representantes do Comitê Olímpico Brasileiro e da Organização Desportiva Pan-Americana citaram o então presidente da República.
O mais "interessante" é que, quando o nome do então prefeito carioca, Cesar Maia, foi anunciado no sistema de som do estádio, não apenas não sobrevieram vaias como também foram ouvidos aplausos.
Diga você, leitor, quem é Lula, hoje, e quem é Cesar Maia...
De resto, é ocioso dizer o que aconteceu na eleição de 2010, ou quanto Lula e quanto Cesar Maia influíram naquela eleição. E quem a venceu.
Àquela época, não faltaram previsões da mídia tucana de que as vaias, oriundas de uma elite que pode pagar fortunas para assistir a grandes eventos esportivos, estariam marcando o início da derrocada de Lula e do PT.
O fato é um só: eles sempre riem primeiro, mas, já há muito tempo, não têm rido por último. E continuarão assim.
A excelente organização da Copa do Mundo de 2014, porém, começa a ganhar reconhecimento. No mesmo Jornal Nacional que anunciou as vaias a Dilma sob os sorrisos largos de Galvão Bueno e Patrícia Poeta, um torcedor, saindo da Arena Corinthians, deu entrevista ao telejornal e o que disse deu uma pista sobre sentimento que deve crescer ao longo das próximas semanas.
A frase do torcedor ao repórter do JN, foi: "O estádio é lindo".
De resto, os protestos contra a Copa não só ficaram isolados como, também, começam a revoltar a população. E os manifestantes contrários ao evento comemorarem o gol contra do Brasil talvez tenha sido seu pior erro.
Além de terem sido vaiados de Norte a Sul do país, nas cidades onde não mostraram suas caras (devido às máscaras da covardia que usam), esses imbecis foram alvos de objetos arremessados contra si pela população revoltada com suas atitudes, o que é um prenúncio do que ainda poderá ocorrer com eles se teimarem em agir como animais.
Sim, vai ter Copa e, sim, a injustiça quase sobrenatural contra Dilma não irá prevalecer. Aos poucos, irão caindo, uma a uma, as mentiras que a mídia e os partidos políticos que a papagaiam (PSDB, DEM, PPS, PSOL e PSTU) engendraram para enganar os brasileiros sobre um evento que será excelente para o país em todos os sentidos.
Com efeito, o primeiro jogo da Copa de 2014 constituiu-se em uma paródia do que deverá acontecer na eleição deste ano. O Brasil começou perdendo, os apátridas que aqui nasceram e que comemoravam a derrota velada ou abertamente, animaram-se muito antes da hora ao darem o jogo como jogado.
Ao fim, a Seleção venceu a partida não só pela técnica, mas, também, com boa dose de sorte, essencial em qualquer disputa. E, assim como a Seleção, Dilma vencerá a eleição contra os que querem voltar ao poder para fatiarem de novo o país e vendê-lo a preço de banana, como fizeram quando governaram. Vencerá a eleição contra gente que não presta, que mente, engana e que será desmascarada ao longo das próximas semanas.
O HINO NACIONAL E A PALAVRA DE ORDEM DA ELITE PAULISTANA
ARTUR SCAVONE
Essa elite está tentando aprender a viver sob a democracia, mas ainda há muito chão pela frente porque seu xingamento grosseiro expressa um ódio de classe incontido
O hino nacional cantado contra a vontade da Fifa na abertura da Copa, que programou a gravação para terminar logo após os primeiros versos, foi um momento tão emocionante quanto a virada do jogo. Os jogadores, o Filipão e a torcida na arquibancada cantaram a plenos pulmões as estrofes inteiras até a primeira parte do hino, que deveria terminar bem antes. Cantou a seco, sem o acompanhamento gravado. Foi uma espécie de "calma lá Fifa, essa copa é nossa, na nossa casa".
Sem dúvida essa atitude mostra um sentimento de nação que há muito tempo Lula tem invocado, contra aqueles que pregam uma postura de vira lata. É um reconhecimento de nação que a elite nacional nunca quis ver florescer, porque sempre temeu esse orgulho, essa apropriação de país.
