PT ANUNCIA ABERTURA DE CPI PARA INVESTIGAR METRÔ
Reunião para o início dos trabalhos está marcada para as 15h desta quarta-feira e será presidida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), como membro mais antigo da comissão; a CPI Mista do Metrô foi proposta pela base de apoio ao governo no Congresso para apurar denúncias de formação de cartel e corrupção em contratos de linhas de trens e metrôs em governos tucanos em SP; objetivo é minar a reeleição do governador Geraldo Alckmin; “O nosso desafio será o de dar quórum para a reunião. Se isso ocorrer, será uma vitória política. O presidente Renan Calheiros não vinha se empenhando. Não é revanche”, garante o líder do PT no Senado, Humberto Costa
6 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 05:29
247 com Agência Senado - O Senado instala nesta quarta-feira a chamada CPI Mista do Metrô de São Paulo. A reunião para o início dos trabalhos está marcada para as 15h e será presidida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), como membro mais antigo da comissão.
Neste primeiro encontro devem ser eleitos o presidente e o vice, bem como escolhido o relator da comissão.
A CPI Mista do Metrô foi proposta pela base de apoio ao governo no Congresso. O objetivo é apurar denúncias de formação de cartel, corrupção de autoridades e outros ilícitos nos contratos, licitações, execução de obras e manutenção de linhas de trens e metrôs em gestões tucanas em São Paulo. Mas, sobretudo, o PT visa minar a reeleição do governador Geraldo Alckmin.
A investigação será conduzida por 13 senadores e 14 deputados. A maioria faz parte do bloco de apoio ao governo federal. O pedido para a criação da comissão foi apresentado no mês de maio. O prazo previsto para as averiguações é de 120 dias.
“O nosso desafio será o de dar quorum para a reunião marcada para as 15h. Se isso ocorrer, se houver quorum, será uma vitória política. O presidente Renan não vinha se empenhando. Não é revanche”, garante o líder do PT no Senado, Humberto Costa.
Pelo rodízio, o relator da CPI do Metrô será o deputado Renato Simões (PT-SP). O presidente será um senador do PMDB.
FOLHA JOGA LENHA NO "ESCÂNDALO" DA CPI
Jornal de Otávio Frias afirma que assessor do ministro Ricardo Berzoini, chefe da Secretaria de Relações Institucionais do Planalto, Luiz Azevedo, coordenou a atuação da Petrobras e da liderança do PT no Senado durante as investigações da comissão; nesta terça-feira, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, rebateu as denúncias da oposição sobre a "farsa" no caso, lembrando que eles próprios decidiram boicotar os trabalhos da comissão e a indicar representantes para a CPI
6 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 07:00
247 – Na manchete desta quarta-feira, a “Folha de S. Paulo” tenta inflamar ainda mais o “escândalo” da CPI da Petrobras. Jornal de Otavio Frias afirma que assessores do Palácio do Planalto coordenaram a atuação da estatal e da liderança do PT no Senado durante as investigações da comissão.
Segundo a publicação, o número 2 do ministro Ricardo Berzoini, chefe da Secretaria de Relações Institucionais do Planalto, Luiz Azevedo, foi o estrategista escalado para fazer a interlocução com a empresa estatal e afinar a tática governista na CPI. O Planalto teria destacado ainda Paulo Argenta, outro assessor de Berzoini.
Ontem, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, rebateu as denúncias da oposição sobre "farsa" na CPMI da Petrobras, lembrando que eles próprios decidiram boicotar os trabalhos da comissão. Os parlamentares se recusaram a indicar representantes para as três vagas reservadas ao DEM e ao PSDB, cabendo ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), indicar os últimos nomes que faltavam.
Carvalho disse que os senadores da oposição não foram impedidos de questionar os diretores e que “têm de prestar contas ao povo” pelas perguntas que não fizeram.
“O grave teria sido se houvesse alguma obstrução a eventuais perguntas que a oposição poderia ter formulado. Se a oposição tivesse sido tolhida no seu exercício de fazer perguntas e investigar a Petrobras, aí sim a democracia poderia ter sido prejudicada”, disse o ministro.
