JOÃO PAULO DESCONSTRÓI ACUSAÇÃO E PROMETE LUTAR
Primeiro réu com direito aos embargos infringentes a se manifestar, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) fala sobre os próximos passos que pretende adotar; o primeiro é tentar rever a pena por lavagem de dinheiro, onde teve cinco votos favoráveis; "A peça apresentada pelo ministro Joaquim Barbosa é digna de um roteiro literário. No caso da lavagem de dinheiro, a minha mulher foi ao banco, entregou a identidade, tirou xerox, assinou, pegou o dinheiro, pagou o instituto de pesquisa, recebeu a nota fiscal. Então, onde tem lavagem? Lavagem significa alguma coisa suja. Esse dinheiro não era sujo", diz ele; deputado também bateu duro em Joaquim Barbosa: "A balança do ministro Joaquim Barbosa tem um prato só, o da condenação. Então, ele não é juiz. Ele é promotor"
22 DE SETEMBRO DE 2013 ÀS 10:29
247 - O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), condenado a nove anos e quatro meses de prisão na Ação Penal 470, avisa: está disposto a lutar e pretende levar seu mandato parlamentar até o último dia. No processo, ele recebeu duas condenações: uma por peculato, em razão da contratação da agência DNA, enquanto foi presidente da Câmara dos Deputados, e outra por lavagem de dinheiro, porque sua esposa sacou R$ 50 mil no Banco Rural.
Neste segundo caso, João Paulo Cunha foi condenado por seis votos a cinco e, portanto, terá direito aos chamados embargos infringentes. Dos réus que apresentarão recursos, ele foi o primeiro a falar e, numa entrevista concedida à jornalista Vera Rosa, do Estado de S. Paulo, desconstruiu a acusação pelo crime de lavagem de dinheiro.
"A peça apresentada pelo ministro Joaquim Barbosa é digna de um roteiro literário. No caso da lavagem de dinheiro, a minha mulher foi ao banco, entregou a identidade, tirou xerox, assinou, pegou o dinheiro, pagou o instituto de pesquisa, recebeu a nota fiscal. Então, onde tem lavagem? Lavagem significa alguma coisa suja. Esse dinheiro não era sujo", diz ele. João Paulo afirma ainda que não se tratava de dinheiro público, mas sim de recursos do PT, obtidos por meio de empréstimo.
Em relação à outra acusação, a de peculato, ele afirma que o valor de R$ 1 milhão recebido pelas agências de Marcos Valério não foi desviado da Câmara. Ao contrário, tratava-se dos bônus de veiculação, pagos aos publicitários por veículos de comunicação que usam essa prática (como é caso de Globo e Abril), para receber os anúncios. "Esse recurso, na casa de R$ 1 milhão, corresponde à comissão que a agência SMP&B ganhou dos veículos de comunicação, em 2004, por anúncios apresentados. Então, qual é o desvio? Era uma previsão contratual, legal. Eu não tenho nada a ver com o peixe e vou pagar?", diz o deputado petista.
O parlamentar prevê ainda um acerto de contas entre a História e o Supremo Tribunal Federal. "Esse julgamento entrará para a lista de mais um erro do Judiciário. Joaquim Barbosa faz o papel do tenente Vieira no caso dos irmãos Naves. Guarda semelhança porque a população de Araguari (MG) queria o linchamento e a prisão dos irmãos, a polícia acusava (tenente Vieira era o delegado), o juiz foi conivente. Ao final, concluíram que os dois irmãos eram inocentes. O processo do mensalão vai ser semelhante", diz João Paulo Cunha, que também pediu que o novo relator, Luiz Fux, dê ouvidos aos argumentos da defesa.
João Paulo Cunha também criticou diretamente o ministro Joaquim Barbosa, eventual candidato à presidência da República ou ao governo de Minas Gerais, pela constante busca dos holofotes. Se o ministro Joaquim Barbosa quer disputar a opinião pública, que vá para Minas ou entre num partido aqui em Brasília e dispute eleição", diz o deputado. "Ele não pode ficar, da cadeira de presidente do Supremo, falando bobagem, sem dar direito ao réu de ir se defender lá. Eu estou pronto para qualquer dia ir lá no Supremo e pedir para ele deixar eu falar lá da tribuna dele, para responder ao que ele fala no microfone, não nos autos. Justiça tem dois pratos. A balança do ministro Joaquim Barbosa tem um prato só, o da condenação. Então, ele não é juiz. Ele é promotor", afirma.
Por fim, o parlamentar promete lutar pela preservação de seu mandato. "Não vou renunciar. Eu pretendo levar o meu mandato até o último dia. E vou levá-lo."
