ENTRADA DE REINALDO GERA CRISE NA FOLHA. FOI FRIA?
Diante da avalanche de cartas contra a contratação do blogueiro mais conservador do País, jornal de Otávio Frias se viu forçado até a bloquear temporariamente a área de comentários da Folha.com (que já foi reaberta); assinante influente, jornalista Cynara Menezes, de Carta Capital, fez artigo em que anuncia cancelamento de assinatura em protesto contra chegada de "reacionário"; diretor de redação Sérgio D'Ávila foi contra a contratação, mas Otávio Frias Filho mostrou que o que prevalece é a vontade de patrão
25 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 20:01
247 – Blogueiro de Veja.com, Reinaldo Azevedo estreou nesta sexta-feira 25 sua coluna no jornal Folha de S. Paulo e, por extensão, na Folha.com. Imediatamente, a crise se instalou na publicação.
Sempre desfraldando a bandeira de ser um jornal democrático, a Folha precisou bloquear temporariamente a área de comentários para a coluna de Reinaldo como única forma de conter a fúria dos leitores. Em Veja, como se sabe, o colunista conta com um filtro – ele mesmo – que não permite a postagem de comentários de oposição a seus artigos. Na Folha, já foi reaberta, após a publicação deste artigo no 247. Eis alguns comentários:
fabiovilaca (48)(01h34) há 5 horas
Caricato , veste um personagem , polemista profissional , atrasado , por ele os escravos ainda seria escravos ( e portanto aptos a serem cobaias) homossexuais seriam discriminados , mulheres não votariam . Energumeno de grosso calibre , veio emporcalhar as páginas da FOLHA . Escrevam pra Ombudsman Suzana Singer dizendo que vão CANCELAR a assinatura da FOLHA .
eu (4)ontem às 22h18
Sou assinante a mais de 20 anos da folha, por gentileza me faça um favor saia da folha antes que eu cancele minha assinatura. Por gentileza faça esse favor saia da folha
Haydn (208)ontem às 15h26
O novo colunista da Folha tem admiradores e detratores, estes, em geral, apoiadores do governo, lulo-petistas, comunistas ou socialistas, alguns inteligentes, de argumentos mais sólidos; outros, muitos outros, nem tanto! Considero-o um sucessor de José Guilherme Merquior, capaz de contrapor-se, muitas vezes, com vantagem a polemistas esquerdistas de peso. Bela aquisição da Folha; melhor para o debate democrático.
ceci (3)ontem às 15h11
Hoje mesmo já vou cancelar minha assinatura. Pior escolha trazer esse Sr.para o rol de colunistas do jornal. Seu grau de esquizofrenia é acentuado! TODOS seus textos citam o PT. Aliás, creio que a solução do Brasil é muito simples para esse indivíduo: basta eliminar o PT e estaremos salvos de tudo; o Brasil deixará de ser um país desigual, passaremos a viver em bairros devidamente saneados e arborizados, com segurança, educação e civilidade. Que fantástico!Mas aí, sobre o que ele escreveria, né!
Em seu blog, a influente jornalista Cynara Menezes, ex-Folha e hoje em Carta Capital, escreveu artigo em que anunciou o cancelamento de sua assinatura da Folha de S. Paulo em protesto contra a presença, em suas páginas, a partir de agora, de Reinaldo. Ela o classificou como um "reacionário" que marca a publicação com o que a direita brasileira tem de mais arcaico.
Entre os jornalistas da Folha, o mal-estar é geral. O diretor de redação do jornal, Sergio D'Ávila, tentou convencer Otavio Frias Filho de que a contratação não pegaria bem para uma publicação, como a Folha, que se diz plural e apartidária. Mas, naquele momento, Otavio mostrou quem é patrão.
As reações pelo desastrado movimento devem continuar, o que levanta desde já uma pergunta que não quer calar: para a Folha, contratar o conhecido blogueiro, que usa o codinome 'Reinaldoxx, o exterminador de petralhas' para deletar comentários em seu blog de Veja, foi uma boa ou foi mesmo uma fria? Se há leitores realmente dispostos a cancelar suas assinaturas, o jornal já saiu perdendo. Até porque seus admiradores poderão ler as colunas em Veja.com, uma vez que são republicadas pelo próprio Reinaldo.
