“DURA LEX, SED LEX”
A lei é dura, porém é lei; postagem do próprio Roberto Jefferson, o delator do mensalão que veículos como a revista Veja procuram glorificar e perdoar, refuta chicana da impunidade; como advogado, ele mesmo sabe que, para escapar de uma temporada atrás das grades, agora que já está condenado pelo Supremo por 6 a zero por corrupção passiva, teria de ter optado, muito antes, pela delação premiada; "Não sou vítima de ninguém, a não ser de mim mesmo"; é para chorar?
28 DE SETEMBRO DE 2012 ÀS 12:50
247 – Afeito a teatralidades, o ex-deputado Roberto Jefferson lançou mão de seu talento para o drama em seu blog, na manhã desta sexta-feira 28. Em postagem com indisfarçada autocomiseração, ele comentou sua condenação pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva: 6 a zero contra a sua defesa.
"A maioria da Corte Suprema do meu país já me condenou pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro (neste caso, o placar está 5 a 1, mas ninguém acredita numa virada). Embora não concorde com as imputações, recebo com serenidade a decisão dos ministros. E reafirmo: não vendi o meu partido ao PT nem me apropriei para fins pessoais de nem um centavo sequer do dinheiro que a mim chegou para financiar campanhas eleitorais. Muito menos sou delator, alcunha com que tentam à força me marcar. Não sou vítima de ninguém, a não ser de mim mesmo. Nada a reclamar. 'Dura lex, sed lex' ('a lei [é] dura, porém [é] a lei')".
Com essas palavras, Jefferson recusou, de próprio punho, a solidariedade que tentam emprestar a ele veículos de comunicação como a revista Veja e até mesmo juízes do Supremo, a exemplo de Luz Fux, que parece ter adotado a tese de que o presidente licenciado do PTB poderia merecer atenuantes em sua pena por ter sido o denunciante do caso. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em 2005, Jefferson deu origem ao escândalo do chamado mensalão, ao afirmar que havia recebido R$ 4,5 milhões em troca do apoio do PTB ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No entanto, como já reconheceu o próprio Jefferson, o benefício do arrefecimento de pena só poderia ter sido dado a ele no caso de inclusão no programa de delação premiada. O político petebista recusou essa chance no passado e, agora, é tarde demais.
Além de Jefferson, o Supremo já condenou, do PTB. por corrupção passiva, o ex-deputado federal Romeu Queiroz (MG). O ex-tesoureiro da sigla Emerson Palmieri é acusado pelos mesmos crimes, mas, até agora, cinco ministros votaram pela sua condenação por corrupção passiva e cinco por lavagem de dinheiro. O valor total do acordo entre PTB e PT era de R$ 20 milhões, mas apenas R$ 4,5 milhões foram repassados ao PTB, segundo afirmou Roberto Jefferson.