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Nosso objetivo não é engrandecer um homem, o Presidente Lula, mas homenagear, como brasileiro que ama esta terra e esta gente, o que este homem tem provado, em pouco tempo, depois de tanto preconceito e perseguição ideológica, do que somos capazes diante de nós mesmos, e do mundo, e que não sabíamos, e não vivíamos isto, por incompetência ou fraude de tudo e todos que nos governaram até aqui. Não engrandecemos um homem, mas o que ele pagou e tem pago, para provar do que somos.

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"O lulismo pode durar 30 anos"

Para o ex-porta-voz de Lula, a conquista dos eleitores pobres levará o PT à hegemonia política

Mariana Sanches, Época

Autor de um artigo que causou grande repercussão nos meios acadêmicos e políticos, o cientista político e ex-porta-voz da Presidência André Singer diz que as eleições presidenciais de 2010 serão o grande teste de força do lulismo. Para Singer, o lulismo alia um projeto de redistribuição de renda à manutenção da ordem social, o que atraiu eleitores conservadores e de baixa renda historicamente avessos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Singer acompanhou Lula ao longo do primeiro mandato e estudou o comportamento eleitoral brasileiro nas cinco últimas eleições para presidente. Segundo ele, o lulismo reorganizou o eleitorado brasileiro e poderá virar uma força política hegemônica por décadas.

ÉPOCA – Como o senhor define o lulismo?
André Singer – O lulismo é a execução de um projeto político de redistribuição de renda focado no setor mais pobre da população, mas sem ameaça de ruptura da ordem, sem confrontação política, sem radicalização, sem os componentes clássicos das propostas de mudanças mais à esquerda. Foi o que o governo Lula fez. A manutenção de uma conduta de política macroeconômica mais conservadora, com juros elevados, austeridade fiscal e câmbio flutuante, foi o preço a pagar pela manutenção da ordem. Diante desse projeto, a camada de baixa renda, cerca de metade do eleitorado, começou a se realinhar em direção ao presidente.

ÉPOCA – Quando isso aconteceu?
Singer – Em 2006. Houve um realinhamento eleitoral, um deslocamento grande de eleitores que ocorre a cada tantas décadas. A matriz desse tipo de estudo é americana. Lá, eles acham que aconteceu um realinhamento eleitoral em 1932, quando (Franklin) Roosevelt ganhou a eleição presidencial. Ele puxou uma base social de trabalhadores para o Partido Democrata que não havia antes. Aqui, em 2006 a camada de baixíssima renda da população, que sempre tinha votado contra o Lula, votou a favor dele. A diferença entre 2002 e 2006 foi que Lula perdeu base na classe média, seu eleitorado tradicional, e ganhou base entre os eleitores de baixa renda.

ÉPOCA – O lulismo pode sobreviver sem o Lula? Não é preciso uma liderança carismática à frente desse projeto político?
Singer – No lulismo existe um elemento de carisma, mas isso não é o mais importante. A importância do carisma é maior nas regiões menos urbanizadas do país, onde se tende a atribuir a capacidade de execução de um projeto a características especiais da liderança. Em regiões urbanizadas existe uma adesão mais racional ao programa político. Se minha análise estiver correta, o lulismo sobreviverá sem o Lula. Uma hipótese é que o lulismo vá desaguar no PT. Essa camada social que aderiu ao Lula pode lentamente começar a votar nos candidatos do PT a prefeito, governador, senador. Vejo indícios de que isso começou a ocorrer nas eleições municipais de 2008. O PT foi mal nas capitais, mas foi bem nas regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte. Isso pode sinalizar que o voto da camada de menor renda da sociedade está caminhando para o PT.

ÉPOCA – Dilma Rousseff será a herdeira do lulismo? O que acontecerá em 2010?
Singer – Mantidas as condições atuais, a tendência é que, à medida que ficar claro para o eleitor que a Dilma é a candidata de continuidade do lulismo, ela aumentará suas intenções de voto com chances consideráveis de ganhar a eleição.”
Entrevista Completa, ::Aqui::

"O lulismo pode durar 30 anos"

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PT terá que se reposicionar diante do lulismo, diz André Singer


19
Fev
2010

No momento em que completa 30 anos de sua fundação, o Partido dos Trabalhadores se vê diante de um novo fenômeno eleitoral, o lulismo, que pode obrigá-lo a ter que se reposicionar no cenário político brasileiro.