Abaixo, artigo de Cynara Menezes e a reprodução da coluna de estreia de Reinaldo Azevedo na Folha:
Caí de amores pela Folha de S.Paulo aos 17 anos, em 1984, quando entrei na faculdade e o jornal apoiou a campanha pelas Diretas-Já. Até então, menina do interior da Bahia, não conhecia bem a grande imprensa. O jornal que estampava em sua primeira página o desejo de todos nós, brasileiros, de votar para presidente, me cativou. Como para vários da minha geração, trabalhar na Folha se tornou um sonho para mim.
E de fato trabalhei no jornal, entre idas e vindas, quase 10 anos. Tive espaço, ótimas oportunidades, conheci de perto figuras incríveis: Ulysses Guimarães, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Leonel Brizola, Lula. E principalmente: na Folha escrevi como quis –ninguém nunca mudou meu texto e jamais adicionaram nem uma frase sequer que eu não tenha apurado, ao contrário do que viveria nos oito meses que passei na Veja (leia aqui).
Em 2009 meu respeito pela Folha morreu. Naquele ano, o jornal publicou um artigo absolutamente execrável acusando Lula de ter tentado estuprar um companheiro de cela, um certo “menino do MEP” (antiga organização de esquerda), quando esteve preso, em 1980. Qualquer pessoa que lê o texto percebe que Lula fez uma brincadeira (de mau gosto, ok), mas o autor do artigo não só levou a sério, ou fez de conta que levou a sério, como convenceu o jornal a publicar aquele lixo.
Como eleitora de Lula, aquilo me incomodou. Por que nunca fizeram algo parecido com outro político? Por que o jornal jamais desceu tão baixo com ninguém? Apontar erros, incoerências, fazer oposição ao governo, vá lá. Dizer que Lula estuprou uma pessoa! Por favor. Me pareceu que alguém na direção do jornal estava sob surto psicótico ao permitir que algo assim fosse impresso. Vários amigos da Folha me confidenciaram vergonha e indignação com o texto.
Continuei a ler o jornal nestes últimos quatro anos mais por hábito do que por outra coisa. Quando veio o editorial em que a ditadura foi chamada de “ditabranda” não fiquei surpresa. Quando a Folha publicou a ficha falsa da candidata Dilma Rousseff no DOPS quando atuou na luta armada, tampouco. A minha própria ficha já tinha caído, lá atrás. O jornal a favor das Diretas-Já deixara de existir –ou será que nunca existiu? Afinal, antes disso a Folha havia apoiado o golpe militar. Terei eu caído num golpe –de marketing?
Hoje, 24 de outubro de 2013, tomei a iniciativa de cancelar minha assinatura da Folha de S.Paulo. O jornal acaba de contratar dois dos maiores reacionários do País para serem seus “novos” colunistas. Não é possível, para mim, seguir assinando um jornal com o qual não tenho mais absolutamente nenhuma identificação. Pouco importa que minha saída não faça diferença para o jornal: é minha grana, trabalho para ganhá-la, não vou gastá-la em coisas que não valem a pena. O mundo não é capitalista? Pois não quero, com meu dinheiro, ajudar a pagar gente que me causa vontade de vomitar.
O mais triste é que, ao deixar de assinar a Folha, deixo também de ler jornais impressos. Nenhum deles me representa. Esta é literalmente uma página que viro, dá a sensação de que perdi um amigo querido. Mas a vida é assim mesmo: às vezes amigos tomam rumos diferentes. Sem rancores.
Publicado em 24 de outubro de 2013
Confira a estreia de Reinaldo Azevedo na Folha:
REINALDO AZEVEDO
'Os 178 Beagles'
As ruas, ente divinizado por covardes, pediram o fim do voto secreto para a cassação de mandatos. Boa reivindicação. O Congresso está a um passo de extinguir todas as votações secretas, o que poria o Legislativo de joelhos diante do Executivo. Proposta de iniciativa "popular" cobra o financiamento público de campanha, o que elevaria o volume de dinheiro clandestino nas eleições e privilegiaria partidos ancorados em sindicatos, cujas doações não são feitas só em espécie. Cuidado! O povo está na praça. Nome do filme dessa mímica patética: "Os 178 Beagles".
Povo não existe. É uma ficção de picaretas. "É a terceira palavra da Constituição dos EUA", oporia alguém. É fato. Nesse caso, ele se expressa por meio de um documento que consagra a representação, única forma aceitável de governo. Se o modelo representativo segrega e não muda, a alternativa é a revolução, que é mais do que alarido de minorias radicalizadas ou de corporações influentes, tomadas como expressão da verdade ou categoria de pensamento.