RENAN ENFRENTA HISTERIA SOBRE CPI DA PETROBRAS
Denúncia da revista Veja provoca reações ensaiadas; ex-presidente Fernando Henrique cobra dura reação do Senado, tucano Carlos Sampaio anuncia ações judiciais e o sempre histérico Reinaldo Azevedo pede a cabeça da presidente da estatal, Graça Foster; agora, presidente do Congresso, Renan Calheiros, entra em cena para separar o que é excitação eleitoral do que há de sério para ser apurado; em maio, ele mesmo nomeou integrantes da CPI na cota de uma oposição que boicotou os trabalhos da comissão; como agirá Renan desta vez: será bombeiro ou incendiário?
5 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 21:13
Marco Damiani 247 – Objeto permanente de debates apaixonados, tanto mais em época de campanha eleitoral, a Petrobras segue despertando reações exacerbadas entre os políticos. A mesma oposição que, em maio, na época da instalação da CPI da estatal, não indicou integrantes para a sua composição, agora fecha um discurso unido, que já chega a ser histérico em setores da mídia tradicional, sobre a necessidade de investigar a mesma CPI. Em particular, no tocante às relações entre governistas e executivos da companhia que, segundo denúncia da revista Veja, teriam sido de troca de amabilidades e informações estratégicas antes e durante as sessões de depoimentos.
Neste caso que o jornalista Jânio de Freitas, da Folha de S. Paulo, vai chamando de "escândalo da banalidade", a oposição procura tirar, naturalmente, o máximo proveito. Como chefe dos humores de seu partido, o ex-presidente Fernando Henrique pediu uma dura investigação do Senado sobre o que, para ele, parece ter sido um momento de relações promíscuas entre investigadores e investigados. O coordenador jurídico da campanha tucana, Carlos Sampaio, pediu o indiciamento em inquérito de nada menos que oito supostos envolvidos no acordo, entre eles a presidente da Petrobras, Graça Foster. Com um gestão marcada pela quebra de recordes de produção nos campos do pré-sal, Graça também se tornou alvo da fúria santa do colunista Reinaldo Azevedo. Mostrando os dentes, como é do seu estilo, ele pediu a demissão da executiva.
Em meio à barulhenta ação política surgida a partir do destaque editorial dado por Veja à suspeita, entrou em cena o presidente do Senado, Renan Calheiros. Em abril, como manda o regimento da Casa, ele deu seguimento à instalação da CPI da Petrobras respeitando as regras de proporcionalidade das bancadas na sua composição. Os governistas ficaram com a presidência e a relatoria, em razão da maior presença numérica no plenário. Com isso, os oposicionistas que haviam conseguido a aprovação da CPI avaliaram que não teriam chance de promover a devassa que gostariam sobre a estatal. E, a exemplo de quem se cansa de um divertimento, resolveram boicotar a própria CPI, não indicando os três nomes a que tinham direito na sua composição. Coube a Renan, para cumprir com o funcionamento da comissão, indicar senadores para ocupar as cadeiras vagas.
Agora, mais uma vez Renan se vê instado a agir. Para separar, de todo o debate, o que é histeria do que é motivo real para suspeitas, ele determinou nesta terça-feira 5 a instalação de uma comissão de sindicância, composta por três servidores do Senado, para apurar o que de fato aconteceu no curso dos trabalhos da CPI.
- Estamos atendendo ao pedido do senador Vital do Rego e determinando a constituição de uma comissão de sindicância para esclarecermos todos os fatos e estabelecermos responsabilidade a quem as tenha", declarou Renan. Ele acrescentou que considera "muito graves" as denúncias sobre suposta fraude na CPI. Mas ressalvou que não considera necessário suspender as atividades da CPI do Senado, conforme reivindicam parlamentares da oposição. "
- Não precisa suspender nada absolutamente, cravou.
Para a Petrobras, práticas como o treinamento de executivos para depoimentos oficiais são de rotina, conforme a empresa deixou claro em manifestação oficial. Buscar saber, ao mesmo tempo, o teor das linhas de apuração e conteúdo de indagações igualmente não passaria de uma atitude normal de qualquer empresa envolvida na mesma situação. Um ato defensivo absolutamente legal.
A oposição, no entanto, coaduna da tese da matéria da revista Veja, para a qual, mesmo sob a garantia de não ser incomodada pela oposição – que, repita-se, recusou-se a nomear representantes da CPI --, a companhia teria se beneficiado de métodos não republicanos para se proteger. Entre eles, receber antecipadamente perguntas que podem ter sido comercializadas.
Ao que mostra a revista Veja, há um vídeo gravado de maneira clandestina que provaria que houve mais do que articulações honestas em torno da CPI da Petrobras. É a suspeita que faz a oposição elevar sua grita às alturas – e que Renan já demonstra ter ouvidos e disposição para diminuir ou amplificar. Vai depender de ele agir como incendiário ou bombeiro.