A ditadura e as elites festejavam a glória nacional sob a batuta das bandas militares para abafar a total falta de democracia, a submissão aos interesses norte-americanos e os "noventa milhões em ação" serviam para calar a boca dos que resistiam à violenta exploração a que os trabalhadores eram submetidos naquele tempo. Era uma ode à pátria amada dos militares. Não foi por outro motivo que as organizações de esquerda que resistiram ao regime tinham como lema "ou ficar à pátria livre, ou morrer pelo Brasil".
Poder ver o povo brasileiro ter orgulho do que é seu, manifestar-se para reivindicar seus direitos, e aprender a viver sob uma democracia ainda jovem e ameaçada pelos interesses do grande capital, é uma alegria que só os que viveram a opressão da ditadura podem festejar.
Mas algo precisava destoar, afinal. E o tom desafinado veio da ala vip da platéia: "Hei, Dilma, vai tomar no c.!" Essa foi a palavra de ordem da elite paulistana, que marcou seu descontentamento com as políticas do governo federal, bem ao estilo dos articulistas da direita truculenta. A elite paulistana está tentando aprender a viver sob a democracia, mas ainda há muito chão pela frente porque, convenhamos, esse xingamento grosseiro não é exatamente uma palavra de ordem que expresse uma posição política, mas um ódio de classe incontido, tal qual uma fratura exposta. Não é próprio da democracia. A conclusão, afinal, é que Marilena Chauí tem razão: a classe média paulistana ainda é uma abominação política e ética, no mínimo. Mas Dilma já disse, não custa relembrar: "Prefiro as vaias da democracia, do que os aplausos da ditadura".
'XINGAMENTO À PRESIDENTE FAZ MAL À POLÍTICA E AO PAÍS'
Ao comentar as ofensas à presidente Dilma Rousseff, jornalista Kennedy Alencar avalia que "xingamentos com palavrões ultrapassam os limites da civilidade e mostram como o debate público no Brasil regrediu e ficou radicalizado"; ele chama atenção ainda para que jornalistas e personalidades públicas tomem cuidado ao propagar ideias regressivas e xingamentos e diz que adversários Aécio Neves e Eduardo Campos "perderam chance de condenar um ataque à figura da presidente"
13 DE JUNHO DE 2014 ÀS 14:47
247 - Os xingamentos à presidente Dilma Rousseff ontem, antes do jogo de abertura da Copa do Mundo, na Arena Corinthians, foram "um desrespeito e uma deselegância com a presidente", segundo o jornalista Kennedy Alencar.
Em comentário na rádio CBN, ele afirmou: "a vaia tradicional é uma demonstração de insatisfação e deve ser aceita numa democracia. Mas xingamentos com palavrões ultrapassam os limites da civilidade e mostram como o debate público no Brasil regrediu e ficou radicalizado".
Kennedy lembra que "a presidente não é imune à críticas, mas é uma pessoa séria e honesta, dona de uma biografia que deveria ser respeitada. É importante que uma mulher que foi presa e torturada na ditadura militar tenha chegado à Presidência da República".
Segundo ele, "jornalistas e personalidades públicas devem tomar cuidado ao propagar ideias regressivas e xingamentos. E candidatos da oposição perderam chance de condenar um ataque à figura da presidente, que representava o país. Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) já sofreram ataques de baixo nível".
Ouça aqui.
ELITE RASTAQUERA E BOCA SUJA REELEGERÁ DILMA NO 1º TURNO
LULA MIRANDA
Tal manifestação ruinosa poderá propiciar a definitiva redenção da presidente perante os brasileiros em geral e aos eleitores em particular. Pois a presidente foi vítima, acima de tudo de uma vil covardia
A baixaria e grosseria deselegantes, inomináveis e infames cometidas por parte da nossa "elite branca" ontem, no jogo de abertura da Copa do Mundo na Arena Corinthians, no bairro de Itaquera, na cidade de São Paulo, foi um episódio deplorável e a "prova dos nove" para aqueles que ainda tinham alguma esperança e atribuíam algum valor a essa parte insignificante, mas ruidosa e amplificada, daqueles integrantes de um grupo social que deveria servir como exemplo e liderar o país rumo às transformações e melhorias que precisam ser feitas urgentemente.
Explicando os termos, alcance e adjetivos: refiro-me a parte insignificante da nossa elite, pois desimportante, sem valor e representatividade na sociedade. Felizmente.
