PE247 - O Agreste de Pernambuco saiu na frente quanto aos profissionais estrangeiros que fazem parte do programa “Mais Médicos”, do Governo Federal. As médicas cubanas Nancy Acosta Alonso e Nancy Pena Lopez começam a trabalhar nesta quinta-feira (26) no município de Bom Conselho, no Agreste do Estado, que será a primeira cidade a implantar o programa. Elas receberam o registro provisório emitido pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) na última terça-feira (24). A anuidade do CRM, com um valor de aproximadamente R$ 450, foi desembolsada pelas próprias cubanas.
Em Bom Conselho, a secretária de saúde do município, Elaine Cristine das Neves, observou que a as médicas ainda estão conhecendo a cidade e sendo apresentadas à população. “Não vamos jogá-las dentro da comunidade sem primeiro oferecer uma visão sobre a população”, afirmou ao JC Online.
Ainda essa semana, mais oito cidades devem contar com o reforço dos médicos estrangeiros, sendo três no Sertão (Afogados da Ingazeira, Ibimirim e Quixaba), quatro no Agreste (Brejo da Madre de Deus, Lagoa do Ouro, Machados e Passira) e uma na Zona da Mata (Condado). O cronograma, entretanto, será definido individualmente por cada município e as bolsas, no valor de R$ 10 mil, começarão a ser pagas em outubro. Mais 32 registros devem ser entregues até a próxima quarta-feira (2), pois o Cremepe tem um prazo de 15 dias para entregar os documentos, após receber as informações dos médicos estrangeiros.
Em Brejo da Madre de Deus, a primeira cidade a receber os médicos, a expectativa é de que o registro chegue na sexta-feira (27), com o trabalho dos médicos começando já na segunda-feira seguinte (1). “Assumimos o município há 45 dias e temos dez PSFs e apenas dois médicos. Assinamos o termo de adesão pedindo oito médicos”, relatou a secretária de saúde da cidade, Lúcia Santos. “Se não fosse o programa, continuaríamos sem ninguém nos PSFs”, comemora.
A prefeitura de Lagoa de Ouro, no Agreste, declarou que vai arcar com a anuidade do CRM dos médicos que forem para lá. “Elas [as médicas cubanas] foram recebidas com grande satisfação pela população. Os moradores pediam por profissionais que ouvissem os problemas e não apenas receitassem remédios”, declarou a secretária de saúde, Nilva Maria Mendes. A cidade contava com quatro médicos para cinco postos. Com o programa do governo, a cidade terá uma adesão de mais três profissionais.
Mas nem tudo é motivo para festa. A pequena cidade de Manari, no interior de Pernambuco, que possui o pior IDH do Estado, não aderiu ao Mais Médicos e os reflexos da falta dos profissionais são sentidos rapidamente. Segundo a secretária de saúde, Sibele Moreira, a negociação estava sendo feita com médicos brasileiros. "Mas está difícil de encontrar, motivo pelo qual estamos pensando em aderir ao programa", afirma.
A cidade enfrenta um surto de Hepatite, onde cerca de 15 crianças foram contaminadas na mesma escola. Manari possui ainda um dos piores índices de mortalidade infantil do país: para cada 100 mil crianças, 46,1 morrem antes de completar um ano de idade. "Dos meus filhos que morreram, só um chegou a fazer 1 ano" contou a agricultora Maria Santina ao portal G1. Dos 17 filhos que ela teve, apenas cinco conseguiram sobreviver.