PML: JOSÉ JORGE PODE SER NOVO ALVO DE CPI
Ministro do Tribunal de Contas da União, José Jorge, ex-ministro de Minas e Energia, pode se tornar alvo da CPI da Petrobras, segundo revela Paulo Moreira Leite; os motivos: uma ruinosa troca de ações com a Repsol, que causou prejuízos estimados de US$ 2,5 bilhões, e o afundamento da P-36, que provocou perdas de US$ 1 bilhão ao ano
5 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 21:35
247 - O jornalista Paulo Moreira Leite revela, em seu blog, que José Jorge, ex-ministro de Minas e Energia no governo FHC e hoje ministro do Tribunal de Contas da União, pode se tornar um dos próximos alvos da CPI da Petrobras.
São dois os motivos. "O primeiro foi uma ruinosa troca de ações com uma subsidiária da Repsol, na Argentina. Prejuízo estimado: US$ 2,5 bilhões. O segundo foi o naufrágio da P-36, plataforma oceânica, responsável por 6% do petróleo do país. Prejuízo estimado: US$ 1 bilhão por ano."
Os casos, segundo PML, seriam bem mais graves do que o da refinaria de Pasadena. "Você já fez as contas: no armário de José Jorge guarda-se um esqueleto equivalente, por baixo, a cinco vezes aquele prejuízo que, em teoria foi produzido pela compra de Pasadena. Detalhe: Pasadena existe, refina petróleo e pode dar lucro. Se a economia americana mantiver o ritmo deste ano, o prejuízo registrado na compra. Quanto a plataforma naufragada, hoje serve de moradia para lagostas, peixes coloridos e outros animais estranhos que habitam o fundo do mar. Irreversível, a troca de ações fez a alegria de mão única de quem empurrou o mico para os cofres brasileiros."
Leia a íntegra em "Onde está José Jorge?"
GILBERTO: "OPOSIÇÃO É QUE TEM QUE PRESTAR CONTAS"
O ministro Gilberto Carvalho, da secretaria-geral da Presidência, rebateu as acusações da oposição sobre "farsa" na CPMI da Petrobras, lembrando que os próprios parlamentares oposicionistas decidiram boicotar os trabalhos da comissão; “O grave teria sido se houvesse alguma obstrução a eventuais perguntas que a oposição poderia ter formulado. Se a oposição tivesse sido tolhida no seu exercício de fazer perguntas e investigar a Petrobras, aí sim a democracia poderia ter sido prejudicada”, afirmou; quando a CPI foi instalada, parlamentares como Aloysio Nunes (PSDB-SP), Agripino Maia (DEM-RN) e Alvaro Dias (PSDB-PR), decidiram não participar da CPMI e os integrantes da cota oposicionista foram indicados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)
5 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 20:04
247 - O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, rebateu as denúncias da oposição sobre "farsa" na CPMI da Petrobras, lembrando que eles próprios decidiram boicotar os trabalhos da comissão (leia mais aqui).
Leia, abaixo, as declarações de hoje do ministro Gilberto Carvalho:
Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse (5) que não compete ao governo explicar as denúncias sobre a antecipação da lista de perguntas que seriam feitas a diretores da Petrobras durante depoimentos na comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Senado que investiga denúncias de irregularidades na estatal.
Carvalho disse que os senadores da oposição não foram impedidos de questionar os diretores e que “têm de prestar contas ao povo” pelas perguntas que não fizeram.
“O grave teria sido se houvesse alguma obstrução a eventuais perguntas que a oposição poderia ter formulado. Se a oposição tivesse sido tolhida no seu exercício de fazer perguntas e investigar a Petrobras, aí sim a democracia poderia ter sido prejudicada”, disse o ministro, que concordou com a presidenta Dilma Rousseff na avaliação de que compete ao Congresso Nacional dar explicações sobre o assunto.
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), pediu que a Polícia Federal apure as denúncias e solicitou abertura de sindicância interna.
Para Carvalho, não houve restrição ao questionamento de nenhum parlamentar durante os depoimentos. “Só haveria farsa se houvesse a impossibilidade de qualquer senador fazer qualquer pergunta que quisesse. Tem que se perguntar à oposição porque ela deixou de fazer as perguntas que acha que deviam ter sido feitas”, avaliou.
