Folha-Abril: um encontro perigoso para a democracia
Já é tradição na Folha de S. Paulo. Sempre que alguma autoridade ou empresário vai ao jornal essa visita é noticiada na última nota do Painel. E a Folha diferencia ainda quem vai porque se convidou e aquele que vai “a convite do jornal”.
Ontem, a sede da Folha, na Barão de Limeira, em São Paulo, foi palco de um encontro potencialmente perigoso para a democracia brasileira. Leia abaixo:
Visita à Folha Fábio Barbosa, presidente executivo da Abril S/A, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Meire Fidelis, diretora de Relações Corporativas.
Tanto Abril como Folha têm demonstrado incômodo com o fato de não exercerem mais o monopólio da opinião pública. Especialmente porque, agora, novoseditores, e especialmente os leitores, encontram espaço na internet para se expressar com total liberdade.
O crescimento desses novos foros de debate e de jornalismo online tem incomodado os barões da velha mídia. A tal ponto que grandes grupos, como Folha e Abril, têm tentado intimidar potenciais anunciantes, e até potenciais investidores, ligados aos seus novos concorrentes.
Abril e Folha também atuaram conjuntamente na CPI da Operação Monte Carlo e fizeram intensa movimentação de bastidores para evitar a convocação de jornalistas pela comissão. Outro ponto que os incomoda é o ambiente político na América Latina, onde governos de esquerda, como o de Cristina Kirchner, têm aprovado novas leis para regulamentar os meios de comunicação, evitando a concentração excessiva de poder nas mãos de poucas famílias. O dia 7 de dezembro, quando será retomada parte da concessão do Clarín, tem sido anunciado na Argentina como dia da democracia e da diversidade.
Uma ala do PT defende que a discussão sobre uma nova Lei dos Meios de Comunicação seja aberta no Brasil depois do período eleitoral, para descentralizar o setor e evitar eventuais abusos – o caso que tem sido mais comentado é a “entrevista” sem áudio e e sem fita de Marcos Valério, incriminando o ex-presidente Lula, e já negada pelo próprio “entrevistado”.
Essa discussão, se vier mesmo a ser colocada em prática, terá Folha e Abril como dois grandes opositores.”