Porém, uma parte ínfima, ruidosa e amplificada porque conta com amplo apoio e repercussão dos grandes meios de comunicação, e de alguns maus jornalistas e colunistas, que se omitiram indesculpavelmente, e se esconderam à sombra da pusilanimidade ao não condenar peremptoriamente tamanha manifestação de intolerância e incivilidade.
A nossa elite rastaquera, quem diria, teve seu dia de Barra-Brava – sem querer faltar com o devido respeito à torcida argentina, famosa por sua intolerância e violência.
Mas, como todo gesto que mescla estupidez com grosseria, o tiro pode sair pela culatra – sem querer fazer aqui, ao me utilizar deste termo, qualquer ironia, referência ou alusão enviesada às imprecações dirigidas à presidente. Ou seja: aqueles que pretendiam afetar e ofender é que no fim foram ofendidos e afetados. O feitiço virou contra o feiticeiro.
Portanto, curioso é que, ao fim e a cabo, tal gesto poderá vir a ser a gota d'água que faltava para o povo brasileiro reeleger a presidente Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições deste ano – como de resto apontam algumas pesquisas. Pois, diferente dessa parte desprezível de suas elites, o povo brasileiro é respeitador, generoso e sabe reconhecer e valorizar uma brasileira exemplar, que tem respeitável currículo e biografia, e que está inegavelmente empenhada em melhorar as condições de vida desse mesmo povo.
Ressalte-se aqui ainda a omissão, que flerta com a cumplicidade criminosa, dos editorialistas, colunistas e âncoras dos grandes veículos de comunicação, que deveriam condenar peremptoriamente, de modo exemplar, tão nefando episódio. Procurei hoje nos principais jornais uma coluna de opinião, uma que fosse, crítica ao ocorrido, inutilmente. Além do mais, já é por demais conhecida de todos, a opinião destes veículos acerca do governo Dilma. Estes mandam, diária, metafórica e desrespeitosamente, a presidente e seu partido tomar "naquele lugar". E, certamente, foi esta mesma a opinião, forjada dia-a-dia por esse consenso dos intolerantes, hipócritas e falsos moralistas, que reverberou no setor VIP das arquibancadas do Itaquerão.
Menção honrosa, justiça seja feita, aos jornalistas Kennedy Alencar, Juca Kfouri e Josias de Souza que, embora estejam há ano-luz de serem considerados petistas, ao contrário até, foram exemplares, honestos e éticos ao dar o tratamento que o assunto requeria/exigia.
Não bastava vaiar, tinha que xingar, ofender, em alto e bom som – chego ao paroxismo de imaginar e temer que, se a covardia atávica de alguns bem nascidos não fosse maior que o suposto ódio que simulam sentir, e se a oportunidade lhes fosse dada, teriam agredido e até linchado a presidente da República. Muitos parecem desejar isso no abismo de suas emoções e pensamentos sombrios, inconfessáveis.
Ouso inferir, reitero, portanto, para além do que sugere as aparências e os ruidosos impropérios, que tal manifestação ruinosa poderá propiciar a definitiva redenção da presidente perante os brasileiros em geral e aos eleitores em particular. Pois a presidente foi vítima, acima de tudo de uma vil covardia. E por quê? Por que supostamente faz um governo desastroso? Essa última suposição, além de guardar considerável e prudente distância da realidade, por si só justificaria tal atitude? Não, é claro.
Por que então? Por que era mulher? E porque as mulheres nesse pai ainda são utilizadas como bode expiatório ou válvula de escape para todo tipo de recalque, neurose ou violência?
Imagino que alguns eleitores, aqueles que ainda estavam em dúvida entre votar na dupla "Eduardo Campos & Marina" ou em Dilma Rousseff, boa parte destes agora tenderá a votar em Dilma, em repúdio a gesto tão grosseiro, virulento e infame. O mesmo, suspeito, poderá ocorrer com alguns eleitores que ainda não haviam definido seu voto e também, creio, com alguns que pretendiam anular o voto, não votar ou votar em branco.
Sem falar no novo gás que, inadvertidamente, conseguirão dar àqueles militantes do PT e do PCdoB que porventura estivessem apáticos, indiferentes ou cansados e sem muito ânimo para a campanha que se avizinha.
Estou certo que muitos, depois desse deplorável episódio, entrarão na campanha com uma vontade e com uma garra nunca antes vista neste país.
Dilma, muito provavelmente, depois dessa, se elegerá no primeiro turno. E é bem capaz de conduzir/carregar consigo alguns governadores do PT e dos demais partidos aliados.