A FARSA DA FARSA
RIBAMAR FONSECA
Depois de uma leitura atenta da reportagem de “Veja” constata-se, sem muita dificuldade, que tudo não passou de uma grande farsa da revista, sem força de denúncia justamente pela sua banalidade, pela falta de elementos
Acuado pela denúncia da "Folha de S. Paulo" de que, quando governador de Minas, construiu com dinheiro público um aeroporto na fazenda do tio, o candidato tucano à Presidência da República Aécio Neves ficou meio tonto, como se tivesse recebido um cruzado de direita e, sem autoridade moral para continuar apontando o dedo acusador para a presidenta Dilma Rousseff, começou a gaguejar quando alguém lhe perguntava sobre o fato. O mais ferino dos concorrentes da Presidenta, o senador mineiro reduziu a agressividade dos discursos e até o seu escudeiro-mor, o deputado Carlos Sampaio, sem argumentos para contestar a denúncia, preferiu classificá-la de "factóide", como se fazer obra particular com dinheiro público fosse um simples "factóide". Cômico.
Mas neste final de semana a revista "Veja", que não mais se preocupa em esconder a sua preferência pelo tucano, publicou reportagem de capa, em tom de escândalo, oferecendo ao seu candidato munição para reagir ao bombardeio petista por conta do "aeroporto". Sob o título de "Fraude na CPI da Petrobrás", a revista denuncia uma suposta armação para esvaziar a investigação da mais importante empresa estatal do país: as perguntas teriam sido previamente apresentadas aos investigados que, também, teriam sido treinados para dar as respostas. Apesar da tonalidade de escândalo emprestada à denúncia, na verdade tudo não passa também de uma armação, que desmorona a uma simples pergunta: a oposição também participou da fraude, igualmente dando conhecimento prévio das suas perguntas?
Sim, porque para que o trabalho da CPI se caracterizasse como uma farsa, seria necessário que os oposicionistas que a integram também estivessem combinados com os governistas para o teatrinho. De outro modo, não existe farsa, porque a oposição pode perguntar o que bem entender fora de qualquer suposta lista de perguntas previamente elaboradas. Por outro lado, alguém pode argumentar: não havia oposicionistas na comissão. Pior ainda: se eles não pretendiam investigar a Petrobrás, por que fizeram tanto barulho na mídia por causa da compra da refinaria de Pasadena? Por que não estavam nas reuniões da CPI? E por que fazem tanto barulho agora, depois de se recusarem a compor a comissão?
Segundo a revista, existe 20 minutos de gravação de um suposto vídeo, gravado não se sabe por quem com a ajuda de uma caneta-espiã, onde uma conversa revelaria a fraude. Com tanto tempo gravado, pergunta-se: por que a revista só transcreveu as falas do José Barrocas, chefe do escritório da Petrobrás em Brasília? O resto não interessava ou só as palavras de Barrocas se revelaram interessantes para os seus objetivos políticos? O vídeo, ao que parece, teria sido editado. Mas a irresponsabilidade da "Veja" na publicação de matérias como essa, sem nenhuma preocupação com os danos que podem causar à reputação alheia e onde é visível o esforço para incriminar a Presidenta, inclui a sua ilustração com fotos de pessoas supostamente citadas, as quais passam a ser vistas pelo leitor com desconfiança, mesmo sem ler o texto.
A "Veja", que justamente por conta das suas matérias tendenciosas, vem perdendo credibilidade e leitores, escreve na capa: "Uma gravação mostra que os investigados receberam perguntas dos senadores com antecedência e foram treinados para responder a elas". Esse texto inclui todos os senadores que integram a CPI na suposta farsa e, também, contradiz o conteúdo da reportagem, segundo a qual apenas Nestor Cerveró teria sido "treinado" para responder as perguntas e não todos os investigados. Esse Cerveró, pelo visto, já pode ser convidado para trabalhar em novelas, pois consegue decorar fielmente o texto com as respostas que deveria dar. E os seus treinadores estariam aptos a abrir uma escola de teatro, tamanha a eficiência do seu trabalho com o ex-diretor da Petrobrás.
O mais pitoresco de tudo isso é o esforço dos tucanos para ampliarem o "escândalo" que, na opinião do candidato Aécio Neves, é "gravíssimo", ao contrário do caso do aeroporto. O seu escudeiro-mor, Carlos Sampaio, que também comanda o departamento jurídico da campanha tucana e, sob qualquer pretexto, vive entulhando a Justiça de ações contra os adversários – como se o Poder Judiciário só estivesse à sua disposição – já providenciou representações de todo tipo contra os supostos envolvidos e até um pedido de cassação de mandato de dois senadores governistas. E ninguém se espante se o líder da bancada do PSDB na Câmara Federal, deputado Antonio Imbassahy, já não estiver recolhendo assinaturas para a criação de uma CPI da CPI.