A fúria justiceira dos bons pode ser tão desastrosa como a justiça seletiva dos maus. Quem estava nas ruas? A imprensa celebrou os protestos como uma "Primavera Árabe" nativa. Nem aquela rendeu flores nem o Brasil é uma ditadura islâmica. Até houve manifestações contra o governo, mas todas foram a favor do "regime petista". O PSDB talvez tenha imaginado que aquele "povo" --sem pobres!-- faria o que o partido não fez em 11 anos: construir uma alternativa. Sem valores também alternativos aos do Partido do Poder, esqueçam.
Há 11 anos o PT ataca sistematicamente as instituições, quer as públicas, quer as privadas, mas de natureza pública, como a imprensa. Dilma ter sofrido desgaste (está em recuperação) não muda a natureza dos fatos. Da interdição do direito de ir e vir à pancadaria e ao quebra-quebra como forma de expressão, passando pela reivindicação de um Estado-babá, assistiu-se nas ruas a uma explosão de intolerância e de ódio à democracia que o petismo alimentou e alimenta. O Facebook não cria um novo ator político. Pode ser apenas o velho ator com o novo Facebook --como evidenciou a Irmandade Muçulmana no Inverno Egípcio.
Em política, quando o fim justifica os meios, o que se tem é a brutalidade dos meios com um fim sempre desastroso. A opção moralmente aceitável é outra: os meios qualificam o fim. Querem igualdade e mais Justiça? É um bom horizonte. Mas será o terror um instrumento aceitável, ainda que fosse eficaz? Oposição, governo e imprensa, com raras exceções, se calaram e se calam diante da barbárie que deseduca e que traz, volte-se lá ao primeiro parágrafo, o risco do atraso institucional.
O PSOL conduziu uma greve de professores contra o excelente plano de carreira proposto pela Prefeitura do Rio. Era a racionalidade contra a agenda "revolucionária". Luiz Fux, do STF, posando de juiz do trabalho, chamou os dois para conversar. É degradação institucional com toga de tolerância democrática.
O sequestro dos beagles, tratado com bonomia e outro-ladismo pelo jornalismo, é um emblema da ignorância dos justos e da fúria dos bons. Eles atrasaram em 10 anos o desenvolvimento de um remédio contra o câncer, mas quem há de negar que os apedeutas ilustrados têm um grande coração?
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/118878/Entrada-de-Reinaldo-gera-crise-na-Folha-Foi-fria.htm
CONTRA O PT, MAGNOLI ESTREIA NA FOLHA
Novo colunista do jornal da família Frias desfere ataques à esquerda brasileira em seu primeiro artigo; "O PT converteu-se no esteio de um sistema político hostil ao interesse público: a concha que protege uma elite patrimonialista", escreve Demétrio Magnoli
26 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 07:46
247 - Em seu artigo de estreia na Folha de S.Paulo, Demétrio Magnoli desfere ataques ao PT e à esquerda brasileira da primeira à última linha. "O lulopetismo calunia a esquerda democrática enquanto celebra a ditadura cubana", escreve o sociólogo. Leia abaixo seu artigo:
Direita e esquerda
Visitei Praga em 1989, às vésperas da Revolução de Veludo. Naquela cidade, "comunista" era estigma. No Brasil, a ditadura militar definiu a palavra "direita". "O cara é de direita." Impossibilitado de internar dissidentes em instituições psiquiátricas, o lulopetismo almeja isolá-los num campo de concentração virtual. No processo, devasta o sentido histórico dos termos até virá-los pelo avesso: eles é que são "de direita"; eu sou "de esquerda".
Eles financiaram com dinheiro público a bolha Eike Batista. Na fogueira do Império X, queimam-se US$ 5,2 bilhões do povo brasileiro. "O BNDES para os altos empresários; o mercado para os demais": eis o estandarte do capitalismo de Estado lulopetista. Anteontem, Lula elogiou o "planejamento de longo prazo" de Geisel; ontem, sentou-se no helicóptero de Eike para articular um expediente de salvamento do megaempresário de estimação. O lobista do capital espectral é "de direita"; eu, não.