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/115619/Jo%C3%A3o-Paulo-desconstr%C3%B3i-acusa%C3%A7%C3%A3o-e-promete-lutar.htm
VEJA CENSUROU POST COM MEME SOBRE ATRIZES DA GLOBO
Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, comenta o caso de censura na Abril; post sobre globais de luto foi postado no site de Veja e depois retirado do ar; "o problema maior da Veja não é uma tecnologia que a faz obsoleta – é um conjunto de crenças absurdas que a faz cega", diz ele
22 DE SETEMBRO DE 2013 ÀS 10:10
Por Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo
Imagine que você é um jovem jornalista que trabalhe num site de uma grande publicação.
Você bate os olhos numa notícia: a multiplicação dos memes sobre a foto das atrizes da Globo em protesto contra a decisão do STF de respeitar a lei e, portanto, permitir embargos de alguns acusados no processo do Mensalão.
Repito: decisão de respeitar a lei, como demostrou em mais de duas horas o ministro Celso de Mello.
Então você faz, satisfeito, um texto sobre os memes porque isto é notícia: afinal, é uma reação ao fato que mais marcou os brasileiros na semana.
E finalmente você recebe dos superiores não os parabéns por ter identificado um assunto de alto interesse – mas a brutalidade da censura arbitrária.
Sua reportagem é, simplesmente, deletada porque a realidade que ela revela não se coaduna com a realidade que a publicação tenta, a bordoadas, impingir a seus leitores.
“Que eu estou fazendo aqui?” é a pergunta inevitável que você se faz numa situação deprimente daquelas.
Bem, não é o roteiro de um pesadelo jornalístico para jovens. É o que aconteceu na Veja na mesma semana em que a revista comemora seus 45 anos parecendo ter, mentalmente, 145.
A autocensura foi notada no Twitter, e causou merecido escárnio.
Vai ficando cada vez mais difícil para a Veja, por coisas desta natureza, atrair jovens talentosos: quem quer trabalhar nestas circunstâncias?
Você tem vinte e poucos anos, tem o idealismo da juventude: o que você pode fazer numa revista que representa e defende a manutenção de um Brasil iníquo e na qual você não pode publicar sequer um texto sobre memes?
A Veja, ao chegar aos 45 anos, é simplesmente a negação do zeitgeist – o espírito do tempo. Combater a desigualdade social é a essência do zeitgeist moderno, não apenas no Brasil mas no mundo.
Mas a Veja marcha do lado contrário, impávida e orgulhosa.
É assim que ela chega a 45 anos. E é por causa disso que ela não irá muito adiante: por seu divórcio com o mundo tal como ele é. Em sua louca cavalgada editorial, a revista pôs na capa desta semana a imagem da justiça curva. A justiça teria se curvado aos poderosos, aspas, ao acolher os chamados embargos infringentes. Ora, como um heroi da própria Veja — o jurista Celso de Mello — demonstrou em seu voto longo no STF na verdade o que se fez foi respeitar a lei e a Constituição.
A internet está castigando a revista, é certo: a cada dia menos pessoas leem publicações impressas. Revistas muito maiores que a Veja, no mundo, já morreram, como a americana Newsweek. A própria Time, a maior de todas, agoniza sem que seus proprietários consigam encontrar um comprador para ela.
Mas o problema maior da Veja não é uma tecnologia que a faz obsoleta – é um conjunto de crenças absurdas que a faz cega.
ILUSTRE QUEM?
HÉLIO DOYLE
O novo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não busca os elogios fáceis da mídia: ao contrário de seus antecessores, não saiu anunciando com alarde que vai pedir a prisão imediata dos condenados na Ação Penal 470
Pelo jeito o novo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não busca os elogios fáceis da mídia: ao contrário de seus antecessores, não saiu anunciando com alarde que vai pedir a prisão imediata dos condenados na Ação Penal 470. Bom sinal de que conhece a lei e não procura as câmeras de TV.
O antecessor Roberto Gurgel pediu a prisão mesmo sabendo que o Supremo Tribunal Federal não a concederia, por ilegal. Mas valia, para ele, a exposição na imprensa.
A interina, uma desconhecida que fez tudo o que pôde para aproveitar os minutos de glória, repetiu várias vezes isso. Continua desconhecida.
ATENÇÃO, “JURISTAS” DA MÍDIA
Manifestações da população têm de ser levadas em consideração, e pesquisas de opinião dão indicações importantes para os que legislam e governam.
Mas juízes têm de julgar de acordo com as leis. Se as leis são ruins, devem ser mudadas pelos que legislam.
Não é porque as pessoas querem linchar um criminoso que o linchamento se torna legítimo. Não é porque a multidão dispensa o direito de defesa, tão certa está da culpa dos acusados, que ele não tenha de ser exercido.
Isso, em uma democracia, vale para amigos e para inimigos.