Para a tristeza da turma do coro dos infames descontentes.
COXINHAS “VIP” INSULTAM DILMA NO ITAQUERÃO E IMPRENSA DE MERCADO CELEBRA AS OFENSAS
DAVIS SENA FILHO
Os bárbaros, os neocons que a xingaram não têm a menor condição de viver em sociedade, pois não aceitam conviver com aqueles que pensam diferente deles, e, por seu turno, cometem todo tipo de desatino, sandices e grosserias
De repente, começam os insultos. Ofensas do mais baixo calão a uma presidenta da República eleita pela maioria do povo. Coisa de vilão na acepção da palavra. Os insultos à mandatária do País não apenas ofendem o princípio de autoridade, a instituição presidencial, o estado, o governo e o povo que elegeu nas urnas a presidenta Dilma Rousseff.
Os insultos são, antes de tudo, uma ignomínia, um acinte e uma infâmia que visam desconstruir e destruir a imagem de uma política forjada na luta contra a ditadura civil-militar, bem como traduzam a total falta de civilidade de pessoas que não conseguem tolerar o que é a elas antagônicos politicamente e ideologicamente. São os coxinhas da classe média tradicional, o riquinhos das classes abastadas, os que se consideram caucasianos, de pele supostamente branca e de origem européia e que odeiam o Brasil.
São os coxinhas intolerantes, de caráter fascista e que desprezam a miscigenação e a cultura do povo brasileiro, mas que não abrem mão de frequentar, por exemplo, o Itaquerão e assistir ao jogo do Brasil contra a Croácia, a abertura da Copa do Mundo, conquista do Governo do PT, na Era Lula, e transformada, na Era Dilma, em um cavalo de batalha eleitoral pelos magnatas bilionários de imprensa, pelos coxinhas de classe média, que tentaram, em vão, desonrar uma presidenta da República, além de os políticos da oposição de direita.
A oposição retratada no PSDB e seus aliados, que, conforme o candidato conservador, senador Aécio Neves, tentou recorrer ao STF para que os coxinhas, geralmente eleitores dos tucanos, pudessem portar cartazes e faixas com dizeres contra o Governo Trabalhista e, quiçá, permitir que os mascarados vestidos de luto também pudessem entrar nos estádios para destruir o patrimônio público e jogar pedras, paus e coquetéis molotov na cara da polícia e depois a imprensa burguesa de caráter golpista afirmar em suas manchetes que os protestos são pacíficos, contanto que seus empregos jornalistas cubram os eventos a voar em helicópteros para se protegerem de ataques verbais e até mesmo físicos, como ocorreu no decorrer das manifestações de junho de 2013. Afinal, "A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura".
A imprensa de negócios privados — principalmente a impressa — e completamente alienígena corrobora para a falta de respeito e celebra, de forma torpe e vil, os xingamentos a uma senhora, acompanhada da filha, que foi à abertura dos jogos da Copa do Mundo como cidadã e presidenta legítima do Brasil, que tem o direito de ir a um estádio sem ser vítima de uma tentativa de desconstrução de sua imagem de mulher, mãe, avó e política.
Os bárbaros, os neocons que a xingaram não têm a menor condição de viver em sociedade, pois não aceitam conviver com aqueles que pensam diferente deles, e, por seu turno, cometem todo tipo de desatino, sandices e grosserias, que não condizem com uma gente que, equivocadamente, considera-se civilizada, e, contraditoriamente, admira os países ricos, aqueles de passado colonialista e imperialista, que exterminaram índios e negros, além de explorar os povos "dominados" por intermédio da infâmia em forma de escravidão.
Duvido que esses burguesinhos agressores que, ridiculamente, acham-se "especiais" e "melhores" do que o restante da população considerariam ser justo ver suas mulheres, filhas, mães, avós e amigas a ser insultadas da maneira covarde que o foi a presidenta Dilma Rousseff. E o pior: entre os ofensores da presidenta tinha a presença de mulheres, o que torna o ato bárbaro e inconsequente ainda mais grave.
