Unidos por características em comum como vasto território, grande população e altas taxas de crescimento econômico, os países que formam o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) se reúnem esta semana em Brasília para a cúpula de chefes dos países do Bric e do Ibas (Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul), que ocorre na próxima sexta-feira (16) e sábado.
Embora a cúpula principal seja aberta oficialmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva apenas na próxima sexta-feira, uma série de eventos paralelos com representantes das potências emergentes ocorrem em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. No Rio, 400 empresários vão discutir negócios no Copacabana Palace.
Os encontros, na avaliação do deputado Paulo Delgado (PT-MG), devem expandir as fronteiras comerciais entre os países do bloco e fortalecer o grupo ainda mais no cenário internacional. O petista chamou atenção para o fato de o Brasil sediar o encontro. "Isso revela a credibilidade do país e a capacidade de realizarmos mega-eventos como este, com segurança e eficiência diplomática", afirmou. Para o parlamentar, o Brasil tem muito o que aprender com os seus parceiros, mas também muito a ensinar, especialmente no que se refere ao fortalecimento do mercado interno, que foi o principal diferencial da economia brasileira durante a crise financeira mundial.
O parlamentar reclamou do protecionismo da China sobre os seus produtos e disse que o encontro deverá fortalecer a necessidade do cumprimento dos acordos de comércio internacional. "A China é um parceiro importante, mas é muito protecionista. Temos que sair deste encontro com um patamar mais elevado de respeito aos acordo internacionais e regras mais claras de comércio, sem protecionismo. O Brasil tem condições de ser um competidor forte, deste que ele não enfrente barreiras cambiais tão elevadas", afirmou.
Importância
Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada na segunda-feira (14), o Bric apresentou um aumento significativo de importância quando o tema é o comércio internacional. De acordo com o levantamento, apesar do crescimento da corrente global entre 1996 e 2008 ter praticamente dobrado nesses 12 anos, os Brics reforçaram a sua importância no mercado mundial, apresentando taxas de exportação ainda mais elevadas. "Ainda assim, os Brics possuem grandes diferenças", resume o documento.
O comunicado 43 do Ipea, intitulado "Rússia, Índia e China: Comércio Exterior e Investimento Direto Externo", salienta que o Brasil apresenta elevada vantagem comparativa em produtos intensivos, em recursos naturais e primários agropecuários. "Neste último, a vantagem é crescente", afirma o estudo.
A Rússia, de acordo com o levantamento, possui competitividade "muito acima dos demais" no comércio de primários minerais, ainda que o Brasil apresente uma leve tendência e aumento na vantagem desse tipo de bem. Já a Índia sustenta a sua elevada vantagem comparativa em produtos intensivos em trabalho. "Além disso, tem aumentado consistentemente sua competitividade em bens intensivos de recursos naturais".
A China, por sua vez, continua com elevada vantagem em produtos intensivos de mão-de-obra. "Contudo, ela foi a única economia, entre os Brics, que conseguiu atingir uma situação de elevada competitividade em bens intensivos em tecnologia", afirmam os técnicos do Ipea.