247 - O jornal O Globo, da família Marinho, nunca teve uma relação pacífica com a democracia. Em 1964, como todos sabem, foi o primeiro a festejar a derrubada de um presidente eleito e a apoiar a ditadura militar. Recentemente, publicou editorial purgando seus pecados, mas continua atuando contra os direitos civis e as garantias individuais típicas de um regime democrático.
É o que faz nesta quinta-feira ao noticiar a posição tomada pelo novo relator da Ação Penal 470, Luís Roberto Barroso, sobre os recursos dos condenados. Barroso quer colocar o caso em julgamento ainda na próxima semana, para que o plenário se manifeste sobre os abusos cometidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. "Quem está preso tem pressa", disse Barroso, com razão. Afinal, um dos réus, José Dirceu, está há mais de sete meses encarcerado em regime fechado, embora tenha sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal ao semiaberto, numa flagrante ilegalidade. Outros, como Delúbio Soares, tiveram subtraído o direito ao trabalho externo, numa interpretação monocrática e, no mínimo, peculiar de Joaquim Barbosa.
Para o Globo, no entanto, não se trata de recolocar as coisas no seu devido lugar e voltar a aplicar a lei. A manchete é: "Mensaleiros ganham promessa de rapidez", como se o ministro Barroso agisse em benefício deles – e não em função do que determina a lei. Na prática, o objetivo da reportagem é apenas colocar a faca no pescoço do ministro para que ele se sinta constrangido diante da "opinião pública" – exatamente o que o Globo fez ao longo de toda a Ação Penal 470, premiando seus amigos e punindo seus inimigos.
Barroso, no entanto, não parece disposto a se render à pressão. Caso coloque os recursos em votação na próxima semana, a tendência é que Joaquim Barbosa, de saída do STF, seja derrotado por dez a um por seus pares – o que carimbaria de vez sua biografia. O motivo é um só. O presidente do Poder Judiciário agia à margem da lei e por isso será derrotado.