PROGNÓSTICOS “EMPÍRICOS” SOBRE POLÍTICA E ECONOMIA SÃO FRAUDE FINANCEIRA E ELEITORAL
EDUARDO GUIMARÃES
Passou do aceitável a manipulação escrachada, escancarada e possivelmente fraudulenta – portanto, criminosa – que tem sido feita por setores do mercado financeiro contra a economia do país
Passou do aceitável a manipulação escrachada, escancarada e possivelmente fraudulenta – portanto, criminosa – que tem sido feita por setores do mercado financeiro contra a economia do país através de "analistas" que, a partir de como se autoproclamam, confessam que seus prognósticos catastrofistas são puramente "empíricos".
Segundo o dicionário Houaiss, usar o termo "empírico" – no singular ou no plural – para descrever a qualificação de qualquer profissional é um insulto. Dizer que aquele profissional faz prognósticos "empíricos" (em português) ou "empiricus" (em latim), equivale a dizer que tal profissional não passa de um "charlatão".
Muito pior é se um analista do mercado financeiro, por exemplo, assume-se como "empírico" (em português) ou "empiricus" (em latim). Aí, trata-se de uma confissão...
Quem diz isso não é o Blog, mas o dicionário
Não passam de charlatanismo em estado sólido, pois, essas análises de setores do mercado financeiro – incluindo as feitas pelas famigeradas "consultorias" – que admitem, por escrito e em áudio, que já ganharam "muito dinheiro especulando contra a Petrobrás" ou contra a situação econômica do país.
Há uma certa consultoria, por aí, que, segundo o Houaiss, alardeia ser charlatã ao batizar a si mesma com o termo pejorativo em latim – "empiricus". Usando fórmulas enlatadas para faturar no mercado financeiro com catastrofismo, confessadamente contra empresas públicas ou privadas e contra a situação econômica do país, essa consultoria faz previsões sem qualquer base lógica ou factual.
Não existe um só analista econômico respeitado que seja capaz da enormidade de dizer que o salário de todos vai cair pela metade, que haverá desemprego em massa, que vidas estão prestes a ser arruinadas. Dizer isso é uma vigarice.
Há, sim, previsões catastrofistas feitas até por grandes conglomerados financeiros, mas nenhuma que preveja tal nível desgraça, até porque o Brasil detém excelente avaliação de risco de eminentes agências internacionais, o tal "investment grade" ou "grau de investimento".
São ridículos esses prognósticos "empíricos". São charlatanice. O Brasil tem recebido um forte volume de investimentos, detém quase 400 bilhões de dólares de reservas, tem o mais baixo nível de desemprego da história.
Para granjear credibilidade, esses prognósticos "empíricos" alardeiam que seus autores teriam "acertado" contra todas as previsões conhecidas em 2008, quando estourou a maior crise econômica internacional desde o limiar do século XX.
Balela. As previsões, após a quebra virtual do banco dos irmãos Lehman, foram tão catastrofistas que chegaram a dizer que a dívida insolvente que desencadeara a maior crise internacional em mais de 80 anos poderia chegar a insanos 300 TRILHÕES DE DÓLARES (!). Uma maluquice.
Já apostar "contra a Petrobrás", como os prognósticos "empíricos" (em português) ou "empíricus" (em latim) confessam que fizeram, era meio óbvio e, por isso, muita gente se livrou da queda no preço das ações da companhia.
Afinal, o plano de investimentos anunciado pela maior empresa brasileira para explorar o pré-sal mostrava que haveria endividamento e, claro, quando uma empresa se endivida para investir, até que aqueles investimentos gerem lucro essa empresa perde valor devido à dívida acumulada, pois ninguém sabe se um endividamento, mesmo que planejado, irá gerar os resultados pretendidos.
O alarmismo promovido por setores do mercado financeiro que vêm atuando em consonância com fortes doações que estão fazendo e farão para comitês eleitorais de candidatos a presidente de oposição à candidata do governo beira a fraude eleitoral, além da financeira.
Tanto para fraudes eleitorais como no mercado financeiro, este país tem leis. Autoridades competentes, ao não aplicá-las, incorrerão nos mesmos crimes dos autores. Podem até não responder já, mas, cedo ou tarde, terão que responder. Criminosos da ditadura militar, por exemplo, supuseram que jamais seriam questionados.
DILMA E O SANTANDER
MAURO SANTAYANNA
Na época em que, na América Latina, havia maioria de governos neoliberais, os “empresários” espanhóis eram recebidos, por aqui, como nababos
Diz a sabedoria popular que frango que acompanha pato acaba morrendo afogado. Sempre estranhamos, ao longo dos últimos governos, a excessiva atenção reservada, pela classe política brasileira, para o que existe de pior no empresariado ibérico, em especial o oriundo da Espanha a partir dos anos 90.
Criou-se em nosso país, com a entrada de Madrid no Euro, a ilusão de que a Espanha, que passou a maior parte do século XX mergulhada em uma ditadura medieval e agrária, tivesse sido – pela simples troca da peseta por uma moeda mais valorizada - subitamente alçada ao desenvolvimento.
Nos séculos XIX e XX, em processo que vinha se consolidando desde a derrocada de sua Invencível Armada, Madrid viveu à sombra da Inglaterra e dos EUA, que se apossaram do que restou de seu império, na Guerra Hispano-Americana de 1898.
De Cervantes a Picasso, a Espanha deu grande contribuição ao mundo. Mas nunca foi o paradigma de empreendedorismo e de pujança com que aportou por aqui à época do PROER e das grandes privatizações.
Desde 2008, pelo menos, sabe-se que a “fortaleza” ibérica estava baseada em bilhões de euros em ajuda dos fundos da Comunidade Europeia e em centenas de bilhões de euros em dívidas, que deixaram em seu rastro um desemprego de quase 30%, e milhares de famílias despejadas e de aposentados prejudicados pelos bancos.
Quando se fala no IDH espanhol, é preciso lembrar que, por trás dele, está uma das maiores dívidas per capita do mundo. E que, se não fosse o hábito de exportar seus problemas e seus desempregados para países como o nosso, a cada duas gerações, os espanhóis não teriam o padrão de vida que tiveram até alguns anos atrás.
Na época em que, na América Latina, havia maioria de governos neoliberais, os “empresários” espanhóis eram recebidos, por aqui, como nababos.
E, o que é pior, continuaram a ter direito aos mesmos rapapés, depois da crise, quando suas ”grandes” empresas, altamente endividadas, começaram a depender, como de água para um peixe no deserto, dos altíssimos lucros auferidos em território brasileiro.
Sempre nos surpreendeu – e sobre isso escrevemos antes – o número de vezes em que o Senhor Emilio Botín - investigado, no passado, em seu país e execrado por boa parte da população espanhola - foi recebido em Palácio pela Presidente Dilma.
Nunca é conveniente que um presidente da República receba pessoalmente homens de negócio, e muito menos se forem estrangeiros. Para isso existem os ministros, como o da Indústria e Comércio ou o da Fazenda, por exemplo.
Se tivesse evitado os sorrisos e as fotografias que propiciou ao dono do Santander, por tantas vezes, com certeza a Presidente Dilma estaria se sentindo, agora, menos constrangida – depois da carta desse banco a “investidores”, desancando a orientação e as expectativas econômicas de seu governo.