As vaias e os pesados insultos partiram da área VIP do Itaquerão. Os ingressos de tal setor ocupado por coxinhas reacionários ao desenvolvimento do Brasil e à emancipação do povo brasileiro custaram em média quase R$ 1 mil. E, sendo mais preciso, R$ 990,00. Muitos artistas globais e de outras emissoras, executivos e seus familiares e gente das altas rodas, além dos apaniguados, receberam cortesias para a área VIP, e, quando a presidenta apareceu no telão, começaram a xingá-la com palavrões, realidade esta que eu nunca vi acontecer com presidentes da República, mesmo os que estavam em situação de perigo em relação aos seus adversários políticos. Um despropósito e falta de noção, de senso crítico e de educação de grandeza estratosférica.
Nunca vi um negócio desses, a não ser agora em São Paulo, estado administrado há 20 pelos políticos provincianos do PSDB, tradicionalmente conservador e historicamente resistente a mudanças, mesmo se elas o beneficiem. A Folha de S. Paulo, opositora aos trabalhistas desde os tempos de Getúlio Vargas, e o G1, das Organizações(?) Globo, por exemplo, publicaram que as palavras de baixo calão contra a presidenta partiram de setores do estádio ocupados pelos privilegiados da vida.
A maioria dos torcedores que estava presente ao jogo Brasil e Croácia não vaiou e muito menos insultou a mandatária do PT e do Brasil. Quem vaiou e xingou, afirmo novamente, são pessoas que têm dinheiro ou que receberam cortesias para ver o jogo de graça. Jornalistas da ESPN e, para minha surpresa, do Sportv, que há meses realiza uma campanha contra a Copa, consideram o espísódio "Lamentável, grosseiro, mal-educado, deplorável e deprimente". Como se percebe, até alguns adversários midiáticos, pautados pelos chefes de confiança de seus patrões, não toleraram patifaria ou cafajestada cuja autoria ficou a cargo dos coxinhas que pagaram caro por ingressos ou ganharam a entrada de graça.
Este é o mundo VIP e sectário dos "bem-nascidos". Um mundo de intolerância social, que se edifica por intermédio de preconceitos e intolerâncias seculares daqueles que não tem, na verdade, um pingo de respeito pela sociedade. É nessas horas que podemos perceber com clareza e livre de subterfúgios e manipulações a alma da Casa Grande, acostumada que é a tripudiar contra aqueles que ousam em confrontar, mesmo que moderadamente, o status quo garantido pelo establishment.
A verdade é que os endinheirados não aceitam e por isso reagem com violência contra a redução das desigualdades sociais e regionais que aconteceu no Brasil nos últimos 12 anos. Essa gente é antidemocrática e está acostumada a boicotar e sabotar quaisquer tentativas de amenizar a pobreza no Brasil ou fazer do País um lugar próspero e solidário para todos os brasileiros. E qual é a novidade? Nenhuma. Quem tem um pouco de discernimento e inteligência sabe que os inquilinos da Casa Grande são provincianos e colonizados, além de deslumbrados e fúteis. Ponto!
Todavia, o que chama a atenção é que essa gente que se considera cosmopolita porque vai a Miami e compra bugigangas em seus shoppings, além de visitar o Mickey em Orlando para dar uma de pateta, é portadora de um gigantesco complexo de vira-lata, e, quando na frente de um gringo, comporta-se como um servil, um babaca sem igual e tamanho, pois incomensurável também sua subserviência e subalternidade.
O jornalista Juca Kfouri, que não é PT e vive a criticar o Governo Trabalhista, fez duras críticas aos torcedores VIP bocas sujas. Disse que entrevistou, depois do jogo, vários torcedores e funcionários do estádio. Segundo ele, 95% das pessoas com as quais conversou não gostaram da conduta dos coxinhas endinheirados ou aquinhoados com ingressos gratuitos. E quem iria gostar de tanta canalhice e grosseria? Ninguém que seja educado e consciente do que é justo ou injusto, fatores que um coxinha jamais teria condições mentais de discernir, pois freqüentador de um mundo paralelo criado por seus preconceitos e leviandades.
Os coxinhas de classe média e os considerados de "elite" e que optaram em lutar por uma sociedade que atenda apenas seus privilégios e benefícios têm geralmente o caráter das pessoas puxa-sacos. Servis com os mais fortes e poderosos, e diabólicos com os "abaixo" de suas condições sociais ou profissionais. São exatamente os cidadãos com esses perfis psicológicos e sociais que insultaram vergonhosamente a presidenta Dilma Rousseff com palavras de baixo calão, inclusive algumas mulheres. É isso aí.
