"Não queremos bolhas, não queremos exageros", acrescentou o ministro, citando um alerta recente feito pelo economista Nouriel Roubini, conhecido por ter "previsto" a crise econômica mundial, que disse que a desvalorização do dólar e os juros baixos nos Estados Unidos podem estar criando uma "bolha" de valorização de ativos em países emergentes. Segundo Roubini, os investidores tomam empréstimos em dólares a juros baixos nos Estados Unidos e aplicam em ativos de países em desenvolvimento, ganhando duplamente - com uma rentabilidade maior e com a valorização do câmbio. O perigo, segundo ele, é de um movimento de boiada de retorno ao dólar no momento em que a moeda americana parar de se desvalorizar ou quando os juros americanos subirem.
"Acho que essa bolha não é inevitável (como disse Roubini), se tomarmos medidas de moderação", afirmou Mantega. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros membros do governo brasileiro, o ministro participou na manhã desta quinta-feira, na capital britânica, do seminário "Investindo no Brasil", organizado pelos jornais Financial Times, da Grã-Bretanha, e Valor Econômico, do Brasil.
Competitividade - Apesar disso, o ministro admitiu que a moeda brasileira tem atualmente uma forte sobrevalorização em relação às moedas de seus principais parceiros comerciais, mas afirmou que "ainda assim a indústria brasileira mantém sua produtividade e competitividade". Dilma foi apresentada em Londres como 'ex-radical' e 'possível candidata'. Segundo ele, a competitividade dos produtos brasileiros de exportação poderia ser comparada à dos produtos chineses se não fosse essa sobrevalorização. A uma plateia de cerca de 200 pessoas, formada basicamente por empresários britânicos e brasileiros, Mantega disse que o Brasil já superou a crise econômica e apresenta ótimas perspectivas de crescimento sustentado nos próximos anos.
"Quando a crise começou, o Brasil tinha uma economia dinâmica crescendo em bases sólidas", afirmou. "Entramos fortes na crise e saímos ainda mais fortes do que entramos." Segundo o ministro, o Brasil está hoje "entre os três ou quatro países que mais estão crescendo na atualidade". O seminário contou também com a presença da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresentada pelo mediador do seminário como "ex-radical que chegou ao governo" e "possível candidata à Presidência".
Dilma apresentou os principais projetos de investimento em infraestrutura previstos pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e disse que eles são uma boa oportunidade para investidores estrangeiros no Brasil. Segundo a ministra, o Brasil deixou para trás "25 anos sem políticas de crescimento, de estagnação econômica e de inflação de dois dígitos ao mês", no qual "o governo era parte do problema", para um momento de grandes projetos, que tem o governo como indutor e parceiro da iniciativa privada.
"Os projetos do PAC são um bom exemplo dessa tendência", afirmou a ministra.