247 – A primeira pesquisa Ibope após a aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva, cujo trabalho de campo já está sendo realizado, será vista com grandes ressalvas no PSDB. É que os dirigentes do partido estão trabalhando com a informação de que o levantamento, do rematado Carlos Augusto Montenegro, tende a trazer resultados bem diferentes dos obtidos até aqui por outros institutos de credibilidade, como o Datafolha e o Vox Populi.
Como se fossem entes únicos e indissolúveis, o Ibope saiu em campo perguntando, de acordo com as informações que correm entre os tucanos de alta plumagem, em quem o eleitor pretende votar. Mas nos seguintes termos: em Dilma apoiada por Lula, Aécio apoiado por Fernando Henrique Cardoso ou Eduardo Campos embalado por Marina Silva.
Esse é mesmo o quadro político atual, mas nunca haverá espaço, na urna eletrônica, para que um candidato surja diante do eleitor com um, dois, dez ou cem de seus apoiadores.
A ser mesmo efetiva a informação do comando nacional do PSDB, todo ele fechado em torno do presidente da agremiação, o próprio candidato Aécio, o temor é o de que a associação direta distorça a fotografia real deste momento da corrida eleitoral. Com Lula fazendo-se de dublê de candidato para a presidente Dilma e a ex-senadora Marina Silva emprestando seu charme alternativo ao governador Campos, os tucanos estão, neste momento, trabalhando a imagem de Aécio Neves como um experiente ex-governador de Minas Gerais, dono de um programa de governo pragmático na economia, mas sem terem a preocupação de grudarem a imagem dele à de FHC.
No final do ano passado, o ex-presidente lançou a candidatura de Aécio, que vai empolgando o partido à medida em que roda o país visitando diretórios estaduais, municipais e bases. O senador mineiro não tem feito esse périplo, porém, com FHC a tiracolo. O presidenciável está, muito mais, procurando apoio no coletivo de seu partido e no entusiasmo da militância, do que em uma figura carismática – para o bem ou para o mal.
Os tucanos do entorno do Aécio estão certos de que o que chamam de 'pegadinha' do questionário – eles realmente não têm dúvidas de que a pergunta consta do questionário que circula o Brasil – pode criar uma ilusão de ótica entre o eleitorado: Aécio em declínio para o realce de quem está fora do páreo e, até duas semanas atrás, ameaçava deixar o partido por falta de espaço para circular. Sim, José sempre ele Serra.
A informação sobre a pesquisa Ibope corre, no mais alto ninho tucano, associada à notícia do Estado, segundo a qual a hipótese da chapa puro sangue é plausível.
Um chefe tucano que conversou com 247 acredita que uma bem urdida estratégia serrista para minar Aécio já estaria em curso, bem antes do que esse mesmo tucano acreditava que estaria. O circuito Estadão-Ibope seria o primeiro trecho do percurso nessa estrada tortuosa e obscura capaz de obnubilar a visão dos motoristas mais experientes. Como se sabe, no escuro dos bastidores Serra consegue enxergar muito bem.
Não há data, ainda, para o sinal amarelo entre os tucanos apagar – ao menos não até que a tal pesquisa circule à luz do dia e mostre todos os seus tons de cinza.