Eles são fetichistas: adoram estatais de energia e telecomunicações, chaves mágicas do castelo das altas finanças. Mas não contemplam a hipótese de criar empresas públicas destinadas a prestar serviços essenciais à população. Na França, os transportes coletivos, que funcionam, são controlados pelo Estado. Eu defendo esse modelo para setores intrinsecamente não-concorrenciais. O Partido prefere reiterar a tradição política brasileira, cobrando de empresários de ônibus o pedágio das contribuições eleitorais para perpetuar concessões com lucros garantidos. "De esquerda"? Esse sou eu, não eles.
Eles são corporativistas. No governo, modernizaram a CLT varguista, um híbrido do salazarismo com o fascismo italiano, para integrar as centrais sindicais ao aparato do sindicalismo estatal. Eles são restauracionistas. Na década do lulismo, inflaram com seu sopro os cadáveres políticos de Sarney, Calheiros, Collor e Maluf, oferecendo-lhes uma segunda vida. O PT converteu-se no esteio de um sistema político hostil ao interesse público: a concha que protege uma elite patrimonialista. "De direita"? Isso são eles.
Eles são racialistas; a esquerda é universalista. O chão histórico do pensamento de esquerda está forrado pelo princípio da igualdade perante a lei, a fonte filosófica das lutas populares que universalizaram os direitos políticos e sociais no Ocidente. Na contramão dessa herança, o lulopetismo replicou no Brasil as políticas de preferências raciais introduzidas nos EUA pelo governo Nixon. Inscrevendo a raça na lei, eles desenham, todos os anos, nas inscrições para o Enem, uma fronteira racial que atravessa as classes de aula das escolas públicas. Esses plagiários são o túmulo da esquerda.
Eles são atavicamente conservadores. Os programas de transferência de renda implantados no Brasil por FHC e expandidos por Lula têm raízes intelectuais nas estratégias de combate à pobreza formuladas pelo Banco Mundial. Na concepção de FHC, eram compressas civilizatórias temporárias aplicadas sobre as feridas de um sistema econômico excludente. Nos discursos de Lula, saltaram da condição de "bolsa-esmola" à de redenção histórica dos pobres. Quando os manifestantes das "jornadas de junho" pronunciaram as palavras "saúde" e "educação", o Partido orwelliano sacou o carimbo usual, rotulando-os como "de direita". Eles destroem a linguagem política para esvaziar a praça do debate público. Mas, apesar deles, não desapareceu a diferença entre "esquerda" e "direita" --e eles são "de direita".
"Esquerda"? O lulopetismo calunia a esquerda democrática enquanto celebra a ditadura cubana. Fidel Castro colou a Ordem José Martí no peito de Leonid Brejnev, Nicolau Ceausescu, Robert Mugabe e Erich Honecker, entre outros tiranos nefastos. Da esquerda, eles conservam apenas uma renitente nostalgia do stalinismo. Sorte deles que Praga é tão longe daqui.
MAGNOLI É CHAMADO DE RACISTA EM DEBATE NA BAHIA
Dois estudantes, seminus, se pintaram na frente do sociólogo, que se posiciona contra as cotas raciais; Magnoli, que estreou hoje coluna na Folha, comparou os manifestantes aos fascistas de Mussolini e arrematou: “No poder, esse grupo fuzilaria os seus opositores”
26 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 18:15
247 - O sociólogo Demétrio Magnoli, que estreou hoje coluna na Folha, foi hostilizado num evento na Bahia, quando foi chamado de "racista" por estudantes. Leia, abaixo, relato do Diário do Centro do Mundo:
Do Diário do Centro do Mundo - Na manhã deste sábado (26), enquanto o geógrafo e sociólogo Demétrio Magnoli debatia na Flica, um grupo de estudantes deu início a um protesto sob brados de ‘racista’ e ‘fora, Magnoli!’. O ato foi pautado pelas opiniões desfavoráveis de Magnoli com relação às cotas raciais.
Dois estudantes, seminus, se pintaram na frente do professor, causando tumulto e interrompendo o debate. Uma faixa a favor das cotas também foi estendida.
“Estamos aqui fazendo este ato por contra esse cara que é racista, é contra as cotas. E Cachoeira é terra de preto, remanescente de quilombo”, diz Amanda, estudante de jornalismo da UFRB.
A professora da UFBA, Maria Hilda Baqueiro Paraíso, que também compunha a mesa, tentou negociar com os estudantes, mas não obteve sucesso. Os seguranças presentes no evento não conseguiram conter o tumulto, que só se dispersou quando a produção do evento propôs uma reunião com representantes do movimento. A pauta será uma possível mudança do tema da mesa, de preferência para um que contemple a questão racial no Brasil.