Depois de uma leitura atenta da reportagem de "Veja" constata-se, sem muita dificuldade, que tudo não passou de uma grande farsa da revista, sem força de denúncia justamente pela sua banalidade, pela falta de elementos com esse poder e com objetivos bem definidos: minar a reeleição de Dilma. Prova disso é que os demais veículos de comunicação de massa, em especial as emissoras de televisão, não levaram a matéria a sério e não lhe deram importância. Conclui-se, daí, que a "Veja" está brincando de fazer jornalismo e o PSDB brincando de fazer política. Será que eles pensam que assim conquistarão a Presidência da República?
PSDB E MÍDIA INAUGURAM EM 2014 NOVA ESTRATÉGIA ELEITORAL CONTRA O PT
EDUARDO GUIMARÃES
A economia brasileira vai muito bem, obrigado. Apesar do crescimento considerado “baixo”, emprego, salário e renda das famílias continuam melhorando, ainda que em ritmo menor
Os quatro grandes conglomerados de mídia que monopolizam a comunicação de massa no Brasil chegam à sétima disputa com o PT pela Presidência da República. Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado e Editora Abril vêm tomando partido em todas as eleições presidenciais ocorridas desde a redemocratização de fato do país, em 1989, quando, pela primeira vez em quarto de século, os brasileiros puderam escolher seu presidente.
Das seis eleições presidenciais do pós-redemocratização (1989, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010), os grupos de mídia supracitados sempre atuaram contra o candidato do Partido dos Trabalhadores – Lula nas cinco primeiras eleições e Dilma Rousseff na última. Contra o petista da vez, apoiaram Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e José Serra.
Dessas seis eleições, só na primeira a direita midiática apoiou um candidato que não fosse do PSDB. Com o fiasco da eleição de Collor em 1989, porém, o oligopólio de empresas de comunicação fechou com os tucanos e não abriu mais. Contudo, mídia corporativa e PSDB, nas seis eleições em questão, usaram apenas duas estratégias eleitorais: medo e moralismo.
Em 1989, 1994, 1998 e 2002, os impérios de mídia e o anti-Lula de plantão usaram o discurso do medo – o petista transformaria o Brasil em uma espécie de Cuba gigante. Nas eleições de 2006 e 2010, apelaram para o moralismo religioso e/ou administrativo, com acusações ao petista da vez de ser “abortista” ou “corrupto”.
Em 2006, devido à eclosão do escândalo do mensalão, a questão “ética” dominou a campanha. No primeiro embate televisivo direto entre Lula e Geraldo Alckmin no segundo turno daquele ano, na TV Bandeirantes, o tucano promoveu forte agressão ao adversário, praticamente chamando-o de corrupto em rede nacional, emulando o discurso de uma avalanche de editoriais, colunas e “reportagens” sobre o mensalão que, quase 9 anos depois, ainda não terminou.
Já em 2010, a mídia tucana adotou contra Dilma – e em favor de Serra – uma mescla de acusações de corrupção e de ser “abortista”. Em sabatina da petista pela Folha de São Paulo nesta mesma época da campanha eleitoral daquele ano, o jornal resgatou declarações antigas dela favoráveis ao aborto – a aposta eleitoral decorreu do conhecido repúdio da maioria dos brasileiros a uma prática que países desenvolvidos adotaram como política de saúde pública.
Durante a eleição presidencial de 2010, o moralismo religioso e o administrativo tiveram pesos equivalentes na estratégia midiático-oposicionista, enquanto que, em 2006, o moralismo administrativo foi a única aposta antipetista.
O país chega a 2014 com uma combinação de estratégias da direita midiática contra o petista da vez. Apesar de na campanha eleitoral deste ano ser previsível que o moralismo religioso e o administrativo serão usados por Aécio Neves, Globo, Folha, Estadão e Veja, esses instrumentos não terão peso relevante desta vez – até por conta de vários escândalos de corrupção que estouraram contra o PSDB do ano passado para cá, tais como o escândalo dos trens ou, mais recente, o do “aécioporto”.
Talvez, esta seja a primeira eleição presidencial do pós-redemocratização em que não haverá “balas de prata”.