Caio Quero, BBC Brasil

Esta é a opinião do jornalista e cientista político André Singer, pesquisador do sistema eleitoral brasileiro e ex-porta-voz do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, Singer publicou no final do ano passado um artigo em que aponta o surgimento deste novo fenômeno eleitoral.

Para ele, os programas de distribuição de renda do governo Lula, aliados à manutenção da estabilidade política e econômica, fizeram com que um eleitorado que tradicionalmente era avesso ao PT aderisse em massa à candidatura de Lula em 2006 - ao mesmo tempo em que eleitores tradicionais do partido, parte da classe média e do operariado, se afastaram devido às denúncias de corrupção.

Este novo eleitorado que forma o lulismo seria, na opinião de Singer, formado por pessoas de baixíssima renda e teria como principais aspirações a manutenção da ordem e uma ação efetiva do Estado no sentido de distribuir renda.

Para Singer, o lulismo tem características que misturam a esquerda e a direita e representa um desafio também para a oposição.

Na entrevista abaixo, Singer fala ainda sobre como deve ser a disputa para a Presidência neste ano e critica a aliança do PT com o PMDB, que para ele "descaracteriza" o partido de Lula.

BBC Brasil - Como aconteceu esse realinhamento eleitoral em 2006 que deu origem a este fenômeno que o senhor chamou de lulismo?
André Singer - A minha hipótese é que esse realinhamento foi resultado de políticas públicas que foram executadas no primeiro mandato do presidente Lula.

Eu acredito que (ele é fruto de um) conjunto de políticas voltadas para a população de baixíssima que ficou (mais) conhecido pelo Bolsa Família. Na realidade, é um conjunto de medidas que envolvem o aumento do salário mínimo, o crédito consignado, além de uma série de políticas focalizadas, como, por exemplo, o (programa) Luz para Todos, a construção de cisternas no semi-árido nordestino, a regularização de terras quilombolas, só para citar algumas.

É o conjunto dessas políticas que produziu uma mudança na qualidade de vida de um setor de muito baixa renda, que o economista Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, costuma chamar de "o Real do Lula".

O lulismo é o resultado da combinação entre esse conjunto de políticas e a manutenção da estabilidade.

Eu parto da hipótese que eu verifiquei em pesquisas que essa população (de baixíssima renda), que eu chamo de 'subproletariado', é uma fração de classe que tem um aspecto conservador, que é o de temer o conflito político e, portanto, preferir ou aspirar que as mudanças que eles querem sejam feitas sem ameaça à ordem estabelecida.

Então, o primeiro mandato do presidente Lula acabou por executar esse programa político.

BBC Brasil -Esse realinhamento pode levar a uma hegemonia do PT por algumas décadas?
Singer - No governo Fernando Henrique, o então ministro Sergio Motta falava de 20 anos de PSDB no poder.

Eu acho que o PSDB pensava nisso e eu penso que, de alguma maneira, o PT também pensa nisso. Não sei o quanto é consciente, mas eu acho que um pouco esse pano de fundo está presente.

Não sei se dá para chamar de hegemonia, porque este é um conceito mais amplo, diz respeito a uma capacidade de liderança intelectual e moral, que não é propriamente de um partido, mas é de uma classe que esse partido pode expressar.

Acho que os dois grandes partidos brasileiros, que são o PSDB e o PT, têm um pouco esse projeto, que é legítimo, não há nada que fira as normas democráticas, desde que os processos competitivos continuem.

Eu diria que, sem dúvida, se a minha hipótese do realinhamento se confirmar, isso pode favorecer uma permanência do PT em um período mais longo, talvez próximo de 20 anos no poder.

Mas tudo isso é especulativo e muito difícil de afirmar categoricamente, porque o comportamento eleitoral é tão imprevisível quanto a meteorologia.

BBC Brasil - Até que ponto o senhor acha que pode haver alguma consciência por parte do presidente Lula em relação a esse processo? Porque ele abandonou o discurso de esquerda clássico e fala muitas vezes diretamente com essa população.
Singer - Isto eu não saberia dizer, eu acho que o presidente Lula é dotado de uma intuição política poderosíssima, e é possível que essa intuição tenha levado ele a perceber, se é que a minha hipótese está correta.

É possível que ele tenha intuído isto, mas eu não posso ir além de uma especulação.”
Entrevista Completa, ::Aqui::