Magnoli comparou os manifestantes aos fascistas de Mussolini e arrematou: “No poder, esse grupo fuzilaria os seus opositores”. Encerrada, a mesa deve retornar às 13h30, a portas fechadas.
Dois estudantes, seminus, se pintaram na frente do sociólogo, que se posiciona contra as cotas raciais; Magnoli, que estreou hoje coluna na Folha, comparou os manifestantes aos fascistas de Mussolini e arrematou: “No poder, esse grupo fuzilaria os seus opositores”
26 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 18:15
247 - O sociólogo Demétrio Magnoli, que estreou hoje coluna na Folha, foi hostilizado num evento na Bahia, quando foi chamado de "racista" por estudantes. Leia, abaixo, relato do Diário do Centro do Mundo:
Do Diário do Centro do Mundo - Na manhã deste sábado (26), enquanto o geógrafo e sociólogo Demétrio Magnoli debatia na Flica, um grupo de estudantes deu início a um protesto sob brados de ‘racista’ e ‘fora, Magnoli!’. O ato foi pautado pelas opiniões desfavoráveis de Magnoli com relação às cotas raciais.
Dois estudantes, seminus, se pintaram na frente do professor, causando tumulto e interrompendo o debate. Uma faixa a favor das cotas também foi estendida.
“Estamos aqui fazendo este ato por contra esse cara que é racista, é contra as cotas. E Cachoeira é terra de preto, remanescente de quilombo”, diz Amanda, estudante de jornalismo da UFRB.
A professora da UFBA, Maria Hilda Baqueiro Paraíso, que também compunha a mesa, tentou negociar com os estudantes, mas não obteve sucesso. Os seguranças presentes no evento não conseguiram conter o tumulto, que só se dispersou quando a produção do evento propôs uma reunião com representantes do movimento. A pauta será uma possível mudança do tema da mesa, de preferência para um que contemple a questão racial no Brasil.
Magnoli comparou os manifestantes aos fascistas de Mussolini e arrematou: “No poder, esse grupo fuzilaria os seus opositores”. Encerrada, a mesa deve retornar às 13h30, a portas fechadas.
REINALDO AZEVEDO NÃO REPRESENTA NADA COM COISA NENHUMA
DAVIS SENA FILHO
Ele ressoa seus preconceitos, intolerâncias e sandices em um círculo vicioso frequentado por pessoas que acreditam ou compactuam com suas formulações esquizofrênicas
O Brasil 247 alardeou recentemente em forma de manchete a contratação pela Folha do blogueiro de extrema direita da Veja — a Última Flor do Fáscio e associada à quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira —, o jornalista Reinaldo Azevedo, que não representa nada com coisa nenhuma. Apenas sua figura é superdimensionada por quem quer vendê-lo.
Entretanto, a verdade é que considero o que o Azevedo fala e pensa ou deixa de falar ou pensar é irrelevante ao Brasil, à grande maioria dos cidadãos brasileiros e até mesmo ao jornalismo, como fonte de informação quando de fato as notícias ou opiniões são fidedignas e intelectualmente honestas.
Reinaldo Azevedo é o ventríloquo de si mesmo. Ele ressoa seus preconceitos, intolerâncias e sandices em um círculo vicioso frequentado por pessoas que acreditam ou compactuam com suas formulações esquizofrênicas, que têm por finalidade combater "tudo o que está aí", ou seja, os movimentos sociais, as conquistas do povo brasileiro nos últimos 11 anos, o PT e os governos trabalhistas dos presidentes Lula e Dilma Rousseff.
Para o direitista, o mundo ideal teria de se adequar às ideias segundo os preceitos conservadores e os devaneios ideológicos dos "especialistas" de prateleiras do Instituto Millenium e da Globo News, os capitães do mato que defendem os interesses da Casa Grande, cujos moradores, por intermédio de seus DNA, têm saudade imensa dos tempos de escravidão de seres humanos.
É dessa forma que funciona a cabeça de direita de Reinaldo Azevedo. E a imprensa de negócios privados enche sua bola quando, na verdade, tal pessoa não passa de um ser medíocre, intelectualmente sofrível, que despreza segmentos importantes da sociedade, pois seguramente pensa que é superior à "plebe", conforme demonstram, indelevelmente, suas palavras e preconceitos políticos e de classe.