Desta vez, porém, a preponderância será de um discurso anti-PT que, tanto em 2006 quanto em 2010, não teve grandes possibilidades de vingar, apesar de ter sido tentado. A grande aposta da direita midiática em 2014 é na situação econômica do país, que esse grupo político acredita estar produzindo resultados.
De fato, a combinação dos protestos de junho do ano passado com terrorismo econômico da mídia e um desempenho de fato inferior da economia devido à crise internacional, tudo isso acabou produzindo efeito na cabeça de parte do eleitorado e, pela primeira vez no século XXI, a direita midiática disputará a Presidência em condições menos adversas.
A economia brasileira vai muito bem, obrigado. Apesar do crescimento considerado “baixo”, emprego, salário e renda das famílias continuam melhorando, ainda que em ritmo menor. Claro que há problemas em um quadro de profunda depressão mundial, mas a escolha do governo petista foi a de impedir que a população sentisse a crise e, assim, a conta mais alta vai para o topo da pirâmide social.
Com rentabilidade menor, o empresariado e o mercado financeiro se deixaram seduzir pela proposta velada de Aécio Neves e de Eduardo Campos de redistribuir os sacrifícios exigíveis durante uma situação ineditamente grave da economia mundial. Obviamente que requerem uma redistribuição ruim para a maioria e melhor para a minoria abastada.
Ainda assim, mesmo tendo números “ruins” para apresentar no que diz respeito ao crescimento e à inflação, não foi possível à mídia destruir a recandidatura de Dilma Rousseff. Muito pelo contrário, a presidente tem chance de vencer a eleição no primeiro turno, ainda que poucos acreditem que consiga – inclusive este Blog – devido à mãozinha que a mídia dá à direita 365 dias por ano, desde 1989.
Contudo, os resultados relativamente melhores colhidos até aqui pela direita midiática dependem de um fenômeno que, em cerca de duas semanas, irá terminar: o fenômeno de a mídia tucana falar sozinha contra a economia.
Mesmo com Dilma, sua equipe de governo, expoentes petistas e o próprio PT contradizendo o discurso midiático aqui e ali, os grupos que promovem protestos violentos nas ruas desde o ano passado geram discurso à direita de que o país vai mal, pois se tanta gente protesta a impressão que fica é a de que há realmente alguma coisa errada. Além disso, os protestos infernizam a vida dos cidadãos nas grandes cidades, gerando um clima favorável à oposição.
Contudo, há um fator extremamente poderoso a favor da recandidatura de Dilma: a realidade.
Na semana passada, durante a “sabatina” de Dilma pelo portal UOL, um dos entrevistadores a questionou quanto ao “problema do desemprego”. A presidente demonstrou surpresa e forte contrariedade com a proposição de uma questão literalmente maluca. O Brasil tem hoje o menor nível de desemprego de sua história, com salários crescendo apesar da crise.
Fatores sazonais interferiram na criação de postos de trabalho nos últimos meses, mas não há um só analista sério de economia que aposte em aumento real e expressivo do desemprego. Claro que com um nível tão baixo de desemprego (entre 5 e 6 por cento), não há espaço para criação de muitos postos de trabalho como vinha acontecendo nos últimos anos e, assim, a criação de vagas deve continuar, porém de forma mais modesta.
Por conta desses fatores, os números mais modestos de criação de empregos têm sido tratados como se houvesse aumento do desemprego, ao passo que o que existe é redução mais lenta do desemprego.
Como a mídia martela sem parar o terrorismo econômico em suas longas, longuíssimas reportagens desalentadoras sobre a economia, e como as ruas continuam sendo tomadas por manifestantes que garantem que o país está no fundo do poço, tudo isso torna praticamente inaudível os pedidos de reflexão do governo e do PT para o fato de que ninguém tem sentido desemprego ou queda na renda ou no salário, até porque continuam subindo, ainda que mais lentamente.
Isso tudo, porém, vai mudar a partir do horário eleitoral na TV e no rádio.
Um texto como este é considerado pela direita midiática – e até por setores da ultraesquerda – como uma legítima heresia, mas é exatamente o que você leu aqui que irá parar em rede nacional a partir do próximo dia 19 de agosto, nos programas eleitorais do PT. A análise deste Blog, portanto, é a de que este chamamento à reflexão será extremamente poderoso, pois fará a parcela mais influenciável do eleitorado voltar a pensar, o que não tem feito desde junho do ano passado.