247 – Ministro da Fazenda e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, o economista Guido Mantega está no epicentro de um furacão. Um redemoinho global de especulações se ergue à volta do leilão dos campos de Libra, pertencentes à Petrobras, a menos de doze horas de sua realização, na manhã desta segunda-feira 21, num hotel da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A previsão é que as maiores jazidas de petróleo conhecidas no mundo, na Bacia de Campos, sejam leiloadas em cerca de 30 minutos. A Petrobras faz parte dos quatro consórcios concorrentes.
Como Mantega, toda a área econômica do governo e também a presidente Dilma Rousseff dependem diretamente dos resultados do leilão para saberem como passarão os próximos meses. Se um pesado investimento for garantido, por meio dos lances esperados pelo governo, o cofre da administração estará recheado o suficiente para seguir dando estofo à tentativa de impulsionar o crescimento da economia. Mas se as expectativas se frustrarem, a torrente de críticas à gestão do próprio leilão será aumentada, além de lançar reflexos negativos para todas as direções da economia.
Por outro lado, Libra atrai não apenas as atenções, mas também boa parte da inveja do mundo, especialmente dos Estados Unidos. Espionando abertamente, o que parece ser uma contradição, o Brasil e, mais precisamente, a Petrobras, os americanos não pediram desculpas pela bisbilhotice de forte conotação comercial e assumiram uma atitude inesperada. As grandes multinacionais petrolíferas do país, assim como suas co-irmãs do Reino Unido, não apareceram para disputar o leilão. Apesar das suspeitas de informação privilegiada – ou talvez por causa delas -, essas ausências se deram logo na rodada de inscrições.
Com 1,1 mil soldados do Comando Militar do Sudeste isolando desde a tarde do domingo 20 o endereço do leilão, um hotel turístico na Barra da Tijuca, as interrogações são bem maiores que as certezas. Mas o ministro mantém seu férreo otimismo apesar dos sinais contraditórios sobre o sucesso emitidos às vésperas do certame.
- Libra vai provocar uma onda inédita de investimentos, da ordem de US$ 180 bilhões em 35 anos, disse Mantega em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que repercutiu fortemente nas agências noticiosas.
Ele garantiu que o Tesouro não irá colocar nenhum recurso para ajudar a Petrobras a fazer frente aos investimentos que, como parceira de todos os concorrentes, terá de fazer nos próximos anos.
- O Tesouro não dará nem nunca deu ajuda para a Petrobras. Não cabe a ele fazer isso. O Tesouro não vai participar da operação de Libra, insistiu Mantega. Neste ano, a companhia deve investir ao todo R$ 97 bilhões, e no primeiro semestre captou US$ 11 bilhões", completou. Acentuou que a empresa está bem de caixa: "eu sei porque sou presidente do conselho. Há várias dezenas de bilhões de reais lá".
Classificando o campo de Libra como "maravihoso, que será um dos mais rentáveis do mundo", Mantega calculou em nada menos que US$ 180 bilhões os volume de investimentos diretos que o Brasil atrairá, no setor e suas adjacências, nos próximos 35 anos.
O ministro mostrou confiança nos resultados, apesar de análises apontaram grandes chances para a participação efetiva de um consórcio concorrente, formado pela Petrobras e a estatal China National Petroleum Cororation (CNPC). Também participa a outra estatal do país no setor, a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC).
- A Petrobras não tem o monopólio como tinha no passado. Ela tem 30%, pode até ter um pouco mais , e deverá se juntar a grupos privados para a exploração desse poço maravilhoso que é um dos mais rentáveis do mundo.