O primeiro teste da Unasul
Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania
“Inexiste qualquer dúvida de que está em curso no Paraguai uma tentativa de golpe “constitucional” nos moldes do que foi aplicado em Honduras há alguns anos, quando o presidente foi deposto em um rito sumário que durou poucas horas e sem direito a defesa.
No Paraguai, o golpe “constitucional” tenta se revestir de alguma aparência de legalidade, mas peca pelo que marca esse tipo de processo: o açodamento, a pressa em concluir logo a deposição do governo a fim de evitar reações da comunidade internacional.
Para que se tenha idéia do absurdo do golpe que está sendo perpetrado no Paraguai sob desculpa de confronto entre o exército e sem-terras porresponsabilidade do presidente Fernando Lugo, isso equivale a tentarem derrubar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996.
Mais absurdo ainda é o fato de que o governo Lugo defende a reforma agrária, tendo sido o confronto um choque entre forças igualmente armadas, segundo alega o exército paraguaio.
Diante disso, os países membros da União de Nações Sul-Americanas – Unasul, cumprindo o protocolo de intenções firmado em 2008 por Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, despacharam seus chanceleres para Assunção também em tempo recorde, o que revela que a Organização possui, ao menos, uma visão política unificada e um conselho deliberativo ágil.
A rápida ação da Unasul decorre do Protocolo sobre Compromisso com a Democracia firmado em 2010 na cidade de Georgetown, na Guiana. O protocolo reza que os estados-membros da Unasul não tolerarão desafio à autoridade institucional ou tentativas de golpe ao poder civil legitimamente constituído.
A boa notícia para o governo do Paraguai é que os membros da Unasul firmaram acordo que os obrigará a adotar medidas concretas e imediatas em caso de violação da ordem constitucional em qualquer país integrante da aliança.”
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