PS: Ah, já ia esquecendo: não vi negros no Itaquerão. Os coxinhas bocas sujas devem ter adorado. E a imprensa burguesa também.
VERGONHA NACIONAL
CHICO VIGILANTE
Este tipo de gente que diante de torcedores e da imprensa do mundo todo tenta humilhar a Presidenta da República é o mesmo tipo de gente que incendeia índios, mata mendigos, apóia torturadores
O sentimento da direita e parte da elite brasileira de que pode tudo, chegou desta vez ao limite da barbárie. O grupo de torcedores nos setores vips do estádio Itaquerão, que puxaram o coro com palavras de baixíssimo calão contra a presidenta Dilma demonstra que os insatisfeitos com o PT no poder, tem características comuns: não tem educação, não tem senso de hierarquia, não tem respeito pelas mulheres, não tem limites e principalmente, acreditam na impunidade.
Quem eram os torcedores que ali estavam e que desrespeitaram publicamente a Presidenta da Republica, eleita democraticamente pelo povo brasileiro? Certamente não eram os trabalhadores, que nos últimos 11 anos e meio melhoraram suas condições de vida e de suas famílias. Estes, com certeza tem uma melhor compreensão social e política do país.
Este tipo de gente que diante de torcedores e da imprensa do mundo todo tenta humilhar a Presidenta da República é o mesmo tipo de gente que incendeia índios, mata mendigos, apóia torturadores. São os mesmos sempre prontos a atacar o governo e a defender os interesses das elites, dos banqueiros, dos latifundiários.
Hoje estive com a presidenta Dilma na solenidade de inauguração do BR Transporte Sul em Riacho Fundo e me orgulhei de suas palavras. Ninguém vai me calar, disse ela. A presidenta garantiu que depois de tudo que passou na vida, na luta contra a ditadura militar, que tantas vidas ceifou neste país, não será este tipo de agressão de arruaceiros inconseqüentes que irá impedi-la de continuar no rumo certo.
O recado vale pra todos, inclusive para políticos da oposição, inimigos do Brasil de plantão, que adoram ver o circo pegar fogo e que aplaudiram na imprensa este tipo de estupidez pública que detona o brio nacional.
Enquanto a imprensa internacional deu destaque à garra e amor com os quais os brasileiros cantaram o hino nacional até o fim, a imprensa brasileira preferiu destacar a vaia grosseira da ala vip do estádio às autoridades presentes. Somente esta diferença já nos leva a refletir sobre esta demonstração de imbecilidade nacional
VAIA DE PERDEDOR NÃO VALE!
CARLOS ODAS
A vaia, como manifestada ontem, tem tanto parentesco com a liberdade de expressão quanto o conteúdo da grande mídia no Brasil tem com o jornalismo – nenhum
Você estava lá e participou daquilo? Sente-se um herói por ter ofendido a Presidenta da República? Sente-se orgulhoso por tê-lo feito em rede nacional, com transmissão mundial, e ao vivo? Regozijou-se ontem e hoje com a repercussão que empresas de comunicação pertencentes às famílias mais ricas do país deram ao seu ato? Sente-se satisfeito pelo uso que fará desse vexame a oposição acanalhada e sedenta de pôr as unhas novamente sobre o Erário? Perfeito. Então tente agora justificar sua má educação sem escorregar em nenhuma mentira, sem omitir nenhum dado, sem incorrer em nenhuma falsidade, sem ancorar-se em nenhum preconceito e chamando todas as coisas pelos nomes que as coisas têm. Não será capaz, porque quem comete um ato como aquele não pode passar de um imbecil. Além de mal educado. Desconfio que mal saiba limpar o próprio traseiro e, por isso, o papel higiênico em sua casa deve ser daqueles mais caros, perfumados com talco. Um horror. É bom que saiba, portanto, já que fez questão de expressar em forma de apupos – o mais primitivo dos discursos – a sua opinião sobre o Brasil, o quão patético soou aos que tem neurônios capazes de produzir sinapses e que não as desperdiça coçando a cabeça, como manda certo valhacouto disfarçado de semanário.