Acho que é isso: o blogueiro da Veja (a revista do bicheiro), contratado pela Folha de S. Paulo, aquele jornal que nos tempos da ditadura emprestava seus carros para os torturadores, considera-se superior à grande maioria das pessoas que compõem a humanidade.
Por isso, ele se junta aos seus patrões magnatas e bilionários para repercutir o pensamento insano daqueles que desejam e lutam por uma sociedade injusta, sectária, privada e voltada para atender os privilégios das classes ricas e abastadas e que odeiam ver pobre em restaurante, shopping, aeroporto e a dirigir automóveis. Afinal, na cabeça doentia dos direitistas o mundo foi feito para os coxinhas. Não existe nem uma lei a respeito disso, mas é dessa maneira que os "doentes" pensam.
Reinaldo Azevedo apenas se comporta como o reflexo da imagem no espelho dos que controlam os meios de produção, no caso dele os megaempresários do sistema midiático corporativo e de passado e presente golpistas — a rememorar 1964. O jornalista é um dos áulicos do comportamento desleal e perverso da imprensa de mercado em relação às mudanças sociais e econômicas acontecidas no Brasil e à luta pela emancipação do povo brasileiro.
É para isso e por causa disso que ele é pago. Porque é exatamente dessa forma que se conduz, sistematicamente e ferozmente, o senhor jornalista de extrema direita da Veja e agora da Folha. Só que ele não representa nada em âmbito universal quando pensamos na sociedade brasileira em conjunto.
Realmente, ele não representa nada, e por isso deveria se recolher à sua insignificância como agente social, pois seu ambiente, mesmo agora na Folha, não muda e se modifica, porque seu público é cativo, extremado à direita, conforme comprovam as milhares de mensagens que o blogueiro conservador recebe.
O público do Reinaldo Azevedo vai migrar para a Folha, porque quem consome jornalismo de péssima qualidade editorial é a parcela mais à direita das classes médias — a tradicional e a alta. Além do mais, quem lê a Veja, a revista porcaria, lê também a Folha, o jornal dos coxinhas pseudos intelectuais, leitores de Elio Gaspari e Clóvis Rossi e que acreditam em Papai Noel e Mula Sem Cabeça, se assim for necessário para enganar a si próprios e não reconhecer os avanços sociais verificados, inapelavelmente, pelo IBGE.
Não existe dúvida sobre essa realidade. O barão de imprensa, Otávio Frias Filhos, vai perceber esse fato, se já não o percebeu e não se importa, pois o que está em jogo é entoar ao máximo a voz de gente com o perfil político e ideológico de Reinaldo Azevedo. O blogueiro que se acha maior do que realmente ele o é, pois muito vaidoso, e, consequentemente, não o suficiente sábio para saber de suas ridicularidades, porque suas diatribes o impedem de ser sensato para ser justo.
Faço essas assertivas porque sei que Reinaldo Azevedo tem um público restrito, apesar de individualmente ser um blogueiro bastante lido. Contudo, seus leitores são os mesmos e passarão a lê-lo na Folha impressa, online e na UOL. Se seus patrões magnatas e bilionários pensam que Reinaldo Azevedo vai ter influência política no que é relativo às eleições de 2014, podem tirar o cavalinho da chuva, porque essa "estratégia" não vai ser concretizada.
E sabe por quê? Porque a direita não tem nada para oferecer ao povo e nem para os coxinhas de classe média que leem seus péssimos pasquins ou vota nela. O motivo desse fato e realidade é que a direita não distribui renda e riqueza; não se preocupa com o ser humano e, sim, com os números e índices; e, a resumir a grosso modo, não tem preocupação social. Por isso e por causa disso é que a direita não ganha eleição, mesmo a ter um canhão em forma de mídia.
Então, vamos à pergunta que teima em não se calar: "Como a direita faz para vencer pleitos eleitorais ou atrair pessoas para apoiá-la?" Respondo: "Dissimula, tergiversa, manipula, confunde e mente, por intermédio da imprensa de negócios privados. E para concretizar seus sonhos políticos, que, evidentemente, vão lhes trazer muitos lucros e dividendos, os magnatas bilionários de direita contratam pessoas do nível de Reinaldo Azevedo e companhia. Mas põe companhia nisso. Reinaldo não é neocon, pois velhocon. É isso aí.