A vaia, como manifestada ontem, tem tanto parentesco com a liberdade de expressão quanto o conteúdo da grande mídia no Brasil tem com o jornalismo – nenhum. A vaia, como manifestada ontem, é a resultante gutural do encontro entre a má educação e a indigência moral de cidadãos que detestam a cidadania para os outros e que a querem só para si, sem imaginar – porque ignorantes – que cidadania não se confunde com privilégio, ou cidadania não é. Quem ofendeu a Presidenta daquela maneira é um imbecil, não porque discorda dela e de seu governo, mas porque – certamente – a essa hora supõe ter extravasado um "grito represado na garganta de milhões de brasileiros". E isso é uma bobagem. Os brasileiros se parecem mais com quem construiu o estádio do que com quem vaiou a Presidenta nele. Querem mudanças, sim, mas sabem que as mudanças que querem são desejáveis (e possíveis) porque o Brasil já mudou. Porque somos capazes, inclusive, de organizar uma Copa do Mundo sem as vergonhas que passamos quando organizamos os "500 anos do Descobrimento". Sabem que não somos mais os vira-latas complexados de antes.
O Brasil vive um momento econômico ímpar. Você, que ofendeu a Presidenta, não conhece nenhum desempregado; eu o desafio a apontar-me um de suas relações. Mas você conhece, ou tem conhecimento por outra pessoa, de alguma trajetória de vida que tenha sido positivamente impulsionada pelos programas de transferência de renda que ganharam dimensão de política pública a partir de 2002. Ou pelas cotas no ensino superior. Ou pelo financiamento habitacional do Minha Casa, Minha Vida. Ou pelo Pronatec. Você já viu seu porteiro mostrando aos colegas de trabalho do condomínio as fotos das férias em que foi visitar a família, que não via há muitos anos, em sua cidade natal. E ficou espantando – ele foi de avião! Você, que vaia hoje, já aplaudiu antes. E como era o país em que você aplaudia políticos, ao invés de vaiá-los? Era melhor do que este? Houve um tempo, ainda, em que políticos não podiam ser vaiados – você se lembra? O país daqueles tempos era melhor do que o destes? Em quê? Você aplaudia ou vaiava (ainda que silenciosamente) a falta de liberdade?
Mas, adiante: o que você quer? Saúde, educação, qualidade nos serviços públicos? Será mesmo? Você aplaudiu ou vaiou a derrubada da CPMF? Aplaudiu ou vaiou quando FHC fez aprovar uma lei determinando que o Governo Federal não construiria mais escolas técnicas? Aplaudiu ou vaiou quando Lula fez alterar essa legislação e construiu 214 escolas técnicas em seu período de governo? Aplaudiu ou vaiou o sucateamento do ensino superior nos anos 90? Aplaudiu ou vaiou a duplicação das vagas no ensino superior e a criação de novas universidades federais? Aplaudiu ou vaiou a ampliação do ENEM como forma de acesso ao ensino superior? Aplaudiu ou vaiou o PROUNI, as cotas, o PRONATEC? Aplaudiu ou vaiou a chegada de médicos estrangeiros a lugares onde os médicos filhos da alta classe sempre se recusaram a atender?
Você quer moralização da política? Quer uma "nova política", mudar "tudo isso que está aí"? Sei. Então, me diga: você aplaudiu ou vaiou a compra da emenda que garantiu a reeleição de FHC? Aplaude ou vaia o abafamento de investigações sobre as evidências de roubalheira nos trens e metrôs de São Paulo? Aplaudiu ou vaiou o desinteresse da imprensa sobre o caso do helicóptero pertencente a um deputado que foi flagrado com meia tonelada de cocaína no Espírito Santo?
Você quer discutir o país, mas será capaz de entabular um diálogo onde a vaia fácil não valha?
Pelo que a sua vaia de ontem pode trazer de resposta à maioria das perguntas feitas nesse texto é que concluo: não, você que vaiou e ofendeu a Presidenta não o fez por querer mudanças positivas para o país; o fez por egoísmo, sim, por ignorância, sim, e por desonestidade, sim. Sua maior derrota é ver que a explosão inflacionária não veio, que o apagão elétrico não veio, que o desemprego prometido pela crise internacional não veio, que o fiasco na organização da Copa do Mundo não veio. E que nada disso virá.
Só lhe resta mesmo a vaia, perdedor. Farte-se dela e de sua má educação.
Só lhe resta mesmo a vaia, perdedor. Farte-se dela e de sua má educação.
O Brasil é muito maior que você. E vai ser campeão!